PENSANDO NO CALHAMBEQUE DO FUTURO
F-CELL ROADSTER CONCEPT
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Há 100 anos os carros tinha joystick no lugar de volante, eram superleves e boa parte usava motor elétrico. Epa: eram carros do futuro! Os designers da Mercedes se tocaram disse e retomaram a linha calhambeque com o F-Cell Roadster. É um carro-conceito, que pode ou não ser lançado. Mas trata-se de uma alternativa charmosa para um mundo em crise, com motor elétrico movido a hidrogênio e 1,6 cavalo de potência - 40 vezes menos que um Celtinha!
Fonte: Super Interessante - Edição 265 - Maio 2009.
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MUDANÇA GERAL
Caros alunos,
Convido todos vocês para assistirem ao *reality show* "Mudança Geral" do qual o Instituto Akatu participa. O programa, veiculado durante todo o mês de maio, acompanha uma famÃlia vivendo a experiência de adotar práticas sustentáveis de consumo em seu cotidiano. Vale à pena!
Para saber mais informações e/ou assistir ao programa do domingo passado, basta acessar o seguinte site:
http://blog.akatu.org.br/mudancageral/category/1a-semana/
Um abraço
Professora Adriana Fileto
DOE SANGUE
Os Bancos de Sangue dos hospitais brasileiros estão sempre com estoques reduzidos. As pessoas costumam pensar em doar sangue somente quando algum conhecido tem uma cirurgia e precisa de doadores. Não tirar essa ideia da cabeça, já é uma grande ação. Doe sangue.
Fique informado: http://www.huav.com.br/sangue.htm
O banco de sangue do Hospital FelÃcio Rocho em Belo Horizonte é um exemplo.
Local de doação = Rua Juiz de Fora, 861 – Barro Preto (ao lado 12ºBI)
Telefones (31) 3335-6600 / 3295-4584 / 8466-3672 / 8466-9493
Atendimento – Segunda à sexta-feira de 08:00 às 13:00 horas
Sábados a partir das 08:00 horas (atendimento com hora marcada)
http://www.feliciorocho.org.br/hfr08/
OS MILIONÃRIOS PRÊMIOS DA CIÊNCIA
Em março de 1900, o milionário francês Henry Deutsch anunciou que daria 100 mil francos ao inventor de uma máquina voadora capaz de percorrer um circuito de 11 quilômetros contornando a Torre Eiffel. Alberto Santos Dumot chegou a fazer voos diários com seu N-4, dirigÃvel com motor de sete cavalos-vapor.
Por mais de um ano dedicou-se a reformar o projeto. Em 19 de outubro de 1901, comandando os 20 cavalos-vapor do novo N-6, o brasileiro conseguiu.
Conquistou o prêmio Deutsch, doou parte do dinheiro aos pobres de Paris e foi viver na história com um dos maiores aeronautas de seu tempo.
"Premiações cientÃficas são uma forma de reconhecimento e incentivo a trabalhos desenvolvidos ao longo de anos", afirma Belita Koiller, pesquisadora de fÃsica da UFRJ. Em 2005, ela levou US$ 100 mil do prêmio L'Oréal/Unesco por seus estudos sobre propriedades quânticas de elétron em materiais semicondutores.
"O que fiz com o prêmio? Nada fantástico. Visitei meu marido nos EUA algumas vezes, reformei a casa... No fim, o prestÃgio é o que fica, tanto que estou conversando com você anos depois de o dinheiro acabar."
OS DESAFIOS
Aquecimento Global = US$ 25 milhões
Como chama? Virgin Earth Challenge
Quem organiza? Sir Richard Branson
Quer tentar? Invente um mecanismo para remover da atmosfera um bilhão de toneladas de CO2 por ano.
Qual a finalidade? Combater o efeito estufa e reduzir o aquecimento global.
