CINQUENTĂO NA ACADEMIA
26/08/2006 -
COLUNA DO CANALHA
Acabei de completar 56 anos. Minha mulher me presenteou com uma semana de treinamento fĂsico em uma boa academia. Estou em excelente forma mas achei boa idĂ©ia diminuir minha "barriguinha".
Fiz reserva com a "personal trainner" NĂĄdia, instrutora de Aerobica e modelo
de 26 anos.
Foi me recomendado levar um diĂĄrio para documentar meu progresso, que vai
transcrito a seguir:
Segunda : Com muita dificuldade levantei-me as 6 da manhã. O esforço valeu a
pena. NĂĄdia parecia uma deusa grega: ruiva, olhos azuis, grande sorriso, lĂĄbios carnudos e corpo escultural. Inicialmente, NĂĄdia me fez um tour, mostrando os aparelhos. Comecei pela bicicleta. Ela me tomou o pulso, depois de 5 minutos, e se alarmou, pois estava muito acelerado. NĂŁo era a bicicleta, mas ela, vestida com uma malha de lycra coladinha. Desfrutei do exercĂcio. Ela me motivava muito, apesar da dor na barriga, de tanto encolhĂȘ-la, toda vez que ela passava perto de mim.
Terça : Tomei cafĂ© e fui para a academia. NĂĄdia estava mais linda que nunca. Comecei a levantar uma barra de metal. Depois se atreveu a por pesos!!! Minhas pernas estavam debilitadas, mas consegui completar UM QUILĂMETRO. O sorriso arrebatador de NĂĄdia me convenceu de que todo exercĂcio valeu a pena... Era uma nova vida para mim.
Quarta : A Ășnica forma como consegui escovar os dentes, foi colocando a escova sobre a pia e movendo a cabeça para os lados. Dirigir tambĂ©m nĂŁo foi fĂĄcil: estender o braço para mudar as marchas era um esforço digno de HĂ©rcules: doĂa o peito e minhas panturrilhas ardiam toda vez que pisava na embreagem. Fisicamente impossibilitado, estacionei meu carro na vaga para deficientes fĂsicos, atĂ© porque, saĂ mancando... NĂĄdia estava com a voz um pouco aguda a essas horas da manhĂŁ e, quando gritava, me incomodava muito. Meu corpo doeu inteiro quando ela me colocou uma cinta para fazer escalada. Para que alguĂ©m inventa um treco para se escalar se os elevadores jĂĄ tornaram isso um tanto obsoleto? NĂĄdia disse que isso me ajudaria a ficar em forma e desfrutar a vida... ou alguma dessas promessas imbecis.
Quinta : Nådia estava me esperando com seus odiosos e sarcåsticos dentes de vampiro. Cheguei meia hora atrasado, pois esse foi o tempo que demorei para colocar os sapatos. A desgraçada da Nådia me colocou para trabalhar com os pesos. Quando se distraiu, saà correndo e me escondi no banheiro. Mandou um outro treinador me buscar e como castigo me pÎs a trabalhar na måquina de remar..
Sexta : Odeio a desgraçada da NĂĄdia. EstĂșpida, magra, anĂȘmica, chata, feminista e sem cĂ©rebro! Se houvesse uma parte do meu corpo que podia se mover sem uma dor angustiante, eu partiria no meio a vaca que pariu essa desgraçada xexelenta. NĂĄdia quis que eu trabalhasse meus trĂceps... EU NEM SEI O QUE Ă ESSA PORRA DESSE TRĂCEPS!! E, se nĂŁo bastasse me colocar o peso para que o rompesse, me colocou aquelas merdas das barras novamente... A bicicleta me fez desmaiar e acordei na cama de uma nutricionista, uma idiota com cara de mal comida que me deu um sermĂŁo sobre alimentação saudĂĄvel Aquilo jĂĄ era um complĂŽ.
SĂĄbado : A lazarenta da NĂĄdia me deixou uma mensagem no celular com sua
vozinha de lésbica assumida, perguntando por que eu não fui. Só de ouvir a vozinha dela na caixa postal jå me deu dor nas costas e vontade de quebrar o celular, o que nem tentei porque não tinha certeza se teria força suficiente para atirå-lo, jå que para apertar os botÔes do aparelho foi um esforço quase igual a levantar aquelas malditas barras.
Domingo : Meu vizinho estava indo à missa. Pedi a ele que agradecesse a Deus por mim, por essa semana que terminou. Também pedi que rezasse para que no ano que vem, a desgraçada e infeliz da minha mulher me presenteasse com algo um pouco mais divertido, como um tratamento dentårio de canal, um cateterismo ou ate mesmo um exame de próstata.