Faculdade Mental
NOSSOS COLUNISTAS - 17/06/2010
  

CRIATIVIDADE NO MARKETING

PROPAGANDAS INTELIGENTES (A POBREZA...)


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A pobreza não deveria ser uma sentença de vida...
(Colaboração: Washington de Jesus)
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PROFESSOR TOM COELHO
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Um Voto na Esperança
*por Tom Coelho


"Um político pensa na próxima eleição.
Um estadista, na próxima geração".
(James Clarke)


Nasci e cresci ouvindo a expressão: "O Brasil é o país do futuro". Um lugar abençoado sobre o qual não se abatem tragédias climáticas, onde a terra devolve com gratidão o que nela se planta, onde pessoas das mais diversas origens convivem sem conflitos raciais.
Li, acompanhei ou participei dos mais diversos acontecimentos. O Getulismo, a política desenvolvimentista de JK, a renúncia de Jânio, os Atos Institucionais, o inconcluso ano de 1968, o Milagre Econômico, a Abertura Política, a redemocratização, as mudanças de moeda, o impeachment de Collor, os anos FHC.
E pude observar que ao longo de 50 anos produzimos um país para poucos. A décima maior Economia do mundo (já foi a oitava há não muito tempo) amarga uma 73a posição no IDH (índice de Desenvolvimento Humano), indicador elaborado pela ONU que mede a qualidade de vida das pessoas em vários países (173 neste ano) considerando renda per capita, saúde e educação. Não estamos atrás apenas dos países desenvolvidos, dos tigres asiáticos, das antigas repúblicas socialistas (que apresentam bons indicadores de saúde e educação) e dos produtores de petróleo (cuja alta renda per capita confere-lhes um índice favorável). Somos superados também por países como Tailândia, Colômbia, Panamá, Costa Rica, além de Argentina, Uruguai, Chile e México, ente outros.
Como se não bastasse, um outro indicador, ah... este sim, coloca-nos próximo ao pódio. Trata-se do índice de Gini, que mede a concentração de renda. Imagine uma régua com escala de 0 a 1. Na posição 0, todos os habitantes têm a mesma renda, uma situação tanto ideal quanto hipotética. No outro extremo, a posição 1 indicaria que toda a renda do país estaria nas mãos de uma única pessoa, evidentemente outra situação teórica. Pois bem, nosso coeficiente está em 0,607, conferindo-nos a quarta colocação neste ranking, no qual somos vencidos apenas pelos paupérrimos africanos Serra Leoa, República Centro-Africana e Suazilândia.
Não quero parecer teórico. Mas os números acima estão refletidos na tragédia social que nos abate hoje. Desemprego, violência, crianças nas ruas, epidemias, são subprodutos de um mal maior: o modelo econômico adotado por nossos governantes e a gestão pública praticada neste país. O Estado brasileiro se desenvolveu e esqueceu a nação, esqueceu o cidadão.
Acredito que meio século deve ter sido minimamente suficiente para sepultar a idéia de "fazer o bolo crescer para depois repartir". O Brasil já não pode mais ser o país do futuro porque está paulatinamente corroendo o entusiasmo e a esperança no seio de cada cidadão. E esperança é decidir pela vitória em cada circunstância que a vida nos coloca. Assim, ou expulsamos de dentro de nós a alma da derrota ou não mais precisaremos lutar. Parafraseando Shakespeare, nós sabemos o que somos, mas não o que podemos ser.
