O PODER DO MARKETING X
PROPAGANDAS INTELIGENTES X
Um exercício no ambiente para promover o fast food Eatalica Burgers. Uma placa dizendo: " Cuidado! Piso molhado!", foi colocado perto do anúncio da Eatalica. Na placa pode-se ler:
"Desequilibrar-se com sua refeição, dentro de nosso estabelecimento pode causar tombos que conduzem geralmente a um piso molhado. Você foi avisado para a sua própria segurança pela gerência do Restaurante Eatalica".
Eatalica é uma franquia de Fast Food Ítalo-Americana em Chennai, Índia.
(Colaboração: Hélio Bob Pai)
PROFESSOR X
A PAIXÃO PELO LIVRO
Acho que ele não conhecia a minha frase, porque o livro de bronze foi um engano, não é mesmo, caro Drummond?
Livro que integra escultura de Drummond e Quintana é furtado em Porto Alegre. Um livro de bronze de três quilos que integra uma escultura em homenagem aos poetas Mário Quintana (1906-1994) e Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) exibida na praça da Alfândega, no centro de Porto Alegre, foi furtado. O crime ocorreu há cerca de duas semanas -a Polícia Civil não sabe a data exata. De autoria dos artistas Xico Stockinger e Eloísa Tregnago, a peça foi inaugurada em outubro de 2001, por encomenda da Câmara Riograndense do Livro. Os poetas são representados em tamanho real. O gaúcho Quintana está sentado e olhando para Drummond, que é representado em pé, com um livro pregado em uma de suas mãos. Foi este o pedaço de escultura levado. O quilo do bronze é vendido por cerca de R$ 5 em lojas e depósitos de sucata de Porto Alegre. Quem furtou o livro teve cuidado, tempo e habilidade para não danificar o restante da escultura: as mãos de Drummond permanecem intactas, sem sinais aparentes de que tenham sido forçadas. Cotidiano, 18 de outubro.
- DESCULPE, DRUMMOND , tu sabes que eu sou meio distraído, como os poetas costumam ser, mas, por acaso, ontem, não tinhas um livro na mão?
- Tinha, Mário, tinha um livro na mão. Só que este livro foi roubado, Mário.
- Roubado, Drummond? Que coisa. Roubaram um livro da tua mão. E quem foi que roubou, Drummond?
- Não conheço a pessoa. Mas até que foi gentil. Não me machucou, não me agrediu. Simplesmente levou o livro e se foi.
- Quem sabe é um leitor teu, Drummond. Leitores, às vezes, fazem o possível e o impossível para obter as obras de seus autores preferidos. Claro, o cara podia ter esperado a Feira do Livro, que abre esta semana, mas vai ver tinha pressa em te ler e estava sem dinheiro.
- Pode ser, Mário. Mas acho que o nosso amigo terá uma decepção. O livro não tinha nada escrito. Era um livro de bronze.
- De bronze, Drummond? Que interessante. Tu sabes que uma vez quiseram me homenagear fazendo o meu busto em bronze. Eu disse que um engano em bronze era um engano eterno. Acho que o leitor não conhecia a minha frase, porque o livro de bronze foi para ele um engano, não é mesmo, caro Drummond?
- Não sei, Mário. Não sei. Você sabe que o quilo do bronze é vendido por cerca de R$ 5 em lojas e depósitos de sucata. Como este livro tinha 3 quilos, o nosso amigo vai faturar R$ 15. Tem muito livro que não chega a esse preço. Ou seja: se foi engano, pelo menos foi um engano lucrativo.
- Mas de qualquer maneira terá uma decepção. Se fosse um livro de verdade, ele, pelo menos, leria um poema teu. Aliás, Drummond, uma curiosidade: se tivessem te pedido um poema, um único poema, para o livro de bronze, qual seria?
- Não sei. Acho que faria algo inédito. Que tal este, Mário? "No meio do caminho tinha um livro de bronze/ tinha um livro de bronze no meio do caminho..."
- Muito bom, Drummond. E eu completaria: "Todos esses que aí estão/ atravancando o meu caminho/ eles passarão..."
- "Eu passarinho", Mário?
- É, Drummond. Eu, passarinho. Voando, voando. E levando comigo um livro de bronze.
Moacyr Scliar - Fonte: Folha de S.Paulo - 22/10/07.
Abraços
Professor X
PROFESSORA PASQUALINA
O MOMENTO "LÍNGUA PORTUGUESA" DO BRASIL
Ao falar, o brasileiro expressa sua identidade, que nunca é uniforme, e o país respira sua diversidade, que insiste em nos unir.
A língua portuguesa é desses assuntos aos quais parecemos dar importância só em ocasiões especiais, como com a recente badalação em torno da reforma ortográfica prevista para 2009.
