FM - Faculdade Mental

PENSE! - 01/09/2010

PENSANDO NA SOLUÃ‡ÃƒO

NEGÃ“CIOS VERDES
English:
http://www.nytimes.com/2010/08/10/science/earth/10portugal.html
Portugal ganha lideranÃ§a em energia limpa
Por ELISABETH ROSENTHAL
HÃ¡ cinco anos, os lÃderes de Portugal, naÃ§Ã£o ensolarada e varrida pelo vento, fizeram uma aposta: para reduzir a dependÃªncia do paÃs em relaÃ§Ã£o aos combustÃveis fÃ³sseis importados, eles implementaram diversos projetos ambiciosos de energia renovÃ¡vel, aproveitando o vento, os rios, o sol e as ondas locais.
Hoje, os bares de Lisboa, as fÃ¡bricas da cidade do Porto e os glamourosos resorts do Algarve sÃ£o alimentados substancialmente por energia limpa. Quase 45% da eletricidade colocada na rede portuguesa neste ano virÃ¡ de fontes renovÃ¡veis.
E Portugal espera se tornar no ano que vem o primeiro paÃs a inaugurar uma rede nacional de abastecimento de carros elÃ©tricos.
"JÃ¡ vi todos os sorrisos -vocÃª sabe: 'Ã‰ um bom sonho, [mas] nÃ£o dÃ¡ para competir, Ã© caro demais'", disse o primeiro-ministro JosÃ© SÃ³crates.
Para estimular a transiÃ§Ã£o energÃ©tica, o governo reestruturou e privatizou antigas estatais elÃ©tricas, para criar uma rede mais adequada Ã s fontes renovÃ¡veis de energia. Para atrair empresas privadas ao novo mercado, Lisboa ofereceu-lhes contratos que selavam um preÃ§o estÃ¡vel por 15 anos.
Antigas preocupaÃ§Ãµes sobre a confiabilidade e o custo elevado foram superadas. As luzes se acendem em Lisboa mesmo quando o vento nÃ£o sopra na ampla usina eÃ³lica do Alto Minho, inaugurada hÃ¡ dois anos. Os custos da produÃ§Ã£o elÃ©trica e as tarifas ao consumidor estÃ£o em torno da mÃ©dia europeia.
Portugal diz que tem conseguido manter os custos baixos por priorizar as formas mais baratas de energia renovÃ¡vel -eÃ³lica e hidrelÃ©trica- e reduzir gradualmente subsÃdios pagos para convencer empresas a construir novas usinas. Quando a nova infraestrutura estiver completa, o sistema vai custar anualmente cerca de â‚¬ 1,7 bilhÃ£o a menos do que antes, segundo Manuel Pinho, ex-ministro de Economia e InovaÃ§Ã£o e um dos principais mentores da transiÃ§Ã£o.
No ano passado, pela primeira vez, Portugal exportou mais energia do que importou, ao vender uma pequena quantidade de eletricidade para a Espanha. Dezenas de milhares de portugueses trabalham no setor.
A Energias de Portugal, maior empresa do setor no paÃs, Ã© dona de usinas eÃ³licas em Iowa e no Texas, por intermÃ©dio da sua subsidiÃ¡ria americana, a Horizon Wind Energy.
Portugal deu o primeiro passo em 2000, ao separar a distribuiÃ§Ã£o da produÃ§Ã£o. O governo adquiriu, a preÃ§os de mercado, todas as linhas de transporte de eletricidade e gÃ¡s. Em seguida, leiloou contratos para que empresas privadas construÃssem e operassem usinas eÃ³licas e hidrelÃ©tricas.
Manter o paÃs Ã base das forÃ§as altamente imprevisÃveis da natureza Ã© algo que exige novas tecnologias, alÃ©m de habilidades dignas de um malabarista.
A estatal Redes EnergÃ©ticas Nacionais usa um sofisticado sistema para prever o clima, especialmente o vento, e desde o inÃcio da transiÃ§Ã£o duplicou o nÃºmero de controladores encarregados de direcionar a eletricidade.
"Ã‰ uma operaÃ§Ã£o em tempo real, e hÃ¡ muito mais decisÃµes a serem tomadas -a cada hora, a cada segundo", disse Victor Baptista, diretor-geral da REN.
Alguns dos programas combinam energia eÃ³lica e hidrelÃ©trica: turbinas alimentadas pelo vento empurram Ã¡gua morro acima durante a noite, o perÃodo em que venta mais; durante o dia, quando hÃ¡ maior demanda, a Ã¡gua desce o morro, gerando eletricidade.
O sistema de distribuiÃ§Ã£o em Portugal agora tambÃ©m Ã© de mÃ£o dupla. Em vez de simplesmente entregar a eletricidade, ele capta energia atÃ© dos menores geradores, como painÃ©is solares instalados no teto de imÃ³veis.
A enorme aposta portuguesa na energia limpa nÃ£o agradou a todos -inclusive a muitos ambientalistas para os quais as turbinas eÃ³licas interferem no comportamento dos pÃ¡ssaros, e as represas destroem o habitat do sobreiro, Ã¡rvore de que Ã© feita a cortiÃ§a.
O preÃ§o da eletricidade domÃ©stica em Portugal aumentou 15% em cinco anos, segundo a AgÃªncia Internacional de Energia. AlÃ©m disso, os projetos de energia limpa nem sempre geram muitos empregos. HÃ¡ mais de cinco anos, por exemplo, a isolada cidade de Moura recebeu a maior usina solar de Portugal.
Mas, se 400 pessoas construÃram a usina, sÃ³ 20 a 25 trabalham lÃ¡ agora.
Apesar disso, especialistas consideram a experiÃªncia portuguesa um notÃ¡vel sucesso, e outros paÃses estÃ£o imitando-a. Segundo a consultoria americana IHS Emerging Energy Research, atÃ© 2025 Irlanda, Dinamarca e Reino Unido tambÃ©m obterÃ£o 40% da sua eletricidade de fontes renovÃ¡veis.
Os EUA ficarÃ£o para trÃ¡s, com 16%.
"A experiÃªncia de Portugal mostra que Ã© possÃvel fazer essas mudanÃ§as em um perÃodo curtÃssimo", disse SÃ³crates.
Fonte: Folha de S.Paulo - 30/08/10.
Reportagem original em inglÃªs:
http://www.nytimes.com/2010/08/10/science/earth/10portugal.html

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Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olharia o relÃ³gio.
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