Até quando me inscrevo? 9 de fevereiro de 2012.
http://www.virginearth.com/
Elevador Espacial = US$ 2 milhões
Como chama? Elevator 2010
Quem organiza? The Spaceward Foudation
Quer tentar? Apresente um protótipo de elevador espacial que seja rápido e use energia solar. E, sim, a ideia de conectar o planeta ao espaço por meio de um gigantesco cabo existe e é endossada pela Nasa.
Qual a finalidade? Aposentar os foguetes e baratear a exploração espacial.
Até quando me inscrevo? Outono de 2009 (no hemisfério sul).
http://www.spaceward.org/elevator2010-pb
Robô Lunar = US$ 20 milhões
Como chama? Google Lunar X Prize
Quem organiza? Google e X Prize Foundation
Quer tentar? Envie à Lua um robô com autonomia para percorrer 500 metros e que transmita dados para a Terra.
Qual a finalidade? Incentivar a exploração espacial privada.
Até quando me inscrevo? 31 de dezembro de 2014.
http://www.googlelunarxprize.org/
Breno Castro Alves - Fonte: Galileu - Número 214 - Maio 2009.
EDUCAÇÃO - APERTO
Até o fim de junho sairão as novas regras para o recredenciamento de universidades no Brasil. O Conselho Nacional de Educação e o MEC vão arrochar a avaliação. Faz sentido. Das 183 instituições, 74 não oferecem um só curso de doutorado e/ou mestrado aos alunos.
Ricardo Boechat - Fonte: Isto É - Edição 2061.
Conselho Nacional de Educação -
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12449&Itemid=754
EM 400 ANOS, PROVAS QUASE NÃO MUDARAM
Apesar da revolução cientÃfica e de avanços na pedagogia, a noção de prova escolar sofreu muito poucas alterações desde sua criação pelos jesuÃtas quatro séculos atrás.
Tamanha estabilidade se justifica: o conceito funciona. Não é preciso mais do que fazer algumas perguntas aos alunos para distinguir aqueles que dominam a matéria dos que aprenderam pouco. Embora muitos tentem, é difÃcil enganar uma prova.
Mesmo testes de múltipla escolha, criticados por nove entre dez pedagogos, são bastante eficientes na hora de separar bons de maus alunos.
Estudo da Fuvest divulgado em 2005 mostrou que, se a segunda fase do exame (da qual constam as questões dissertativas) fosse eliminada, a relação final dos aprovados mudaria pouco, de 3% a 6%. Ou seja, em um curso com 50 vagas oferecidas, no máximo três vestibulandos que não estivessem entre os 50 mais bem posicionados nos testes da primeira etapa seriam aprovados por conta de seu desempenho nas respostas escritas.
Isso não significa que não haja vantagens em substituir os vestibulares pelo Enem. Elas existem e são muitas. As mais palpáveis são de ordem logÃstica. O candidato a uma vaga no ensino superior não precisaria mais submeter-se a uma maratona de provas. Também seria poupado das múltiplas taxas de exame cobradas pelas universidades.
Igualmente interessante, o sistema de ensino superior ganharia mobilidade. Um aluno formado no Nordeste, por exemplo, munido de sua nota nacional teria melhores condições de pleitear vagas em instituições do Sudeste.
Outro efeito positivo tende a dar-se sobre a organização dos "curricula". Atualmente, são os principais vestibulares que, numa inversão de papéis, acabam definindo o que as escolas ensinam. Um colégio pode até querer ensinar linguÃstica em vez de gramática prescritiva ou mecânica quântica no lugar de fÃsica newtoniana -posições em princÃpio justificáveis-, mas dificilmente o fará porque precisa responder à demanda de preparar seus alunos para o vestibular.
Se o novo Enem de fato ganhar aceitação e firmar-se como uma prova que valorize mais a capacidade de raciocÃnio do que a memorização de conteúdos, as escolas não precisariam desdobrar-se para cobrir toda a matéria exigida nos vestibulares. Reencontrariam, então, espaço para trabalhar melhor o que consideram ser suas prioridades e até para experimentar um pouco mais.
Hélio Schwartsman - Fonte: Folha de S.Paulo - 14/05/09.
