CRIATIVIDADE NO MARKETING
PROPAGANDAS INTELIGENTES (LONDON 2012 PARALYMPICS)
English/video: London 2012 Paralympics: Channel 4
Facebook: NBC Please Broadcast the 2012
Propaganda mostra atletas das Paraolimpíadas de Londres como super-humanos.
Além de disputas acirradas, a competição é marcada por uma série de histórias de superação. Para a rede “NBC”, que transmite o evento para os EUA, é mais do que isso: não são apenas atletas, mas, sim, super-humanos.
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PROFESSOR X
LÍNGUA NO MUSEU
Numa próxima ida a São Paulo, vou voltar ao Museu da Língua Portuguesa. Acabo de saber ("Ilustrada") que os textos de seu espaço expositivo ainda estão na velha ortografia -ou seja, na língua como a conhecíamos, antes do "acordo" assinado em 2008 por parte dos membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (leia-se o Brasil). Preciso fazer isto antes de 31 de dezembro, quando a nova ortografia será obrigatória, e o trema, por exemplo, irá se juntar aos extintos mamutes, pterodáctilos e leitores de Pearl S. Buck.
Lá, terei o prazer de ler palavras como "pingüim", "lingüista" ou "desmilingüido", com o velho trema. Penso até em lê-las em voz alta, se ninguém estiver olhando, e lambendo cada trema como Chicabon -antes que sejam reduzidas a "pinguim", "linguista" e "desmilinguido" e assim comecem a ser ditas pelos jovens que não sabem como elas soavam. Aliás, passei pelo problema outro dia nesta coluna, quando reproduzi o trecho da letra do samba "O Pato", que diz "O pato/ Vinha cantando alegremente/ Quem-quem".
Escrevi, como sói, "qüem-qüem", mesmo sabendo que meus tremas não chegariam vivos ao jornal impresso, e que a única pessoa que leria "quem-quem" como "qüem-qüem" seria o professor Evanildo Bechara, um dos autores da reforma. Quando a coluna saiu, submeti-a a alguns jovens pouco versados em bossa nova. Todos pronunciaram "quem-quem". E se, um dia, Evanildo for chamado de "linguista", e não "lingüista"?
O poeta mineiro Abgar Renault (1901-1995), que não aderiu às reformas de 1943 e de 1971, morreu escrevendo "phosphoro", "pthysica" e "portuguez". Seguindo seu exemplo, continuarei a escrever "qüem-qüem" e deixarei a meus editores a tarefa de expurgar os tremas.
Acho que o Museu da Língua Portuguesa deveria continuar na velha ortografia. Afinal, é um museu, não?
Ruy Castro - Fonte: Folha de S.Paulo – 01/09/12.
Museu da Língua Portuguesa -
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PROFESSORA PASQUALINA
O PODER DA VÍRGULA
Numa prova de português do ensino fundamental, ante a pergunta sobre qual era a função do apóstrofo, um aluno respondeu: "Apóstrofos são os amigos de Jesus, que se juntaram naquela jantinha que o Leonardo fotografou".
A frase, além de alertar sobre os avanços que precisamos na excelência da educação, é didática quanto aos cuidados no uso da língua portuguesa, preciosidade que herdamos dos lusos, do galego e do latim.
O erro gritante que o aluno cometeu ao confundir dois termos com sonoridade parecida foi agravado com a colocação da vírgula depois de "amigos de Jesus". Sim, pois o sinal tornou a frase afirmativa de que os apóstolos eram todos os amigos que Jesus tinha. Ou seja, uma simples vírgula colocou em xeque o que teólogo algum ousou questionar, em mais de 20 séculos, quanto ao número de seguidores de Cristo.
Aliás, observo que vírgulas usadas indevidamente têm transformado Lula no único chefe de Estado anterior à presidenta Dilma Rousseff. Há quem escreva assim: "O ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, (...)". Ao destacá-lo entre os sinais de pontuação, o redator renega, por virgulação, todos os demais ocupantes do cargo desde a Proclamação da República.
Por falar em vírgula, lembrei-me de caso ocorrido numa cidade paulista. O vereador proponente lia seu "improviso" na cerimônia de outorga do título de cidadania a um professor de português. A iniciativa deveu-se ao fato de o mestre ter alfabetizado o nobre edil e outros munícipes no curso de adultos. O exaltado orador disparou: "Este grande letrista me transformou num competente palavrista, pontuador e virgolapense".
Um constrangido catedrático, ao discursar, agradeceu, mas recusou a homenagem. "Não a mereço", frisou! Em tempo: virgolapense é o gentílico do município de Virgem da Lapa, localizado no Vale do Jequitinhonha (MG).
Ao não dar explicações sobre o óbvio, o velho membro do magistério evitou a redundância, esse vício que polui
o idioma, como ilustra ato de assinatura de convênio para projeto de piscicultura numa pequena cidade do interior gaúcho. "Vamos vender nosso peixe em todos os países da Terra", bradou o prefeito, num arroubo de entusiasmo. "Questão de ordem, Excelência, mas só nos da Terra? Por que não também nos países de Marte, Vênus e até Saturno?" -ironizou o líder da oposição na Câmara Municipal.
O poder da vírgula e o das palavras é tão importante que, no passado, o artifício do veto à pontuação foi usado para mudar o teor das leis contra os interesses da sociedade.
Assim, preocupado com o nosso idioma e com a paciência dos leitores, encerro hoje um ano de modesta colaboração à Folha. Obrigado!
Josué Gomes da Silva – Fonte: Folha de S.Paulo – 02/09/12.
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