O NATAL
16/12/2007 -
MANCHETES DA SEMANA
NATAL PELO MUNDO
Ăndia - Crianças se vestem como Papai Noel durante a aula em escola do nordeste do paĂs, em Siliguri. Apesar do catolicismo ser uma minoria, o Natal Ă© popular no paĂs.
Fonte: Terra - 18/12/07.
O "FELIZ NATAL" NO MUNDO
Brasil: Feliz Natal
BĂ©lgica: Zalige Kertfeest
BulgĂĄria: Tchestito Rojdestvo Hristovo, Tchestita Koleda
Portugal: Boas Festas
Dinamarca: Glaedelig Jul
EUA: Merry Christmas
Inglaterra: Happy Christmas
FinlĂąndia: Hauskaa Joulua
França: Joyeux Noel
Alemanha: Fröhliche Weihnachten
Grécia: Eftihismena Christougenna
Irlanda: Nodlig mhaith chugnat
RomĂȘnia: Sarbatori vesele
MĂ©xico: Feliz Navidad
Holanda: Hartelijke Kerstroeten
PolĂŽnia: Boze Narodzenie
SIMBOLOGIA DO NATAL
Desde a sua origem, o Natal Ă© carregado de magia. Gritos, cantigas, forma rudimentar do culto, um rito de cunho teatral, o drama litĂșrgico ou religioso medieval ganha modificaçÔes no decorrer dos sĂ©culos. Dos templos, a teatralização ganha praças, largos, ruas e vielas, carros ambulantes, autos sacramentais e natalinos. Os dignatĂĄrios da Igreja promoviam espetĂĄculos. Na evolução da histĂłria estĂĄ a compreensĂŁo de todos os sĂmbolos de Natal.
Ărvore - Representa a vida renovada, o nascimento de Jesus. O pinheiro foi escolhido por suas folhas sempre verdes, cheias de vida. Essa tradição surgiu na Alemanha, no sĂ©culo 16. As famĂlias germĂąnicas enfeitavam suas ĂĄrvores com papel colorido, frutas e doces. Somente no sĂ©culo 19, com a vinda dos imigrantes Ă AmĂ©rica, Ă© que o costume espalhou-se pelo mundo.
Presentes - Simbolizam as ofertas dos trĂȘs reis magos. HĂĄbito anterior ao nascimento de Cristo. Os romanos celebrava a SaturnĂĄlia em 17 de dezembro com troca de presentes. O Ano Novo romano tinha distribuição de mimos para crianças pobres.
Velas - Representam a boa vontade. No passado europeu, apareciam nas janelas, indicando que os moradores estavam receptivos.
Estrela - No topo do pinheiro, representa a esperança dos reis-magos em encontrar o filho de Deus. A estrela guia os orientou até o eståbulo onde nasceu Jesus.
CartÔes - Surgiram na Inglaterra em 1843, criados por John C. Horsley que o deu a Henry Cole, amigo que sugeriu fazer cartas råpidas para felicitar conjuntamente os familiares.
Comidas tĂpicas - O simbolismo que o alimento tem na mesa vem das sociedades antigas que passavam fome e encontravam na carne, o mais importante prato, uma forma de reverenciar a Deus.
Presépio - Reproduz o nascimento de Jesus. O primeiro a armar um presépio foi São Francisco do Assis, em 1223. As ordens religiosas se incumbiram de divulgar o presépio, a aristocracia investiu em montagens grandiosas e o povo assumiu a tarefa de continuar com o ritual.
Saiba mais e veja ainda Natal na Pintura:
http://www.arteducacao.pro.br/homenagem/Natal/natal.htm#O%20Feliz%20Natal%20no%20mundo
MUITO ALĂM DE PAPAI NOEL
Papai Noel Ă© o bom velhinho que leva os presentes de todas as crianças do mundo, certo? Bem, nem sempre. Existem lugares em que a crença no Papai Noel atĂ© existe, mas outros seres sĂŁo tambĂ©m lembrados na Ă©poca natalina. Alguns deles sĂŁo a Befana, na ItĂĄlia, ou o VovĂŽ Gelo, na RĂșssia. Existem atĂ© umas criaturas que assombram o Natal na GrĂ©cia. Conheça esses e outros personagens a seguir:
SĂŁo Nicolau: Papai Noel tem sua origem inspirada em sĂŁo Nicolau, bispo turco que Ă© padroeiro das crianças, dos marinheiros, dos viajantes e dos mercadores. Mas, em lugares como RĂșssia, EslovĂȘnia e em outros paĂses da Europa Central, Papai Noel e sĂŁo Nicolau dividem numa boa a tarefa de entregar os presentes. Mas hĂĄ crianças de lĂĄ ainda que fazem seus pedidos de Natal exclusivamente a sĂŁo Nicolau. Ele ainda hoje Ă© representado trajando as roupas vermelhas dos bispos, as mesmas que inspiraram as de Noel.