O PERIGO DO GROUPTHINK
Wall Street, o centro financeiro norte-americano, foi eleito sem concorrência o vilão da crise atual. Em uma recente entrevista concedida ao jornal The Washington Post, Warren Bennis, decano professor de liderança da Universidade do Sul da Califórnia, examina as raÃzes comportamentais do drama econômico. Para Bennis, os lÃderes das instituições financeiras perderam o contato com a realidade. O problema não está nas “maçãs podresâ€, mas na seleção contÃnua dos gananciosos mais espertos das melhores escolas de negócios, a criar um sistema fechado, uma cultura corporativa autocentrada, que perdeu a capacidade de perceber a realidade fora de seus limites.
Toda organização socializa seus funcionários, provendo-lhes definições, explÃcitas ou implÃcitas, do que é considerado certo e errado. Empresas industriais valorizam o perfeccionismo dos engenheiros. Agências de propaganda estimulam a agressividade dos vendedores. Instituições financeiras promovem a ambição pelo dinheiro e o desejo de riqueza. Sem a contraposição de controles e princÃpios éticos, essas caracterÃsticas podem gerar comportamentos patológicos, isolando os gestores do ambiente externo e tornando-os autorreferenciados. É a armadilha do groupthink, ou pensamento grupal.
O termo "groupthink" foi cunhado na década de 1950 pelo sociólogo William H. Whyte, para explicar como grupos se tornavam reféns de sua própria coesão, tomando decisões temerárias e causando grandes fracassos. Na literatura de gestão, o caso da tentativa de invasão da BaÃa dos Porcos é tido como exemplo clássico. Em abril de 1961, um grupo de exilados cubanos, treinados e equipados nos Estados Unidos, tentou invadir a ilha e derrubar o jovem governo de Fidel Castro. A CIA e o governo norte-americano apostavam no sucesso rápido de mais uma aventura caribenha. O ataque durou menos de uma semana, resultou em centenas de mortes de lado a lado e azedou de forma irremediável a relação entre Cuba e os EUA.
Análises posteriores atribuÃram o fracasso da operação à incompetência da CIA. A agência teria superestimado o apoio dos cubanos à causa dos rebeldes e baseado suas decisões em premissas otimistas, que não se concretizariam. Após o episódio, diretores importantes foram forçados a renunciar. Consta que Che Guevara, irônico, chegou a enviar uma mensagem ao presidente John F. Kennedy agradecendo pela invasão, que teria fortalecido substancialmente a causa revolucionária.
Os manuais de gestão definem groupthink como um processo mental coletivo que ocorre quando os grupos são uniformes, seus indivÃduos pensam da mesma forma e o desejo de coesão supera a motivação para avaliar alternativas diferentes das usuais. Os sintomas são conhecidos: uma ilusão de invulnerabilidade, que gera otimismo e pode levar a correr riscos; um esforço coletivo para neutralizar visões contrárias à s teses dominantes; uma crença absoluta na moralidade das ações dos membros do grupo; e uma visão distorcida dos inimigos, comumente vistos como iludidos, fracos ou simplesmente estúpidos.
Organizações marcadas pelo groupthinking exercem enorme pressão sobre seus membros. Diante de ameaças à conformidade, elas neutralizam ou expulsam os mais rebeldes. Com o tempo, desenvolvem sofisticados sistemas de autocensura, inibindo visões crÃticas. Essas organizações podem se tornar ambientes silenciosos, caracterizados pelo cinismo ou pelo medo de expor posições que contradigam a visão oficial.
Tão antigo quanto o conceito são as receitas para contrapor a patologia: primeiro, é preciso estimular o pensamento crÃtico e as visões alternativas à visão dominante; segundo, é necessário adotar sistemas transparentes de governança e procedimentos de auditoria; e, terceiro, é desejável renovar constantemente o grupo, de forma a oxigenar as discussões e o processo de tomada de decisão.
