O CLIMA DO NATAL
10/12/2007 -
MARILENE CAROLINA
JARDIM DE NATAL
Reino Unido - Victor e Margaret Minter iluminam seu jardim hĂĄ 20 anos para comemorar o Natal e levantar fundos para um hospital da cidade de Cottenham.
Fonte: Terra - 13/12/07.
ĂLTIMAS DIRETRIZES PARA PAPAI NOEL
Aos que quiserem o que só uns poucos podem ter serå dada uma lição de moral e civismo.
todos os pedidos serão iguais perante o Papai Noel, requerendo a mesma lisura e atenção aos processos de licitação, contratação e transporte.
No que diz respeito à licitação e a contratação, ambas poderão representar presentes para muitas gentes, mas o Papai Noel não terå -necessariamente- algo a ver com isto.
Sobre o transporte convĂ©m lembrar Ă classe mĂ©dia aquecida que o trĂĄfego aĂ©reo aborrecerĂĄ atĂ© mesmo as renas mais frias, aumentando o estresse no lazer, o peso das aeronaves e os gastos com combustĂvel.
O preço dos combustĂveis e dos gases farĂĄ pressĂŁo no ventre da economia, justificando modificaçÔes nas intençÔes, retrocessos para a defesa de velhas posiçÔes e maquiagens nos gestores das polĂticas pĂșblicas.
O Papai Noel, no entanto, nĂŁo serĂĄ ideolĂłgico, mesmo sabendo que as mercadorias serĂŁo insuficientes para todos os consumidores que as quiserem, tornando mais feliz o Natal dos empresĂĄrios que as produzem.
Todas as tarifas embutidas nas menores necessidades serĂŁo repassadas aos infelizes mais simples, em pacotes discretos, para nĂŁo darem nas vistas cegas da Justiça que tĂȘm.
Ainda assim, Ă© vetado ao Papai Noel fazer propaganda de moral, drogas, costumes, cigarros ou bebidas, mesmo quando operarem nas ĂĄreas de risco dos pobres e de vĂcios dos ricos.
Os duendes mais malucos Ă© que estĂŁo obrigados a se apresentarem Ă s oficinas de brinquedo desde cedo, para a confecção das embalagens coloridas, estimulantes e lisĂ©rgicas, podendo ser aquartelados nos morros para a garantia do fornecimento de champanhe, ĂȘxtase e cocaĂna.
Esclarecemos a todos os bandidos envolvidos nas cerimÎnias que o Papai Noel não pertence ao Comando Vermelho e nem por isso é amigo dos amigos de ninguém.
A fama de bom velhinho não lhe facultarå aceitar descontos de atravessadores, "lembrancinhas" dos fornecedores, nem convites para ceias, churrascos e inauguraçÔes.
Os presentes sĂł serĂŁo entregues aos respectivos donos, mediante boleto bancĂĄrio, comprovante de salĂĄrio e protocolo assinado pelos responsĂĄveis pelo pagamento.
O Papai Noel nĂŁo responderĂĄ pela procedĂȘncia dos produtos importados, nem pelo prontuĂĄrio dos que tiverem os desejos atendidos por eles.
Aos muitos que quiserem o que sĂł uns poucos podem ter serĂĄ dada uma lição de moral e civismo, ou cinismo, como queiram, dizendo que "Ă© assim que as coisas sĂŁo neste paĂs".
Aqueles que discordarem e acharem que "as coisas nĂŁo sĂŁo bem assim" nĂŁo ganharĂŁo nada, ou pior...
Todos aqueles que duvidarem da existĂȘncia de Papai Noel poderĂŁo ser deportados para Israel como cristĂŁos arrependidos; ou para Cuba, entre os piores comunistas comedores de criancinhas inocentes.
Quanto aos pedidos "de crianças" -por ateus ou por crentes- Ă© sempre bom lembrar que a prĂĄtica da prostituição infantil e da exploração sexual de crianças e adolescentes (mesmo dentro das cadeias pĂșblicas brasileiras) Ă© crime punido com reclusĂŁo de quatro a dez anos, alĂ©m de multa.
