CRIATIVIDADE NO MARKETING III
PROPAGANDAS INTELIGENTES III
Essa é pra quem reclama de pagar IPVA...
(Colaboração: Hélio Bob Pai)
PROFESSOR X
EDUCAÇÃO PARA TODOS NA ENCRUZILHADA
No ano 2000, os lÃderes mundiais acordaram um conjunto de metas para estimular avanços visando a concretização, até 2015, do previsto no tratado Educação para Todos (EFA, na sigla em inglês, proposto durante o último Fórum Mundial sobre a Educação promovido pela Unesco).
As metas do EFA são: ampliar a educação e a assistência à primeira infância; garantir o ensino primário gratuito e obrigatório; promover a aprendizagem e habilidades para a vida; aumentar em 50% a alfabetização de adultos; alcançar a igualdade de gêneros; e assegurar a qualidade em todos os nÃveis de ensino.
Entretanto, pesquisas recentes mostram que, a meio caminho de 2015, os governos ainda estão deixando de atender às crianças e aos adultos analfabetos.
Existem 774 milhões de adultos desprovidos do grau mais rudimentar de alfabetização e 72 milhões de crianças -mais da metade das quais são meninas- estão fora da escola.
Quase a metade dessas crianças que não freqüentam a escola vivem em Estados frágeis. As crianças de famÃlias pobres não têm meios para pagar mensalidades e taxas ainda prevalecentes em mais de 90 paÃses.
Muitas precisam trabalhar para ajudar a sustentar suas famÃlias, freqüentemente em condições desesperadoramente perigosas e insalubres: segundo a Organização Mundial do Trabalho, 111 milhões de crianças trabalham em "atividades de risco". As crianças portadoras de deficiência, as que integram comunidades étnicas minoritárias e as que são doentes de Aids ou soropositivas enfrentam ainda outros obstáculos para chegar à escola.
Juntando os dados da ONU e do Banco Mundial a pesquisas alternativas conduzidas pela sociedade civil, a Campanha Global pela Educação (GCE, na sigla em inglês) divulgou no ano passado o relatório "No Excuses" ("Sem Desculpas"), em que atribui "notas" de A a F a todos os governos, segundo seu desempenho até hoje no tocante à educação.
Os governos que obtiveram as melhores "notas" incluem os de MaurÃcio, Letônia e Uruguai, enquanto o fundo da classe é ocupado por Haiti, Somália e Guiné-Bissau.
Os paÃses mais ricos também são avaliados quanto ao cumprimento da promessa com relação ao EFA: fornecer assistência adequada e de longo prazo para que as metas sejam alcançadas. Enquanto Noruega e Holanda ocupam o topo desse ranking, os paÃses do G8 são os piores quando se trata de dar o financiamento prometido para a educação, e os EUA são o último colocado em sua "classe do G8".
Quando são avaliados dentro da tabela global, o Reino Unido ocupa o quinto lugar, o Canadá, o 36º, a França, o 91º, a Alemanha, o 109º, o Japão, o 124º, e a Itália e os EUA, na 146ª posição, ocupam quase os últimos lugares na classe global.
Mas as evidências também indicam que muito pode ser realizado quando os governos priorizam a polÃtica educacional. Nos últimos 18 anos, vários paÃses em desenvolvimento conseguiram avanços importantes na ampliação do ensino fundamental. Entre eles estão Costa Rica, Cuba, México, Sri Lanka e Tailândia.
E avanços notáveis têm sido conseguidos em alguns dos contextos mais difÃceis; milhões de crianças passaram a freqüentar a escola em paÃses como Quênia, Camarões, Botsuana e Burundi, nos quais, nos últimos anos, os governos eliminaram as mensalidades escolares.
O Brasil faz parte dos 20 primeiros paÃses do ranking mundial graças aos esforços feitos aqui, sobretudo por meio da pressão de organizações sociais e da sociedade civil e, ainda, de experiências como o Bolsa FamÃlia.
Com 2015 chegando cada vez mais perto, a GCE leva adiante sua campanha de pressão global e espera que atores como os movimentos sociais brasileiros e lÃderes como o presidente Lula continuem a dar um bom exemplo e a defender a causa do bem global nessa questão de importância tão vital.
Acreditamos que as histórias de êxitos vão inspirar outros lÃderes de paÃses em desenvolvimento a redobrar seus esforços. Também estamos convencidos de que mostrar o que pode ser conseguido com a vontade polÃtica certa, respaldada por recursos, pode envergonhar os doadores, levando-os a cumprir suas promessas.
O ano de 2008 também será o 60º desde a Declaração dos Direitos Humanos da ONU; vamos nos assegurar de que a geração que vai nascer neste ano possa finalmente crescer com a luz e a esperança que a educação traz à vida de cada um.