O professor Celso Furtado disse um dia, já há quase uma década: "Nunca estivemos tão longe do país com que sonhamos um dia". Para um jovem universitário, na ocasião, tais palavras cortaram-me o coração tal qual a brisa fria que afronta nosso rosto desprotegido numa noite de inverno. Mas a mente jovem cultiva permanentemente o dogma de que uma utopia é uma realidade em potencial.
As eleições de outubro próximo simbolizam uma vez mais um marco na condução dos rumos deste país. E não estou falando apenas de eleição presidencial, mas em todos os níveis (não prospera o Gabinete sem o Parlamento). Democracia não se fala. Pratica-se. Cada povo tem o governo que merece e nenhum governo pode ser melhor do que a opinião pública que o apóia.
Uma vez mais, vemos desfilando candidatos que prometem construir pontes mesmo quando não há rios. Pessoas que serão eleitas não pela defesa de argumentos, mas pela venda eficiente de ilusões. Os homens são todos parecidos em suas promessas, só diferem nas realizações. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito poder, os Alexandres. Todo homem é uma caricatura da época em que vive; muito poucos são capazes de ter idéias além da época. Muito poucos têm perfil para serem estadistas.
Há um provérbio japonês que diz: nenhum de nós é tão inteligente quanto todos nós. O simples fato de eu e você, leitor, ter acesso a um computador e à internet, credencia-nos a compor a base mais estreita da pirâmide. E, por conseguinte, impõe-nos uma responsabilidade cívica de promover o debate como formadores de opinião que somos.
A felicidade baseia-se na eliminação de três fatores principais: doença, pobreza e conflito. E embora o mundo de hoje praticamente imponha um ideal de auto-sustentação, através do qual as pessoas são impingidas a cada vez mais prescindir de seus governos, especialmente nos países subdesenvolvidos, a regulação estatal será sempre essencial para aplacar o sofrimento dos pequenos ante as tolices cometidas pelos grandes. Camponeses pobres, reino pobre. Segurança para alguns, insegurança para todos. Ninguém come macroeconomia.
Se a igualdade não é possível, que as desigualdades sejam amenizadas. Se a justiça plena é inatingível, que as injustiças sejam abrandadas. Se as idéias não são convergentes, que os conflitos sejam arrefecidos. Sendo nosso povo tão tolerante, que a esperança não lhes seja extirpada.
A história da humanidade é cheia de vidas desperdiçadas. Amores que não geram relações enriquecedoras, talentos que não levam a carreiras de sucesso. Ter objetivos evita o desperdício de tempo, energia e dinheiro. Nosso objetivo deve ser transformar a tristeza em alegria, o desânimo em persistência, o descrédito em esperança, os obstáculos em oportunidades.
Como disse Drummond, "tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo". O futuro dependerá daquilo que fizermos no presente. O passado é lição para refletir, não para repetir. E a maldade pode até bater à nossa porta, mas a encontrará fechada, pois saímos para fazer o bem.
PS: O texto utiliza frases de François Quesnay, La Fontaine, Mahatma Gandhi, Mário de Andrade, Molière, Padre Antônio Vieira, Roberto Shinyashiki, Roosevelt, Voltaire e William Andrade.
19/09/2002
Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 15 países. É autor de “Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissionalâ€, pela Editora Saraiva, e coautor de outros quatro livros.
Contatos através do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br.
Reprodução Autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e o site www.tomcoelho.com.br e comunicada sua utilização através do e-mail talento@tomcoelho.com.br


