FM - Faculdade Mental

FAZENDO DIREITO - 31/10/2006

VAMOS ESTUDAR DIREITO?

ALUNO DE DIREITO

Um aluno de Direito Ã© chamado pelo professor para um exame oral:
- O que Ã© estelionato?
Responde o aluno:
- Ã‰ o que o senhor professor estÃ¡ fazendo.
O professor, muito indignado:
- Ora essa, explique-se!
- Segundo o CÃ³digo Penal, comete estelionato todo aquele que se aproveita da ignorÃ¢ncia do outro para prejudicÃ¡-lo.

(ColaboraÃ§Ã£o: F.L.)

TRIBUNAL DE BAGDÃ CONDENA SADDAM HUSSEIN Ã€ MORTE NA FORCA

O ex-presidente do Iraque Saddam Hussein foi condenado a morte por enforcamento. Neste domingo, em BagdÃ¡, um tribunal especial julgou o ex-ditador e sete de seus colaboradores pelo massacre de 148 xiitas no povoado de Dujail, em 1982, e por crimes contra a humanidade. O procedimento de apelaÃ§Ã£o, acionado automaticamente, comeÃ§a nesta segunda-feira.
Ao ser condenado, Saddam Hussein gritou duas vezes a frase "Alahu Akbar" (AlÃ¡ Ã© grande). TambÃ©m proferiu "Vida aos iraquianos, morte aos traidores!". Ele recusou-se a levantar para ouvir a execuÃ§Ã£o, por ordem do juiz Raouf Adbul-Rahman. EntÃ£o, dois funcionÃ¡rios do tribunal agarraram Saddam para forÃ§Ã¡-lo a ficar em pÃ©.
Ele esteve com um AlcorÃ£o na mÃ£o durante o julgamento. A data do enforcamento nÃ£o foi marcada, e tambÃ©m nÃ£o foi definido se a execuÃ§Ã£o da sentenÃ§a serÃ¡ antes ou depois dos demais julgamentos pelos quais Saddam Hussein serÃ¡ submetido. O ex-ditador havia manifestado o desejo de ser executado diante de um pelotÃ£o de fuzilamento.
A sessÃ£o comeÃ§ou as 11h30 (6h30, em BrasÃlia) e foi palco de um incidente entre o juiz, Raouf Abdel-Rahman, e o advogado de defesa norte-americano Ramsey Clark, que entregou um memorando referindo-se ao processo como uma farsa. Clark foi expulso do tribunal.

Fonte: RedaÃ§Ã£o Terra.

DIREITOS E DEVERES - COMO LIDAR COM O ALUNO-CLIENTE (As exigÃªncias, a arrogÃ¢ncia e os abusos do aluno que paga)

Publicado em 05/04/2006 - Por BÃ¡rbara Semerene

Cena 1- Primeiro dia de aula de uma professora em uma faculdade particular em BrasÃlia. Ã€s 19h10, horÃ¡rio marcado para comeÃ§ar, a sala estÃ¡ vazia. Ela espera. Alunos comeÃ§am a chegar. Ela faz a chamada Ã s 19h30. Um aluno chega mais tarde e "manda" a professora colocar um pontinho de presenÃ§a pra ele. Ela nÃ£o o "obedece". O aluno diz: "VocÃª Ã© nova aqui, nÃ©? NÃ£o sabe que no noturno todo mundo trabalha e chega atrasado mesmo?".
Cena 2 - Aluno tira nota abaixo da mÃ©dia, Ã© reprovado. Vai atÃ© a professora tentar negociar. Professora nÃ£o aceita negociaÃ§Ãµes. Aluno ameaÃ§a: "SerÃ¡ que vou precisar falar com a diretora para vocÃª mudar de idÃ©ia?".