Os estudos clássicos sobre groupthink foram feitos sobre grandes fiascos militares norte-americanos: a citada tentativa de invasão da BaÃa dos Porcos, em 1961, a escalada da Guerra do Vietnã, de 1964 a 1967, e a recente Guerra do Iraque, iniciada em 2003. Para cada uma dessas grandes catástrofes há centenas de pequenas tragédias, que ocorreram, e continuam a ocorrer, no mundo dos negócios.
Este escriba desconhece estudos realizados em Pindorama sobre o tema. Perdem os pesquisadores locais a chance de explorar riquÃssimo material nas hostes corporativas e, especialmente, nos chamados poderes do descampado central. Quiçá a capital federal possa entrar inteira para o Livro dos Recordes, como o maior caso de groupthink do mundo.
Thomaz Wood Jr. - Fonte: Carta Capital - Edição 545.
SER FELIZ É PARECER FELIZ
Comecei a filmar um filme sobre a "busca da felicidade", essa ideia fixa do Ocidente, transcrita até na Constituição norte-americana. No filme, não trato da "bem-aventurança" atual, mas de uma felicidade "de época", ao final dos anos 50. Não havia ainda a abertura "psicológica" de hoje; a felicidade se encolhia pelos cantos de um cotidiano reprimido, temeroso de grandes alegrias, dentro e fora das famÃlias. Era quase feio demonstrar muito prazer, como se a risada fosse um luxo. Minha avó aconselhava: "Cachez votre bonheur" (esconda sua felicidade)… Era diferente do narcisismo compulsivo que vemos agora, com ricos, jovens e famosos expondo suas gargalhadas na mÃdia.
Felicidade muda com a época. Antigamente, a felicidade era uma missão, a conquista de algo maior que nos coroasse de louros; a felicidade demandava o sacrifÃcio. A felicidade se construÃa. Hoje, felicidade é ser desejado, consumido. Confundimos nosso destino com o destino das coisas. Uma salsicha é feliz? Os peitos de silicone são felizes?
Já escrevi sobre isso e volto agora por causa do filme, ao examinar com fascÃnio as revistas mundanas. Olho com inveja e rancor as fotos dos afortunados, pois todos são mais felizes do que eu. Ser feliz é parecer feliz.
A dúvida e as dores da vida são ocultadas. Já houve tempo em que era chique não sorrir; já houve os olhos fundos dos existencialistas, a cara abatida dos "beats", fotografias em que o espectador era olhado com desprezo acusatório. Hoje, as celebridades parecem dizer: "Azar o teu por não estares aqui, ‘seu’ anônimo. Aqui, não há fracassos, não há o inconsciente. Ninguém pode deprimir. Tristeza não é comercial. Tudo é claro e óbvio como nossas gargalhadas".
Na felicidade industrializada, só o excesso é valorizado. Não há a contemplação elegante da delicadeza, nem a tradição de uma feliz sabedoria, de uma serenidade discreta. Nossa felicidade não é minimalista; está mais para uma imitação carnavalesca de LuÃs XIV.
As personagens da mÃdia feliz vivem como se não houvesse armadilhas na existência; apenas o narcisismo óbvio é cultuado como sendo o ideal a atingir. Esse conceito redobrou em força depois que morreram os antigos agentes da dúvida, os socialismos e desbundes. Assistimos ao triunfo da caretice disfarçada de libertação.
As fotos dos deslumbrados e deslumbrantes não precisam de caricatura; elas se criticam sozinhas, elas são paródias de si mesmas.
"Estaremos aqui para sempre, eternos em nossas baladas e desfiles - parecem dizer -: conquistamos isso tudo, esses cães de luxo, essas sopeiras de porcelana, esse vaso Ming falso".
Muito importante é ver, nas fotos de milionários e colunáveis, a cenografia onde eles pousam como peixes em aquários de luxo, orgulhosos de seus tesouros: as casas e eles mesmos.