ADM. MARIZETE FURBINO
http://www.marizetefurbino.com/ (Confira o logo do FM - http://www.marizetefurbino.com/parceiros.asp)
FEBRE de reuniões!
Por Adm. Marizete Furbino


"A mais lamentável de todas as perdas é a perda do tempo."
(Philip Chesterfield)


Reunião improdutiva é como uma febre, além de causar um tremendo mal-estar aos seus participantes, causa um tremendo mal também à própria empresa.
Com efeito, além de ter o poder de irritar os seus participantes, uma reunião improdutiva causa irritação nos cofres da empresa, uma vez que quando os “pilares†se fazem ausentes de seus departamentos, em prol de uma reunião inútil, a empresa deixa de ganhar. Em reuniões sem objetivo, pessoas deixam de produzir para fazer render conversas infrutíferas e até ficam mais velhos por tanta expressão facial, como o ato de a cada instante franzirem a testa, ficarem calados, fazerem cara feia, cruzarem e descruzarem pernas, trocarem olhares críticos, “cutucarem†o colega ao lado, trocarem conversas paralelas e que nada têm a ver com o assunto em pauta com o colega do lado. Essas pessoas estão unicamente de corpo presente ali naquele momento embarcados no blá... blá... blá.
Tal assertiva demonstra que uma reunião improdutiva faz com que seus participantes desviem sua atenção do assunto em pauta e deixem de participar de fato da reunião, devido ao desinteresse gerado. O que se observa é que, além de “tricotarem†com o colega do lado, alguns membros, no intuito de não perderem o seu precioso tempo, aproveitam aquele momento para atenderem e fazerem ligações em seus celulares, utilizando-se também laptops sem nenhum constrangimento para concretizarem outro trabalho que nada tem a ver com o assunto da reunião, mas naquele momento, em plena reunião, esses atos constituem uma tremenda falta de educação e de respeito, não somente com o dirigente, mas com os demais colegas, bem como com a empresa.
É deveras importante perceber que o hábito de fazer reunião em demasia deve ser repensado, pois somente tem sentido fazer uma reunião quando se tem um determinado assunto para ser colocado em pauta e que precisa ser discutido e necessita de um consenso. Assim, é necessária a opinião de várias “cabeças†para se chegar a um denominador comum; no mais, para somente se comunicar algo, não é preciso fazer reunião, a chefia poderá fazer qualquer comunicação utilizando-se de vários meios, como: correspondência interna, memorandos, circulares, e-mails, telefones, e outros.
Sem delongas, é preciso ressaltar que, para que a reunião se torne produtiva, é necessário que se faça a sua preparação, bem como o seu planejamento, pontuando os profissionais “certos†que devem participar em conformidade com os temas, observando os aspectos relevantes de cada tema, bem como o tempo gasto previsto para cada assunto, tendo sempre uma pauta definida, foco, sendo objetivo, sabendo de forma clara o que se deseja alcançar e quais objetivos perseguir para se alcançar o alvo determinado, tendo o cuidado de tratar somente do essencial. Deve-se ainda ficar atento para qualquer desvio que porventura possa aparecer, escolhendo de fato os “pilares†certos de que poderão contribuir com o assunto em pauta, tendo sempre o cuidado de ter um líder para coordenar a reunião, evitando-se desta forma desperdício de tempo, falatório entre um e outro ao mesmo tempo e assim, tendo maior probabilidade de se chegar a um denominador comum sem perda de tempo.
Cumpre lembrar que se a pauta da reunião for passada dias antes da reunião acontecer para os integrantes da mesma, esta reunião terá maior chance de render bons frutos, uma vez que tais membros tomarão conhecimento dos temas que serão abordados e terão a oportunidade de se prepararem e de até mesmo levarem suas sugestões de cada tema em pauta, uma vez que já fez um estudo prévio e antecipada reflexão de cada tema em questão, tendo assim a oportunidade de se preparar de fato e contribuir de maneira grandiosa.
Vale destacar que devemos realmente convidar e/ou convocar os profissionais que são considerados imprescindíveis quanto à tomada de decisão; caso contrário, correremos o risco da reunião se tornar improdutiva. Assim deve-se ter a cautela de verificar a pauta e os assuntos em questão e pontuar os profissionais respectivos, imprescindíveis e convocá-los.
De igual importância deve-se ter em mente que na fase do planejamento é de suma importância realizar o levantamento de tempo previsto gasto em cada tema e assunto que será abordado, desta forma estipulando e definindo a previsão do horário de inicio e fim da reunião. Convém lembrar que todo planejamento deve ser flexível; assim, obviamente o horário da reunião poderá estender-se.
Entretanto, se o tema da reunião é complexo, apresentando-se muitas possibilidades, não importa a preocupação com o tempo gasto; neste momento, a maior preocupação deverá ser em explicitar e discutir o tema em questão, obter a melhor solução e colocá-la em prática.
Importa considerar que toda reunião deverá ter um coordenador que irá conduzi-la, dando a palavra a quem de direito, incentivando os membros ali existentes a falarem e a discutirem mais sobre os temas, tendo a sabedoria de não deixar que nenhum membro desvie do assunto em pauta e inicie um assunto que nada tem a ver com o tema, ou mesmo converse e/ou “faça tricô†com o seu colega ao lado, caso contrário, a reunião se tornará improdutiva.
Diante do exposto, não podemos esquecer que toda reunião produtiva deve resultar em ação prática; assim, deve-se ter a cautela de, uma vez discutido determinado tema, deve-se  estipular prazos para execução do mesmo.
Ademais, o que vai estipular a frequência de reuniões será a sua real necessidade. Inicialmente poderá ser feita semanalmente, depois quinzenalmente, e quem sabe até mensalmente, conforme o “andar da carruagemâ€; portanto, não existe uma regra a seguir, pois cada empresa, bem como cada departamento, constitui uma realidade única.
Por fim, se porventura os membros não chegarem a um consenso, o melhor que se deve fazer é agendar uma nova reunião e, enquanto isso, os membros estudarão e analisarão de forma mais detalhada o tema em questão e poderão chegar até mesmo com novas sugestões que contribuirão para novas conclusões do caso em questão.
27/12/2008
Marizete Furbino, com formação em Pedagogia e Administração pela UNILESTE-MG, especialização em Empreendedorismo, Marketing e Finanças pelo UNILESTE-MG. É Administradora, Consultora de Empresa e Professora Universitária no Vale do Aço/MG.
Contatos através do e-mail: marizetefurbino@yahoo.com.br
Reprodução autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado a autora e o site www.marizetefurbino.com e comunicada sua utilização através do e-mail marizetefurbino@yahoo.com.br


