O SHOW DOS "REIS" DA LOGĂSTICA CXV
01/04/2010 -
FORMANDOS & FORMADOS
LOGISTICA SANITĂRIA (PEEPOO)
English:
http://www.nytimes.com/2010/03/02/science/02bag.html
The site: http://www.peepoople.com/
Um empresĂĄrio sueco estĂĄ tentando comercializar um saco de plĂĄstico biodegradĂĄvel que funciona como um banheiro de uso Ășnico, para favelas urbanas no mundo em desenvolvimento.
Depois de usado, o saco pode ser amarrado e enterrado, e uma camada de cristais de ureia decompÔe os dejetos em fertilizante, matando os organismos que produzem doenças encontrados nas fezes.
O saco, chamado de Peepoo, é a criação de Anders Wilhelmson, arquiteto e professor de Estocolmo.
"[O saco] nĂŁo sĂł Ă© sanitĂĄrio", disse Wilhelmson, que patenteou o produto, "como se pode reutilizar o material para cultivar vegetais".
Em sua pesquisa, ele descobriu que as favelas urbanas do QuĂȘnia, apesar de serem densamente povoadas, tinham espaços abertos onde os dejetos podiam ser enterrados. TambĂ©m descobriu que os moradores das favelas coletavam seus excrementos em um saco plĂĄstico e o descartavam atirando-o, o que chamavam de "banheiro voador" ou "banheiro-helicĂłptero".
Isso inspirou Wilhelmson a projetar o Peepoo, uma alternativa ambiental que ele acredita que darĂĄ lucros. "As pessoas vĂŁo dizer: Ă© Ăștil para mim, mas serĂĄ que o preço estĂĄ bom?", ele disse.
Ele pretende vendĂȘ-lo por US$ 0,02 ou 0,03 -custo comparĂĄvel ao de um saco plĂĄstico comum.
No mundo em desenvolvimento, cerca de 2,6 bilhĂ”es de pessoas, ou cerca de 40% da população da Terra, nĂŁo tĂȘm acesso a banheiros, segundo a ONU.
Ă uma crise de saĂșde pĂșblica: a defecação a cĂ©u aberto pode contaminar a ĂĄgua potĂĄvel, e cerca de 1,5 milhĂŁo de crianças em todo o mundo morrem anualmente de diarreia, principalmente por causa das mĂĄs condiçÔes sanitĂĄrias e de higiene. Para atenuar isso, a ONU tem como objetivo reduzir pela metade o nĂșmero de pessoas sem acesso a banheiros atĂ© 2015.
O mercado para banheiros de baixo custo no mundo em desenvolvimento é de aproximadamente US$ 1 trilhão, segundo Jack Sim, fundador da World Toilet Organization, grupo de defesa das condiçÔes sanitårias.
Mas Therese Dooley, assessora-chefe de sanitização e higiene da Unicef, disse que inculcar håbitos sanitårios não é fåcil. "Vai exigir uma grande mudança de comportamento", disse Dooley. Ela acrescentou que "o setor privado pode ter um papel importante, mas nunca chegarå ao fundo da pirùmide".
Uma população consideråvel, pobre e sem instrução ficarå sem banheiros, disse Dooley, e organizaçÔes beneficentes e governos terão de exercer um grande papel na transmissão de informação.
Enquanto isso, Wilhelmson estĂĄ levando adiante o Peepoo.
ApĂłs testar com sucesso durante um ano no QuĂȘnia e na Ăndia, ele disse que pretende produzir o saco em massa nos prĂłximos meses.
Sindya N.Bhanoo - Fonte: Folha de S.Paulo â 29/03/10.
Reportagem original em inglĂȘs:
http://www.nytimes.com/2010/03/02/science/02bag.html
O site: http://www.peepoople.com/
VIAGEM DO CONHECIMENTO
Desafio National Geographic 2010 - Participe da terceira edição da maior olimpĂada de Geografia aberta a escolas pĂșblicas e particulares de todo Brasil.
Fonte: National Geographic - Edição 120.
