PENSANDO EM BLOG POLĂMICO
O BLOG DO PLANALTO
Entrou no ar o diĂĄrio eletrĂŽnico âBlog do Planaltoâ, que tem como objetivo divulgar as açÔes do presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva. Ă mais um passo na estratĂ©gia do Planalto de ampliar a comunicação entre Lula e a sociedade, diz o G1. JĂĄ existe a coluna semanal âO Presidente Respondeâ, publicada toda terça-feira nos jornais impressos. Lula agora quer falar com internautas. De acordo com a Secretaria de Comunicação Social da PresidĂȘncia, sĂŁo âcada vez mais numerosos os setores da sociedade que procuram informaçÔes pela internetâ. Os textos serĂŁo escritos por uma equipe da secretaria, composta por trĂȘs jornalistas e dois tĂ©cnicos. O primeiro post foi sobre o lançamento do marco regulatĂłrio do prĂ©-sal. O blog de Lula vai sĂł falar, nĂŁo vai ouvir. Os comentĂĄrios de leitores estĂŁo bloqueados. O endereço: http://blog.planalto.gov.br/.
Fonte: O Filtro (http://www.ofiltro.com.br) â 31/08/09.
Leia mais:
http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1286373-5601,00-BLOG+DO+PLANALTO+ENTRA+NO+AR+NESTA+SEGUNDA+SEM+PERMITIR+COMENTARIOS.html
AINDA O BLOG DO PLANALTO
O blog de Marcelo Tas (http://marcelotas.blog.uol.com.br/arch2009-09-01_2009-09-15.html#2009_09-01_03_04_49-5886357-0) no UOL e outros comandaram as crĂticas ao Blog do Planalto, por nĂŁo se abrir a comentĂĄrios. AtĂ© o "El PaĂs" (http://www.elpais.com/articulo/tecnologia/Lula/lanza/propio/blog/elpeputec/20090901elpeputec_2/Tes) citou criticamente.
O blog de mĂdia de Tiago DĂłria (http://www.tiagodoria.ig.com.br/2009/08/31/blog-do-planalto-nao-quer-saber-de-dialogo-com-leitores/) tambĂ©m nĂŁo gostou. Mas lembrou contra a corrente que "a referĂȘncia" usada foi o blog da Casa Branca (http://www.whitehouse.gov/blog/), tambĂ©m com "conteĂșdo oficial... e falta de espaço para comentĂĄrios". O de Lula atĂ© avança em relação ao de Obama, com "trackbacks", os links para posts externos sobre o blog.
Toda MĂdia â Nelson de SĂĄ - Fonte: Folha de S.Paulo â 02/09/09.
"GENĂRICO" DO BLOG DO PLANALTO LIBERA COMENTĂRIOS
Um dia, Chacrinha proclamou: "nada se cria, tudo se copia". Adequadamente, a mĂĄxima era adaptação livre de uma outra, de Lavoisier, de que "na natureza, nada se cria, tudo se transforma". Surrupiada ou nĂŁo, importa Ă© que foi com esse espĂrito que um internauta criou a versĂŁo 2.0 do blog do Planalto (http://planalto.blog.br/), ferramenta da PresidĂȘncia da RepĂșblica na web. O diferencial Ă© que o site-parĂłdia permite comentĂĄrios dos internautas, recurso indisponĂvel no blog que gerou o clone.
O link do blog "b" Ă© semelhante ao que o inspira (http://blog.planalto.gov.br). Os comentĂĄrios na versĂŁo genĂ©rica do blog do Planalto talvez deem uma ideia do porquĂȘ de o espaço eletrĂŽnico oficial nĂŁo dar voz aos internautas. "Quando acessei, realmente pensei que se tratasse do blog do planalto verdadeiro e achei que o governo tinha se dado conta que democracia Ă© feita com participação popular, mas isso sĂł acontece na "Terra do Nunca"!", cutucou uma participante, de nome Dani Montelo. "Sensacional clonarem o blog do Planalto. Garanto que esse terĂĄ muito mais acesso que o outro (sic) tosco", aposta AndrĂ© Pasqualini.
O blog-espelho, no entanto, nĂŁo permitiu apenas a participação dos crĂticos do Planalto e de seu blog; crĂticos da prĂłpria duplicata tambĂ©m tĂȘm vez. "Tomara que tirem esse blog do ar, copiar conteĂșdo sem autorização Ă© crime. Se a moda pega os produtores, sĂ©rios, de conteĂșdo (sic) tĂŁo lascado", ponderou o internauta que sĂł assinou como Dig. Outros comentĂĄrios seguem a mesma linha: crĂticas ao governo e Ă s restriçÔes a comentĂĄrios no blog oficial.