Rudolf: VocĂȘ jĂĄ deve ter feito a seguinte pergunta: "Como Ă© que Papai Noel dĂĄ conta de entregar todos os presentes numa noite sĂł?" Bem, Ă© com a ajuda de suas renas mĂĄgicas, que voam velozmente pelos cĂ©us, puxando o trenĂł do velhinho. E, entre todas as renas, Rudolf Ă© especial. Ela nasceu diferente das outras: tem um nariz vermelho que brilha! Foi rejeitada por todos de seu grupo. Mas, em um Natal nevoento, o Papai Noel viajava com dificuldade de casa em casa. Era difĂcil enxergar o caminho, e a entrega de presentes estava atrasada. Quando o velhinho encontrou Rudolf, teve a idĂ©ia de colocar a rena para liderar o grupo. Assim, o brilho do nariz de Rudolf seria como um farol a guiar as outras renas na noite escura. E nĂŁo Ă© que deu certo?
VovĂŽ Gelo: Na RĂșssia, uma figura famosa Ă© sempre lembrada no inverno natalino: DiĂ©duchka MorĂłz. LĂĄ, como a temperatura atinge nĂveis congelantes, hĂĄ vĂĄrias palavras que expressam os diferentes graus de frio. E "morĂłz" significa o pior frio para os russos, algo como "congelante". Pois bem, esse VovĂŽ Gelo Ă© a personificação do inverno e sempre visita as crianças no Ano Novo, trazendo presentes. Ele Ă© magrinho, tem o nariz vermelho por causa do frio e longas barbas brancas e usa roupa vermelha ou azul. Mas, diferentemente de Papai Noel, que brinca de esconde-esconde, ele entrega pessoalmente os presentes Ă s crianças. E vem acompanhado de sua netinha: SnĂ©gourotchka (diminutivo da palavra "neve"). Ela pode ser chamada de Nevezinha ou de Menina da Neve.
SĂŁo BasĂlio: Na GrĂ©cia, as crianças costumam ganhar presentes no Ano Novo. E quem vem entregĂĄ-los Ă© sĂŁo BasĂlio, santo que simboliza a generosidade. Em 1Âș de janeiro, Dia de SĂŁo BasĂlio, os gregos fazem um bolo com uma moeda dentro -aquele que ganhar o pedaço com a moeda, terĂĄ sorte o ano todo! Dizem que esse costume tem origem na histĂłria de sĂŁo BasĂlio, que foi um homem rico. Ele ajudava os mais pobres colocando moedas dentro dos pĂŁes.
Anjos: Na Espanha, hĂĄ uma lenda contada Ă s crianças que diz que, no dia 22 de dezembro, o anjo do Natal desce Ă Terra para anunciar o inĂcio das comemoraçÔes natalinas. Ă nessa noite que devem ser feitos os pedidos do que se deseja para o prĂłximo ano. JĂĄ em Portugal, ao final do jantar da vĂ©spera de Natal, Ă© tradição nĂŁo recolher a mesa antes de sair para a missa do galo. Acredita-se que os anjos vĂȘm comer o que sobrou da ceia natalina.
Frosty: No hemisfĂ©rio Norte, os bonecos de neve fazem tanto sucesso que atĂ© tĂȘm uma famosa canção. E a historinha de Frosty, o boneco que ganha vida, Ă© sempre contada Ă s crianças no Natal. Ele Ă© feito com uma espiga de milho no lugar do cachimbo, seu nariz Ă© de botĂŁo e seus olhos sĂŁo dois pedaços de carvĂŁo. SĂł que, quando as crianças colocam nele um chapĂ©u de seda mĂĄgico, o boneco começa a dançar. Brinca e corre com meninos e meninas por toda a cidade. Todos se divertem muito naquele dia. Mas, diz a canção, um policial tenta deter o boneco. Com medo, Frosty foge por entre os montes de neve, acenando para as crianças. Ele promete voltar um dia.
Melquior, Gaspar e Baltazar: A visita dos magos ao Menino Jesus estĂĄ na BĂblia, mas a crença popular foi aumentando um pouco essa histĂłria ao longo dos tempos. A BĂblia sĂł conta que, apĂłs o nascimento de Jesus, "magos vieram do Oriente" para adorar o recĂ©m-chegado, guiados por uma estrela, e presentearam o menino com ouro, incenso e mirra. Naquela Ă©poca, eram chamados de magos os sĂĄbios que estudavam o movimento dos astros. E a BĂblia nĂŁo diz quantos eles eram nem mesmo diz se eram reis. Passou-se a acreditar que eles fossem trĂȘs devido ao nĂșmero de presentes oferecidos. Como havia uma profecia bĂblica que dizia que os reis de toda a Terra haveriam de adorar o filho de Deus, por volta do sĂ©culo 6, os cristĂŁos passaram a identificar os magos como reis. E deu nome ao trio: Melquior, Gaspar e Baltazar.
