PENSANDO EM SHAKESPEARE
12/03/2009 -
PENSE!
SHAKESPEARE BIRTHPLACE
English:
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Shakespeare Birthplace - http://www.shakespeare.org.uk/
O presidente da instituição Shakespeare Birthplace, Stanley Well, posa ao lado de um retrato recentemente descoberto do escritor William Shakespeare, em Londres. Os especialistas acreditam que esta é uma das únicas pinturas autênticas feitas enquanto o autor ainda era vivo. A peça pertenceu a uma famÃlia durante séculos, mas só foi reconhecida recentemente.
Fonte: Terra - 09/03/09.
Mais fotos:
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"A vida é mais simples do que a gente pensa: basta aceita- r o impossÃvel, dispensar o indispensável e suportar o intolerável." (Kathleen Norris - http://www.kathleennorris.com/).
12 DE MARÇO - DIA DO BIBLIOTECÃRIO
As crianças bateram na casa de Sidnei Rosa sem saber que ele era bibliotecário, responsável pela organização de muitos acervos. Simplesmente batiam de porta em porta quando precisavam de um livro. O vizinho não tinha nada que pudesse ajudar na tarefa escolar, mas resolveu procurar no acervo municipal. Foi quando descobriu que em São Francisco Xavier, distrito de São José dos Campos, em São Paulo, os livros não estavam nas prateleiras, mas trancafiados na antiga cadeia pública.
Na subprefeitura, diziam que a chave da cela ficava na escola. Na escola, mandavam pegá-la na subprefeitura. Disposto a resolver o caso, Sidnei indicou locais que poderiam abrigar os livros expostos. Mas o poder público não topou.
Pois se era assim, ele mesmo montaria uma biblioteca para o distrito. E logo começaram a chegar livros doados, extravasando os limites da garagem que o pai voluntariamente ofereceu. O bibliotecário angariou patrocÃnios e deixou uma lista, "tipo de casamento", na loja de materiais de construção para estruturar o lugar.
E os livros da cadeia? Sidnei diz que receberam tratamento inadequado: foram para uma sala úmida, eram limpos com pano molhado. Quando os ofereceram para a biblioteca, ele recusou. Agora pleiteia um convênio com o municÃpio, já sob outra gestão. Aos cinco anos, a Biblioteca Solidária oferece, sem burocracias, 13 mil tÃtulos. Os repetidos servem de pontapé inicial para os novos projetos em regiões carentes: "O livro tem que estar na mão do leitor", conclui Sidnei. (NP).
Saiba mais: http://www.bibliotecasolidaria.com.br/.
Fonte: Almanaque Brasil - Número 119.
BRASIL TEM UMA BIBLIOTECA PARA CADA 33 MIL HABITANTES
O Brasil tem apenas uma biblioteca pública para cada 33 mil habitantes. São hoje 5.796 bibliotecas públicas cadastradas ou em processo de implantação. Os números são resultado de um levantamento feito pela Fundação Biblioteca Nacional a pedido da Folha.
Na Argentina, a média é de uma biblioteca para cada 17 mil pessoas. Segundo o CFB (Conselho Federal de Biblioteconomia), a proporção na França é de uma instituição para cada 2.500 pessoas.
Dia 12 de março celebrado o Dia do Bibliotecário no Brasil, onde cerca de 6,5% municÃpios (361) não possuem uma biblioteca. A meta do governo federal é zerar o número de cidades sem esses espaços até 2010.
Para a presidente do CFB, Nêmora Arlindo Rodrigues, o Ãndice de bibliotecas por habitante no paÃs é "tragicamente insuficiente". "Reconhecemos as iniciativas do Ministério da Cultura, que são um avanço, mas estamos longe do ideal."
Segundo Rodrigues, cerca de 90% das bibliotecas não têm acervo adequado, não atendem às demandas nem possuem profissionais capacitados. "Somos pouco mais de 30 mil bibliotecários e a maioria trabalha em outros locais", diz.
O ideal seria que uma biblioteca com 201 livros tivesse ao menos um profissional em biblioteconomia, diz Regina Céli de Sousa, ex-presidente do CRB (Conselho Regional de Biblioteconomia) de São Paulo.
O Estado com a situação mais grave é o Amazonas, onde há 19 bibliotecas para 3,2 milhões de habitantes -uma para cada quase 170 mil pessoas.
Sharles Silva da Costa, diretor de bibliotecas do Amazonas, diz que o levantamento não leva em conta o número dessas instituições em Manaus -ele não informa quantas são.
