PENSANDO NO TALĂO DE CHEQUE
07/01/2011 -
PENSE!
PLAY CHECK
English:
http://theplaycheck.com/
AlguĂ©m ainda usa cheque? Nesse site, designers e artistas brincam com folhas de talĂ”es de cheques, criando versĂ”es divertidas, como a "Chequevara" ou a "RepĂșblica Checa", com a bandeira daquele paĂs.
DĂȘ uma olhada:
http://theplaycheck.com/
Fonte: Folha de S.Paulo - 03/01/11.
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DESAFIOS DA PRESIDENTE
A presidente Dilma Rousseff assumiu o governo de um paĂs promissor, que pode alimentar com realismo a ambição de se tornar nas prĂłximas dĂ©cadas uma nação rica e socialmente justa.
Contribuir de maneira decisiva para esse triunfo histĂłrico Ă© o grande repto que se apresenta Ă nova mandatĂĄria. NĂŁo bastarĂĄ, para tanto, dar continuidade Ă s polĂticas de seu antecessor.
Se o presidente Luiz Inåcio Lula da Silva beneficiou-se da consolidação dos alicerces da democracia e da estabilidade econÎmica, sua sucessora terå de destacar-se da etapa que se conclui e lançar as bases de novo ciclo de conquistas.
Na ĂĄrea econĂŽmica Ă© hora de reduzir o chamado custo Brasil, trazer a taxa de juros a patamares compatĂveis com os de naçÔes desenvolvidas e aumentar a capacidade pĂșblica e privada de investir. SĂŁo indispensĂĄveis reformas para disciplinar o caos tributĂĄrio, eliminar obstĂĄculos burocrĂĄticos e facilitar a vida das empresas.
Ă inadiĂĄvel o esforço para reduzir a parcela do PIB consumida pelo Estado e elevar o padrĂŁo de eficiĂȘncia do funcionalismo, por meio de mecanismos de cobrança e premiação por mĂ©rito.
Portos, ferrovias, rodovias e aeroportos precisam ser ampliados e modernizados. Ă preciso que o poder pĂșblico faça a sua parte e convoque a iniciativa privada para atuar em parcerias.
Na polĂtica industrial, a pesquisa inovadora e os setores de alta tecnologia esperam por estĂmulos. O paĂs nĂŁo pode se contentar em ser apenas fornecedor mundial de produtos primĂĄrios.
Na saĂșde, em vez de insuflar apelos por aumento de tributos, a presidente deve trabalhar para obter ganhos com o aperfeiçoamento da gestĂŁo. Fonte de problemas endĂȘmicos, a precariedade do saneamento bĂĄsico Ă© inaceitĂĄvel. Basta dizer que um terço da população nĂŁo tem acesso a nenhuma forma de coleta de esgotos.
Ă na educação, contudo, em que pesem as melhorias pregressas, que mais se precisa avançar. O conhecimento Ă© a principal ferramenta de redução de desigualdades. Dados recentes indicam que apenas 43% dos engajados no mercado de trabalho concluĂram o ensino mĂ©dio. E somente 11% tĂȘm diploma de nĂvel superior. Cerca de 15% dos jovens de 15 a 17 estĂŁo fora da escola, que oferece ensino ruim, como provam as notas de jovens brasileiros em testes internacionais.
A presidente Dilma Rousseff deveria assumir metas como a garantia de que antes de 2014 todas as crianças sejam alfabetizadas atĂ© a idade de 8 anos. Ă preciso levar Ă escola todos os que tĂȘm entre 4 e 17 anos e responder Ă demanda por creches. Cabe ainda ao governo federal liderar um movimento de reciclagem do professorado e de melhoria de sua pĂ©ssima situação salarial.
Por fim, mas nĂŁo menos importante, Ă© imperioso que o novo governo recupere o tempo perdido numa ĂĄrea em que o presidente Lula definitivamente falhou -a do combate Ă corrupção, aos maus costumes polĂticos e ao aparelhamento da mĂĄquina estatal. JĂĄ Ă© tempo de promover uma regeneração Ă©tica e republicana da esfera pĂșblica.
Editorial - Fonte: Folha de S.Paulo - 01/01/11.
ANĂLISE SOCRĂTICA DOS TEMPOS ATUAIS
Do Mundo Virtual ao Espiritual
Frei Betto
Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão.
Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, jå haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?'
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, Ă s nove da manhĂŁ, e perguntei: 'NĂŁo foi Ă aula?' Ela respondeu: 'NĂŁo, tenho aula ĂĄ tarde'.
Comemorei: 'Que bom, entĂŁo de manhĂŁ vocĂȘ pode brincar, dormir atĂ© mais tarde'. 'NĂŁo', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhĂŁ...' 'Que tanta coisa?', perguntei.
'Aulas de inglĂȘs, de balĂ©, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada.
Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!'
Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.
Uma progressista cidade do interior de SĂŁo Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginĂĄstica; hoje, tem sessenta academias de ginĂĄstica e trĂȘs livrarias! NĂŁo tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação Ă malhação do espĂrito.
Acho Ăłtimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, nĂŁo tinha uma celulite!â
Mas como fica a questĂŁo da subjetividade?
Da espiritualidade?
Da ociosidade amorosa?
Hoje, a palavra Ă© virtualidade. Tudo Ă© virtual. Trancado em seu quarto, em BrasĂlia, um homem pode ter uma amiga Ăntima em TĂłquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prĂ©dio ou de quadra! Tudo Ă© virtual.
Somos mĂsticos virtuais, religiosos virtuais, cidadĂŁos virtuais. E somos tambĂ©m eticamente virtuais...
A palavra hoje Ă© 'entretenimento' ; domingo, entĂŁo, Ă© o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lĂĄ e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade nĂŁo consegue vender felicidade, passa a ilusĂŁo de que felicidade Ă© o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este tĂȘnis, usar esta camisa, comprar este carro, vocĂȘ chega lĂĄ!' O problema Ă© que, em geral, nĂŁo se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remĂ©dios. Quem resiste, aumenta a neurose. O grande desafio Ă© começar a ver o quanto Ă© bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. AliĂĄs, para uma boa saĂșde mental trĂȘs requisitos sĂŁo indispensĂĄveis: amizades, auto-estima, ausĂȘncia de estresse.
HĂĄ uma lĂłgica religiosa no consumismo pĂłs-moderno. Na Idade MĂ©dia, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrĂłi-se um shopping center. Ă curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetĂŽnicas de catedrais estilizadas; neles nĂŁo se pode ir de qualquer maneira, Ă© preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisĂaca: nĂŁo hĂĄ mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pĂłs-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista.
Observam-se os vĂĄrios nichos, todas aquelas capelas com os venerĂĄveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas.
Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno...
Felizmente, terminam todos na eucaristia pĂłs-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambĂșrguer do Mc Donald...
Costumo advertir os balconistas que me cercam Ă porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrĂĄtico.' Diante de seus olhares espantados, explico: 'SĂłcrates, filĂłsofo grego, tambĂ©m gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocĂȘs o assediavam, ele respondia:
- "Estou apenas observando quanta coisa existe de que nĂŁo preciso para ser feliz !"
(Colaboração: Walter Munaier)
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