FM - Faculdade Mental

PENSE! - 13/07/2013

PENSANDO NA SAÃšDE

INSUONLINE
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Pequeno PrÃncipe â€“
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MÃ©dico cria jogo que ensina a aplicar insulina em diabÃ©ticos.
Um mÃ©dico do SUS quer sair de fÃ©rias, mas nÃ£o consegue porque no posto de saÃºde em que trabalha nÃ£o hÃ¡ outro colega que saiba tratar de pacientes diabÃ©ticos que dependem de insulina.
Ele decide, entÃ£o, treinar um jovem mÃ©dico. Poderia ser uma histÃ³ria real, mas Ã© o enredo de um game desenvolvido por um mÃ©dico paranaense, que estÃ¡ na final de uma competiÃ§Ã£o internacional que comeÃ§a hoje em SÃ£o Petersburgo, na RÃºssia.
FÃ£ de jogos como Battlefield, o endocrinologista Leandro Arthur Dieh, 35, desenvolveu o game como tese de doutorado na Faculdades Pequeno PrÃncipe, de Curitiba (PR). A ideia surgiu a partir de sua experiÃªncia na rede pÃºblica de saÃºde.
"Testemunhei a dificuldade que os mÃ©dicos nÃ£o especialistas em diabetes tÃªm em lidar com a insulina. Muitos retardam a indicaÃ§Ã£o porque nÃ£o sabem manejÃ¡-la. E quem sofre Ã© o paciente do SUS."
Estudos mostram que sÃ³ 24% dos diabÃ©ticos no paÃs estÃ£o bem controlados. O restante corre o risco de desenvolver complicaÃ§Ãµes como cegueira, insuficiÃªncia renal e amputaÃ§Ãµes em razÃ£o da glicemia descompensada.
Chamado de InsuOnLine, o jogo ensina a aplicaÃ§Ã£o de insulina em diversos perfis de diabÃ©ticos. A complexidade dos casos cresce com o passar dos nÃveis, atÃ© atingir situaÃ§Ãµes como a que o paciente usa vÃ¡rias doses de insulina e sofre de hipoglicemia.
Segundo ele, o jogo comeÃ§ou a ser criado no inÃcio de 2011 em parceria com Rodrigo Martins de Souza, sÃ³cio de uma empresa de Londrina especializada em jogos.
"Nosso desafio foi desenvolver um game para o ensino, mas que tambÃ©m seja divertido. HÃ¡ muitos simuladores chatÃssimos, que as pessoas sÃ³ jogam obrigadas."
Embora o pÃºblico-alvo seja mÃ©dicos do SUS (as medicaÃ§Ãµes e as orientaÃ§Ãµes sÃ£o voltadas para o que hÃ¡ disponÃvel na rede pÃºblica), Dieh reconhece que os profissionais mais velhos terÃ£o mais dificuldade em jogar.
Com o game quase pronto, o prÃ³ximo passo serÃ¡ testÃ¡-lo com um grupo de mÃ©dicos reais: metade deles vai jogar o game, e a outra metade vai assistir a uma palestra ou aula sobre o tema.
"Vamos comparar o aprendizado dos dois grupos sobre o uso de insulina nas situaÃ§Ãµes mais comuns em um posto de saÃºde", diz Dieh, tambÃ©m professor da Universidade Estadual de Londrina.
O game venceu a ediÃ§Ã£o brasileira da Imagine Cup 2013 na categoria Cidadania Mundial. Isso o credenciou para disputar na final mundial, na RÃºssia.
O lanÃ§amento comercial do jogo estÃ¡ previsto para 2014, quando o mÃ©dico concluir a tese de doutorado.
ClÃ¡udia Collucci â€“ Fonte: Folha de S.Paulo â€“ 08/07/13.
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APRENDER A ENSINAR
A onda de protestos de junho reavivou o sentimento de que Ã© necessÃ¡rio fazer algo para melhorar a educaÃ§Ã£o no Brasil. A insatisfaÃ§Ã£o, porÃ©m, ainda Ã© vaga.
Sabe-se muito bem que o ensino Ã© ruim e carece de recursos. Mas hÃ¡ incerteza ou polÃªmicas Ã¡speras a respeito das causas da mÃ¡ qualidade da escola.
Reportagem do jornal "Valor EconÃ´mico" mostrou que, embora a proporÃ§Ã£o do PIB dedicada pelo governo brasileiro Ã educaÃ§Ã£o seja semelhante Ã de paÃses ricos, as despesas por estudante equivalem a 30% do gasto de tais naÃ§Ãµes.
Uma das expressÃµes da falta de recursos Ã© o baixo salÃ¡rio dos professores. Como consequÃªncia, nÃ£o hÃ¡ incentivo para a seleÃ§Ã£o de profissionais mais ambiciosos nem condiÃ§Ãµes de trabalho adequadas. Quem opta pelo magistÃ©rio, se quiser melhorar a remuneraÃ§Ã£o, precisa se dispersar entre vÃ¡rios empregos, em prejuÃzo da qualidade.
No entanto, dados a engessada estrutura de gastos do setor pÃºblico, o nÃvel de endividamento do governo e a carga tributÃ¡ria excessiva, nÃ£o Ã© possÃvel despender mais em educaÃ§Ã£o a nÃ£o ser por meio de incrementos modestos. ReforÃ§a-se, assim, a necessidade de aproveitar melhor os recursos existentes.
O diagnÃ³stico Ã© conhecido, mas nÃ£o trata do problema essencial. Falta o debate bÃ¡sico sobre o que se passa na sala de aula. Esse assunto nÃ£o respeita apenas ao ensino pÃºblico --alunos de escolas privadas tambÃ©m tÃªm desempenho ruim nas provas internacionais.
NÃ£o se discutem a conduta dos professores, os assuntos a serem ensinados, o imenso currÃculo, o conteÃºdo dos livros didÃ¡ticos e seus usos. Tampouco se definem os mÃ©todos mais eficazes ou o que deve ser padronizado.
Tanto pior, esses temas sÃ£o mais relevantes se o contingente de professores Ã© despreparado --o que, em boa medida, Ã© o caso do Brasil.
A lista de deficiÃªncias continua. Em vez de guias nacionais de desempenho e metas de ensino, hÃ¡ uma confusÃ£o de redes escolares e dispersÃ£o de esforÃ§os e recursos em programas propagandÃsticos.
Escolas de excelÃªncia, com diversos computadores ou laboratÃ³rios exemplares ilustram o ponto --alÃ©m de tais medidas nÃ£o serem prioritÃ¡rias, a escassez orÃ§amentÃ¡ria impede que sejam replicadas.
Isso para nada dizer de questÃµes mais pedestres: salas de aula em bom estado de conservaÃ§Ã£o e limpeza, cadeiras, giz e livros.
Mais dinheiro para o setor darÃ¡ conta apenas de parte desses problemas. Um plano continuado para a educaÃ§Ã£o, no entanto, exige visÃ£o de longo prazo e uma reforma de alcance nacional.
Sem isso, a grita por mais recursos para melhorar o ensino pode resultar apenas em mais desperdÃcio de verbas pÃºblicas.
Editoriais â€“ Fonte: Folha de S.Paulo â€“ 08/07/13.

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