Não se veem vestÃgios "dark". Tudo é novo, tudo brilha, tudo é presente. Contra o decorrer do tempo, existem os "makeovers", jorros de silicone e bochechas de botox. Para essa gente, não houve crises e mudanças no mundo. Não houve anos 60, nem guerras quentes e frias, nem fraturas ideológicas, muros caÃdos, fim de utopias, nada. Não aprenderam nada e não esqueceram nada, como disseram dos Bourbon.
Nas fotos, só aparecem gestos e coisas que gritam: lustres de cristal, galgos de bronze com olhos de safira, mármores falsos, ouro de tolos, ninfas de marfim, objetos no estilo catete-gótico, "barroco Teodoro Sampaio" ou "Early Lar Center", atacando a arte contemporânea numa blitz feroz.
A decoração dos ambientes é para eles ou eles são para a decoração? As pessoas combinam com a casa. Uma vez, uma perua me perguntou como era o restaurante aonde irÃamos para botar uma roupa que combinasse. É extraordinário como para eles tem de haver continuidade no mundo, uma coisa puxando a outra, numa lógica que começa num elefantinho de prata e acaba na ideia de Deus.
Em muitas fotos parece não haver figura e fundo. Há fotos em que os eternos felizes pousam orgulhosos diante de seus retratos, criando um efeito narcÃsico de espelhos infinitos. Quem está ali? A dona ou o retrato?
Tudo ali é controlado pela ideia de simetria total. O abajur tem seu par, o castiçal tem seu par, o marido abraça a mulher em perfeita perspectiva com as duas colunas romanas que os ladeiam, e todos os pecados se apagam ali no sereno tapete e no brasão do jaquetão de comodoro. Tudo passa a ideia de autossuficiência, de ilha de paz e tranquilidade, realização do ideal de casa, contra a rua do mundo. São abrigos contra o mundo, são abrigos anti-atômicos num estilo rococó que resiste a todos os avanços do bom gosto; ali pode-se viver, andar de cavalinho de plástico na piscina e rolar no veludo durante qualquer catástrofe econômica ou polÃtica. Nada os atingirá.
Os "venturosos" contemporâneos não se contentam em mostrar seus bens, caras e bocas; sentem-se tão acima de nós que adoram exibir e justificar qualquer vÃcio, perversão ou vexame que cometam. Não há mais nada a esconder; ao contrário - eles têm o prazer de ostentar uma mentirosa autoconsciência, como se tivessem controle sobre o que são. "Ah, sim, eu já me prostituà muito, sim, eu gosto de transar em mictórios públicos, sim, me excita até ver cenas de crimes ou chacinas - me sinto liberado, sabe? Mas, tudo numa boa, sacou? Sou livre e maduro..."
Mas, afinal, temos liberdade para desejar o quê? Bagatelas, mixarias, uma liberdade vagabunda para nada, para rebolar o rabo em revistas, uma liberdade fetichizada, produto de mercado disfarçado de revolta de festim. Somos livres dentro de um chiqueirinho de irrelevâncias, buscando ideais como a bunda perfeita, recordes sexuais, sucesso sem trabalho, a fama em vez do merecimento. Não precisamos fazer nada ou saber nada. Basta aparecer, pois o pior castigo é o anonimato.
No futuro (se houver algum…), essas colunas e revistas de ricos e famosos serão uma valiosa contribuição para a semiologia da nossa caretice.
Arnaldo Jabor - Fonte: O Tempo - 12/05/09.
ESCOLA DE MILITÂNCIA
É fácil confundir a escola da aldeia de Mohri Pori com um celeiro. Ela tem chão de terra e não é iluminada, e corvos invadem suas janelas sem vidros. Numa classe de 140, muitos alunos têm de ficar no pátio.
Mas, se o Estado esqueceu as crianças do local, os mulás não as deixaram de lado. Com a educação pública em frangalhos, as famÃlias mais pobres do Paquistão recorrem à s madrassas (escolas islâmicas), que dão casa e comida à s crianças enquanto promovem um islã mais militante do que o tradicional.