Pinheiro, palmeira e oliveira: Existem vĂĄrias histĂłrias que explicam a origem da ĂĄrvore-de-natal. Uma bem tradicional, inglesa, conta que, ao lado da manjedoura onde nasceu o Menino Jesus, havia uma palmeira, uma oliveira e um pinheirinho, ĂĄrvores que tambĂ©m queriam presentear a criança. A palmeira, entĂŁo, ofereceu sua folha mais larga para que o Menino pudesse se abanar nos dias de calor. A oliveira deu ao recĂ©m-nascido os Ăłleos perfumados de seus frutos. O pinheiro pensou e pensou, mas nĂŁo tinha nada para dar. As outras ĂĄrvores zombaram do pinheirinho. Um anjo, que ouvia a conversa, ficou com pena e buscou as estrelas que brilhavam no cĂ©u, uma a uma, e as colocou nas pontas dos ramos do pinheiro. Nesse momento, o bebĂȘ olhou maravilhado para a ĂĄrvore que iluminava a noite. E, diz a lenda, foi daĂ que veio a tradição de se enfeitar pinheiros no Natal.
Os 12 dias do Natal: Se um dia jĂĄ Ă© bom, imagine 12? Ă que em alguns paĂses o nascimento de Jesus no dia 25 Ă© sĂł o começo das comemoraçÔes do Natal, que se extendem pela passagem do Ano Novo atĂ© a epifania -ou Dia de Reis (6/1), como Ă© conhecido no Brasil. A palavra "epifania" quer dizer "manifestação do sagrado" e estĂĄ relacionada nĂŁo sĂł ao nascimento do Menino Jesus mas tambĂ©m a todas as manifestaçÔes divinas, inclusive na nossa vida. Assim, tambĂ©m houve uma epifania quando Jesus foi batizado por seu primo JoĂŁo Batista nas ĂĄguas do rio JordĂŁo. Ă por isso que, em alguns paĂses da Europa, o Dia da Epifania chega a ser mais comemorado do que o prĂłprio Natal. Na GrĂŁ-Bretanha e nos Estados Unidos, por exemplo, algumas famĂlias mantĂȘm a tradição de comemorar os doze dias de Natal. E o melhor: lĂĄ, o costume Ă© dar presentinhos Ă s crianças em cada um desses doze dias.
Rossana Romualdo - Fonte: Folha de S.Paulo - 22/12/07.
BEFANA
Imagine esperar doze dias para ganhar o presente de Natal. Cruel? Pois as crianças italianas esperam até o dia 6 de janeiro, quando a Befana, uma velha malvestida, parecendo uma bruxinha, vem deixar presentes e doces nas meias penduradas nas lareiras ou nos sapatos deixados na porta. Ao longo do ano, as crianças deixam nas chaminés as suas cartinhas com os pedidos de presentes para a Befana.
A festa da Befana é comemorada na noite de 5 para 6 de janeiro, ou seja, na véspera do Dia de Reis. Aà estå a origem de seu nome: Befana vem de "befania", que é a palavra "epifania" em um dialeto italiano.
Diz a lenda que os TrĂȘs Reis Magos, quando procuravam pelo Menino Jesus, passaram pela casa da Befana. Convidada a se juntar ao trio, ela recusou, pois estava ocupada limpando a casa. Mais tarde, bateu um arrependimento. Befana saiu atrĂĄs dos Reis Magos ainda de vassoura na mĂŁo, mas nĂŁo conseguiu alcançå-los.
Desde então, na época do Natal, ela passa de casa em casa na esperança de encontrar o Menino Jesus e, em cada uma, deixa um presente para cada criança. Se a criança se comportou bem durante o ano, ganha brinquedos e doces. Mas, para quem se comporta mal, a Befana deixa é um pedaço de carvão!
Fonte: Folha de S.Paulo - 22/12/07.
MONSTRINHOS
Não é de hoje que são contadas histórias de seres horripilantes que visitam os humanos na data natalina. Na Grécia, por exemplo, uma lenda antiga conta que, a partir do Natal até a Epifania, estão à solta criaturas chamadas kallikantzaroi -os gregos escrevem kallikantzaros para indicar um monstrinho e kallikantzaroi para indicar o plural de monstrinhos.