PROFESSOR X


O JUDEU DE BETHESDA
Último dia de aula na escola Walt Whitman. Situada em Bethesda, um bairro intelectualmente sofisticado da região de Washington (DC), é uma das melhores dos Estados Unidos. O pimpolho volta para casa. Poderia estar sonhando com três meses de vadiagem, longe dos livros. Mas o sonho duraria pouco. Ao fim da tarde, chega o pai judeu, carregando uma sacola de livros recém-comprados. Chama o filho, esparrama os livros na mesa da sala e começa a montar o cronograma de leituras, incluindo a cobrança periódica do que terá sido lido. Ignoro quantos pais judeus passaram também nas livrarias. Mas imagino que não foram poucos.
Ler livros, glorificar livros, eis uma tradição judaica milenar. Vem de longe e não se buscam muitas explicações científicas para ela. Não obstante, Karl Alexander, da Universidade Johns Hopkins, somando aos 39 estudos sobre o assunto, completou uma pesquisa com alunos do ensino fundamental. Concluiu que, das vantagens acadêmicas acumuladas pelos alunos mais ricos até a 9ª série, dois terços advêm de atividades de leitura mais intensas durante as férias. Segundo a Secretaria de Educação americana, as perdas dos mais pobres nas férias são "devastadoras". Um pai judeu provavelmente diria: ora bolas, é o que sempre pensei. Mas, para a maioria das pessoas, os resultados são surpreendentes. Em matemática, foi possível comprovar que, durante as férias, os alunos esqueceram o equivalente a 2,6 meses de aula. Em outras palavras, somente 2,6 meses depois de recomeçarem as aulas os alunos atingem o nível de competência que tinham no último dia de aula da série anterior. Ou seja, férias são um horror para o aprendizado.
Trata-se de resultados valiosos para países que lutam bravamente para melhorar seu claudicante ensino. É simples, se for possível estancar a sangria do "desaprendizado" – que põe a perder 2,6 meses de estudos –, os ganhos serão enormes. Da ordem de 25%? Que outras intervenções seriam tão poderosas?
Tais ideias abrem caminho para muitas linhas de atividade. Pais interessados e comprometidos com a educação dos seus filhos podem fazer o mesmo que os judeus de Bethesda. Mas, vamos nos lembrar, se livro fosse cultura, os cupins seriam os seres mais cultos do globo. Só livro lido é cultura. Portanto, cobranças sem dó nem piedade. Mas seria só empurrar livros e mais livros goela abaixo dos filhos? Jamais! É preciso desenvolver o prazer da leitura, e o bom exemplo é essencial. À força, pode sair o tiro pela culatra. Que livros? Não adianta comprar Hegel, Spinoza ou Camões, se as leituras favoritas ainda não passaram muito da Turma da Mônica. É fracasso garantido. Os livros devem andar muito próximo do interesse e da capacidade de compreensão dos leitores, sempre puxando um pouco para cima.
Desviando parcialmente do assunto, quero sugerir aos pais que façam manifestações, que acampem em frente à casa dos prefeitos, até que se mude uma situação vergonhosa. Uma pesquisa recente com as bibliotecas públicas brasileiras pôs a descoberto que (além de fecharem às 6 da tarde) apenas 20% delas abrem aos sábados e só 1% aos domingos. Como é possível que, nas horas e dias de folga das escolas, as bibliotecas permaneçam fechadas? No caso das leituras de férias, são os únicos dias em que muitos pais poderiam ir à biblioteca para escolher livros com os filhos.
Para aqueles que cuidam da educação como ofício, as implicações da pesquisa da Johns Hopkins não são menos revolucionárias. Mostram ser preciso fazer alguma coisa, somente para conseguir não andar para trás nas férias. Por exemplo, programas públicos de leitura. Não são programas caros nem complicados, basta criar monitorias para garantir que as leituras sejam feitas.
Em um nível mais ambicioso, sobretudo para alunos mais vulneráveis, poderiam ser criados cursos de férias. Não se trata de fazer a mesma coisa que no período letivo, pois seria repetir um ensino aborrecido e pouco produtivo. Precisamos de projetos intelectualmente desafiadores, atividades que estimulem os miolos, jogos e muitas outras coisas. O que precisa ser aprendido não é muito diferente, mas viria vestido com roupas mais alegres. E, como sabemos que cabeça vazia é oficina do diabo, essas atividades podem até mesmo ter outras consequências benéficas, por evitar rumos pouco recomendáveis em que se deságuam as amplas energias desses jovens.
Claudio de Moura Castro - Fonte: Veja - Edição 2169.