Cópia com crédito
Em sua defesa, o criador do blog genĂ©rico do Planalto argumenta que seu conteĂșdo Ă© feito sob a licença CC-by-sa-2.5, exceto quando especificado e em conteĂșdos tirados de outras fontes.
Em portuguĂȘs de nĂŁo-micreiro, significa o seguinte: o blog do Planalto original permite que qualquer pessoa reproduza o conteĂșdo lĂĄ publicado e crie obras derivadas, desde que seja dado o devido crĂ©dito e esteja sob a mesma licença.
Problemas técnicos
A defesa do Planalto quanto Ă mordaça digital no blog oficial Ă© a que segue: na seção "perguntas e respostas", o blog do Planalto afirma ser um "observador da PresidĂȘncia por um Ăąngulo diferenciado", e afirma que nĂŁo hĂĄ disponibilidade para comentĂĄrios "a princĂpio"."HĂĄ dificuldades prĂĄticas para administrar essa interatividade", responde a equipe.
FabrĂcio Calado Moreira - Fonte: Terra - 03/09/09.
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(COLABORAĂĂO: PROFESSORA ADRIANA FILETO)
TRABALHE DURO!
"NĂŁo esmoreça, nĂŁo desista! Trabalhe duro! MilhĂ”es de pessoas que vivem do Bolsa-FamĂlia; sem trabalhar (para quĂȘ?), dependem de vocĂȘ!".
Paulo Navarro (http://www.pnc.com.br/) - Fonte: O Tempo â 31/08/09.
PROBLEMA X SOLUĂĂO (FOCO)
Um paciente vai num consultĂłrio psicolĂłgico e diz pro doutor:
- Toda vez que estou na cama, acho que tem alguém embaixo. Aà eu vou embaixo da cama e acho que tem alguém em cima. Pra baixo, pra cima, pra baixo, pra cima. Estou ficando maluco!
- Deixe-me tratar de vocĂȘ durante dois anos. - diz o psicĂłlogo. - Venha trĂȘs vezes por semana, e eu curo este problema.
- E quanto o senhor cobra? - pergunta o paciente.
- 120 reais por sessĂŁo - responde o psicĂłlogo.
- Bem, eu vou pensar - conclui o sujeito.
Passados seis meses, eles se encontram na rua.
- Por que vocĂȘ nĂŁo me procurou mais? - pergunta o psicĂłlogo.
- A 120 reais a consulta, trĂȘs vezes por semana, dois anos, ia ficar caro demais, ai um sujeito num bar me curou por 10 reais.
- Ah Ă©? Como? - pergunta o psicĂłlogo.
O sujeito responde:
- Por 10 reais ele cortou os pĂ©s da camaâŠ
Muitas vezes o problema é sério, mas a solução pode ser muito simples!
HĂ GRANDE DIFERENĂA ENTRE FOCO NO PROBLEMA E FOCO NA SOLUĂĂO!!!