Essas nÃ£o sÃ£o cenas de filme. Ã‰ um cenÃ¡rio real e muito comum em faculdades particulares de todo o paÃs. "Os alunos acham que, porque estÃ£o pagando, mandam no esquema da aula", diz a professora de Jornalismo vÃtima dos casos relatados acima."A lÃ³gica deles Ã© invertida. Ã‰ Ã³timo eles exigirem seus direitos como consumidores. Mas eles tÃªm que entender que o direito deles Ã© ter um ensino de qualidade, e nÃ£o um ensino mais fÃ¡cil e fraco", alega um professor de Sociologia que dÃ¡ aula em duas faculdades particulares de BrasÃlia.
Mas a verdade Ã© que, assim como a professora das cenas 1 e 2, a maioria dos docentes de faculdades particulares sente-se pressionada, tanto pelos alunos quanto pela IES (InstituiÃ§Ã£o de Ensino Superior), a ter muita tolerÃ¢ncia com faltas, prazos para entrega de trabalho, atrasos e atÃ© mesmo com o nÃvel acadÃªmico deles. "Na ComunicaÃ§Ã£o Social, muitos alunos escrevem mal, nÃ£o conseguem alcanÃ§ar o nÃvel de eficiÃªncia que o mercado exige. Mas, se ele freqÃ¼enta todas as aulas e faz as tarefas, a gente nÃ£o reprova", diz outro professor de uma faculdade particular de BrasÃlia.
Uma professora que dÃ¡ aula em trÃªs IES em SÃ£o Paulo atribui a postura abusiva dos alunos nÃ£o sÃ³ ao fato de serem pagantes, mas a uma caracterÃstica da geraÃ§Ã£o: a falta de responsabilidade e de noÃ§Ã£o de limites. "Eles tÃªm uma atitude passiva: esperam que o professor faÃ§a tudo por eles, acham que devemos agir como se fÃ´ssemos mÃ£e deles. TÃªm dificuldade de assumir as rÃ©deas da prÃ³pria vida, bancar as conseqÃ¼Ãªncias de suas atitudes."
A prÃ³-reitora do Centro UniversitÃ¡rio UniSant'Anna, Maria BetÃ¢nia Placucci Bari, acredita que esse comportamento estÃ¡ tambÃ©m relacionado a uma postura do adolescente rebelde sem causa, que reclama sem ter informaÃ§Ã£o sobre os seus reais direitos e deveres, sem saber o seu papel e o do professor.
Pacto de mediocridade
Mas a responsabilidade por posturas arrogantes ou exigÃªncias descabidas nÃ£o Ã© sÃ³ do aluno. "Isso sÃ³ acontece porque vÃ¡rias faculdades - principalmente as que tÃªm uma postura mais mercadolÃ³gica - dÃ£o respaldo a essas atitudes", opina um professor de Sociologia que dÃ¡ aula em duas faculdades particulares de BrasÃlia. "Ã‰ o pacto de mediocridade", diz.
"HÃ¡ uma pressÃ£o coletiva, tanto por parte dos alunos, quanto por parte da direÃ§Ã£o das faculdades e atÃ© do MEC, para que tenhamos muita tolerÃ¢ncia, flexibilidade e faÃ§amos tudo para agradar o aluno de forma a mantÃª-lo na faculdade, com medidas e legislaÃ§Ã£o que tornem o estudo mais fÃ¡cil e menos rigoroso", diz um professor de Direito que dÃ¡ aula em duas faculdades particulares de Campo Grande, e percebe que a coordenaÃ§Ã£o dÃ¡ uma imensa liberdade aos alunos e prejudica a autonomia dos docentes, que sÃ£o obrigados a compor as notas com trabalho e provas de mÃºltipla escolha, para facilitar. AlÃ©m disso, a instituiÃ§Ã£o estabelece notas mÃnimas que podem ser dadas ao estudante.
Muitas vezes, as situaÃ§Ãµes extrapolam questÃµes Ã©ticas e legais: tem professor que reprova o aluno e, no semestre seguinte, precebe que ele foi "misteriosamente" aprovado pela faculdade. Ã‰ a reprovaÃ§Ã£o acadÃªmica Ã aprovaÃ§Ã£o administrativa. Ou entÃ£o, o docente dÃ¡ uma nota X e recebe orientaÃ§Ãµes vindas "de cima" para que aumente "mais dois pontinhos" naquela nota. Esses tambÃ©m sÃ£o casos reais, que aconteceram com um professor de Jornalismo de uma instituiÃ§Ã£o brasiliense. "NÃ£o vemos outra alternativa se nÃ£o ficarmos quietos. Afinal, Ã© uma empresa particular e podemos ser demitidos a qualquer momento", diz.
Em algumas faculdades, os alunos tÃªm uma arma poderosa para "mandar e desmandar" no professor: a avaliaÃ§Ã£o semestral do docente, logo apÃ³s a entrega das notas. "HÃ¡ uma clara polÃtica interna da InstituiÃ§Ã£o de que a reclamaÃ§Ã£o do aluno vale o seu emprego. Numa das faculdades onde trabalho, se algum docente recebe nota abaixo da mÃ©dia em dois semestres consecutivos, ele estÃ¡ fora, Ã© demitido. E, em geral, os aprovados sÃ£o os do tipo showman, aquele que dÃ¡ sÃ³ aulas alegres e festivas. Quem tem um estilo mais sisudo, por mais que dÃª o conteÃºdo com eficÃ¡cia, Ã© reprovado", diz um professor. Outra docente acrescenta: "o pior Ã© que os estudantes nÃ£o sÃ£o obrigados a avaliar. Em geral, os que fazem, sÃ£o aqueles que querem ferrar o professor porque nÃ£o gostam dele".
O outro lado