Todos os detalhes:
http://www.viagemdoconhecimento.com.br/
UNIVERSIDADE DAS QUEBRADAS
Federal do Rio inicia aulas da "Universidade das Quebradas".
"Universidade das Quebradas". O nome Ă© diferente, mas descreve bem o novo curso de extensĂŁo da Universidade Federal do Rio de Janeiro que pretende unir a teoria acadĂȘmica com a experiĂȘncia de artistas e produtores culturais da periferia do Rio. "Quebradas" Ă© uma gĂria usada para designar ĂĄreas distantes do centro, como as favelas e o subĂșrbio.
O curso, ou projeto de extensĂŁo como prefere dizer uma das idealizadoras, a professora HeloĂsa Buarque de Hollanda, teve inĂcio ontem, na Escola de Comunicação da UFRJ. "Curso transmite a ideia de aula, mas queremos uma troca, com os artistas de ĂĄreas pobres e o estudo acadĂȘmico", afirma.
Nos encontros, que vĂŁo ocorrer a cada 15 dias, durante um ano, os alunos irĂŁo apresentar o trabalho que desenvolvem nas comunidades carentes e, em troca, os professores vĂŁo lecionar aulas teĂłricas de arte, mĂșsica e comunicação.
No total, 28 alunos foram escolhidos. Os requisitos eram sua atuação artĂstica em ĂĄreas carentes e nĂŁo ter um estudo formal amplo.
Para o mĂșsico Marcelo Yuka, que fez a palestra na aula inaugural, "sĂŁo iniciativas assim que ajudam a quebrar os muros das universidades e distribuir o conhecimento para as quebradas."
Fonte: Folha de S.Paulo - 02/04/10.
Detalhes:
http://www.pacc.ufrj.br/uni_quebradas.php
JAPĂO - CONSULADO FAZ PALESTRA SOBRE PĂS
Entre 31 de março e 26 de abril, o Consulado Geral do Japão em SP realiza palestras sobre bolsas de pós em universidades japonesas. InscriçÔes em cgjcultural5@arcstar.com.br.
Fonte: Folha de S.Paulo â 29/03/10.
DECADĂNCIA
HĂĄ cinco anos, o curso de jornalismo da UFMG recebia atĂ© 30 candidatos por vagas em seu vestibular. Este ano, com o fim da exigĂȘncia de diploma para o exercĂcio da profissĂŁo, alguns cursos de jornalismo (sĂŁo mais de dez na Grande BH) nĂŁo conseguiram sequer viabilizar turmas de alunos. Um dirigente universitĂĄrio explica que os estudantes de escolas privadas sĂŁo pragmĂĄticos: sĂł buscam cursos que lhes dĂŁo possibilidades de emprego.
Raquel Faria - Fonte: O Tempo - 29/03/10.
O PARAĂSO DO PRIMEIRO EMPREGO
São solteiros, universitårios recém-formados, moram com os pais, estão empregados -e jå ganham um bom dinheiro. Sentem-se satisfeitos com sua situação financeira e não viram dificuldade em entrar no mercado de trabalho.
Em pouco tempo, em aproximadamente mais dez anos, continuarĂŁo empregados e metade deles, ganhando de R$ 4.600 a R$ 23 mil, estarĂŁo entronizados entre os mais ricos do paĂs. Em comum entre eles o fato de serem ex-alunos de escolas particulares da cidade de SĂŁo Paulo.
Esse perfil foi encontrado pelo Datafolha, que, durante dois anos, elaborou um sistema de avaliação das escolas privadas, algumas das quais frequentadas pela elite paulistana. O projeto foi patrocinado pela Eduqual.
O que se vĂȘ aĂ Ă© um cĂrculo virtuoso. Jovens de famĂlias mais abastadas, com maior repertĂłrio cultural e rede de relacionamentos, ganham ainda mais oportunidades. O salĂĄrio Ă© um resultado previsĂvel.
Conheci, na semana passada, uma experiĂȘncia bem-sucedida de aplicação desse tipo de cĂrculo virtuoso em populaçÔes mais pobres, na qual se discutem alguns dos principais problemas nacionais, como o gargalo da mĂŁo de obra qualificada, a precariedade educacional e o desemprego de jovens.