A aparĂȘncia desses seres varia conforme a regiĂŁo. Alguns dizem que eles se paracem com homens, sĂł que bem peludos e com partes de corpo de animais -patas de cavalo, braços de macaco, presas de javali, orelhas de bode e garras afiadas. Outros ainda acreditam que eles sejam lobisomens, jĂĄ que agem sempre Ă noite, apavorando por onde passam.
O que eles fazem? Entram nas casas por qualquer abertura, até pelas chaminés, e quebram todos os móveis, devoram as comidas da ceia, sujam as åguas.
à por isso que os gregos seguem alguns rituais para evitar a visita desses monstrinhos. Eles queimam incensos, sapatos e toras de madeira, pois dizem que as criaturas não toleram o cheiro de queimado. Alguns ainda marcam a soleira da porta com uma cruz negra. Tem mais: outro costume é pendurar na porta um escorredor de macarrão, pois dizem que o kallikantzaros se distrai contando os buraquinhos até o sol raiar, quando ele tem de voltar ao seu esconderijo.
Fonte: Folha de S.Paulo - 22/12/07.
O GALO E O MENINO
Disseram-me que foi o Galo. Era meia-noite. Ele bateu as asas, levantou o pescoço. De sua garganta saiu uma melodia tĂŁo bonita que acordou atĂ© a noite. Seu canto deu uma volta ao mundo e despertou o sol, a lua, o mar, as estrelas e tudo o que habitava a Terra. E mesmo os anjos, que passeavam invisĂveis pelos ares, tomaram de suas flautas e sopraram o "O GlĂłria a Deus das Alturas".
TrĂȘs Reis vivendo em terras do outro lado do mundo, se encantaram com mĂșsica assim tĂŁo doce, que cortava o vazio. Crianças, pastores, ovelhas, pescadores, lavadeiras, pĂĄssaros, todos olharam para a noite clara. SĂł podia ser um aviso do cĂ©u, pensavam e oravam. E lĂĄ no meio do firmamento, brilhava uma imensa estrela derramando sua luz sobre uma gruta. E dentro da gruta, um tesouro.
Todos partiram, guiados pela beleza, para ver o que acontecia debaixo da luz da estrela. Cuidadosos, entraram devagarinho gruta adentro. De um lado da manjedoura, havia uma Mulher. A MĂŁe era mansa como o silĂȘncio. Do outro lado, um Pai vigiava o Menino com um olhar doce como a paz. Um boi e um jumento, engasgados pela alegria, contemplavam o Filho e ruminavam encantamento. E o Menino, deitado entre palhas e outras brancuras, recebia as visitas -animais e humanos- como irmĂŁos. Se houve choro, foi sĂł de alegria.
Todos ofereceram presentes ao Menino: mel, flor, leite, tĂąmara, figo, pano para protegĂȘ-Lo. Era tudo o que tinham naquele canto pobre do mundo. Os marinheiros trouxeram estrelas que haviam caĂdo no mar. Os pastores ofertavam as ovelhas feitas de algodĂŁo. Os passarinhos aflitos piavam perguntas ao Menino. SĂł os Reis, montados em camelos, chegaram dias depois, trazendo, nas mĂŁos, incenso, brilho e perfume.
O Galo -ah! o Galo- continuava vaidoso na porta da gruta. Havia anunciado a chegada de Deus na terra, vestido de Menino Jesus. O Galo sorria, sem penas, para todos. Seu coração estava cheio de milagre. Nada poderia interromper o mistério daquele Natal -cacarejava.
E assim foi e assim é. Ninguém jamais poderå apagar dos ouvidos, dos olhos, dos coraçÔes, aquele definitivo presente de Natal. O Menino nos foi enviado em segredo para não nos assustar com sua fortuna. Não houve tapetes, orquestras, palåcios, guerras. Naquela noite feliz, nasceu um Menino-Rei capaz de reinar para sempre.
Em cada Natal, todos os meninos, de todas as partes do mundo, afinam os ouvidos. Menino não se espanta com mistério. O Galo volta a cantar e a amarrar o mundo com sua voz. à bom ficar atento para escutå-lo. E o resto -o resto da história- o coração reinventa.
Sobre os autores:
BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRĂS, 63, Ă© mineiro e escritor de livros como "O Olho de Vidro do Meu AvĂŽ" e de "Cavaleiros das Sete Luas" (ambos da editora Moderna) JĂĄ ganhou vĂĄrios prĂȘmios e publicou mais de 40 livros.
MARILDA CASTANHA, 43, Ă© autora e ilustradora de "Pindorama, Terra das Palmeiras" e de "AgdalĂĄ, um Lugar Continente" (ambos da editora Cosac Naify). No Natal, ela e a famĂlia cantam "parabĂ©ns a vocĂȘ" para o Menino Jesus.
Fonte: Folha de S.Paulo - 22/12/07.
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