CRIATIVIDADE NO MARKETING LXXVII
25/06/2009 -
NOSSOS COLUNISTAS
PROPAGANDAS INTELIGENTES LXXVII (CANNES LIONS 2009 - 56TH INTERNATIONAL ADVERTISING FESTIVAL)
English:
http://www.canneslions.com/
56ÂȘ edição do maior festival da comunicação mundial, o Cannes Lions, de 21 a 27 de junho.
O festival de Cannes teve seu inĂcio em 1950, quando um grupo de diretores de empresas de filmes publicitĂĄrios para cinema resolveu se reunir informalmente para trocar experiĂȘncias. O encontro apenas passou a ter um carĂĄter oficial em 1953, quando a instituição da SAWA (Screen Advertising World Association) começou a organizĂĄ-lo.
Um fato interessante Ă© que o festival nem sempre foi na tradicional cidade francesa, os primeiros encontros aconteceram em Londres e ediçÔes posteriores tambĂ©m foram sediadas em Veneza, cidade que conferiu ao prĂȘmio o tradicional Ăcone, o leĂŁo, que inicialmente era usado em sua versĂŁo alada. Em 1984, o atĂ© entĂŁo conhecido Festival da SAWA passa a ter como seu Ășnico palco a cidade de Cannes.
O festival hoje em dia conta com 11 categorias, sĂŁo elas:
Film Lions (Categoria mais antiga da competição), Press Lions, Outdoor Lions(Essas duas Ășltimas categorias inicialmente faziam parte da categoria Press&Poster), Direct Lions (Premiação de Marketing Direto), Media Lions(Premiação de melhor uso/mistura de mĂdias), Cyber Lions(Premiação de peças feitas para o mundo virtual), Radio Lions, Promo Lions(Premiação de açÔes promocionais), Titanium and Integrated Lions (Premiação realizada para trabalhos revolucionĂĄrios), Design Lions e PR Lions(Public Relations Lions, premiação voltada para açÔes de RelaçÔes PĂșblicas).
Todas as categorias contam com um extenso jĂșri formado por importantes profissionais da ĂĄrea e contam com 4 premiaçÔes, o Grand Prix, LeĂŁo de Ouro, LeĂŁo de Prata e LeĂŁo de Bronze. PorĂ©m, o prĂȘmio contĂ©m uma peculiaridade, a Ășnica premiação que Ă© destinada a apenas um trabalho Ă© o Grand Prix (melhor da categoria), todos os outros leĂ”es sĂŁo dados para mais de uma peça/campanha.
O Cannes Lions 09 irå acontecer de 21 a 27 de Junho e toda a sua programação pode ser conferida no site do festival.
Fonte: http://www.ecajr.com.br/ - AgĂȘncia ECA Junior USP.
Saiba mais:
http://www.canneslions.com/
DESIGN âSALVAâ PAĂS EM FESTIVAL DE PUBLICIDADE
Categoria, que recebeu forte investimento do Brasil em Cannes, rende sete LeĂ”es, sendo um de ouro, para a Havaianas. Nove de 11 categorias jĂĄ foram julgadas, e Brasil soma 29 LeĂ”es em Cannes -seis de ouro; em 2008 o paĂs conquistou 41 LeĂ”es.
O design salvou a participação brasileira no Festival Internacional de Publicidade de Cannes. Em seu segundo ano na competição, a categoria garantiu sete LeĂ”es para o paĂs, sendo um de ouro, para a Havaianas.
Ao contrĂĄrio dos anos anteriores, em 2009 as agĂȘncias brasileiras nĂŁo tinham conquistado ou ficaram com apenas um prĂȘmio em quatro categorias. Em outras duas, o nĂșmero de trofĂ©us caiu a menos da metade, com relação ao ano passado.
Com nove categorias julgadas atĂ© agora, o paĂs jĂĄ conquistou 29 LeĂ”es, sendo seis de ouro. Faltam serem anunciados apenas os vencedores de filmes e Titanium, a ĂĄrea das novas ideias. Em 2008, o paĂs obteve 41 LeĂ”es.
O bom desempenho em design foi conseguido graças Ă organização das empresas do setor. Desde o ano passado, elas se prepararam para levar a Cannes o maior nĂșmero possĂvel de trabalhos.
