POR UMA EDUCAÇÃO MELHOR EM 2008
DO TEMPO DAS CAVERNAS PARA UMA EDUCAÇÃO MELHOR EM 2008
A imagem é fantasmagórica, mas o resultado é bom: as crianças tendo aula numa caverna retratam o monumental esforço da China para educar sua população em todos os níveis. Nenhum outro país emergente avança tão celeremente nesse requisito vital para o desenvolvimento e a cidadania. Nos últimos dez anos, a taxa de analfabetismo chinesa caiu de 22% para 4%, a população universitária multiplicou-se por sete e o número de cientistas dobrou. No mesmo período, o Brasil ficou para trás. Pense numa estatística, e os chineses estarão invariavelmente na dianteira. Na taxa de repetência, indicador clássico da qualidade do ensino, a China beira o zero, enquanto o Brasil pena com 20%. No outro extremo, o do ensino de ponta, a China tem 40% mais Ph.Ds. e produz dezesseis vezes mais patentes. Nas avaliações internacionais feitas em 2007, o Brasil apareceu, como sempre, em colocações vergonhosamente baixas. Numa comparação entre 57 países, os estudantes brasileiros ocuparam o 52º lugar em ciências. Os alunos deixam a escola sem dominar a leitura e sem saber distinguir os órgãos do corpo humano. Ignoram que a Terra gira em torno do Sol. Isso, sim, remete ao tempo das cavernas.
Fonte: Veja - Edição 2041.
PROFESSOR X
QUE O SENHOR ILUMINE A TODOS!
Quem faz o que gosta não trabalha, mas usufrui de suas aventuras, assim como os que trabalham por amor alimentam-se do prazer de trabalhar. 2007 foi um ano trabalhoso. Tivemos muitos problemas, inclusive desastres e perdas de vidas. Até terremoto.
Mas chegamos neste "fim de ano" com alguns encaminhamentos importantes. Um deles diz respeito à decisão dos países ricos -os maiores poluidores do planeta- de ajudar a combater a poluição mundial. Oxalá isso se concretize!
No âmbito nacional, crescemos 5% -com a inflação controlada e, ao que tudo indica, repetiremos o feito em 2008. Isso é crucial para a geração de empregos e para a melhoria das condições de vida dos brasileiros.
Há problemas pendentes. Na longa lista destacam-se os da saúde, da educação e da energia. Na saúde, o fim da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) impôs um grande desafio, que implicará em remanejamento de recursos e, sobretudo, na melhoria da gestão dos hospitais e centros de saúde. Bons exemplos demonstram que, mesmo com os recursos escassos, a boa administração consegue atender as pessoas com dignidade.
Na educação, o maior desafio é o de elevar a qualidade das escolas, o que também implica em melhoria da gestão e no uso racional dos recursos.
O Brasil continua pressionado para criar novas fontes de energia. Ainda dispomos de água abundante para gerar hidreletricidade e, recentemente, ficou demonstrada a viabilidade do etanol. A grande tarefa é dar continuidade e sustentação aos investimentos nesses campos. Se, de um lado, os desafios são grandes, de outro, a força da necessidade fará nossas autoridades irem em busca de eficiência. Nada mais urgente para o Brasil do que melhorar a produtividade dos serviços públicos. Nesse sentido, a pressão da escassez sempre aperfeiçoa os métodos de administrar. Tenho fé nessa trajetória. Estou certo de que os brasileiros vão colaborar com trabalho e tolerância -virtudes muito valiosas para um povo que precisa crescer.
Com esses pensamentos em mente, desejo que os meus leitores "tenham usufruído" de um santo Natal junto às suas famílias.
Reservem algum tempo para pedir a Deus que fortaleça entre nós o amor e o respeito pelo próximo. A felicidade dos seres humanos não se resume no êxito econômico.
Mais importante é a força moral.
Feliz Ano Novo a todos!
Antônio Ermírio de Moraes - Fonte: Folha de S.Paulo - 23/12/07.
PROFESSORA PASQUALINA
OBVIEDADES DA EDUCAÇÃO
AVISO: este artigo é cheio de obviedades, mas, como as coisas não mudam e fim de ano é tempo de balanços, vale repeti-las.
Obviedade número 1 - Todos sabem que acesso geral a uma escola de qualidade reduz a desigualdade social de qualquer país. É também sabido, há muito, que a desigualdade do Brasil é uma das maiores do mundo (ficamos à frente apenas de alguns poucos países africanos e de Bolívia, Haiti, Colômbia e Paraguai no nosso continente, segundo a ONU). Agora, um estudo divulgado por esta Folha na edição de segunda-feira mostrou que a desigualdade da educação no país é ainda maior que a econômica! Somos, talvez, os campeões mundiais nesse quesito.
Obviedade número 2 - Diante desse novo dado, ou o Brasil redefine de vez suas prioridades ou vamos assistir aos demais países avançarem enquanto discutimos uma versão do teorema do biscoito: o país é desigual economicamente porque somos desiguais na educação ou somos desiguais na educação porque nossa distribuição de renda é vergonhosa?
Obviedade número 3 - Se os mais pobres freqüentassem boas escolas, teriam condições de disputar com os mais afortunados bons trabalhos que pagam salários altos. Como isso não acontece, os que têm mais dinheiro pagam melhores escolas para os seus filhos. O que permite a eles acesso às universidades de ponta. O que leva a melhores empregos. Que garantem melhores salários. Que permitem mais acumulação de dinheiro. O que amplia a desigualdade.
Obviedade número 4 - Essa todos os governantes deveriam ter aprendido, uma vez que foi repisada mais de 1 milhão de vezes: a política social que dá mais resultados é o investimento em educação. Povo mais bem educado é também mais saudável (noções de higiene evitam doenças) e tende a se envolver menos com a criminalidade (o tráfico, por exemplo, é mais atraente para os sem-ensino e perspectivas). Num só investimento há redução de custos com saúde e combate à violência.
Obviedade número 5 - É claro que é preciso cobrar do poder público, mas os pais têm contribuição a dar. Educadores insistem que a escola melhora quando os pais participam cobrando resultados. Então não basta reclamar. Quer um futuro melhor para seu filho, freqüente a escola.
Quanto aos professores, já pedindo perdão aos que se esforçam, é preciso mais seriedade dos que trabalham no setor público. Como reduzir a desigualdade se cerca de 12,8% dos 230 mil professores da rede estadual de São Paulo faltam por dia, sem que com isso percam salário? Na escola privada, as faltas não chegam a 1% e, obviedade final, quem abusa perde o emprego.
Vaguinaldo Marinheiro é secretário de Redação - Fonte: Folha de S.Paulo - 26/12/07.
FELIZ ANO NOVO!!!
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