Mesmo assim, diz, quase dois terços dos municÃpios no Estado não têm bibliotecas. Já o Tocantins, com 144 bibliotecas e 1,2 milhão de habitantes, tem o melhor Ãndice do paÃs: 10 mil pessoas por biblioteca. Cada espaço, segundo o governo local, tem ao menos 3.000 itens em seu acervo.
São Paulo, com 714 e dez cursos de biblioteconomia, tem o melhor acervo e estrutura, afirma o conselho. Só a capital tem um acervo com cerca de 2 milhões de livros. Mas no ranking "biblioteca por habitante", o Estado é o sexto pior.
Segundo o Instituto Pró-Livro, cerca 73% dos brasileiros não frequentam bibliotecas.
Além das instituições públicas, o paÃs tem 52.634 bibliotecas escolares, 2.165 universitárias e cerca de 10 mil comunitárias.
CÃntia Acayaba/Matheus Pichonelli - Fonte: Folha de S.Paulo - 14/03/09.
Fundação Biblioteca Nacional - http://www.bn.br/portal/
Conselho Federal de Biblioteconomia - http://www.cfb.org.br/
Conselho Regional de Biblioteconomia SP - http://www.crb8.org.br/portal_mis/index.php
Instituto Pró-Livro - http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/
O BIBLIOTECÃRIO E A ERA DO CONHECIMENTO
As civilizações têm como marco inicial a palavra escrita, testemunho mais eloquente de qualquer cultura. Na Antiguidade, bibliotecas foram sÃmbolo do prestÃgio das cidades que as abrigavam.
Zelar por elas era tarefa das mais importantes, atribuÃda a um segmento nobiliárquico competente. Ainda não se distinguiam os papéis do escriba e os do bibliotecário, como os entendemos hoje, mas o fato é que esses profissionais gozavam de prestÃgio e respondiam diretamente ao soberano.
A partir da invenção da prensa móvel por Gutenberg, aumenta exponencialmente o número de exemplares por livro e surgem os jornais, os fascÃculos, as revistas. Logo, as bibliotecas demandaram profissionais especializados, na moderna figura do bibliotecário -que desenvolveram sistemas mais eficazes de catalogação, disposição, conservação etc.
No Brasil, esse marco foi estabelecido pelo engenheiro, bibliotecário, escritor e poeta Manuel Bastos Tigre.
A importância de sua contribuição é reconhecida também pela legislação, que apontou a data de seu nasci- mento -12 de março- como o Dia do Bibliotecário no Brasil.
Em 1906, Bastos Tigre viajou para os Estados Unidos, onde conheceu Melvil Dewey, que já havia instituÃdo o sistema de classificação decimal.
A partir de 1945, trabalhou na Biblioteca Nacional e, depois, assumiu a direção da Biblioteca Central da Universidade do Brasil.
Fiéis ao espÃrito pioneiro de seu patrono e aos inúmeros serviços que prestou ao paÃs e ao livro, bibliotecários brasileiros clamam na data de hoje pelo reconhecimento social que, todavia, ainda não lhes faz justiça plena.
De fato, predomina, entre nós, muito amadorismo na questão. Enquanto o bibliotecário é visto como luxo dispensável, não raro outros profissionais são chamados para quebrar o galho, comprometendo a conservação de acervos importantes, sua disposição racional e sua acessibilidade.
Nas escolas a situação é de calamidade pública. Muitas nem sequer possuem bibliotecas. Não raro, é algum professor que se encarrega de organizar o acervo. Em outras, os livros se atulham sob escadas, corredores ou salas inadequadas. O impacto é extremamente negativo na formação dos alunos. Na idade em que a leitura precisa ser valorizada para que seu hábito se cristalize, o estudante vê livros tratados como entulho. Nada o convencerá mais tarde do contrário: o livro permanecerá entulho, e sua leitura, um ato despido de sentido.
Quanto ao ensino superior, as informações não são melhores. Boa parte dos grandes complexos educacionais privados costuma adquirir muitos livros. Mas, quantos? Uma centena de exemplares pode impressionar o leigo, mas está longe da suficiência se o número de alunos por curso passa da casa do milhar. Se isso é válido para uma polÃtica hipócrita em relação ao livro, imaginemos as proporções bibliotecário/usuário nessas instituições. Seu número é quase sempre insuficiente, como são precárias suas condições de trabalho.