Coordenados pela Abedesign (Associação das Empresas Brasileiras de Design) e patrocinados pela Apex (Associação Brasileira de Exportação e Investimentos), os designers brasileiros foram recordistas em nĂșmero de inscriçÔes, com 174 trabalhos apresentados.
TambĂ©m foram os Ășnicos a montar um estande para mostrar seu trabalho no evento e ainda organizaram uma comissĂŁo de 30 participantes, que foram ao festival captar tendĂȘncias e fazer contatos com possĂveis clientes. O investimento na ida a Cannes somou R$ 2 milhĂ”es -a Apex patrocinou R$ 800 mil desse total.
"Queremos gerar reconhecimento no mercado internacional sobre a capacidade e o custo do design brasileiro, como fazem hoje as produtoras de cinema nacionais", diz Luciano Deos, presidente da Abedesign e jurado brasileiro na categoria. "Essa Ă© a janela mais ensolarada e aberta que temos para nos inserir no mercado externo e para ver o trabalho repercutir no paĂs."
Segundo Sylvia Vitale, presidente do jĂșri de design, Ăndia e Brasil causaram surpresa com trabalhos criativos, irreverentes e de qualidade. Para Deos, no entanto, o design nacional acaba sendo prejudicado porque a maior parte dos trabalhos feitos no paĂs Ă© de embalagens. "Nessa ĂĄrea, nĂŁo hĂĄ quebra de paradigmas", diz Deos.
Foi exatamente o que buscou a Nike de Hong Kong, que conquistou o Grand Prix da categoria. Para mostrar a beleza da disputa de uma partida de basquete, dez jogadores de ensino mĂ©dio foram fotografados e depois montaram suas imagens em vĂĄrias "batalhas" na quadra. Os pĂŽsteres foram confeccionados pelos mesmos jogadores, por meio de serigrafias, depois reproduzidos e espalhados pelo paĂs.
"Apesar de ser impressa, a campanha foi interativa e deixou muito clara a posição da marca, o "Just do it'", afirma Vitale. "Com o trabalho, a Nike, cujo logotipo mal aparece, conseguiu viver a posição que proclama."
De acordo com Deos, o objetivo da associação, a partir de agora, serå desenhar um projeto para Cannes, nos próximos cinco anos, e alcançar o Grand Prix da categoria.
Cristiane Barbieri - Fonte: Folha de S.Paulo â 25/06/09.
Abedesign â http://www.abedesign.org.br/2009/index.php
Apex â http://www.apexbrasil.com.br/portal_apex/publicacao/engine.wsp?tmp.area=24
PROFESSOR X
PRĂMIO VICTOR CIVITA - EDUCADOR NOTA 10
Seja vocĂȘ tambĂ©m um educador nota 10!
Professor, Coordenador PedagĂłgico e Diretor: prepare seu projeto e inscreva-se.
InscriçÔes até 12 de julho, somente pela internet:
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4° PRĂMIO PROFESSORES DO BRASIL
O PrĂȘmio Professores do Brasil, promovido pelo MinistĂ©rio da Educação e instituiçÔes parceiras, visa a reconhecer o mĂ©rito de professores pela contribuição dada para a melhoria da qualidade da Educação BĂĄsica, por meio de experiĂȘncias pedagĂłgicas bem-sucedidas.
Participe. Sua experiĂȘncia vai girar pelo paĂs. Novas prĂĄticas de ensinar e aprender.
Faça sua inscrição on-line até 31 de agosto pelo endereço:
http://portal.mec.gov.br/premioprofessoresdobrasil/aviso/
Fonte: Almanaque Brasil - NĂșmero 122 - Junho - 2009.
ACERVO CULTURAL
O projeto Brasiliana Digital (www.brasiliana.usp.br/bbd) reĂșne livros, folhetos, periĂłdicos, manuscritos, mapas e imagens sobre a histĂłria e a cultura do Brasil, compilados pela USP. A coleção tem como ponto de partida o acervo do bibliĂłfilo JosĂ© Mindlin. O projeto pretende digitalizar cerca de 25 mil tĂtulos, como primeiras ediçÔes de Machado de Assis.
tec-tec-tec â Fonte: Folha de S.Paulo â 24/06/09.