(colaboração: Hélio Bob Pai)
A FALTA DE PACIĂNCIA
Ah! Se vendessem paciĂȘncia nas farmĂĄcias e supermercados... Muita gente iria gastar boa parte do salĂĄrio nessa mercadoria tĂŁo rara hoje em dia. Por muito pouco a madame que parece uma âladyâ solta palavrĂ”es e berros que lembram as antigas âtrabalhadoras do caisâ, e o bem comportado executivo... â O cavalheiroâ se transforma numa âbesta selvagemâ no trĂąnsito que ele mesmo ajuda a tumultuar! Os filhos atrapalham, os idosos incomodam, a voz da vizinha Ă© um tormento, o jeito do chefe Ă© demais para sua cabeça, a esposa virou uma chata, o marido uma âmala sem alçaâ. Aquela velha amiga uma âalça sem malaâ, o emprego uma tortura, a escola uma chatice. O cinema se arrasta, o teatro nem pensar, atĂ© o passeio virou novela. Outro dia, vi um jovem reclamando que o banco dele pela internet estava demorando para dar o saldo, eu me lembrei da fila dos bancos e balancei a cabeça inconformado. Vi uma moça abrindo um e-mail com um texto maravilhoso do Jabor e ela deletou sem sequer ler o tĂtulo, dizendo que era longo demais. Pobres de nĂłs, meninos e meninas sem paciĂȘncia, sem tempo para a vida, sem tempo para Deus. A paciĂȘncia estĂĄ em falta no mercado, e pelo jeito, a paciĂȘncia sintĂ©tica dos calmantes estĂĄ cada vez mais em alta. Pergunte para alguĂ©m que vocĂȘ saiba que Ă© âansioso demaisâ, onde ele quer chegar? Qual Ă© a finalidade de sua vida? Surpreenda-se com a falta de metas, com o vago de sua resposta. E vocĂȘ? Onde vocĂȘ quer chegar? EstĂĄ correndo tanto para que? Por quem? Seu coração vai agĂŒentar? Se vocĂȘ morrer hoje de infarto agudo do miocĂĄrdio o mundo vai parar? A empresa que vocĂȘ trabalha vai acabar? As pessoas que vocĂȘ ama vĂŁo parar? SerĂĄ que vocĂȘ conseguiu ler atĂ© aqui? Respire... Acalme-se... O mundo estĂĄ apenas na sua primeira volta e, com certeza, no final do dia vai completar o seu giro ao redor do sol, com ou sem a sua paciĂȘncia. âNĂO SOMOS SERES HUMANOS PASSANDO POR UMA EXPERIĂNCIA ESPIRITUAL... SOMOS SERES ESPIRITUAIS PASSANDO POR UMA EXPERIĂNCIA HUMANA... (Theilard Chardin).
(Colaboração: Markão)
A COMPETĂNCIA LEVA Ă INCOMPETĂNCIA
PromoçÔes por mĂ©rito deixam as pessoas cada vez menos competentes - e prejudicam as empresas. VocĂȘ jĂĄ teve a impressĂŁo de que o seu chefe Ă© um tonto? Talvez esteja certo. Pesquisadores italianos conseguiram provar matematicamente o que quase todo funcionĂĄrio, intuitivamente, jĂĄ suspeitou: quanto mais as pessoas sobem na carreira, menos competentes se tornam. Os cientistas criaram um software que simula o funcionamento de uma empresa onde reina a meritrocacia - cada vez que um dos 160 empregados se aposenta, Ă© substituĂdo pelo melhor funcionĂĄrio do departamento inferior. Mas isso acaba tendo um efeito ruim: depois de apenas 50 promoçÔes, a competĂȘncia total da empresa cai 25%.
Esse efeito acontece porque, de tanto ser promovidas, as pessoas acabam se afastando dos seus verdadeiros talentos e assumindo funçÔes para as quais sua competĂȘncia tende a ser menor (nada garante que um bom costureiro dĂȘ um bom gerente de loja, por exemplo). Solução? Reservar 50% das promoçÔes para os piores empregados da empresa - porque eles, estatĂsticamente, tĂȘm mais chances de evoluir do que os funcionĂĄrios bons.
"Nosso estudo vai criar um problema. Ninguém aceitaria perder uma promoção para um colega menos competente", admite o sociólogo Cesare Garofalo, da Universidade de Catania (800 quilÎmetros ap sul de Roma).
Circe Bonatelli - Fonte: Super Interessante - Edição 269.
Universidade de Catania - http://www.unict.it/
POR UMA ECONOMIA VERDE
A agenda do clima mudou. AtĂ© bem pouco tempo atrĂĄs, conferĂȘncias sobre mudanças climĂĄticas atraĂam basicamente cientistas e ONGs. ApĂłs o estopim da crise financeira global, os governos intensificaram suas açÔes sinalizando com polĂticas pĂșblicas generosas para tecnologias menos poluentes. Isso trouxe as grandes empresas para o debate. Em recentes encontros internacionais, governos e grandes multinacionais debateram o tema com entusiasmo, enfatizando soluçÔes caras e de longuĂssimo prazo. A diversidade dos debatedores cresceu, mas a sua origem se mantĂ©m. As discussĂ”es sobre o clima estĂŁo dominadas pelos paĂses industrializados, os grandes responsĂĄveis pelo aquecimento global. Por sua vez, na maioria dos paĂses em desenvolvimento, governos e, sobretudo, empresĂĄrios ainda se mostram alheios ao novo cenĂĄrio, a seus problemas e Ă s suas oportunidades. Essa lacuna inclui o Brasil e pode nos cobrar um alto preço num futuro prĂłximo.
