FM - Faculdade Mental

NOSSOS COLUNISTAS - 10/12/2007

O LIVRO

LIVRO DE LUXO

Um manuscrito da escritora britÃ¢nica J.K. Rowling, criadora da saga de Harry Potter, foi leiloado nesta quinta-feira, em Londres, por quase US$ 4 milhÃµes, um recorde para uma obra infantil.
A Sotheby's esperava arrecadar US$ 100 mil com o manuscrito de "The Tales of Beedle The Bard", que foi doado por Rowling para um leilÃ£o em benefÃcio da organizaÃ§Ã£o Children's Voice. Mas a obra superou todas as previsÃµes ao ser vendida por 1,950 milhÃ£o de libras (US$ 3.985.410).
Leia mais: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u354641.shtml

Fonte: Folha Online - 13/12/07.

PROFESSOR X

VIOLÃŠNCIA NÃƒO, EDUCAÃ‡ÃƒO SIM

IBGE acaba de publicar a nova estatÃstica de mortalidade da populaÃ§Ã£o. Ela mostra que o Brasil envelheceu, mas, lamentavelmente, ficou mais violento. O envelhecimento traduz a marca das naÃ§Ãµes desenvolvidas, nas quais as pessoas estÃ£o vivendo mais e com mais qualidade. O Brasil estÃ¡ nessa trajetÃ³ria.
Em 1960, a esperanÃ§a de vida era de 55 anos. Hoje Ã© de 72 anos -feito que traduz a melhoria dos sistemas de prevenÃ§Ã£o e tratamento de doenÃ§as, entre outros fatores.
Ã‰ inaceitÃ¡vel, porÃ©m, verificar que a violÃªncia cresceu 100% nesse perÃodo, tendo chegado a um patamar horripilante. Em 2005, 12,5% do total de Ã³bitos foram devidos a homicÃdios, suicÃdios e acidentes de trÃ¢nsito. Essa Ã© marca do anti-desenvolvimento.
NÃ£o sou especialista no assunto, mas leio que o problema tem muitas causas: desarranjos familiares, falta de emprego, baixa renda, habitaÃ§Ã£o precÃ¡ria, educaÃ§Ã£o de mÃ¡ qualidade etc.
Ãlcool e droga sÃ£o componentes de muita importÃ¢ncia. A reduÃ§Ã£o dos exageros no Ã¡lcool e a eliminaÃ§Ã£o do uso de entorpecentes ajudariam muito na diminuiÃ§Ã£o das mortes violentas. Isso, por sua vez, requer uma sÃ©rie de medidas nas famÃlias, escolas, igrejas, no trabalho e nos fatores de potencializaÃ§Ã£o de uso -bares e casas noturnas, por exemplo.
Nesse aspecto, hÃ¡ boas promessas. VÃ¡rios municÃpios estÃ£o proibindo o funcionamento dos bares nas madrugadas. Na capital de SÃ£o Paulo, com o esforÃ§o de apenas 30 fiscais, a lei estÃ¡ sendo respeitada de forma crescente. Os repÃ³rteres do caderno MetrÃ³pole de "O Estado de S. Paulo" observaram que, Ã s 2h, o Ãºnico ser vivo que perambulava no bairro boÃªmio de Vila Madalena na noite de sexta feira, 23 de novembro, era um cachorro vira-lata. A grande maioria dos bares estava de portas fechadas. Assim ocorria em vÃ¡rios outros bairros da cidade. Calma na cidade.
O fechamento desses estabelecimentos em horÃ¡rios civilizados ajudou a reduzir os ruÃdos provocados por bares, restaurantes, danceterias e casas noturnas. Pode-se dizer que os paulistanos passaram a dormir, finalmente, um sono melhor, mais do que merecido, depois de um dia de trabalho estafante.
Sei que isso Ã© uma gota d'Ã¡gua no combate Ã criminalidade e Ã violÃªncia urbanas. Mas, se cada um fizer sua parte -por menor que seja-, poderemos ter dias melhores.
NÃ£o podemos continuar perdendo tantos jovens em atos desvairados e por violÃªncia. Os mais atingidos sÃ£o os rapazes de 20 a 29 anos, que estÃ£o na flor da idade e tÃªm pela frente uma vida a ser construÃda em benefÃcio prÃ³prio e do Brasil.
OxalÃ¡ a prÃ³xima pesquisa do IBGE mostre que os brasileiros vivem mais, melhor e em paz!

Antonio Ermirio de Moraes - Fonte: Folha de S.Paulo - 09/12/07.

