PENSANDO NOS TERMOS MARCANTES
RETROSPECTIVA 2012: âCOLLINSâ
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RETROSPECTIVA: DICIONĂRIO LISTA TERMOS MARCANTES DE 2012.
A lista feita pelo dicionĂĄrio inglĂȘs "Collins" reflete os grandes sucessos da indĂșstria cultural no ano: inclui "Gangnam Style", tĂtulo do hit do cantor sul-coreano Psy, e "mummy porn", pornĂŽ para mamĂŁes, rĂłtulo criado pela imprensa para a trilogia erĂłtica "Cinquenta Tons", da britĂąnica E.L. James.
Fonte: Folha de S.Paulo â 24/12/12.
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NATAL, NATALIDADE
O Natal, festa de um nascimento, parece dia adequado para tratar de uma crise despercebida no Brasil: a dos nascimentos. Desde 2003, quando pela primeira vez se registrou taxa de fecundidade abaixo do nĂvel de reposição da população (2,1 filhos por mulher), os nascimentos caem em ritmo acelerado.
Os dados recentes sugerem que a taxa esteja em 1,8, atingindo jĂĄ 1,5 em cidades do interior de SĂŁo Paulo e Estados do Sul.
O paĂs se aproxima rĂĄpida e perigosamente do colapso demogrĂĄfico de espanhĂłis e italianos (1,2 a 1,3), para nĂŁo falar dos japoneses. Perdemos da França, da SuĂ©cia, dos escandinavos.
O surpreendente (e alarmante) é que até a Argentina e o Uruguai, sociedades maduras, as primeiras a se urbanizarem na América Latina, jå nos deixaram para trås. O normal seria que as sociedades prematuramente envelhecidas do Rio da Prata tivessem menos filhos que nós.
No entanto, nos mapas demogråficos da América Latina, elas aparecem como tendo fecundidade média, ao passo que o Brasil estå na zona de baixa fecundidade.
Os Ășnicos no continente com taxas tĂŁo minguadas sĂŁo cubanos e alguns caribenhos de cultura histĂłrica com mais de um ponto de contato com a brasileira.
E os Estados Unidos, perguntarĂĄ o leitor? Conservam fecundidade alta, graças aos imigrantes, mas essa superioridade começa a mudar. Estudo recente indica que os nascimentos chegaram ao ponto mais baixo desde 1920, devido Ă queda geral de 8% de 2007 a 2010. A queda maior foi entre as mulheres imigrantes (declĂnio de 14%) e das mexicanas (23%), justamente o grupo que antes garantia alta natalidade.
A explicação Ă© a crise econĂŽmica, que atingiu, sobretudo, os grupos vulnerĂĄveis. Para o Brasil, com pleno emprego, salĂĄrios em alta, expansĂŁo do consumo, tal razĂŁo nĂŁo vale. AliĂĄs, um dos paradoxos brasileiros Ă© que outros Ăndices como a violĂȘncia e a criminalidade, que deveriam estar caindo com a moderação demogrĂĄfica e a melhoria do bem estar, continuam a se agravar de modo assustador.
Nos paĂses afetados pela queda da natalidade, o problema estĂĄ no centro das atençÔes. Nos EUA, os Ăndices desencadearam debate intenso. Na RĂșssia, o presidente Putin anunciou um programa de 1,5 trilhĂŁo de rublos (US$ 53 bilhĂ”es) para recuperar a fecundidade. Se falhar, os 143 milhĂ”es de russos serĂŁo apenas 107 milhĂ”es em 2050. Trata-se, como disse o presidente, de questĂŁo de sobrevivĂȘncia da nação.
A França, paĂs histĂłrico da queda da natalidade, inverteu a situação com polĂtica de ĂȘnfase em incentivos a famĂlias com filhos e construção de creches. O mesmo fazem os escandinavos, com resultados que permitiram recuperar parte da fecundidade perdida. Tentam adotar polĂticas similares a Coreia e o JapĂŁo, que temem se converter numa espĂ©cie de asilo para idosos.
No Brasil, o assunto Ă© olimpicamente ignorado. PolĂticas de natalidade ou de imigração soam tĂŁo excĂȘntricas como no tempo em que ainda vivĂamos a explosĂŁo demogrĂĄfica. VĂ©spera de Natal Ă© um bom momento para refletirmos que o nascimento de um ser humano pode fazer uma enorme diferença!
Rubens Ricupero â Fonte: Folha de S.Paulo â 24/12/12.
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