PROFESSORA PASQUALINA


VIAGENS & NEGÓCIOS - CRESCE IMPORTÂNCIA DE LIÇÕES INTERCULTURAIS
Treinar a comunicação com outras culturas há muito tempo é parte da preparação de executivos que se mudam para o exterior. Mas agora isso vale cada vez mais também para empregados que talvez jamais saiam do país, mas que vão trabalhar com empresas e pessoas do mundo inteiro.
"Seja uma multinacional ou uma 'start-up' saída de uma garagem, todo mundo é global hoje em dia", afirmou Dean Foster, presidente de uma consultoria intercultural de Nova York. "Na economia de hoje, não há margem para a falha. As empresas têm de entender a cultura na qual estão trabalhando desde o primeiro dia."
Foster contou que recentemente um empresário americano deu quatro relógios antigos, num embrulho branco, a um potencial cliente da China. O homem não sabia que, em mandarim, as palavras para "quatro", "relógio" e "morte" são parecidas, e que em muitos países da Ãsia o branco é a cor do luto. O simbolismo foi tão poderoso que o empresário perdeu o negócio.
Esse treinamento é habitual para militares, diplomatas e suas famílias, mas as empresas "são realmente recém-chegadas", disse Anne Copeland, diretora-executiva do Interchange Institute, organização de pesquisa e consultoria com sede em Massachusetts.
A psicóloga Jill Kristal, de Larchmont, Nova York, começou a incorporar o treinamento intercultural à sua prática na década de 1990, quando vivia em Londres. Ela também montou uma empresa, a Transitional Learning Curves, que cria produtos -livros interativos, calendários e jogos- para ajudar na comunicação das famílias no exterior. "Com muita frequência as coisas ficam sem ser ditas. Aí que os problemas começam."
Numa tarde recente, empregados americanos da fábrica de equipamentos médicos Hollister se preparavam para uma viagem ao Japão. Ao longo de cinco horas, um instrutor da consultoria de Foster falou de etiqueta à mesa, dos hábitos na hora de negociar e socializar, e da importância de desenvolver uma "mentalidade global" na hora de trabalhar com colegas no exterior e depois de voltar para casa.
Mary Lucas, supervisora de recursos humanos globais da empresa de planos de saúde Aetna, disse que suas equipes nas centrais da Irlanda e de Dubai tiveram um treinamento semelhante, que ajudou a identificar diferenças importantes, como o senso de urgência, que estavam impedindo a cooperação. Os supervisores na Irlanda pediam aos subordinados em Dubai que pagassem reembolsos, mas, se não houvesse um pedido explícito de prioridade, os reembolso não eram pagos necessariamente na hora, disse Lucas. O treinamento, segundo ela, "imediatamente criou uma conscientização que ajudou as equipes a serem muito mais bem sucedidas".
Foster recentemente adotou uma série de ferramentas online para empregados que não tenham tempo para um treinamento intercultural formal.
Andrew Walker, vice-presidente de mobilidade global da Thomson Reuters, disse que o treinamento online é mais fácil, rápido e barato do que o treinamento presencial. Por "uma fração do custo" do treinamento formal, disse ele, a Thomson Reuters oferece aos seus empregados em 93 países o CultureWizard, ferramenta da Web criada pela empresa RW3.
Michael Schell, executivo-chefe da RW3, contou que uma mineradora britânica havia contratado sua firma porque não conseguia fechar negócios com uma empresa dos EUA. Ele disse que, durante o treinamento, notou que a proposta desestimulava os americanos porque começava com dez páginas detalhando os riscos da empreitada e quanto custaria o eventual fracasso.
Os americanos tendem a ver o fracasso como um aprendizado que inspira a criatividade, disse Schell, então a empresa americana considerava a proposta negativa e sem entusiasmo. Os britânicos tendem a ser culturalmente avessos aos riscos e achavam que os americanos não eram realistas. Quando a mineradora refez a proposta com uma abordagem positiva, fechou o negócio no dia seguinte, contou ele.
"As diferenças foram ignoradas porque falamos inglês", afirmou Schell. "Eles se parecem conosco, vestem os mesmos jeans e usam os mesmos celulares. A suposição é que somos todos iguais, mas não somos todos iguais."
Tanya Mohn - Fonte: Folha de S.Paulo - 14/06/10.


