PENSANDO NAS AVES
GUERRA NO AR
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ApĂłs 18 anos cobrindo conflitos em Ruanda, AfeganistĂŁo e Iraque, David Guttenfelder nĂŁo tinha certeza se conseguiria realizar uma nova e delicada missĂŁo: documentar a captura e o consumo de aves canoras ao redor do mar MediterrĂąneo. Mas ele logo se viu em terreno conhecido â uma histĂłria de matanças e tensĂŁo. Em Ayia Napa, na ilha de Chipre, o fotĂłgrafo conheceu um caçador que havia engaiolado uma dĂșzia de aves silvestres. Felizmente, as autoridades atuaram com eficiĂȘncia, e libertaram os espĂ©cimes.
POR TRĂS DAS LENTES
Fotos de aves nĂŁo sĂŁo bem seu trabalho costumeiro.
DG: Alguns amigos na SĂria e na LĂbia me ligaram para perguntar, atĂŽnitos: âVocĂȘ estĂĄ fotografando aves?â Passei muito tempo documentando pessoas fazendo coisas horrĂveis umas Ă s outras, mas, por outro lado, ver centenas de aves sofrendo tambĂ©m foi uma experiĂȘncia difĂcil. Fez com que eu percebesse que hĂĄ outros conflitos que precisam ser registrados.
Como as pessoas justificam essa matança?
Em Chipre, quando ouvia os militantes discutindo com os moradores, estes Ășltimos insistiam que as aves tinham um sabor delicioso. Um sujeito me disse: âImagine a melhor coisa que sua mĂŁe lhe preparou quando criança. Em seguida, multiplique isso por mil. AĂ vai ter uma ideia da iguariaâ.
E vocĂȘ chegou a experimentar?
Comi. Como aprendi nas guerras, Ă s vezes vocĂȘ precisa se enturmar com gente que faz coisas que nĂŁo se aprovam, pois sĂł assim vocĂȘ pode fotografar o que Ă© necessĂĄrio. Depois de passar um dia com uma famĂlia egĂpcia, eles me convidaram para comer. Provei trĂȘs ou quatro aves. NĂŁo achei nada de mais.
Por Daniel Stone â Fonte: National Geographic Brasil âNĂșmero 160.
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