PENSANDO EM FONĂMENOS
FENĂMENOS POUCO CONHECIDOS I
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As pedras que se movem.
AtĂ© hoje ninguĂ©m conseguiu explicar por que, misteriosamente, pedras de centenas de quilos deslocam-se do seu ponto de origem pelo deserto de Death Valley. Alguns pesquisadores atribuem tal fenĂŽmeno aos fortes ventos e superfĂcie gelada, mas esta teoria nĂŁo explica, no entanto, por que as pedras se movem lado a lado, em ritmo e direçÔes diferentes. AlĂ©m disso, cĂĄlculos fĂsicos nĂŁo apĂłiam plenamente esta teoria.
(Colaboração: Tadeu - Curitiba)
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PENSAMENTO DA SEMANA
"VocĂȘ pode dar uma festa sem dinheiro. Mas nĂŁo sem amigos".
Paulo Navarro (http://www.pnc.com.br/) - Fonte: O Tempo - 27/07/09.
A IRONIA NO MELHOR ESTILO:
2000 pessoas contraem a gripe suĂna e todo mundo jĂĄ quer usar mĂĄscara.
25 milhĂ”es de pessoas tĂȘm AIDS e ninguĂ©m quer usar preservativo...
(Colaboração: Tadeu - Curitiba)
DE TANCREDO A SARNEY APRENDEMOS MUITO
O Brasil mudou dentro de nós - muito. Não falo só da história recente. Falo de nossa vida interior desde 1964 até hoje. Falo das bobagens, detritos, coloquialismos, escùndalos que criaram uma mutação silenciosa em nossas cabeças.
Antes de 64, o ritmo das coisas tinha a linearidade de um filme acadĂȘmico. Para nĂłs, jovens de esquerda, o paĂs era ameaçado por uma sinistra "direita" - causa de todos os dramas. NĂŁo sabĂamos que Ă©ramos parte do problema. FalĂĄvamos em "luta de classes", mas nĂŁo conhecĂamos a violĂȘncia da "reação".
DizĂamos: "Nosso exĂ©rcito Ă© democrĂĄtico porque Ă© de classe mĂ©dia e a burguesia nacional Ă© progressista. NĂŁo trairĂŁo Jango". Nosso raciocĂnio era uma equação primitiva.
Nada descreve o choque da aparição de Castello Branco na capa da "Manchete". Nunca ouvĂramos falar daquele homenzinho fardado, feio como um ET. Rompeu-se em 64 o sonho de que as "ideias" mudariam o mundo. Dissolveu-se o "futuro harmĂŽnico" de um socialismo imaginĂĄrio. Um general baixinho mandava em todos, acima das "sagradas massas".
Aprendizado: a ignorĂąncia popular, a dureza das coisas, o acaso eram mais fortes que nossos ingĂȘnuos desejos. Fizemos, claro, um diagnĂłstico "histĂłrico": "64 foi um golpe dado pelo conservadorismo das elites diante das massas surgidas na industrialização, com o apoio do imperialismo". Tudo bem - mas, foi muito mais que isso. Foi um golpe dado pela classe mĂ©dia apavorada, com medo de sua prĂłpria "esquerda". NĂŁo havia "operĂĄrios" no Brasil, antes de surgir a alegoria de Lula, para o orgasmo dos intelectuais da Academia. Em 64, descobrimos que nĂŁo havia "massas proletĂĄrias". AchĂĄvamos que Ăamos lutar contra fascistas e "yankees" e fomos vencidos por nossas tias. A adesĂŁo a 64 foi impressionante. Nossos pais, primos, avĂłs, todo mundo (descobrimos) era "de direita".
A derrota do janguismo foi coberta de ridĂculo. Houve um lado "bom" nisso: o pensamento polĂtico que flutuava em certezas teve que se rever. PerdĂȘramos a inocĂȘncia - surgiu a esquerda autocrĂtica que viria fundar o PSDB, duas dĂ©cadas depois. A ela se opĂŽs, desde entĂŁo, a esquerda ortodoxa (apoiada pela igreja idealista e por acadĂȘmicos metafĂsicos), que nĂŁo renegou a antiga fĂ© e desembarcou seus dogmas no PT.