Uma cidade conseguiu montar um sistema de ensino tĂ©cnico integralmente conectado Ă vocação da regiĂŁo, e todos os alunos da rede pĂșblica tĂȘm direito a frequentar o curso profissionalizante sem pagar um Ășnico centavo.
O resultado mais do que previsĂvel: a empregabilidade Ă© prĂłxima de 100%. Isso porque falta mĂŁo de obra qualificada na regiĂŁo. Inverte-se o problema: nĂŁo sĂŁo os jovens que saem Ă caça das empresas, sĂŁo as empresas que os disputam.
O projeto foi arquitetado na Unicamp e aplicado em Indaiatuba, uma cidade de 212 mil habitantes na regiĂŁo metropolitana de Campinas.
A universidade montou um programa de ensino tĂ©cnico para a prefeitura (batizado de Fiec), o que, por si sĂł, jĂĄ Ă© diferente do que se vĂȘ no resto do paĂs, em que as prefeituras, muitas vezes, nĂŁo assumem sequer a totalidade do ensino fundamental, muito menos o ensino mĂ©dio.
Em 1998, foram liberados recursos federais para o projeto, numa parceria entre o MEC e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Depois da fase experimental, a Unicamp deixou o projeto, que, entretanto, graças à popularidade que angariou, não foi encerrado -ninguém ousou fechå-lo.
Aquela Ă© uma prĂłspera regiĂŁo econĂŽmica, onde existem empresas dos mais diversos ramos -a IBM, a Toyota e a DHL (a maior empresa de logĂstica do mundo) estĂŁo entre elas. Havia um mapeamento da demanda de cada empresa.
A prefeitura continuou a pesquisa sobre a demanda de trabalhadores, buscando afinar-se com o mercado de trabalho. Todo ano, Ă© feito esse tipo de censo. Por meio dele, jĂĄ se descobriu, por exemplo, que deveria haver muito mais aulas de inglĂȘs, especialmente para o pessoal de tecnologia da informação.
O projeto tornou-se sustentĂĄvel.
Experimentalmente, o governo estadual decidiu comprar vagas para todos os seus alunos da rede oficial -o custo fica mais baixo, jĂĄ que a conta Ă© dividida com a prefeitura, que assume a gestĂŁo- e o governo federal continua com os convĂȘnios.
Embora em menor escala, esse tipo de modelo propagou-se para outras cidades do interior, como Campinas e Piracicaba.
Certamente, esse Ă© um modelo a ser acompanhado, jĂĄ que, por todos os lados, se fala em gargalo de mĂŁo de obra e em meios de incluir o jovem no mercado de trabalho -esse Ă© um dos assuntos carimbados neste ano eleitoral.
O tamanho do desafio pode ser visto no anĂșncio de um projeto, batizado de Brain (cĂ©rebro, em inglĂȘs), feito na semana passada. Alguns dos Ăcones da vida empresarial brasileira (Febraban e Bolsa de Valores, por exemplo) querem transformar o Brasil, especialmente as cidades do Rio e de SĂŁo Paulo, em polo de investimento na AmĂ©rica Latina, competindo com Londres e Nova York. Um de seus projetos Ă© ajudar a formar melhor as pessoas desde a educação bĂĄsica -estĂĄ aĂ o caminho para que o primeiro emprego nĂŁo seja um inferno para maioria e um paraĂso para poucos.
PS- Coloquei em meu site (http://p.download.uol.com.br/gd/exaluno.pps) a pesquisa do Datafolha, que revela uma sofisticação dos sistemas de avaliação. Vai muito alĂ©m de medir o desempenho em portuguĂȘs e matemĂĄtica. Mais do que avaliar se o indivĂduo estĂĄ bem empregado, o mĂ©todo mede a taxa de autonomia e responsabilidade de cada um.
Gilberto Dimenstein (http://www.dimenstein.com.br) - Fonte: Folha de S.Paulo â 28/03/10.
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