CRIATIVIDADE NO MARKETING
PROPAGANDAS INTELIGENTES (AUDREY HEPBURN – CHOCOLATE GALAXY)
English:
http://www.dailymail.co.uk/femail/article-2283876/Audreys--chocoholic-Hepburn-returns-big-screens-new-Galaxy-advert.html
Video:
http://www.youtube.com/watch?v=Z6HKWuZPrdU
Galaxy Chocolate –
http://www.facebook.com/#!/galaxy?fref=ts
University of Virginia –
http://www.virginia.edu/
http://www.facebook.com/UVaWise?ref=ts&fref=ts
Comercial "ressuscita" Audrey Hepburn e provoca debate sobre uso de imagem.
A atriz Audrey Hepburn (1929-1993) foi "ressuscitada" por computação gráfica em um comercial de chocolate da marca Galaxy. A medida reascende a polêmica sobre o uso de celebridades mortas em campanhas publicitárias.
Vinte anos após sua morte, a atriz viaja de ônibus pela costa italiana, enquanto tira um chocolate de sua bolsa e observa um homem na rua. Como trilha, "Moon River", música cantada por ela em "Bonequinha de Luxo" (1961).
Segundo o tabloide britânico "Daily Mail", o vídeo levou mais de um ano para ser concretizado. A tecnologia utilizada para dar vida à atriz é chamada de CGI (Computer Graphic Imagery), recurso que permite a criação de imagens por meio de computação gráfica.
De acordo com o portal "CBS News", a autorização do uso da imagem foi dada pelos filhos de Hepburn, Sean Ferrer e Luca Dotti, que disseram à imprensa norte-americana que a mãe ficaria orgulhosa da campanha, já que "sempre foi uma fã de chocolates".
Marcas como GM, Nike e Citroën também já recorreram aos mortos para fazer campanhas. O tema, porém, é motivo de debate entre entidades que regulamentam campanhas publicitárias nos Estados Unidos.
À Folha, o professor de direito da Universidade da Virgínia Andrew McClanahan, coordenador de um grupo de estudos que avalia campanhas publicitárias nos Estados Unidos, disse que o uso da imagem de celebridades mortas em comerciais é "antiético".
"Uma coisa é produzir um holograma do rapper Tupac, como foi feito em abril de 2012, e usá-lo para simular a condução de um show com canções do artista. São as músicas dele, é uma coisa que ele faria em vida. É diferente de usar a imagem de uma celebridade morta para anunciar uma marca. A questão é: nós jamais saberemos ao certo se aquela pessoa gostaria de ter sua imagem associada ao produto em questão."
No Brasil, a Volkswagen recentemente fez uso da tecnologia para escalar o humorista Mussum, morto em 1994, como garoto-propaganda do Fusca 2013. O comercial reconstitui paisagens de São Paulo, como o Viaduto do Chá, com cenografia inspirada na década de 1970. Foram usados veículos da época e computação gráfica.
Uma pesquisa realizada pela revista "Forbes" estima que, somente no último ano, tenha sido arrecadado mais de US$ 500 milhões (o equivalente a R$ 990 mi) em publicidades que utilizam a imagem de celebridades mortas.
Fonte: Folha de S.Paulo – 01/03/13.
Mais detalhes:
http://www.dailymail.co.uk/femail/article-2283876/Audreys--chocoholic-Hepburn-returns-big-screens-new-Galaxy-advert.html
Video:
http://www.youtube.com/watch?v=Z6HKWuZPrdU
Galaxy Chocolate –
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Universidade da Virgínia –
http://www.virginia.edu/
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PROFESSOR X
ENTRE O PUM E O PAPA
Há dois elementos centrais na educação ocidental: o pum e o papa.
Agostinho foi o pensador que lidou com o que o filósofo contemporâneo Peter Sloterdijk chamou de "a semântica do peido". Agostinho era encantado com as proezas de controle fisiológico. Sua interpretação do pecado original atravessa esse assunto.
Adão e Eva desobedeceram a Deus ao comerem do fruto da árvore do conhecimento. Como membros do paraíso, se tornaram independentes de Deus. A punição imediata foi que eles próprios, em seus paraísos pessoais -seus corpos- viram como é triste não possuir controle. Tornaram-se vítimas da ereção involuntária e outros descontroles corporais. O homem e a mulher sentem vergonha quando agem como um tipo de fantoche maluco.
A luta contra essa sina foi uma meta de Agostinho. Ele se fez herdeiro do "conhece-te a ti mesmo" e da busca do "governo de si" socráticos tanto quanto esse projeto esteve ligado aos estoicos, epicuristas e, por meio de Paulo, aos cristãos. Sua ideia básica: mais que um exército que possa peidar junto, temos de ter uma humanidade com autolimites claros.
O papa é o chefe da igreja e o representante da divindade na Terra, dizem os católicos. Sendo assim, é aquele que, ao menos em tese, seria o homem mais apto a controlar seu pum. Com efeito, dificilmente, os papas se desviam de uma vontade férrea e um autocontrole fenomenal. Bento 16 não fugiu à regra. Falou que renunciaria caso não pudesse seguir sua missão e levou a cabo seu dito.
Foi usando dessa força filosófica de seus membros que a igreja contribuiu -não sem dor e sangue- para o caminho civilizatório, especialmente percorrido pelo Ocidente. Em muitos lugares, nos tornamos de tal modo donos de nós mesmos que pudemos deixar nossas juventudes pichar nos muros "É proibido proibir". Por que ousamos fazer isso?
O sociólogo Norbert Elias explicou mais ou menos assim: chegamos a tal ponto de sofisticação no autocontrole que pudemos criar zonas temporais e espaciais de "relaxamento dos instintos". A praia é um lugar que mostra bem isso. Até o menos educado já não tem qualquer ereção no meio de outros humanos quase inteiramente nus.
Todavia, se Agostinho e Elias vissem o Brasil, diriam o seguinte: as coisas não estão completas. Muito do que já é dispensado no Primeiro Mundo, aqui ainda é necessário! Tanto isso é verdade que o Estado fez uma esdrúxula campanha nesse Carnaval: "urine no banheiro". Creio que gastamos mais levando o pipi das pessoas ao lugar certo do que dizendo que essa parte do corpo precisa ser protegida para não pegar o HIV.
Eis aí esse problema todo traduzido politicamente: queremos que todos sejam livres e responsáveis, de modo a termos uma sociedade liberal, com as regras coercitivas mais brandas possíveis, mas, ao mesmo tempo, não nos responsabilizamos pelos animais, não cuidamos do espaço público, não ensinamos a nossos filhos os chamados "bons hábitos" e não cedemos lugar para os mais velhos em ônibus.
E mais: bebemos e logo em seguida saímos de carro. Isso sem falar o quanto desejamos todos usar da "carteirada". No Brasil, parece que estamos a anos-luz do papa. Ainda não somos donos de nosso próprio pum.
Paulo Ghiraldelli Jr., 55, é filósofo, escritor e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) – Fonte: Folha de S.Paulo – 07/03/13.
UFRRJ –
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