CRIATIVIDADE NO MARKETING
PROPAGANDAS INTELIGENTES (FONDAZIONE ANT)
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“Tumores mudam vida. Não o seu valor.
A equipe médica que trabalha para a ANT cuida de 4.000 pacientes com câncer todos os dias, em suas próprias casas, de graça, mas com padrão de qualidade igual ao dos hospitais. Isso permite que as pessoas estar no conforto do ambiente familiar. Ao preservar a dignidade das pessoas que sofrem podemos defender o valor da vida.â€
Fonte: Coloribus Advertising Archive – 29/10/13.
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PROFESSOR TOM COELHO
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Ensaio sobre a lágrima
* por Tom Coelho
“Chora, Tistu, chora. É preciso. As pessoas grandes não querem chorar, e fazem mal, porque as lágrimas gelam dentro delas, e o coração fica duro.†(Maurice Druon, em “O menino do dedo verdeâ€)
Sempre apreciei a expressão “olhos marejadosâ€. É, para mim, de uma beleza plástica incrÃvel. Os olhos, as “janelas da almaâ€. E o mar, com seu ir e vir das ondas.
Olhos marejados são assim. Lágrimas que pensam em deixar o conforto dos olhos, mas que se retraem como quem diz: “Ainda não é hora†ou, então: “Ainda não posso me desnudarâ€.
A lágrima revela tudo. Insólita por natureza, carrega consigo dor, tristeza, alegria, emoção. A lágrima marejada contém-se em si mesma. Ela é suficiente para cobrir toda a superfÃcie ocular. Faz os olhos brilharem, refletindo a transparência da alma.
Hospitais são locais onde se tratam pessoas doentes. Construções de paredes sólidas e áridas, brancas e gélidas. Uma arquitetura onde o calor naturalmente se dissipa e onde as vozes ecoam assustadoramente – assim como as rodas e rodÃzios das cadeiras e macas que perambulam pelos corredores.
Acho que um dia algum publicitário passou por um hospital e percebeu que ali faltava algo. Resolveu, então, colorir as paredes das alas de pediatria, instalar uma capela no térreo e criar um banco de sangue. Tudo isso para humanizar aquele ambiente – porque o que lhe faltava era vida.
Ao contrário do que se faz supor, hospitais, e aqui excluo as maternidades, são moradas não da saúde, mas da doença. A saúde reside no sorriso maroto de uma criança, nas árvores que florescem na primavera, na conjunção erótica dos amantes. Nos hospitais, habitados pela doença, a morte espreita, vagando livremente, rindo-se com sarcasmo do sofrimento de internos e familiares.
Os profissionais – médicos, enfermeiros e assistentes – aprendem a ser heróis sem coração. Heróis porque lutam contra a engenhosidade ardilosa da doença que busca refúgio nos recônditos da complexidade do corpo humano, procurando dificultar o trabalho de sua descoberta. É um jogo de caça, de esconde-esconde, no qual o bem luta para triunfar enquanto o mal, uma vez instalado, dá-se por vitorioso desde o inÃcio, nada tendo a perder.
Entretanto, por atuarem numa batalha tão desigual, muitas vezes patrocinada pelo despreparo, pela desqualificação ou pela desestrutura, estes heróis aprendem a dominar suas emoções. Afinal, são tantos dias, dias após dias, horas e mais horas, enfrentando as adversidades, testemunhando a amargura velada ou silenciosa de seus pacientes, acompanhando o desespero e, por vezes, o destempero de familiares – que transitam com suas faces avermelhadas e seus óculos escuros, e não em decorrência do esplendor do sol –, que tudo aquilo se torna rotineiro. Cena do cotidiano.
Quando seu time de futebol vence uma partida, você fica feliz. Até esfuziante. Cada gol é comemorado como se fosse único. Mas se a equipe se torna imbatÃvel, as conquistas perdem o sabor, porque se tornam previsÃveis. A felicidade vira alegria. A alegria vira desdém. Assim ocorre com a maioria dos médicos. A sensibilidade se esvai, por hábito e por dever de ofÃcio. E eu os respeito por isso, porque seria incapaz de fazê-lo. Por esse motivo tomei como profissão a mente, e não o corpo das pessoas. Fiz de um lápis, uma caneta ou um teclado meu próprio bisturi.
Em uma manhã fria e cinzenta de novembro, de um distante, mas sempre próximo ano de 2004, minha mãe nos deixou. Cinco anos depois, foi a vez de meu pai. No combate à doença, em ambos os casos, não nos faltou empenho, não nos faltou solidariedade, não nos faltou fé. Só nos falta a presença fÃsica deles.
Os olhos já não estão mais marejados, porque as lágrimas decidiram que era hora de se despir e ganhar o mundo. Tomaram formatos e feições diversas, algumas discretas como o orvalho da manhã, outras intermitentes como garoa paulistana.
Por coincidência ou não, os céus, em sintonia, harmonia e deferência, também derramaram suas lágrimas, por meio da chuva, anunciando a purificação, a renovação e a mensagem de que a vida segue.
* Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17 paÃses. É autor de “Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e comportamento†(Flor de Liz, 2011), “Sete Vidas – Lições para construir seu equilÃbrio pessoal e profissional†(Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos através do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.
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