Kailash Satyarthi, indiano formado em engenharia eletrônica, é o presidente da Campanha Global pela Educação. Foi o fundador da Aliança do Sul da Ãsia contra a Escravidão das Crianças e da Marcha Global contra o Trabalho Infantil. Em 2006, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz.
Fonte: Folha de S.Paulo - 20/01/08.
PROFESSORA PASQUALINA
O JOVEM POLICIAL
"Se fôssemos um paÃs mais educado, menos policiais morreriam por nós, menos cidadãos seriam assaltados e mortos, menos jovens se tornariam malfeitores, menos força teriam os narcotraficantes"
Eu estava botando gasolina no tanque de meu carro e do meu lado estavam dois carros da Brigada Militar. Dois policiais falavam com alguém do posto. Um terceiro, bem junto da minha janela, de costas para mim, portava uma arma grande, que na minha ignorância acho que poderia ser um fuzil ou uma metralhadora. Estava ali, sozinho, e comecei a observá-lo sem que me notasse. Tenso, alerta, consciente de sua missão, olhava para os lados empunhando sua arma com o cano voltado para baixo. Seu rosto era jovem, tão jovem que me comovi. Podia ser meu filho. Mais: podia ser meu neto. Estava tão concentrado no seu dever, tão alerta na sua posição, que fiquei imaginando se, ou quando, ele poderia levar um tiro de algum bandido. Poderia ficar lesado gravemente. Poderia morrer. Por mim, por você, por um de nós, em qualquer parte do Brasil, não importa que nome se dê à sua corporação nem se é da guarda estadual, municipal, federal. Esses jovens se expõem por nós. Morrem por nós. Tentam, num paÃs tão confuso, proteger o cidadão. A gente realmente pensa nisso? Uma vez ao dia, uma vez por semana, uma vez ao mês?
Tentei imaginar também como eu me sentiria se um de meus netos tivesse essa profissão. Que suspiro de alÃvio a cada noite, ou a cada manhã, sabendo que ele estava em casa. Que angústia sempre que se noticiasse uma perseguição, um tiroteio. Quanto ganha para se expor assim um rapaz desses? Esse tinha na mão esquerda uma fina aliança. Podia ter filhos, com certeza muito pequenos, dada sua pouca idade. Que vida a de milhares de famÃlias, em troca, penso eu, de uma compensação financeira diminuta.
Impressionada com sua seriedade, com a realidade concreta daquela arma enorme, e com quanto de repente me senti em dÃvida com aquele quase menino, teimei em adivinhar: quanto ganharia ele? Tanto quanto uma boa empregada doméstica, que não arrisca a vida embora seja importantÃssima numa casa bem organizada onde a valorizam? Tanto quanto uma professora de escola elementar, que vende quinquilharias ou doces feitos em casa para colegas no intervalo das aulas, a fim de se sustentar?
Tanque cheio, saà rodando, pensativa: a educação e a segurança são o primeiro eixo da vida de um paÃs digno. Elas e outros tantos fatores. Mas eu, naquele dia, quis pensar em educação e segurança. Com elas gastam-se quilômetros de papel e uma eternidade em falação. Se fôssemos um paÃs mais educado, menos policiais morreriam por nós, com certeza menos cidadãos seriam assaltados, violentados e mortos, menos jovens se tornariam malfeitores, menos força teriam os narcotraficantes. Menos jovens de classe média alta se matariam nas estradas ou venderiam drogas mortais a seus colegas nas escolas ou nos bares.
O problema, o dilema, a tragédia é saber por onde começar: educação começa em casa. Mas, diz um psicólogo amigo meu, os meninos (e meninas) problemáticos (aqui não falo dos saudáveis, que constroem uma vida) em geral não têm pai ou mãe em casa, e têm poucos modelos bons a seguir. Nas escolas, professores e professoras são mal pagos, desestimulados, sobrecarregados e desanimados (não todos, portanto não me xinguem por isso). Nesse caso, a educação deveria começar pelo alto: pelas autoridades, pelos polÃticos, pelos lÃderes. Não posso dizer que o Brasil está sendo brindado com uma maioria de polÃticos modelares, de lÃderes positivos, de autoridades de atitude impecável.
Então vivemos um dilema triste: começar por baixo, pela faixa etária menor, pela educação em casa e nos primeiros anos na escola, ou começar a reformar a mentalidade dos altos escalões, nos quais alguns lÃderes se destacam pela autoridade moral e elevada postura, mas a maioria, sinto muito, está longe disso?
Não creio que haja resposta. Eu não a tenho. Quem a tiver que sugira aos governos, ou aos pais, ou aos colégios. De momento, parece-me que estamos apenas despertando para essa questão crucial, sem a qual nada se fará de importante neste nosso paÃs das utopias.
Lya Luft é escritora - Fonte: Veja - Edição 2044.
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