NATURE - Podcasts
Ouça trechos de entrevistas sobre o mundo cientĂfico. Em inglĂȘs, em http://www.nature.com/nature/podcast/.
Acontece na Internet â Eventos Online - Fonte: Folha de S.Paulo â 24/06/09.
PROFESSORA PASQUALINA
ENSAIO â REVIDANDO O âBULLYINGâ
Nos Ășltimos anos, pediatras e pesquisadores dos EUA tĂȘm dado a agressores juvenis e suas vĂtimas a atenção que mereciam havia muito tempo. JĂĄ se superou a ideia expressa na mĂĄxima "isso Ă© coisa de adolescentes", segundo a qual a intimidação Ă© uma parte normal da infĂąncia e da adolescĂȘncia ou prelĂșdio a uma estratĂ©gia de vida.
Pesquisas descrevem os riscos de longo prazo do "bullying" - as vĂtimas podem apresentar tendĂȘncia maior a sofrer de depressĂŁo e pensamentos suicidas, enquanto os prĂłprios agressores tĂȘm menos probabilidades de concluir seus estudos ou manter seus empregos.
Em julho, a Academia Americana de Pediatria publicarĂĄ a nova versĂŁo de uma declaração oficial sobre o papel do pediatra na prevenção da violĂȘncia juvenil. Pela primeira vez, a declaração vai conter uma seção sobre "bullying" - incluindo a recomendação de que as escolas adotem um modelo de prevenção desenvolvido por Dan Olweus, professor e pesquisador de psicologia na Universidade de Bergen, Noruega, que começou a estudar o fenĂŽmeno do "bullying" em escolas na EscandinĂĄvia nos anos 1970.
Os programas, disse ele, "operam ao nĂvel das escolas, das salas de aula e ao nĂvel individual; eles combinam programas preventivos e o tratamento direto das crianças que sĂŁo envolvidas com "bullying" ou identificadas como agressoras, como vĂtimas ou como ambas as coisas".
Robert Sege, chefe de pediatria ambulatorial no Centro MĂ©dico Boston e um dos principais autores da nova declaração de polĂtica em relação ao "bullying", diz que a abordagem de Olweus foca um grupo maior de crianças: as que assistem ao que acontece. A "genialidade de Olweus", disse ele, "estĂĄ no fato de conseguir virar a situação na escola do avesso, de modo que as crianças entendem que o agressor Ă© uma pessoa que tem dificuldade em administrar seu prĂłprio comportamento e que a vĂtima Ă© alguĂ©m que elas podem proteger".
O outro autor principal da declaração, Joseph Wright, observa que um quarto das crianças e dos adolescentes relata que jĂĄ esteve envolvida em intimidaçÔes, como agressor ou como vĂtima.
Para ter sucesso no combate ao "bullying", a escola precisa descobrir os detalhes -onde e quando as agressĂ”es acontecem. ModificaçÔes estruturais podem ser feitas nos lugares vulnerĂĄveis: um canto escondido do pĂĄtio, a entrada da escola no horĂĄrio de saĂda dos alunos.
Então, disse Sege, "ativar os alunos que assistem às agressÔes" significa mudar toda a cultura da escola. Por meio de discussÔes em sala de aula, reuniÔes com pais e respostas pontuais e coerentes a cada incidente, a escola deve transmitir a mensagem de que intimidaçÔes não serão toleradas.
Perri Klass, MĂ©dico - Fonte: Folha de S.Paulo - 22/06/09.
Academia Americana de Pediatria - http://www.aap.org/
Universidade de Bergen â http://www.uib.no/en/
Centro MĂ©dico Boston - http://www.bmc.org/
O TĂTULO CERTO, NO MEIO DO CAMINHO
Ele intitulara seu romance O Mundo Coberto de Pennas, em referĂȘncia Ă s penas negras dos corvos cobrindo o chĂŁo seco, contidas no penĂșltimo capĂtulo do texto. O tĂtulo para a obra de 1938 parecia-lhe justo, jĂĄ que o romance falava da existĂȘncia rala no sertĂŁo brasileiro. Por alguma razĂŁo, contudo, ele mudou de ideia ao ver o frontispĂcio da obra datilografada. E, por cima do tĂtulo, escreveu a lĂĄpis Vidas Secas. Ele era Graciliano Ramos e seu texto, um dos maiores da literatura brasileira, inovador, entre outras razĂ”es, porque a linguagem ali apresentada vinha sem floreios, seca. Mas teria a obra se tornado eterna se seu tĂtulo fosse o primeiro?