O descontrole do desmatamento na AmazĂŽnia faz com que a visĂŁo dominante sobre o papel do Brasil na questĂŁo do aquecimento global seja negativa. Ă muito comum que a imagem que passamos para o mundo seja a de florestas em chamas. O desmatamento responde, sozinho, por cerca de dois terços de nossas emissĂ”es de gases de efeito estufa. Assim, o Brasil, que historicamente pouco contribuiu para o aumento da temperatura, Ă© hoje o quinto maior emissor do planeta. Esse Ă© nosso lado vilĂŁo, um papel que nos coloca numa situação difĂcil perante a comunidade global. O ponto Ă© que, ao contrĂĄrio da maioria dos paĂses, o Brasil conta com o outro lado: possui uma das matrizes energĂ©ticas mais limpas do planeta e Ă© ainda um dos grandes removedores de carbono da atmosfera. A capacidade de sequestro de CO2 da agricultura tropical, as tĂ©cnicas conservacionistas, como o plantio direto, e diversas outras açÔes inovadoras na ĂĄrea empresarial apontam que o nosso paĂs pode se tornar referĂȘncia na solução da questĂŁo climĂĄtica. A produção de energia -- responsĂĄvel por 80% das emissĂ”es globais de gases de efeito estufa -- Ă© uma dessas fronteiras de inovação em que mais avançamos. Graças Ă forte presença da energia hidrelĂ©trica, dos biocombustĂveis (etanol e biodiesel), do carvĂŁo vegetal renovĂĄvel e da crescente presença da bioeletricidade (a energia elĂ©trica de biomassa), nossa matriz Ă© 46% "renovĂĄvel", ante apenas 13% no mundo e 7% nos paĂses desenvolvidos. Temos vantagens que poucos paĂses tĂȘm. Por isso, jĂĄ Ă© hora de a sociedade brasileira -- e, em especial, os empresĂĄrios -- encarar o combate Ă s mudanças do clima como uma gigantesca oportunidade.
Hå pelo menos duas dimensÔes que exigem a atenção do empresariado, uma interna, outra externa. Internamente, o maior problema é o descontrole do desmatamento na AmazÎnia. Esse não é apenas um problema isolado de pessoas e empresas que atuam na região ou resultado das graves falhas do Estado na definição de direitos de propriedade e na fiscalização. Queiramos ou não, gostemos ou não, o desmatamento tornou-se uma questão planetåria, que afeta a imagem do Brasil e de suas empresas.
O Plano Nacional sobre Mudanças do Clima, aprovado no ano passado, estabeleceu metas ambiciosas de redução de emissĂ”es na ĂĄrea de desmatamento. Mas de que forma vamos atingir essas metas? Como preservar a floresta "em pĂ©" e, ao mesmo tempo, gerar desenvolvimento econĂŽmico na AmazĂŽnia? Como empresas de outras regiĂ”es do paĂs podem participar do processo? Desmatamento "zero", compensaçÔes, moratĂłrias, certificação, rastreabilidade de produtos? Qual o papel que mecanismos de incentivo, como a Redução das EmissĂ”es por Desmatamento e Degradação (Redd), que estĂĄ sendo debatida nos fĂłruns internacionais, poderiam ter na redução do desmatamento? Essas sĂŁo as grandes perguntas Ă s quais os empresĂĄrios e o governo precisam responder, por meio de açÔes coordenadas e pragmĂĄticas.
Ou seja, Ă© imperativo o nosso empenho na busca de uma solução para o problema do desmatamento -- sem ela, pouco avançaremos. Mas a grande oportunidade que surge para o Brasil -- tornar-se exemplo de "economia de baixo carbono" -- depende da implementação de polĂticas pĂșblicas inteligentes. Alguns paĂses europeus adotaram metas setoriais obrigatĂłrias de redução de emissĂ”es, com multas para as empresas que ultrapassarem os limites acordados. Outros propĂ”em simplesmente uma taxa por tonelada de carbono emitida, que aumentaria a arrecadação pĂșblica e oneraria todos os setores, independentemente de sua eficiĂȘncia. Mais inteligente parece ser o sistema de comĂ©rcio de licenças de emissĂ”es, chamado de "cap and trade" ("limitar e comercializar", numa tradução livre), que estabelece limites rĂgidos para emissĂ”es de gases de efeito estufa, acompanhado de mecanismos de comĂ©rcio de licenças de emissĂ”es, com possibilidade de compra de crĂ©ditos no prĂłprio paĂs ou no exterior. Esse Ă© o sistema adotado na Europa e que hoje estĂĄ em intenso debate nos Estados Unidos. Ele faz com que os setores mais poluidores comprem crĂ©ditos de carbono dos menos poluidores, reduzindo os custos para a economia e incentivando tecnologias que reduzam suas emissĂ”es.
