BINGO IV - E dá-lhe charges...
BINGO IV
A justiça é cega.
Veja aonde nós chegamos: no Brasil, ela é cega mesmo...
Confira a charge!
(Colaboração: A.M.B.)
PRÊMIO STELLA AWARDS
Difícil de acreditar, mas....essa é a justiça americana. O Stella Awards é um prêmio conferido anualmente aos casos mais bizarros de processos judiciais nos Estados Unidos. O prêmio tem este nome em homenagem a Stella Liebeck, que derrubou café quente no colo e processou, com sucesso, o McDonald's, recebendo quase 3 milhões de dólares de indenização. Desde então, o Stella Awards existe como uma instituição independente, publicando - e "premiando" - os casos de maior abuso do já folclórico sistema legal norte-americano. Este ano, os vencedores foram:
5º. Lugar (empatado): Kathleen Robertson, de Austin, Texas, recebeu US$ 780.000,00 de indenização de uma loja de móveis, por ter tropeçado
numa criancinha que corria solta pela loja e quebrado o tornozelo. Até aí, quase compreensível, se a criança descontrolada em questão não fosse o próprio filho da sra. Robertson.
5o. lugar (empatado): Terrence Dickinson, de Bristol, Pennsylvania, estava saindo pela garagem de uma casa que tinha acabado de roubar. Ele não conseguiu abrir a porta da garagem, porque a automação estava com defeito. Não conseguiu entrar de volta na casa porque a porta já tinha fechado por dentro. A família estava de férias e o sr. Dickinson ficou trancado na garagem por oito dias, comendo ração de cachorro e bebendo pepsi de um engradado que encontrou por ali. Ele processou o proprietário da casa, alegando que a situação lhe causou profunda angústia mental. Recebeu US$ 500.000, 00.
4º. Lugar: Jerry Williams, de Little Rock, Arkansas, foi indenizado com US$ 14.500,00, mais despesas médias, depois de ter sido mordido na bunda pelo beagle do vizinho. O cachorro estava na coleira, do outro lado da cerca, mas ainda assim reagiu com violência quando o Sr. Williams pulou a cerca e atirou repetidamente contra ele com uma espingardinha de chumbo.
3º. Lugar: Um restaurante na Filadélfia foi condenado a pagar US$ 113.500,00 de indenização a Amber Carson, de Lancaster, Pennsylvania, após ela ter escorregado e quebrado o cóccix. O chão estava molhado porque, segundos antes, a própria Amber Carson havia atirado um copo de refrigerante no seu namorado, durante uma discussão.
2º. Lugar: Kara Walton, de Claymont, Delaware, processou o proprietário de uma casa noturna da cidade vizinha, por ter caído da janela do banheiro, quebrando os dois dentes da frente. Ela estava tentando escapar do bar sem ter que pagar o couvert (de US$ 3,50). Recebeu US$ 12.000,00, mais despesas dentárias.
1o. lugar: o grande vencedor do ano foi o sr. Merv Grazinski, de Oklahoma Cty, Oklahoma. O Sr. Grazinski havia recém comprado um Motorhome Winnebago Automático e estava voltando sozinho de um jogo de futebol, realizado em outra cidade. Na estrada, ele marcou o piloto automático do carro para 100 km/h, abandonou o banco do motorista e foi para a traseira do veículo preparar um café. Quase como era de se esperar, o veículo saiu da estrada, bateu e capotou. O sr. Grazinski processou a Winnebago por não explicar no manual que o piloto automático não permitia que o motorista abandonasse a direção. O júri concedeu a indenização de US$ 1.750.000,00, mais um novo
Motorhome Winnebago . A companhia mudou todos os manuais de proprietário a partir deste processo, para o caso de algum outro retardado mental comprar seus carros.
(Colaboração: Viana)
A JUSTIÇA CARNAVALIZADA DO BRASIL
EXISTE NO PAÍS uma Justiça especial para o estamento dos políticos, dos altos burocratas, dos mais ricos, dos notórios, das celebridades e, enfim, daqueles que "conhecem alguém" -não vale conhecer um "zé ninguém". Temos, na prática, um conceito avacalhado de fidalguia, típico de um país em que a mobilidade social, embora muito restrita, é intensa; em que o favor ainda é norma e o Estado é grande e despoliciado o bastante para prover muito agrado. Essa comunidade de gente de prestígio, com aura midiática, política e econômica, tem foro privilegiado de Justiça.
Não se trata aqui da instituição formal e também deplorável dos tribunais especiais, das imunidades e de conselhos administrativos para julgar os rolos de grande empresa e bancos, além do direito de cadeia diferenciada para bacharéis, por exemplo. O foro privilegiado é o da paródia da Justiça que vemos em CPIs, shows de algemas, prisões temporárias e "denúncias", das quais raramente enxergamos resultados práticos. Criamos uma instituição informal de Justiça, o tribunal carnavalizado.
A carnavalização da Justiça pode ser apreciada com mais clareza durante os "escândalos", em especial os políticos, naqueles momentos de transe moral e de expiação ritualística de CPIs. O país em parte gosta do justiçamento social e novelesco, praticado por meio de vazamento de processos, das arapongagens, da lavagem inconseqüente de roupa suja.
O país não apenas gosta disso como essa é a forma que restou para conter um tico da rapina do Estado, pois os tribunais de fato não funcionam.
A figura pública que se torna objeto de "denúncias" nem bem é absolvida nem condenada à cana dura. Na Justiça do estamento de "alguéns", arranha-se o prestígio, a fama e, como decorrência ocasional, retira-se parcela do poder e dos rendimentos que em geral estão associados a esses atributos. A punição dos "alguéns" é apenas um estigma. Tal mácula se enfrenta com galhardia mais ou menos cínica. Incapacita o "joão alguém" de forma provisória e atenuada, o condena a uma vida mais sorrateira ou a uma atuação pública mais escamoteada. Essa é a "pena" dos "alguéns": pairar no limbo dos "envolvidos" nisso ou naquilo, um ostracismo moral, político ou mundano que pode durar semanas ou anos. Essa é a Justiça real do Brasil do estamento, não a dos manuais.
Nos paroxismos de indignação é recorrente a farsa da refundação, da "limpeza ética", das reformas políticas, da indignação com as ameaças ao "Estado de Direito" (que quase inexiste). É a hora do transe salvacionista, de surtos pequeno-burgueses pela "ética na política", tão irrelevantes como aqueles "movimentos pela paz" que se sucedem a chacinas e ao trucidamento de cidadãos por bandidos comuns, criminosos policiais, milícias privadas legais e esquadrões da morte.
A Justiça carnavalizada é uma instituição típica de um país em que as leis "pegam" ou "não pegam". Como resposta, além da reação dramática, novelesca, sentimental, as providências sugeridas ou mesmo adotadas, são formalistas: leis "duras" e reformas institucionais que logo são adaptadas pelo estamento bandalho para servir à próxima onda de rapina e ruína dos direitos de cidadania.
Vinícius Torres Freire.
Fonte: Folha de S.Paulo - 29/05/2007.
Alô galera de Direito: Enviem suas mensagens através do Fale Conosco de nosso site.
Clique aqui e envie sua mensagem: http://www.faculdademental.com.br/fale.php