Exageros antiÃ©ticos a parte, existe uma questÃ£o que vai alÃ©m da relaÃ§Ã£o mercadolÃ³gica que a faculdade-empresa estabelece com o aluno-cliente: o fato de adaptar a realidade da sala de aula Ã realidade do estudante. "No Brasil, muitos alunos precisam trabalhar alÃ©m de estudar, e acabam deixando a faculdade em segundo plano", diz Ryon Braga, consultor de gestÃ£o de instituiÃ§Ãµes de ensino, e presidente da Hoper, empresa especializada em pesquisa e anÃ¡lise de mercado no setor educacional.
"No mundo de hoje, ninguÃ©m tem mais o seu tempo dedicado a uma Ãºnica coisa. O ser humano estÃ¡ sobrecarregado. Isso vai interferir em qualquer relaÃ§Ã£o. NÃ£o adianta ficar cobrando. Tem que aprender a construir uma relaÃ§Ã£o levando o contexto social em conta", diz Luciana Wiss, psicÃ³loga responsÃ¡vel pelo NÃºcleo de ApÃ³io PsicopedagÃ³gico e Profissional da UniSant'Anna, que foi criado justamente para dar suporte Ã essa complicada relaÃ§Ã£o aluno-professor-instituiÃ§Ã£o."Ã‰ preciso compreender que hoje em dia todos nÃ³s somos influenciados a estabelecer uma relaÃ§Ã£o de consumo com a vida em geral, nÃ£o sÃ³ com a faculdade", explica.
Segundo Ryon, alguns professores tÃªm dificuldades de se adequar Ã realidade do aluno, principalmente professores que saem de universidades pÃºblicas e vÃ£o dar aula em particular. "Muitos tÃªm dificuldade de entender que o aluno da instituiÃ§Ã£o particular tem um nÃvel bem diferente do aluno da pÃºblica. Ã‰ outra realidade. Claro que ele tem que aprender o mÃ¡ximo possÃvel, mas dentro do contexto dele. Hoje os alunos do Ensino Superior sÃ£o muito heterogÃªneos. Antes, fazer uma faculdade era privilÃ©gio da elite. Hoje as classes C e D estÃ£o no Ensino Superior. E essas pessoas precisam trabalhar e pagam com esforÃ§o a faculdade. EntÃ£o, tem que ter flexibilidade, sim", acrescenta.
AlÃ©m disso, hÃ¡ tambÃ©m pontos positivo nessa relaÃ§Ã£o de consumidor com relaÃ§Ã£o Ã faculdade. HÃ¡, por parte tanto dos alunos quanto da instituiÃ§Ã£o, uma cobranÃ§a maior com relaÃ§Ã£o Ã pontualidade do professor, o planejamento das aulas, e a estrutura fÃsica das faculdades. "Isso nos incentiva a ampliar a dedicaÃ§Ã£o", diz um professor.
SoluÃ§Ãµes
Docentes e gestores dÃ£o algumas dicas para melhor lidar com a questÃ£o:
- Desde o primeiro dia de aula, tanto a instituiÃ§Ã£o, quanto o professor, devem esclarecer suas regras e o motivo delas. Na UniSant'Anna, por exemplo, Ã© realizada a Semana de AmbientaÃ§Ã£o Ã Vida UniversitÃ¡ria, na qual a faculdade apresenta os Ã³rgÃ£os regulamentadores da instituiÃ§Ã£o, os processos acadÃªmicos, as leis que regem a EducaÃ§Ã£o, a composiÃ§Ã£o de valores do semestre, o conceito de participaÃ§Ã£o do aluno, o conceito de EducaÃ§Ã£o Superior.
- Logo no inÃcio das classes, o professor deve dar uma liÃ§Ã£o do que Ã© Ã‰tica, e reforÃ§ar principalmente a Ã©tica em sala de aula.
- Diante de uma exigÃªncia abusiva ou ameaÃ§a, o professor deve ser firme, e nÃ£o demonstrar medo ou inseguranÃ§a. Para tanto, Ã© preciso estar bem claro para si prÃ³prio os direitos, deveres e a filosofia da faculdade.
- As InstituiÃ§Ãµes deveriam avaliar o professor por diversos Ã¢ngulos, nÃ£o sÃ³ pelo do aluno. Seria interessante ter, por exemplo, um corpo colegiado misto com professores, coordenadores de curso e um representante da associaÃ§Ã£o de pais - que pagam a faculdade para seus filhos -, para analisar o professor. Seria interessante tambÃ©m, haver uma instÃ¢ncia formal responsÃ¡vel por receber reclamaÃ§Ãµes dos alunos, que nÃ£o seja constituÃda apenas por quem tem interesse no lucro da instituiÃ§Ã£o.
- Ter uma separaÃ§Ã£o clara entre diretor acadÃªmico e diretor administrativo. "As duas coisas tÃªm que funcionar independentemente", acredita um professor.
- Estimular os alunos a tomar iniciativa, mostrar que o papel do professor Ã© orientar, mas nÃ£o determinar o caminho. E que faz parte do crescimento do aluno como cidadÃ£o ir buscar respaldo para o seu ensino em leituras, para ter subsÃdios atÃ© para questionar o professor em sala de aula.
- Diante de uma postura arrogante do aluno, o professor deve ser diplomÃ¡tico. "NÃ£o dÃ¡ para descarregar de volta. Tem que saber negociar, ouvir. Porque muitas vezes o aluno sÃ³ quer desabafar", diz uma professora.
- Explicar para o aluno, que cabe a uma instituiÃ§Ã£o de EducaÃ§Ã£o preocupar-se com a formaÃ§Ã£o dele como cidadÃ£o, nÃ£o sÃ³ ser uma mera transmissora de informaÃ§Ã£o.