As escolas não oferecem praticamente nenhuma instrução senão a memorização do Corão, criando um banco de jovens mentes simpáticas à militância religiosa. Numa análise dos perfis dos homens-bomba que agem na ProvÃncia do Punjab, leste paquistanês, a polÃcia local disse que mais de dois terços frequentaram madrassas.
"Estamos no começo de uma grande tempestade que está a ponto de varrer o paÃs", disse Ibn Abduh Rehman, diretor da organização independente Comissão de Direitos Humanos do Paquistão. "É um alerta vermelho para o Paquistão."
O presidente dos EUA, Barack Obama, se declarou recentemente "gravemente preocupado" com a situação no Paquistão, inclusive porque o governo paquistanês não "parece ter a capacidade para cumprir serviços básicos: escolas, saúde, estado de direito, um Judiciário que funcione para a maioria das pessoas". Ele pediu ao Congresso americano que mais do que triplique a ajuda não militar ao Paquistão, com recursos também para a educação.
Desde os atentados de 11 de Setembro, os Estados Unidos deram ao Paquistão mais de US$ 680 milhões em ajuda não militar, segundo o Departamento de Estado, bem menos do que o US$ 1 bilhão dado anualmente aos militares.
No entanto, a educação nunca foi prioridade no paÃs. O atual plano do Paquistão para dobrar o gasto educacional no ano que vem pode fracassar como esforços anteriores, prejudicado pela burocracia, pela instabilidade polÃtica e pela falta de compromisso da elite governante paquistanesa com os pobres.
"Esse é um Estado que nunca levou a educação a sério", disse Stephen Cohen, especialista em Paquistão do Instituto Brookings, dos EUA. "Estou muito pessimista sobre se o sistema educacional pode ou irá ser reformado."
As famÃlias paquistanesas há muito recorrem à s madrassas, e as escolas religiosas continuam sendo uma minoria relativamente pequena. No entanto, mesmo para a maioria que frequenta a escola pública, o ensino tem um viés islâmico. O currÃculo nacional foi islamizado na década de 1980, sob o regime militar do general Zia ul-Haq, que promovia a identidade islâmica paquistanesa como forma de unir sua profusão de tribos, etnias e lÃnguas.
A taxa de alfabetização no paÃs cresceu a partir de pouco mais de 20% na época da independência do Reino Unido, há 61 anos, e o governo recentemente melhorou o currÃculo e reduziu sua ênfase no islã.
Mas, mesmo hoje em dia, apenas cerca de metade dos paquistaneses sabe ler e escrever, bem menos do que o Ãndice em paÃses com renda per capita semelhante, como o Vietnã. Uma em cada três crianças paquistanesas em idade escolar não vai à escola, e, entre as que vão, mais de 30% desistem até a quinta série, segundo dados da Unesco, agência da ONU para a educação. A taxa de matrÃcula entre meninas está entre as menores do mundo.
"A educação no Paquistão foi deixada aos cães", afirmou Pervez Hoodbhoy, professor de fÃsica da Universidade Quaid-e-Azam, de Islamabad, e crÃtico contumaz do fracasso do governo em conter a militância islâmica.
Em um miserável trecho rural do sul do Punjab, onde o Taleban começou a fazer incursões com ajuda a grupos militantes locais, está uma das maiores concentrações de madrassas do paÃs.
Das mais de 1.200 registradas no Paquistão, cerca de metade fica na ProvÃncia do Punjab. Especialistas estimam que o número seja maior: quando o Estado tentou contá-las, em 2005, 20% das áreas desta ProvÃncia se recusaram a se registrar.
Embora as madrassas representem apenas cerca de 7% das escolas primárias de todo o Paquistão, sua influência é amplificada pela inadequação da educação pública e pela religiosidade inata do interior, que concentra 75% da população.
O fenômeno começou na década de 1980, quando Zia deu dinheiro e terrenos à s madrassas, numa polÃtica que tinha apoio dos EUA para ajudar combatentes islâmicos contra as forças soviéticas no Afeganistão.