Os muçulmanos que não entenderem nada da fatura dessa péssima aula de história que estamos lhes passando e cobrando deverão reclamar e conspirar com bispos ortodoxos ou serem crucificados pelos protestantes norte-americanos.
De forma que também não convém ao Papai Noel ficar dando bandeira a venezuelanos e ingleses de ser muito católico nestes tempos...
De um jeitinho ou outro, os materialistas preferirĂŁo receber a sua parte em dinheiro, os militaristas em equipamentos destrutivos de Ășltima geração e aos espiritualistas mais sofisticados, ou delicados, serĂĄ oferecida alguma espĂ©cie de gratificação mental, como o terceiro setor.
Os terroristas de todos os lados nĂŁo contarĂŁo com o acesso e a imunidade que o Papai Noel terĂĄ para visitar os lares das autoridades visadas pelos artefatos explosivos.
O Papai Noel serĂĄ avisado para a eventualidade e o caso de polĂcia de ser revistado por paisanos ou intimado por milĂcias em certos pontos obscuros das cidades problemĂĄticas, tendo Ă sua disposição a parceria e a cooperação de tropas de elite e de esquadrĂ”es antibombas cinematogrĂĄficos.
Por essas e outras, as carruagens passarĂŁo a ser blindadas, os animais usarĂŁo celas e coletes Ă prova de balas e todos os sacos suspeitos serĂŁo passados em revista.
Os verdadeiros culpados por isso tudo apenas sentirão cócegas. Aliås, eles também mandam avisar que Deus hå de lhes pagar... Por todos os pecados deles! RÎ, RÎ, RÎ!
Fernando Bonassi - Fonte: Folha de S.Paulo - 11/12/07.
OS NOVOS VELHOS
Raimunda Nonata da Silva Maciel tornou-se notĂcia, na semana passada, por ser a vestibulanda mais velha a entrar numa faculdade brasileira. Com 81 anos, ela ingressou num curso de serviço social no ParĂĄ -aliĂĄs, na mesma universidade em que estuda uma de suas netas. Quando lhe perguntaram por que tinha escolhido aquele curso, brincou: "Ă para cuidar dos velhos".
O caso de Raimunda Nonata, obrigada a deixar a escola quando era adolescente, serĂĄ cada vez mais rotineiro -assim como parecerĂĄ menos estranho uma pessoa como Oscar Niemeyer comemorar cem anos de vida em plena atividade profissional.
Essa é a perspectiva que sugere o estudo do IBGE lançado na semana passada, sobre a expectativa de vida do brasileiro, que ajuda a redefinir os limites da velhice. Serå que alguém que, aos 81 anos, entre numa faculdade pode ser chamado de velho?
Segundo o IBGE, a expectativa de vida do brasileiro jå estå em 72,3 anos, com um ganho de quatro meses e 26 dias entre 2005 e 2006; no Distrito Federal, essa taxa sobe para 75,1 anos. Em 1960, a expectativa de vida era de 54,6 anos. Com as melhorias nos tratamentos médicos e na prevenção de doenças, a expectativa de vida vai subir por muito tempo.
"Quase todos os prĂ©dios que eram construĂdos antigamente tinham de ter um playground para as crianças. Agora, precisam de ĂĄreas para idosos", afirma o professor de geriatria da Faculdade de Medicina da USP Wilson Jacob Filho, para quem as pessoas, no futuro, vĂŁo viver atĂ© os 120 anos. Isso faria de Raimunda Nonata, sem exagero, uma jovem, ainda com 40 anos pela frente.
Na coluna passada, apresentei um sinal da redefinição dos limites da velhice, baseado em pesquisas do MinistĂ©rio do Trabalho: o emprego cresce com mais rapidez entre profissionais acima dos 50 anos. Acima dos 65, o crescimento Ă© trĂȘs vezes maior que entre os de 18 a 24 anos.