No momento em que governo e sociedade no Brasil se dão conta de nossos vergonhosos nÃveis de leitura e se mobilizam para superá-los por meio de programas de incentivo, não é mais possÃvel aceitarmos esses descalabros. É o momento de convocar o bibliotecário para -ao lado do educador, do escritor, do editor e de outros- traçar os rumos de uma polÃtica eficaz e duradoura para os livros e para as bibliotecas.
Entre os novos desafios, o maior vem da tecnologia da informação, que cresce exponencialmente. Ajudar o pesquisador, o profissional e o cidadão a pinçar, entre uma infinidade de informações, aquelas que realmente lhe interessam e que são confiáveis é apenas a ponta do iceberg. De fato, a possibilidade de acesso mais democrático à informação, à literatura e à cultura em geral não permitirá que o bibliotecário se aliene em relação a desafios que trazem em seu bojo a histórica oportunidade de aliança entre cultura e consciência crÃtica, entre informação e emancipação.
Inicialmente, ele terá de interagir em equipes multidisciplinares, em processos de mútuo aprendizado. Aos poucos, sua formação especÃfica haverá de impor-se como peça-chave de funções socialmente tão relevantes. O bibliotecário se mostrará, assim, indispensável. Quando isso ocorrer, a forma como esse profissional for tratado por empregadores de quaisquer tipos, pela sociedade e pelo legislador representará indicador do grau de civilização que poderemos projetar para nós mesmos.
Vera Lucia Stefanov, 56, bibliotecária documentalista, é presidente do SinBiesp (Sindicato dos Bibliotecários do Estado de São Paulo).
Levi Bucalem Ferrari, 63, cientista polÃtico, é presidente da UBE (União Brasileira de Escritores).
Fonte: Folha de S.Paulo - 12/03/09.
SinBiesp - http://www.sinbiesp.org.br/
UBE - http://www.ube.org.br/home.php
NO BRASIL, O PERIGO ESTÃ NO "BEM"
Lá do fundo da Idade Média, o arcebispo de Olinda e Recife, José Ribeiro Sobrinho, excomungou uma famÃlia e os médicos que fizeram um aborto em uma menina de nove anos estuprada pelo padrasto e grávida de gêmeos.
E o estranho ser togado de arcebispo ainda boquejou: "A lei de Deus está acima da lei dos homens."
Ou seja, a santa Joana D’Arc foi queimada viva pela lei de Deus. A Inquisição foi lei de Deus, com as milhares de horrendas torturas feitas sob as bênçãos de um Deus cruel? Espantosamente, o Vaticano, nos últimos dias, apoiou a decisão desse arcebispo medieval de Olinda e Recife.
Isso me lembra outro prelado idiota que uma vez excomungou um juiz que autorizou o aborto de um feto descerebrado e falou sobre o estupro: "os filhos de mulheres estupradas devem nascer e serem educados pela igreja, como órfãos infelicitados".
Talvez fosse essa a pior desgraça, o sinistro destino para uma criança: "Quem é você?" "Eu sou o filho do motoboy assassino, educado pelo arcebispo José Ribeiro Sobrinho".
É espantoso o descompasso da Igreja Católica com os tempos atuais, justamente quando a história está de novo tão cruel, quando nós precisamos tanto de doçura, tolerância, que não são dadas por este papa Bento XVI, de olhos frios e inquisitoriais.
Ele foi vacilante com o bispo maluco que negou o Holocausto, como sendo um lero-lero de judeus, foi evasivo com os pedófilos religiosos da América, é contra os anticoncepcionais, contra as homossexuais, contra tudo.
Daà o sucesso dos canalhas que inventaram os bancos de dÃzimos e os supermercados da fé.
No mundo inteiro há uma reviravolta ética, um maniqueÃsmo ao avesso, um cinismo que nos habitua ao inaceitável.
Bush, a besta quadrada do apocalipse, jogou o mundo no caos, em nome de Deus. Enquanto isso, em nosso mundinho brasileiro, na aliança do governo Lula com os mais nefastos canalhas, vemos uma inversão do mal em bem.
O bem do Brasil (leia-se Lula) tem de passar pela aliança com os escroques para atingir um bem futuro de uma sociedade mais justa (leia-se 2010). Aliou-se ao PMDB - o mal da hora -, na sua maioria filhos do pior patrimonialismo nordestino, essa pasta feita de bigodes, cabelos pintados, focinhos vorazes,gargalhadas boçais e salivantes, inimigos antigos se beijando. Pode até ser que isso possa ser um bem a longo prazo alertando-nos para o obvio: é preciso reformar a polÃtica no paÃs.