As escolas islâmicas também são vistas como uma oportunidades de emprego e renda. "Quando alguém não vê um caminho à frente para si, constrói uma mesquita e se senta nela", disse Jan Sher, cuja aldeia do Punjab, chamada Shadan Lund, se tornou reduto militante e tem mais madrassas que escolas públicas.
Mesmo que as madrassas não produzam militantes, elas criam uma visão de mundo que possibilita a militância. "A mentalidade [estimulada nessas escolas] quer impedir a música, a educação para meninas e as festas", disse o pesquisador social Salman Abid. "A mensagem deles é que essa não é a vida real, a vida real vem depois" -com a morte.
Abed Omar, 24, havia tido pouca educação religiosa até ser inspirado por um sermão em um seminário de Kabirwala, mantido por seguidores (chamados "deobandi") de uma escola de pensamento sunita ultraortodoxa que se opõe à música e às festas.
Inquieto e não se sentindo realizado, Omar aderiu a um grupo islâmico conservador, pagando cerca de US$ 625 para viajar com seus membros pelo paÃs durante quatro meses numa turnê de pregação. O grupo, Tablighi Jamaat, lhe ensinou que o islã proÃbe a música e conversas com mulheres.
Autoridades norte-americanas suspeitam que o grupo seja um ponto de partida para o Taleban. As autoridades paquistanesas afirmam que ele é pacÃfico. Agora, quando Omar visita amigos, "eles desligam os toca-fitas e me dão seu assento", contou ele.
"Quero fazer de todos pregadores do islã", disse Omar com entusiasmo, enquanto comia bolinhos fritos embebidos em mel, na loja de doces da sua famÃlia.
Ele conhece cerca de cem pessoas da sua cidade que fizeram uma jornada de quatro meses como a sua. Quanto aos que se envolvem menos, "são incontáveis", segundo ele.
Por Sabrina Tavernise - Mohri Puri, Paquistão. Colaborou Waqar Gillani, em Mohri Pur e Lahore, no Paquistão. Fonte: Folha de S.Paulo - 11/05/09.
SERVIÇO PÚBLICO: COMO AJUDAR OS ATINGIDOS PELAS ENCHENTES NO NORTE E NORDESTE
Diante dos comentários de alguns leitores sobre como fazer doações à s vÃtimas das inundações, uma das formas de ajudar é por meio da Ação Global, parceria da Rede Globo com o Sesi e a CUFA. Saiba quais são todos os postos de coleta de donativos e descubra que artigos podem ser doados:
http://acaoglobal.globo.com/TVGlobo/Projetos_Sociais/Informativo/acaoglobal/CDA/tvg_cmp_acaoglobal_pop/0,29859,,00.html
Fonte: O Filtro (http://www.ofiltro.com.br) - 13/05/09.
ITÃLIA QUER PRENDER QUEM AJUDAR IMIGRANTE ILEGAL
A Câmara dos Deputados da Itália aprovou novas medidas de combate à imigração ilegal propostas pelo governo de Silvio Berlusconi. Ainda é necessária aprovação pelo Senado.
Entre as novas penas estão cobrança de multa de até 10 mil a clandestinos, aumento de dois para seis meses no tempo de detenção e prisão para quem os hospedar.
As medidas incluem também a criação de "rondas" locais de cidadãos comuns para denunciar ameaças à segurança.
Em fevereiro, o Senado já havia aprovado um projeto de lei do grupo direitista Liga Norte que permitia a médicos delatar imigrantes ilegais que procurassem atendimento.
A nova investida anti-imigração ilegal dos italianos acontece uma semana depois do anúncio do governo de que as levas de clandestinos que não param de chegar à costa de seu paÃs serão abordadas ainda em mar e mandadas de volta ao ponto de origem -na maioria das vezes, a LÃbia.
Berlusconi é criticado por União Europeia, Vaticano e grupos de direitos humanos.
Folha Corrida - Fonte: Folha de S.Paulo - 14/05/09.
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