FRASE DE ADVOGADO!
Frase do advogado Daniel Silva referindo-se Ă invasĂŁo do congresso por membros do MLST:
"Uma coisa Ă© preciso reconhecer nesse caso: Finalmente eles invadiram uma terra improdutiva"
(Colaboração: Emerson)
Entrevista de Marcola do PCC - NĂO DEIXEM DE LER
Estamos todos no inferno Não hå solução, pois não conhecemos nem o problema.
'VocĂȘ Ă© do PCC?"
- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisĂvel... vocĂȘs nunca me olharam durante dĂ©cadas... E antigamente era mole resolver o problema da misĂ©ria... O diagnĂłstico era Ăłbvio: migração rural, desnĂvel de renda, poucas favelas, ralas periferias... A solução Ă© que nunca vinha... Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nĂłs? NĂłs sĂł aparecĂamos nos desabamentos no morro ou nas mĂșsicas romĂąnticas sobre a "beleza dos morros ao amanhecer", essas coisas...
Agora, estamos ricos com a multinacional do pĂł. E vocĂȘs estĂŁo morrendo de medo... NĂłs somos o inĂcio tardio de vossa consciĂȘncia social... Viu? Sou culto... Leio Dante na prisĂŁo...
- Mas... a solução seria...
- Solução? NĂŁo hĂĄ mais solução, cara... A prĂłpria idĂ©ia de "solução" jĂĄ Ă© um erro. JĂĄ olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? JĂĄ andou de helicĂłptero por cima da periferia de SĂŁo Paulo? Solução como? SĂł viria com muitos bilhĂ”es de dĂłlares gastos organizadamente, com um governante de alto nĂvel, uma imensa vontade polĂtica, crescimento econĂŽmico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma "tirania esclarecida", que pulasse por cima da paralisia burocrĂĄtica secular, que passasse por cima do Legislativo cĂșmplice (Ou vocĂȘ acha que os 287 sanguessugas vĂŁo agir? Se bobear, vĂŁo roubar atĂ© o PCC...) e do JudiciĂĄrio, que impede puniçÔes. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do paĂs, teria de haver comunicação e inteligĂȘncia entre polĂcias municipais, estaduais e federais (nĂłs fazemos atĂ© conference calls entre presĂdios...) E tudo isso custaria bilhĂ”es de dĂłlares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura polĂtica do paĂs. Ou seja: Ă© impossĂvel.
Não hå solução.
- VocĂȘ nĂŁo tĂȘm medo de morrer?
- VocĂȘs Ă© que tĂȘm medo de morrer, eu nĂŁo. AliĂĄs, aqui na cadeia vocĂȘs nĂŁo podem entrar e me matar... mas eu posso mandar matar vocĂȘs lĂĄ fora.... NĂłs somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba... Estamos no centro do InsolĂșvel, mesmo... VocĂȘs no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a Ășnica fronteira.
JĂĄ somos uma outra espĂ©cie, jĂĄ somos outros bichos, diferentes de vocĂȘs. A morte para vocĂȘs Ă© um drama cristĂŁo numa cama, no ataque do coração... A morte para nĂłs Ă© o presunto diĂĄrio, desovado numa vala... VocĂȘs intelectuais nĂŁo falavam em luta de classes, em "seja marginal, seja herĂłi"? Pois Ă©: chegamos, somos nĂłs! Ha, ha... VocĂȘs nunca esperavam esses guerreiros do pĂł, nĂ©?
Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante... mas meus soldados todos sĂŁo estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse paĂs. NĂŁo hĂĄ mais proletĂĄrios, ou infelizes ou explorados. HĂĄ uma terceira coisa crescendo aĂ fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. JĂĄ surgiu uma nova linguagem. VocĂȘs nĂŁo ouvem as gravaçÔes feitas "com autorização da Justiça"? Pois Ă©. Ă outra lĂngua.
Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, internet, armas modernas. à a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.
- O que mudou nas periferias?
- Grana. A gente hoje tem. VocĂȘ acha que quem tem US$40 milhĂ”es como o Beira-Mar nĂŁo manda? Com 40 milhĂ”es a prisĂŁo Ă© um hotel, um escritĂłrio...
Qual a polĂcia que vai queimar essa mina de ouro, tĂĄ ligado? NĂłs somos uma empresa moderna, rica. Se funcionĂĄrio vacila, Ă© despedido e jogado no "microondas"... ha, ha... VocĂȘs sĂŁo o Estado quebrado, dominado por incompetentes. NĂłs temos mĂ©todos ĂĄgeis de gestĂŁo. VocĂȘs sĂŁo lentos e burocrĂĄticos. NĂłs lutamos em terreno prĂłprio. VocĂȘs, em terra estranha. NĂłs nĂŁo tememos a morte. VocĂȘs morrem de medo. NĂłs somos bem armados. VocĂȘs vĂŁo de trĂȘs-oitĂŁo. NĂłs estamos no ataque. VocĂȘs, na defesa. VocĂȘs tĂȘm mania de humanismo. NĂłs somos cruĂ©is, sem piedade. VocĂȘs nos transformam em superstars do crime. NĂłs fazemos vocĂȘs de palhaços. NĂłs somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. VocĂȘs sĂŁo odiados. VocĂȘs sĂŁo regionais, provincianos. Nossas armas e produto vĂȘm de fora, somos globais.
NĂłs nĂŁo esquecemos de vocĂȘs, sĂŁo nossos fregueses. VocĂȘs nos esquecem assim que passa o surto de violĂȘncia.
- Mas o que devemos fazer?
- Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barĂ”es do pĂł! Tem deputado, senador, tem generais, tem atĂ© ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaĂna e armas. Mas quem vai fazer isso? O ExĂ©rcito? Com que grana? NĂŁo tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas... O paĂs estĂĄ quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos pĂșblicos, empregando 40 mil picaretas. O ExĂ©rcito vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, "Sobre a guerra". NĂŁo hĂĄ perspectiva de ĂȘxito... NĂłs somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas... A gente jĂĄ tem atĂ© foguete antitanques... Se bobear, vĂŁo rolar uns Stingers aĂ...Pra acabar com a gente, sĂł jogando bomba atĂŽmica nas favelas... AliĂĄs, a gente acaba arranjando tambĂ©m "umazinha", daquelas bombas sujas mesmo.... JĂĄ pensou? Ipanema radioativa?
- Mas... não haveria solução?
- VocĂȘs sĂł podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a "normalidade". NĂŁo hĂĄ mais normalidade alguma. VocĂȘs precisam fazer uma autocrĂtica da prĂłpria incompetĂȘncia. Mas vou ser franco... na boa... na moral... Estamos todos no centro do InsolĂșvel. SĂł que nĂłs vivemos dele e vocĂȘs... nĂŁo tĂȘm saĂda. SĂł a merda. E nĂłs jĂĄ trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, nĂŁo hĂĄ solução. Sabem por quĂȘ? Porque vocĂȘs nĂŁo entendem nem a extensĂŁo do problema. Como escreveu o divino Dante:
"Lasciate ogna speranza voi che entrate!" Percam todas as esperanças.
Estamos todos no inferno.