CRIATIVIDADE NO MARKETING
30/11/2012 -
NOSSOS COLUNISTAS
PROPAGANDAS INTELIGENTES (ECOBENEFĂCIOS: DIA MUNDIAL DA ALIMENTAĂĂO)
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O que vocĂȘ acha dessa propaganda? Todos nĂłs podemos aderir Ă ideia e, por que nĂŁo, divulgĂĄ-la?
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Fonte: FlĂĄvio Lott â (Colaboração: A. M. Borges)
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PROFESSOR TOM COELHO
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Guerras e guerras
* por Tom Coelho
âCombater a si prĂłprio Ă© a mais dura das guerras,
vencer a si prĂłprio Ă© a mais bela das vitĂłrias.â
(Friedrich von Logau)
Desde pequeno acostumei-me com a guerra.
Primeiro foi uma guerra para sair do conforto do ventre de minha mãe, onde eu tinha alimento e segurança, num dia que chamaram de parto e depois deram o nome, talvez só para me tapear, de aniversårio.
Depois veio uma guerra particular bem interessante que consistia em ficar em pé e aprender a andar.
LĂĄ pelos quatro anos de idade fui apresentado a um verdadeiro arsenal de guerra, formado por bisnagas de plĂĄstico, confetes e serpentinas, durante uma festa que atendia pelo nome de Carnaval. Eram guerras bem animadas!
Anos depois, viriam as guerras que guardo com mais carinho na memória. A guerra de almofadas que começava na sala e terminava como guerra de travesseiros no quarto. Foi uma época de desenvolvimento de tåticas de guerrilha. Eu me entrincheirava atrås do sofå e espalhava sapatos e chinelos-mina pela sala e corredores.
Trocar a TV, o videogame e as brincadeiras com os colegas pelas tarefas escolares eram uma guerra e tanto. O mesmo para arrumar o quarto, tomar banho e ir dormir cedo.
Então veio uma série de outras guerras. Guerra para ser aceito pelo time de basquete do clube, mesmo sendo baixinho. Guerra para tirar boas notas e se destacar na escola. Guerra para entender as transformaçÔes que os hormÎnios provocavam no corpo. Guerra para criar coragem e convidar aquela garotinha para sair...
Mais alguns anos e as guerras foram tomando conotação mais sĂ©ria. Guerra para passar no vestibular. Guerra para obter o diploma. Guerra para conseguir um emprego e, estando nele, aprender a aceitar a hierarquia, os conchavos nos corredores, as conspiraçÔes no hall do cafĂ©, as armadilhas no elevador. Guerras corporativas engendradas por coronĂ©is sem patente, travadas por soldados muitas vezes lançados a campo sem treinamento e provisĂ”es. Guerra contra a concorrĂȘncia, sem interesse na diplomacia. Guerra contra a ineficiĂȘncia, sem previsĂŁo de armistĂcio. Guerra pelo consumidor, por sua preferĂȘncia e fidelidade.
E, nesta toada, guerra para encontrar uma alma gĂȘmea. Guerra para seduzi-la a casar-se e, depois, a separar-se. Guerra pela custĂłdia dos filhos. Guerra para montar uma empresa, pagar salĂĄrios, pagar impostos â e, de repente, ter que fechar a empresa. Guerra contra os juros do cheque especial.
Lendo os jornais observo o desenrolar de outros tipos de guerra. Guerra pela demarcação geogråfica, guerra pelo petróleo, guerra pela autoridade. E, talvez, a pior de todas: a guerra em nome de Deus, a que chamaram de guerra santa, apenas para envolver de corpo e alma milhÔes de inocentes, jovens ou maduros, mas que na verdade atende aos mesmos preceitos de terra, dinheiro e poder de todas as guerras convencionais.
Hoje, jĂĄ adulto, dei-me por conta de como nossas guerras vĂŁo perdendo significado real na medida em que nossas pernas crescem. As guerras migram do prazer para a ignorĂąncia, da pureza para a intolerĂąncia. BilhĂ”es gastos para matar mais gente, quando poderiam amenizar a dor e o sofrimento, a fome e a misĂ©ria, de milhĂ”es espalhados pelo mundo. Muito dinheiro investido em produtos que nĂŁo sĂŁo desejados, em tecnologias que nĂŁo serĂŁo usadas, em treinamentos que nĂŁo proporcionam aprendizado, em confraternizaçÔes que nĂŁo geram integração. Tudo porque as naçÔes tratam as outras como paĂses, isolando-se em torno de seus interesses. Tudo porque as empresas tratam seus colaboradores como mĂłbiles, fertilizando o terreno para uma guerra civil ao nĂŁo definirem seus valores, missĂŁo e ideais de forma compartilhada.