PROFESSORA PASQUALINA

PAPAI NOEL E A EDUCAÃ‡ÃƒO

Os dados do Pisa mostram que Ã© preciso algo mais do que recursos financeiros para melhorar o nÃvel de ensino.
Com o ano chegando ao fim, Ã© hora de imaginar qual presente o Brasil poderia pedir a Papai Noel. Meu primeiro impulso, de empresÃ¡rio e brasileiro fanÃ¡tico, era falar de economia e pedir que o paÃs ganhasse o "grau de investimento" em 2008, com todos os benefÃcios decorrentes dessa graduaÃ§Ã£o. Mas mudei de idÃ©ia ao ler, na semana passada, o relatÃ³rio do Pisa (Programa de AvaliaÃ§Ã£o Internacional de Estudantes) da OCDE (OrganizaÃ§Ã£o para a CooperaÃ§Ã£o e o Desenvolvimento EconÃ´mico). Os presentes econÃ´micos podem ficar para depois. Papai Noel deveria ser generoso com o paÃs em matÃ©ria de educaÃ§Ã£o. A pesquisa do Pisa, um relatÃ³rio de mais de 300 pÃ¡ginas, Ã© rica em informaÃ§Ãµes comparadas sobre o nÃvel educacional de 57 paÃses.
Para o Brasil, o programa, realizado a cada trÃªs anos, confirmou uma informaÃ§Ã£o nada agradÃ¡vel: o paÃs estÃ¡ na rabeira do ranking mundial em matÃ©ria de conhecimentos de seus jovens na faixa de 15 anos. Ficou no 54Âº lugar em matemÃ¡tica, no 52Âº em ciÃªncias e no 49Âº em entendimento de leitura. Em matemÃ¡tica, sÃ³ trÃªs paÃses foram piores do que o Brasil: TunÃsia, Qatar e QuirguistÃ£o.
Uma liÃ§Ã£o deixada pelo Pisa Ã© que a melhoria da educaÃ§Ã£o nÃ£o ocorre de forma natural, como subproduto do enriquecimento dos paÃses. AliÃ¡s, em geral se dÃ¡ o contrÃ¡rio: o crescimento das economias ganha impulso com a melhoria do nÃvel educacional das pessoas. PaÃses menores e mais pobres que o Brasil, inclusive da AmÃ©rica do Sul, tÃªm jovens que lÃªem melhor, sabem mais matemÃ¡tica ou ciÃªncias que os brasileiros.
Mesmo dentro do Brasil, a condiÃ§Ã£o econÃ´mica nÃ£o garante um nÃvel melhor de educaÃ§Ã£o. O Pisa aplicou provas em todos os Estados. Os alunos do Distrito Federal, onde estÃ¡ a maior renda per capita do paÃs, foram os que mais se destacaram. Mas os de SÃ£o Paulo, Estado igualmente rico, tiraram notas abaixo da mÃ©dia nacional. Ainda que as margens de erro maiores dos Estados mais pobres deixem dÃºvidas sobre os resultados regionais, Ã© importante observar que os alunos de Sergipe e de RondÃ´nia tiraram notas mais altas que os de SÃ£o Paulo. Assim, Ã© preciso algo mais do que recursos financeiros para melhorar o nÃvel de ensino.
Outra liÃ§Ã£o do Pisa: os alunos brasileiros, ricos ou pobres, sÃ£o igualmente mal preparados quando comparados com seus colegas estrangeiros. O relatÃ³rio separou a pontuaÃ§Ã£o mÃ©dia do grupo de estudantes 25% mais pobres e dos 25% mais ricos nos vÃ¡rios paÃses. A nota mÃ©dia de matemÃ¡tica obtida pelos mais ricos entre os brasileiros (424) ficou abaixo da mÃ©dia dos mais pobres dos paÃses desenvolvidos (425). Conclui-se que nem o ensino oferecido aos brasileiros de renda mais alta, em grande parte por escolas privadas, Ã© suficientemente bom para colocar os alunos em nÃvel de igualdade com os do Primeiro Mundo. Cabe aos educadores sugerir caminhos para melhorar o ensino brasileiro. Fica claro, pelos dados do Pisa, que essa tarefa nÃ£o depende apenas de investimento, embora isso seja importantÃssimo para ampliar a jornada escolar, por exemplo. Na CorÃ©ia, onde os alunos sÃ£o campeÃµes mundiais em matemÃ¡tica, as crianÃ§as ficam na escola atÃ© 12 horas por dia.
O Brasil Ã© a 10Âª economia mundial, o 6Âº fabricante de automÃ³veis etc., mas estÃ¡ fora do Primeiro Mundo. Para chegar lÃ¡, nÃ£o basta obter altas taxas de crescimento econÃ´mico. Precisa destinar recursos humanos e financeiros para ensinar a seus jovens mais matemÃ¡tica, ciÃªncias e leitura, entre outras matÃ©rias. Para isso, na verdade, nem depende da generosidade de Papai Noel.

Benjamin Steinbruch, 54, empresÃ¡rio, Ã© diretor-presidente da Companhia SiderÃºrgica Nacional, presidente do conselho de administraÃ§Ã£o da empresa e primeiro vice-presidente da Fiesp (FederaÃ§Ã£o das IndÃºstrias do Estado de SÃ£o Paulo).
Fonte: Folha de S.Paulo - 11/12/07.

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