Em 66, começaram as passeatas pela liberdade. Antes do Ato Institucional nÂș 5, havia algum espaço de protestos, com uma vaga permissĂŁo de Castelo e atĂ© de Costa e Silva, num populismo verde-oliva. AchĂĄvamos que a volta da liberdade resolveria tudo. A luta pela democracia nos cegou para o quebra-cabeças de um paĂs maluco, que conhecerĂamos depois.
As manifestaçÔes de rua acabaram com a decretação do Ato Institucional nÂș5, como um final de piada, com d. Iolanda Costa e Silva, nossa perua-Lady Macbeth berrando para o marido jĂĄ "lelĂ©": "Fecha o Congresso, Arthur, fecha!".
Em 68, um raio partiu a vida. A consciĂȘncia nacional conheceu a morte. NĂŁo falo sĂł da tortura ou da violĂȘncia, mas da morte na alma. Acabou a ideia de "povo unido", e começou a Ă©poca dos francos atiradores, dos guerrilheiros suicidas, soltos em paisagens vazias. Quem nĂŁo viveu de 69 a 73 nĂŁo sabe o que Ă© loucura, piração de cabeças. SaĂmos da ilusĂŁo para o desespero. De um lado, a morte heroica na guerrilha, do outro, o "desbunde" na cultura arrasando as melhores mentes no LSD e no misticismo - e tudo cercado pela show da grana multinacional, criando o "milagre" brasileiro, jorrando yuppies endinheirados e dando ao povĂŁo a imagem de grande progresso, feito de TransamazĂŽnica, Itaipu e porrada. Nem reforma agrĂĄria, nem educação - somente a Copa de 70 e um estatismo retumbante, financiado pela onda bancĂĄria internacional.
Em 72, começa a crise do petrĂłleo mundial, provocando a tal "abertura" polĂtica de Geisel (nĂŁo por acaso). A Opep ajudou na demanda de liberdade, pois, sem petro-dĂłlares, a ditadura foi ruindo. Ă medida que a capacidade de endividamento diminuĂa, crescia o desejo de democracia.
Quem ditava as regras? Os militares? NĂŁo: a marcha das coisas. Fomos aprisionados, em 64 para contrair a imensa divida externa que os bancos internacionais nos enfiaram pela goela e "libertados" em 85 para pagĂĄ-la. Assim, veio a democracia.
Todos se "uniram" no "amor Ă PĂĄtria", de Ulisses a QuĂ©rcia, de Tancredo a JoĂŁo Alves, aquele anĂŁo do orçamento (lembram?). Houve a ingĂȘnua ilusĂŁo de que Ă©ramos "irmĂŁos" contra o Mal autoritĂĄrio dos militares. Tancredo morre na porta do Planalto, Sarney assume e, depois, Collor.
Collor fez uma revolução contra si mesmo, expondo com seu narcisismo suicida o absurdo do sistema polĂtico sob as saias da "democracia". Sua loucura escancarada nos abriu os olhos.
Depois, por acaso, por uma paixĂŁo de Itamar, entrou FHC, que nos deu oito anos de vida real e racionalidade, odiado pela inveja de seus colegas da Academia e sabotado pela velha esquerda lotada no PT.
Depois dos oito anos tucanos, chegou Lula paz e amor, dominado pelos bolchevistas de Dirceu, até chegar o "libertador" Jefferson, o iluminista do "mensalão", destruindo a "revolução da corrupção".
Hoje, estamos aprendendo muito e vejo com um "desesperado otimismo" a "sarneização" de Lula. O tsunami de polĂticos nordestinos em quadrilha tem nos ensinado muito sob a oligarquia patrimonialista que nos domina.
Sarney Ă© um doutorado. Quem quiser entender esse homem vĂĄ ao MaranhĂŁo ver a misĂ©ria de um Estado. E quem quiser entender o Brasil estude minuciosamente a vida de Sarney, de 66 atĂ© hoje. Explica o paĂs.
A verdade do Brasil Ă© coloquial, feita de pequenos ladrĂ”es, sujas alianças polĂticas, corrupção endĂȘmica e incompetĂȘncia administrativa. JĂĄ sabemos que somos parte desta estupidez secular.
Prefiro nossa vergonha de hoje aos rostos iluminados dos jovens inocentes de minha geração. Assumir a doença Ă© o inĂcio da sabedoria.
Arnaldo Jabor - Fonte: O Tempo - 28/07/09.
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