Olhamos para o lado e vemos a guerra para saber quem avançarĂĄ primeiro o semĂĄforo fechado, a guerra para determinar quem vencerĂĄ a licitação, a guerra contra o narcotrĂĄfico, a guerra pela sobrevivĂȘncia. Nesta hora vemos que Darwin enganou-se, que a seleção nĂŁo Ă© natural porque a natureza quer, mas porque o homem assim o deseja.
EntĂŁo, coloco-me diante de minha maior guerra pessoal: a de entender o porquĂȘ de as coisas serem assim. Compreender como fui me deixar convocar por este exĂ©rcito de insanos. E imaginar em qual ponto no espaço e em que momento no tempo desgarrei-me da criança que vivia e amava a guerra, como ela deveria ser.
* Tom Coelho Ă© educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17 paĂses. Ă autor de âSomos Maus Amantes â ReflexĂ”es sobre carreira, liderança e comportamentoâ (Flor de Liz, 2011), âSete Vidas â LiçÔes para construir seu equilĂbrio pessoal e profissionalâ (Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos atravĂ©s do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.
PROFESSOR X
O PREĂO DA IGNORĂNCIA
"Se vocĂȘ acha que a educação Ă© cara, experimente a ignorĂąncia." Frequentemente atribuĂda a Derek Bok, ex-reitor da Universidade Harvard, a frase resume com precisĂŁo a ideia de que dinheiro aplicado em escolas nĂŁo Ă© despesa, mas investimento.
NĂŁo Ă© preciso ter dirigido uma das melhores universidades do mundo para dar a importĂąncia devida Ă educação. Em SĂŁo Paulo, cresce de modo significativo o nĂșmero de pais com disposição e recursos para matricular seus filhos em escolas particulares.
Levantamento desta Folha com base em 962 escolas da capital mostra que, de 2001 a 2012, as matrĂculas na rede pĂșblica caĂram 14%; no mesmo perĂodo, aumentou em 147% a quantidade de crianças em instituiçÔes com mensalidades de atĂ© R$ 500 (nas mais caras, 15%).
A expansĂŁo de escolas mais baratas (47% delas foram abertas nos Ășltimos dez anos) parece corresponder Ă ampliação da classe mĂ©dia. Segundo pesquisa Datafolha de janeiro, ela passou de 57% da população, em 2001, para 63% em 2011. O crescimento mais notĂĄvel se deu na classe mĂ©dia intermediĂĄria (com renda familiar de atĂ© R$ 3.000), que foi de 17% para 26%.
Pais que decidem apertar o orçamento para matricular seus filhos em escolas privadas o fazem na esperança de dar aos descendentes uma vida melhor do que a que eles próprios tiveram.
Ă uma iniciativa louvĂĄvel. O Datafolha detectou que a escolaridade, mais que a posse de bens, tem correlação predominante com a posição de classe. No estrato mais alto, 77% tĂȘm ensino superior e sĂł 44% frequentaram escolas pĂșblicas. Mesmo na classe mĂ©dia alta, a diferença se evidencia: 75% tĂȘm ensino mĂ©dio e 75% cursaram instituiçÔes pĂșblicas.
A educação exerce tambĂ©m um efeito em cascata. O nĂvel de escolaridade dos pais pesa muito no desempenho escolar dos filhos. As geraçÔes futuras tendem a se beneficiar do esforço da presente.
Para que esse raciocĂnio adquira validade, porĂ©m, Ă© preciso que as escolas de atĂ© R$ 500 sejam bem melhores do que as pĂșblicas -algo que ainda nĂŁo foi demonstrado.
A procura por essas escolas, mesmo que de qualidade duvidosa, Ă© mais um sintoma da falĂȘncia do ensino pĂșblico no Brasil. Como ocorreu na saĂșde, com planos privados, e no trĂąnsito, com transporte individual, tambĂ©m na educação o cidadĂŁo que paga pesados impostos se vĂȘ obrigado a buscar alternativas Ă indigĂȘncia dos serviços oferecidos pelo Estado.
Parte da população jĂĄ se deu conta de que educação Ă© investimento, mas nĂŁo tem força nem representação polĂtica para dar consequĂȘncia social Ă noção de que a ignorĂąncia custa caro ao paĂs.
Editoriais â Fonte: Folha de S.Paulo â 22/11/12.
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