O imponderĂĄvel merece a atenção dos crĂticos. O inglĂȘs Robert McCrum nĂŁo duvida que aquilo que hĂĄ em um nome, citando William Shakespeare, defina seu futuro. Em reportagem publicada pelo jornal Observer hĂĄ duas semanas, McCrum sustenta que O Grande Gatsby, escrito em 1925 por Scott Fitzgerald, teria outra sorte se o americano rejeitasse a ideia de seu editor e o intitulasse a seu modo, Incidente em West Egg, sem o irĂŽnico adjetivo do tĂtulo final.
1984, romance que completa seis dĂ©cadas, seria identicamente estupendo se o inglĂȘs George Orwell tivesse mantido para ele seu tĂtulo de trabalho, O Ăltimo Homem na Europa? E o que dizer de A Veia no Pulso, que a brasileira nascida na UcrĂąnia Clarice Lispector pretendia dar Ă sua obra finalizada em 1961, depois de dez anos de hesitaçÔes? A Veia no Pulso tornou-se A Maçã no Escuro porque Fernando Sabino, seu amigo, assim o quis.
O escritor conhecia muita coisa sobre o poder dos tĂtulos, haja vista seu O Encontro Marcado, de 1956, e tambĂ©m acompanhava toda a dor que cercava a obra de Clarice. Ela nĂŁo acreditava no poder desse que Ă© um de seus mais elaborados livros, e modificou-o em diversas passagens por sugestĂŁo do amigo, que, ao fim, lamentou sua obediĂȘncia. Clarice era grande, uma maçã perfeita. E, sim, estava no escuro, âperdidinhaâ, como ela confessara ao escritor mineiro em uma carta. O tĂtulo de Sabino evocava uma estranha natureza- morta e, por esta razĂŁo, representava com acerto a intimidade de sua autora.
Ela deixara que outro amigo da criação literĂĄria, LĂșcio Cardoso, desse Ă sua obra de estreia um tĂtulo inspirado nas construçÔes de James Joyce, Perto do Coração Selvagem, embora, em 1944, Clarice nĂŁo conhecesse o irlandĂȘs. A autora libertou-se de Cardoso ao nominar O Lustre seu segundo livro, de 1946. O autor de CrĂŽnica da Casa Assassinada nĂŁo gostou do tĂtulo e protestou, talvez com razĂŁo. Clarice retrucou-lhe dizendo que o tĂtulo correspondia ao que ela era, âpobreâ.
Outra grande amiga de Clarice Lispector, a escritora Lygia Fagundes Telles, de 86 anos, gosta de usar, como a autora de O Lustre, uma palavra âantigaâ para definir o que lhe ocorre ao intitular seus livros, âinspiraçãoâ. Lygia, ao contrĂĄrio de Clarice, jamais deixou que alguĂ©m desse nome a um livro seu. Ela ressalta o artifĂcio que hĂĄ em todos, mesmo os que sugerem simplicidade.