Como se sentem, diante dessa aliança, os intelectuais que tanto apoiaram o PT, os bondosos de carteirinha, os cafetões da miséria, os santos oportunistas?
Pela lógica "revolucionária", eles não justificavam todas as sacanagens pela utopia de um futuro por uma pureza maior herdada do socialismo?
Na época da Guerra Fria, era mole. Contra todas as evidencias (Hungria em 56, Praga em 68), o mal era o capitalismo e o bem, o socialismo. Agora, com a crise, está de volta este simplismo criminoso.
Aquele picareta exibicionista do Slavoj Zizek já está inventando um stalinismo renovado como vereda para a verdade luminosa.
Tentamos inventar um mal separado do bem, mas está tudo misturado.
E esta bolha maldita que enriqueceu o mundo em dez anos e depois derrubou tudo? O bem financeiro virou o mal? Está difÃcil entender. Durante a ditadura, éramos o "bem". O mal eram os milicos. Acabou a dita e as "vÃtimas" (dela) pilharam o Estado.
O bem está virando um luxo e o mal é quase uma necessidade social.
Sem participar um pouco do mal, não conseguimos viver. Como ser feliz olhando as crianças famintas? Temos de fechar os olhos.
A felicidade é uma virtude excludente. Ser feliz é não ver.
O mal está virando um mecanismo de defesa. Quem é o mal: o assaltante faminto ou o assaltado rico? Ou nenhum dos dois? Como praticar o bem? Apenas se horrorizando com o mal? O que é o bem hoje? É lamentar tristemente uma impotência, é um negror melancólico?
O mal é sempre o outro. Ninguém diz, de fronte alta: "Eu sou o mal!" Ou: "Muito prazer, Demônio de Almeida".
Até o homem-bomba se acha o bem, pois sua missão é destruir a modernidade, e para a razão da tecnociência eles são o mal porque incompreensÃveis. O mal no mundo hoje é o "incompreensÃvel".
Nem um "bem" tradicional se sustenta mais, vejam o arcebispo excomungante e o papa burocrático.
Todo pensamento aspira à totalidade. O bem é um desejo de harmonia, de uno, de totalidade ou o bem é suportar heroicamente o incontrolável, a falta de esperança, a impotência "democrática"?
Hoje, com a queda das utopias, a razão tenta se adaptar ao absurdo pós- moderno. Mas, ao denunciar o mal, vivemos dele.
Eu mesmo ganho a vida denunciando o que acho "mal". Quem controla o mal? A verdade é que o mal está entranhado na matéria profunda do mundo.
A verdade é que fomos construÃdos nessa dialética louca entre tragédia e harmonia, entre guerra e paz, e isso é incontrolável.
Muitas vezes na história, o "bem" foi devastador. Nietzsche escreveu em sua obsessão de libertar o homem: "Foram os espÃritos fortes e os espÃritos malignos, os mais fortes e os mais malignos, que obrigaram a natureza a fazer mais progressos." (in "Gaia Ciência").
No Brasil, o mal não é épico, como falou Nietzsche, referindo-se, claro, à solidez estúpida da metafÃsica e da religião.
No Brasil, o que nos assola é o pequeno mal, enquistado nos estamentos, nos aparelhos sutis do Estado, nos seculares dogmas jurÃdicos, nos crimes que são lei.
O mal aqui está nos pequenos psicopatas que, quietinhos, nos roem a vida.
O mal do Brasil não está na infinita crueldade dos torturadores ou das elites sangrentas; está mais na sua cordialidade.
Aqui, o perigo é o bem.
Arnaldo Jabor (http://www.paralerepensar.com.br/a_jabor.htm) - Fonte: O Tempo - 10/03/09.
A INTELIGÊNCIA BRASILEIRA
"A verdadeira proeza de Santos Dumont foi conseguir inventar o avião três anos depois de o avião ter sido inventado pelos irmãos Wright"
– Chester.
– Copo de polipropileno.
– Chinelo de dedo.
Uma empresa internacional de assessoria, Monitor Group, publicou uma lista com as 101 maiores descobertas brasileiras. É um retrato da engenhosidade nacional. Quem precisa de Arquimedes, se nós criamos a lombada eletrônica? Quem precisa de Leonardo da Vinci, se nós criamos a caipirosca engarrafada? Quem precisa de Thomas Edison, se nós criamos o fast-food de bobó de camarão?