Tais estatĂsticas estĂŁo embaralhando o debate baseado na quase unanimidade de que o velho Ă© essencialmente um problema. Ă apenas uma questĂŁo de tempo pensar nele tambĂ©m como uma solução.
O envelhecimento da população Ă© apresentado como um problema porque, entre outras coisas, aumenta os gastos com saĂșde e previdĂȘncia, alĂ©m de tomar o emprego dos mais jovens. Mas a pergunta Ă© a seguinte: quantos indivĂduos como Niemeyer, com a sua experiĂȘncia, a sociedade vai ter por mais tempo?
Naturalmente, as mudanças demogrĂĄficas trazem novos desafios, entre os quais o da bomba previdenciĂĄria. Os desafios, entretanto, nĂŁo se limitam apenas aos mais velhos. EstĂĄ em movimento tambĂ©m o limite da adolescĂȘncia, que vem se estendendo atĂ© os 30 anos. Basta ver o nĂșmero de pessoas que, nessa idade, ainda vivem com os pais. Isso faz com que, aos poucos, tenda a diminuir o nĂșmero de mĂŁes tĂŁo jovens, como revelou o IBGE, na quinta-feira: um quinto dos partos Ă© feito em mulheres com atĂ© 20 anos. O que antes era algo comum agora Ă© visto como uma anomalia social a ser enfrentada urgentemente, afinal uma mĂŁe precoce terĂĄ dificuldades crescentes de entrar no mercado de trabalho.
O maior desafio da velhice nĂŁo sĂŁo os gastos com saĂșde ou previdĂȘncia. Ă o preconceito daqueles que vĂȘem os idosos como incapazes de se reciclar e, portanto, fadados Ă inutilidade. Mas, com novos tratamentos mĂ©dicos e recursos tecnolĂłgicos, o conceito de autonomia tambĂ©m estĂĄ mudando. Confina-se o idoso Ă situação de que ele Ă© inĂștil por nĂŁo ser produtivo, logo seu papel Ă© esperar a morte. E, com isso, perde-se o mais importante elemento da manutenção da juventude: a curiosidade.
Jovem, afinal, Ă© quem se mantĂ©m curioso -e velho Ă© aquele que acha que nĂŁo tem mais nada para aprender. Por isso, chamar Raimunda Nonata de inĂștil Ă© uma Ăłbvia asneira. Ela Ă© um entre tantos Ăcones dos novos velhos.
PS - O preconceito contra o idoso Ă© nutrido especialmente nas escolas, onde, em essĂȘncia, se ensina que a utilidade do conhecimento estĂĄ ligada a ter uma profissĂŁo. Somos alguĂ©m porque, em poucas palavras, temos trabalho e somos Ășteis, o que Ă© uma Ăłbvia redução da condição humana. Basta ver o debate em torno de mais uma bateria de indicadores educacionais internacionais (Pisa), divulgados na semana passada, na qual nos saĂmos muito mal. A queixa bĂĄsica Ă© que nĂŁo seremos um paĂs competitivo com trabalhadores com baixa escolaridade. Isso, a rigor, nĂŁo estĂĄ errado. Mas tambĂ©m Ă© um problema tĂŁo grande quanto o profissional nĂŁo tirar proveito da diversidade humana, nĂŁo desfrutar a chance de ser protagonista na vida ou atĂ© mesmo de apreciar obras de gente como Mozart, Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Monet ou Portinari. Como diria o sĂĄbio Rubem Alves, com seus 70 anos, uma vassoura Ă© extremamente Ăștil, mas isso nĂŁo a faz mais importante do que a nona sinfonia de Beethoven, que, a rigor, nĂŁo tem nenhuma utilidade.
Gilberto Dimenstein - Fonte: Folha de S.Paulo - 09/12/07.
NĂŁo deixem de enviar suas mensagens atravĂ©s do âFale Conoscoâ do site.
http://www.faculdademental.com.br/fale.php