âAs Meninas, que parece superficial, tem relação profunda com minha meniniceâ, conta Lygia. âĂramos quatro filhos, sou a caçula, e sobre meus irmĂŁos mamĂŁe dizia: âOs meninos jĂĄ chegaram? Os meninos estĂŁo no banho?â E eles jĂĄ eram rapazolas! Quando fiz o romance sobre as trĂȘs jovens no pensionato catĂłlico, lembrei dessa maneira afetuosa com que mamĂŁe se dirigia a meus irmĂŁos, e as chamei de meninas, embora nem fossem mais.â
Lygia vĂȘ algo de mĂĄgico nos seus tĂtulos, sugestĂ”es que nascem âdas coisas mais estranhasâ. Antes do Baile Verde, uma reuniĂŁo de contos, nĂŁo corresponde Ă sua narrativa preferida no livro. âHelga e O Moço do Saxofone sĂŁo melhores, mas como dar um desses tĂtulos ao livro todo?â A magia estĂĄ inteira em outro conto seu, justamente conhecido pela maestria do tĂtulo, A Estrutura da Bolha de SabĂŁo. O crĂtico de cinema Paulo Emilio Salles Gomes, seu marido, havia lhe dito que um âfĂsico amigoâ estudara âa estrutura da bolha de sabĂŁoâ em Paris. âMas bolha de sabĂŁo nĂŁo tem estrutura, eu fazia bolhas com os canudos de mamoeiro!â O crĂtico estimulou Lygia a escrever baseada nessas estruturas, que, nas mĂŁos da escritora, tornaram-se psicologias em 1978. Somente no ano passado, um amigo mĂ©dico, que cuidara de seu filho Goffredo e a ajudara pessoalmente quando ela o perdeu, em 2006, disse ser Jean Oury o autor da pesquisa. âEu jĂĄ o conhecia e em setembro ele estarĂĄ no Brasil. Ă um psicanalista e minha narrativa tem relação com isso. NĂŁo poderia imaginar.â
O tĂtulo frequentemente demora a aparecer. O escritor CristovĂŁo Tezza sĂł chegou Ă quele que daria a seu livro de 2007 na segunda tentativa. Primeiramente, a ideia era intitulĂĄ-lo O Filho Especial, jĂĄ que a narrativa girava em torno do jovem com sĂndrome de Down. âQuando me estalou na cabeça âo filho eternoâ, percebi que tinha achado o tĂtulo exatoâ, conta. A escolha parece correta, jĂĄ que o protagonista, o pai, Ă© o narrador, e a ele pertence a sensação de que seu menino serĂĄ eternamente uma criança, eternamente seu.
âUm tĂtulo Ă© parte inseparĂĄvel do livro. Um mau tĂtulo, um escorregĂŁo de texto do autorâ, considera Tezza. Para seu colega Milton Hatoum, Ă s vezes, ao encontrĂĄ-lo, descobre-se tambĂ©m a narrativa que se estĂĄ escrevendo. âIsso aconteceu com Cinzas do Norte, cujo tĂtulo sĂł surgiu dois anos depois de eu ter começado a escrever o romanceâ, ele conta. âA ideia veio da cena em que Mundo faz sua obra com madeira carbonizada. O tĂtulo significava muitas coisas do romance: a devastação da floresta, o desnorteio de todos e tambĂ©m a AmazĂŽnia, o Norte.â
Em 2000, o editor de Hatoum, Luiz Schwarcz, intitulou Dois IrmĂŁos, que evoca outro tĂtulo literĂĄrio brasileiro, Os Dois IrmĂŁos, de Oswaldo França Jr., de 1976. Milton Hatoum pensara em Filhos de Zana, mas gostou da segunda versĂŁo por trazer algo de enigmĂĄtico ao texto. E os personagens talvez fossem mais irmĂŁos que filhos.
Um tĂtulo, objeto inspirado, como o quer Lygia, tambĂ©m pode nascer de uma atitude provocativa. Eis que Machado de Assis se torna inevitĂĄvel para explicar a situação. O professor de literatura Gilberto Passos sustenta que MemĂłrias PĂłstumas de BrĂĄs Cubas, de 1881, tem um intuito parĂłdico ou dois. âEm sua composição entrariam MĂ©moires dâOutre-Tombe, de François-RenĂ© de Chateaubriand, livro do qual jĂĄ havia, em 1848, uma tradução espanhola com o tĂtulo de Memorias Postumas, e o nome de BrĂĄs Cubas, homĂŽnimo do fundador de Santosâ, afirma. âComo o BrĂĄs Cubas machadiano trata de uma figura do sĂ©culo XIX sem importĂąncia, explica-se a dupla parĂłdia. NĂŁo se trata nem das memĂłrias do grande autor, polĂtico e diplomata francĂȘs, de origem nobre, nem as possĂveis memĂłrias de uma figura histĂłrica brasileira da colĂŽnia.â
Rosane Pavam - Fonte: Carta Capital - Edição 551.
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