Em dezembro deste ano, ocorrerĂĄ na Dinamarca a 15a conferĂȘncia da Convenção das NaçÔes Unidas sobre Mudanças do Clima. Tudo indica que em 2009, finalmente, uma grande delegação empresarial brasileira estarĂĄ presente ao evento. E Ă© fundamental um esforço de uniformização de conhecimento e coordenação de posiçÔes que coloque o Brasil na liderança dos debates, muito alĂ©m do restrito ambiente negociador dos governos.
Ă esperado que os paĂses desenvolvidos, os maiores responsĂĄveis pelo aquecimento global atĂ© hoje, assumam metas internacionais obrigatĂłrias e ambiciosas de redução de emissĂ”es. Nesse sentido, a nova lei do clima proposta por Barack Obama, que estĂĄ sendo discutida no Congresso americano, Ă© um sinal alentador de que os Estados Unidos finalmente entraram no jogo, mesmo que ainda estejam longe de assumir integralmente sua responsabilidade na questĂŁo do clima. As naçÔes em desenvolvimento, por sua vez, deveriam aceitar metas internas de redução no crescimento de suas emissĂ”es para, num futuro breve, transformĂĄ-las em metas internacionais obrigatĂłrias. Os paĂses em desenvolvimento nĂŁo sĂŁo os principais causadores do aquecimento global. Mas, se nada for feito, eles seguramente serĂŁo os grandes vilĂ”es ambientais do futuro. Essa Ă© a tĂŽnica do princĂpio das responsabilidades comuns, porĂ©m diferenciadas, que Ă© central na Convenção do Clima.
Dois temas fundamentais de interesse do Brasil serĂŁo discutidos em Copenhague. O primeiro Ă© a definição e o conteĂșdo das AçÔes Nacionalmente Apropriadas de Mitigação -- açÔes voluntĂĄrias de paĂses em desenvolvimento com impactos mensurĂĄveis, reportĂĄveis e verificĂĄveis pela comunidade internacional. Nosso compromisso com o fim do desmatamento da AmazĂŽnia deveria ser assumido perante a comunidade internacional como uma ação desse tipo.
O segundo tema Ă© a extensĂŁo e a revisĂŁo do chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, criado pelo Protocolo de Quioto, uma ferramenta jĂĄ conhecida no meio empresarial brasileiro. Companhias de paĂses desenvolvidos podem comprar "crĂ©ditos de carbono" de projetos de redução de emissĂ”es nos paĂses em desenvolvimento para cumprir parte de suas metas. Apesar de o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ser um instrumento inovador, a realidade mostra que ele nĂŁo tem sido capaz de induzir um corte significativo de emissĂ”es em escala global (responde pela redução de apenas 0,6% das emissĂ”es anuais).
Um dos principais problemas desse mecanismo Ă© que ele acaba punindo setores e paĂses inovadores, aqueles que saem na frente. Quanto pior for o ponto de partida, mais fĂĄcil Ă© a obtenção de crĂ©ditos. Por exemplo, a China, com sua matriz elĂ©trica suja baseada em carvĂŁo, consegue obter 4 crĂ©ditos de carbono por unidade de energia elĂ©trica renovĂĄvel produzida. O Brasil, com sua matriz limpa, consegue apenas metade dos crĂ©ditos chineses. O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo tambĂ©m prejudica paĂses com leis ambientais mais avançadas, como o Brasil, uma vez que açÔes que estejam regulamentadas pela legislação nacional nĂŁo sĂŁo elegĂveis. Isso explica, em parte, por que o programa de etanol do Brasil, fruto de uma polĂtica governamental, nĂŁo recebe nenhum crĂ©dito de carbono.
Aquecimento global e mudanças climĂĄticas sĂŁo temas que, cedo ou tarde, atingirĂŁo todas as empresas brasileiras. Com o descontrole do desmatamento da AmazĂŽnia, estamos hoje numa posição vulnerĂĄvel. Mas podemos oferecer soluçÔes para a redução das emissĂ”es, de baixo custo e viĂĄveis no curto prazo. Podemos nos tornar uma verdadeira economia de baixo carbono, com todos os benefĂcios econĂŽmicos que isso possa envolver.
Marcos Sawaya Jank - Fonte: Exame - Edição 950.
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