EXPRESSÕES REVELAM TRAÇOS PECULIARES
Não se ofenda quando um policial de cara feia fizer "top top" no trânsito. Ele provavelmente está só dizendo que a via está congestionada. O que para nós é obsceno, para os sul-africanos é corriqueiro. Até o sempre polido Carlos Alberto Parreira já foi filmado fazendo o gesto.
Brasileiros que estiverem na Ãfrica do Sul para a Copa vão se cansar de ver "top top", de ouvir "né?" e "howzit?" e de escutar a música "Shosholozah" nos estádios.
A canção, tradicional de trabalhadores em minas sul- -africanas, compete com o "Waka Waka" de Shakira nos alto-falantes dos estádios. Em jogos dos Bafana Bafana, às vezes é cantada à capela, silenciando momentaneamente as vuvuzelas.
Em zulu, "shosholozah" significa "vamos em frente" e é dançada com os braços dobrados junto ao corpo. Se tiver dúvida, vá ao YouTube e procure algum vídeo de Nelson Mandela dançando-a.
Mandela, aliás, raramente aparece em conversas de sul-africanos. Um tal "Madiba" é muito mais famoso. Os dois são a mesma pessoa -nome do ex-presidente em sua tribo, os xhosa, tornou-se seu apelido e aparece até em documentos oficiais.
Para quebrar o gelo de uma conversa, nada como um "howzit?", contração de "how is it?", ou "como vai?". É uma boa maneira de contar com a boa vontade do interlocutor, especialmente para quem tem inglês rudimentar.
Sul-africanos não gostam de estranhos que já chegam perguntando onde fica o estádio antes de um "howzit?". Se tiver tempo, pergunte também como está a família.
TRATAMENTO
Negros são chamados de "chief", e brancos, em geral, de "boss". Ambos significam "chefe" e equivaleriam ao nosso "amigo", endereçado a desconhecidos. "Boss" é resquício do apartheid, quando negros eram obrigados a dispensar esse tratamento a brancos.
Ao final da conversa, "ôráite" ("all right", ou tudo bem) e "sharp-sharp" (pronuncia-se chapchap) são comuns e significam "ok", "combinado" -"sharp" em inglês significa "exato".
E se você identificar um "né?" no meio de uma conversa, você não está louco. O nosso "né?" existe na Ãfrica do Sul, igualzinho, com o mesmo sentido. Sua origem é um mistério: pode ter sido trazida por moçambicanos (que falam português) ou ser uma variação de "nee?" (pronunciado "nié?"), o "não" dos africâneres. Seja como for, encaixa bem em qualquer final de frase.
Fábio Zanini - Fonte: Folha de S.Paulo - 14/06/10.


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