Chu Ming Silveira é autora de uma das 101 maiores descobertas brasileiras: o orelhão. A ideia é particularmente inovadora porque, em vez de diminuir o barulho da rua, como todas as outras cabines de telefone espalhadas pelo mundo, o orelhão, funcionando como uma grande orelha, tem a singularidade de captar os ruÃdos externos e amplificá-los.
Antes que Chu Ming Silveira desenvolvesse o projeto do orelhão, o Brasil teve outros inventores. O maior deles: Alberto Santos Dumont. Ele é reconhecido por todos os brasileiros como o inventor do avião. Mas sua verdadeira proeza foi conseguir inventar o avião três anos depois de o avião ter sido inventado pelos irmãos Wright. Inventar algo que nunca existiu, como os irmãos Wright, é incomparavelmente mais simples e rudimentar do que inventar algo que já existe, como Santos Dumont. Ele está para a aeronáutica assim como Al Gore está para a internet. Santos Dumont é o Al Gore dos céus.
No ano passado, Dilma Rousseff declarou que a descoberta de petróleo na camada pré-sal "foi produzida pela inteligência brasileira e pela tecnologia brasileira". De fato, o petróleo descoberto no pré-sal consta da lista do Monitor Group, ao lado de outros triunfos da inteligência brasileira e da tecnologia brasileira, como a macarronada pré-cozida da cadeia de restaurantes Spoleto. Para perfurar o terreno até o pré-sal, a Petrobras arrendou duas sondas. A primeira, Ocean Clipper, foi fei-ta em Kobe, pela Mitsubishi, e pertence à Diamond Offshore. A segunda, Paul Wolff, foi feita em Mississippi, pela Ingalls, e pertence à Noble Corporation.
Quando se analisam os contratos assinados pela Petrobras para explorar o petróleo na camada pré-sal, despontam nomes de companhias genuinamente brasileiras como Schlumberger, Aker Solutions, Halliburton, Subsea 7, FMC Technologies, Technip e Mitsui Ocean Development. Em janeiro, um engenheiro estrangeiro disse à revista Offshore que o Brasil é inexperiente no assunto e que "tem um monte de problemas pela frente". Mas quem é capaz de fazer uma macarronada pré-cozida seguramente também é capaz de fazer um buraco no solo para retirar o petróleo do pré-sal.
A inteligência brasileira e a tecnologia brasileira produziram, na Bahia, o orelhão em forma de berimbau. Como é que a gente pode falhar?
Diogo Mainardi (http://veja.abril.com.br/idade/podcasts/mainardi/) - Fonte: Veja - Edição 2103.
PEDAGOGIA DA INCLUSÃO
O Brasil vem fazendo um gigantesco esforço no sentido de promover a inclusão daqueles segmentos sociais que foram alijados, através dos séculos, do usufruto de seus recursos. Um dos instrumentos dessa segregação, que se processou em todos os nÃveis, foi a escola.
Por decisão tomada no inÃcio desta década, o Ministério da Educação determinou a inclusão dos alunos com deficiência no sistema público de ensino. A escola, tradicionalmente excludente, de repente teve que dar um giro de 180 graus, passando a ser agente de inclusão social.
Antes de ser humanitária, a decisão foi polÃtica, tendo em vista garantir a todos os direitos do Estado democrático. No plano do discurso, a polÃtica era irreprochável. Mas na prática ela esbarrou em problemas, como o despreparo da escola para receber esse tipo de alunado.
A primeira dificuldade foi a resistência oferecida por professores, alunos e suas famÃlias. Nem todos entendiam a importância de inserir essas crianças na escola regular. As próprias famÃlias das crianças deficientes só buscavam seu acesso nas chamadas escolas especiais.
Essa resistência não acabou. Crianças são discriminadas por professores e pelos outros alunos, o que denota, da parte dos primeiros, seu despreparo para lidar com o problema e de ambos, da famÃlia e da sociedade, sua incapacidade de se relacionar com o diferente.
Mas onde as deficiências mais se evidenciam aparece no aparato institucional. O acesso ainda é difÃcil. Faltam projetos pedagógicos especÃficos e comprovados experimentalmente. E o tema tem importância secundária nas atribuições das secretarias de educação.
É compreensÃvel que num paÃs onde o sistema de ensino público ainda tem enormes dificuldades em prover educação básica de qualidade a seu alunado, a atenção à s crianças deficientes é um projeto que está em construção.
Seja como for, a decisão de incluir, promovendo a interação desses alunos, com isso derrubando preconceitos, certamente é a melhor pedagogia.
Editorial - Fonte: O Tempo - 08/03/09.
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