A questão foi tratada com uma urgência preguiçosa, de quem poucas vezes pensa no idioma, tão habitual o seu uso. Por coisa de momentos, o tema saiu das marginais do noticiário e esboçou relevo até ser engolido pelo próximo bombardeio de novidades.
Não sem razão. Como reforma, o acordo ortográfico dos países lusófonos pouco simplifica. Em alguns casos, como o uso do hífen, até baratina o que já era confuso ("anti-semita", por exemplo, perde o sinal, e "microondas" ganha). Houve quem exagerasse e falasse da ortografia como "o" fator de organização da língua; por isso, a reforma ameaçaria "transformar o idioma". Mas, anunciada com temor ou desprezo, ela nem sequer é certeza. Portugal, que vê nela um "abrasileiramento" do idioma, resiste e pode melar o acordo.
Se vingar, haverá, claro, implicações no mercado (livros reeditados), no ensino e na mentalidade (esforço, mesmo temporário, para desaprender grafias, como "idéia" sem acento).
Já se viveu isso no país e sobrevivemos. Por isso, o assunto, na verdade, chama a atenção para outro aspecto, diria incidental, do português.
Sem dar pelota para a coisa, o país vive há uns dez anos o que se pode chamar de um "momento língua portuguesa". Mesmo que não vivamos a inclusão digital, nunca se escreveu tanto como agora. São 500 milhões de mensagens diárias só pelo MSN no país. Mais do que há dez anos, nunca se viu tanta faculdade no Brasil em razão da abertura, não entremos no mérito, promovida desde a era FHC: são 2.300 instituições privadas mandando alunos escreverem monografias, trabalhos e dissertações.
Temos um respeitável mercado editorial cujo tema é o idioma (quase 25 milhões de exemplares de dicionários, gramáticas etc. vendidos todo ano) e uma carência de informação básica que turbinou a procura por consultores de português com consultórios gramaticais na mídia.
Os últimos anos ainda mostraram outro grau da língua nas corporações.
É de imaginar que a retomada do fôlego econômico do país estimulou o relacionamento de empresas em seu próprio idioma. Há hoje a intuição de mais negócios mediados por tecnologias que enfatizam a comunicação -mensagens eletrônicas e apresentações com projeções em tela, que não podem exibir tropeços. E, em reuniões de trabalho, o desempenho retórico virou chave empresarial.
Quem muito escreve ou fala tem risco maior de expor sua eventual falha de formação. Daí pipocarem os cursos de português para brasileiros, executivos, secretárias e gerentes.
Em paralelo a essa demanda no mundo do trabalho, mais que antes, temos um circuito de estudos sobre a língua com uma consistência, uma pluralidade e um amadurecimento que permitem maior certeza nas afirmações sobre os fenômenos do idioma e um debate cada vez mais acalorado entre tendências acadêmicas.
A percepção hoje é a de que a língua vai bem, obrigado, não está ameaçada, não precisa de proteção, mas de promoção. Falta um projeto de promoção do idioma a integrar o país, que corrija as distorções de um ensino que virou fábrica de decorebas. O vale-tudo do idioma está não tanto no uso cotidiano que o brasileiro faz dele, mas na filosofia de ensino, que não é uniforme. Cada região, cidade, escola e professor parecem atirar para um lado.
Há cinco anos, apesar disso, vivemos uma atmosfera institucional pelo idioma. O preconceito de linguagem não foi suficiente para impedir a chegada de Lula à Presidência; o governo de São Paulo e a Fundação Roberto Marinho criaram o único museu do mundo dedicado ao assunto, que agora virou inspiração para os ingleses; e o governo federal lançou o Instituto Machado de Assis, iniciativa a ser devidamente materializada, para promover o português no mundo e nas escolas do país.
A língua portuguesa não é a coisa chata das piores aulas, pode ser revigorante, ao ser percebida como aquilo que nos faz interagir, namorar melhor, vivenciar o cotidiano. A língua que usamos revela o que somos, e nem nos damos conta. Trai nossos preconceitos, nossas ênfases e os papéis que adotamos na sociedade.
Ao falar, o brasileiro expressa sua identidade, que nunca é uniforme, e o país respira sua diversidade, que insiste em nos unir.
Não será a badalação temporária por uma reforma duvidosa o único fato a nos lembrar disso.
Luiz Costa Pereira Junior, 41, doutorando em filosofia e educação pela USP, é jornalista, editor da revista "Língua Portuguesa" (Segmento) e autor de "A Apuração da Notícia".
Fonte: Folha de S.Paulo - 22/10/07.
ATENÇÃO: AULAS DE INGLÊS. Aulas de inglês para pequenos grupos com a Professora Pasqualina e sua parceira Professora Patrícia. No Barreiro e no Eldorado. Contato - 33889365.
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