RICOS CRESCEM MAIS NO PAÍS QUE NO MUNDO
ÉTICA
Pense muito, pois temos diversos exemplos nesse país.
Veja a charge!
Fonte: Folha de S.Paulo - 28/06/2007.
PALAVRA DA SEMANA: DISCUSSÃO
Essa é boa. em Latim, quatere era "chacoalhar". E dis era "partir", no sentido de "quebrar" ou "dividir". Disquatere, que virou "discutir", seria então pegar um assunto e agitá-lo, até ele se subdividir em partes menores, mais fáceis de ser compreendidas que o total. É por isso que, em qualquer discussão, todos os envolvidos parecem ter sempre um pouco de razão: cada um só vê a parte que lhe interessa.
Max Gehringer - Fonte: Época - Número 475.
RICOS CRESCEM MAIS NO PAÍS QUE NO MUNDO
Com real forte e alta das commodities, 120 mil brasileiros têm US$ 1 mi, crescimento de 10%, contra expansão global de 8,3%. Estudo mostra que 9,5 milhões de pessoas possuem mais da metade do PIB mundial, que foi de US$ 66 tri no ano passado.
O número de milionários no Brasil cresceu 10,1% no ano passado em relação a 2005, para 120 mil pessoas, uma expansão mais acelerada que a da média mundial, que foi de 8,3%, e próxima da registrada na América Latina, de 10,2%. Nesse mesmo período, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro avançou 3,7%.
De acordo com estudo da Merrill Lynch e da Capgemini, a alta no preço de commodities como soja e petróleo e a valorização do real em relação ao dólar influenciaram o crescimento no país do total de pessoas com ativos financeiros de pelo menos US$ 1 milhão. Além disso, a alta no consumo privado e nos investimentos e a queda na inflação colaboraram para a expansão.
Na comparação com os demais Brics (grupo dos grandes emergentes que tem também Rússia, Índia e China), o Brasil só avançou em número de milionários mais do que os chineses. Na China -cuja economia se acelerou em 10,7% em 2006-, o total de milionários cresceu 7,8%, na Rússia, 15,5%, e na Índia, 20,5%. A maior alta foi em Cingapura, onde o número cresceu 21,2%.
Mas a China continua a ser, entre os Brics, o país que tem mais pessoas com pelo menos US$ 1 milhão: 345 mil. O Brasil é o segundo, seguido por Rússia, com 119 mil pessoas, e Índia, 100 mil. Os EUA são o país com mais milionários, 2,920 milhões -o total cresceu 9,4% no ano passado.
O Brasil é o 10º país com maior desigualdade da renda no mundo entre 126 nações, segundo estudo do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) do final do ano passado, ficando a frente de países como Bolívia, Serra Leoa e Lesoto.
No ano passado, a soma da riqueza dos milionários cresceu em seu ritmo mais rápido em sete anos, 11,4%, atingindo US$ 37,2 trilhões. Só na América Latina, região onde houve o maior avanço, ela se expandiu em 23,2% em 2006.
Assim, os 9,5 milhões de pessoas que têm pelo menos US$ 1 milhão controlaram mais da metade do PIB mundial de 2006, que foi de US$ 66,229 trilhões em paridade de poder de compra, segundo o FMI.
Eles possuem mais de 30 vezes o PIB brasileiro, que foi de US$ 1,068 trilhão, e quase três vezes o dos EUA, o maior do mundo, de US$ 13,245 trilhões. O patrimônio per capita dos milionários foi de US$ 3,916 milhões.
O estudo também mostrou que o total de "ultramilionários", aqueles que têm mais de US$ 30 milhões, cresceram 11,3%, para 94.970 pessoas. Juntas, elas possuem uma fortuna de US$ 13,1 trilhões.
Levantamento da revista "Forbes" mostrou que existiam, no ano passado, 946 bilionários no mundo -16 deles brasileiros-, que, juntos, possuíam uma fortuna de US$ 3,5 trilhões. (ÁLVARO FAGUNDES)
Fonte: Folha de S.Paulo - 28/06/2007.
EDUCAÇÃO: PRIORIDADE N° 1
NÃO CONHECIA esse tipo de cálculo. Sabia que a educação é a energia básica para tocar um país. Para cada ano de educação corresponde um acréscimo de remuneração das pessoas e um aumento do PIB.
Os retornos dos investimentos em educação são enormes. Comprar uma máquina alavanca a produtividade e faz o país crescer. Mas educar bem um jovem dá um resultado muito maior. É a superioridade do capital humano sobre o capital físico.
O Banco Mundial acaba de apresentar alguns resultados de uma conta diferente no campo da educação e que partiu da seguinte pergunta: quanto o país perde quando todo um grupo etário (coorte) abandona a escola precocemente? Dizendo ser uma estimativa conservadora, o banco conclui que o Brasil deixa de gerar R$ 755 milhões devido ao abandono escolar precoce de uma única faixa etária.
E quanto significa essa perda ao longo da vida de toda a geração que abandonou a escola precocemente? R$ 300 bilhões. É isso mesmo: trezentos bilhões de reais! (Banco Mundial, "Jovens em situação de risco no Brasil", vol. 1, Brasília, 2007).
Historicamente, o Brasil tem mantido um sistema educacional com muitas perdas. É como um caminhão que transporta ovos que vão quebrando pelo caminho. Ao longo dos anos, esse negócio se revela precário. No caso da educação, o grupo etário (coorte) considerado teria ganho R$ 300 bilhões a mais se não tivesse abandonado a escola precocemente.
O estudo compara o Brasil com vários outros países. Os dados são preocupantes. O nível educacional dos jovens brasileiros é muito mais baixo do que o dos países mais populosos da América Latina. Isso levou o Banco Mundial a concluir que a futura geração não será competitiva nem na América Latina nem no mundo. Tudo isso devido às grandes perdas (quantitativas e qualitativas) que ocorrem no sistema educacional.
São perdas lastimáveis e que não podem ser recuperadas. O que se perdeu não volta mais. E, como educar é um processo lento, teremos de investir bem durante muitos anos para chegarmos ao padrão mínimo de educação requerido pela sociedade de conhecimentos.
Com todas as reformas que estão sendo anunciadas, e assumindo que todas sejam implementadas, o Ministério da Educação nos diz que nossas escolas chegarão àquele padrão dentro de 15 anos.
Não adianta chorar o leite derramado. É arregaçar as mangas e trabalhar intensamente para que nossos netos possam repetir os cálculos do Banco Mundial, daqui a 30 anos, e dizer: paramos de perder no sistema educacional. Daqui para a frente tudo seria ganho.
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES - Fonte: Folha de S.Paulo - 01/07/2007.
POLÍTICA E EDUCAÇÃO
"Como a qualidade da educação não é valorizada pela sociedade, melhorá-la não traz nenhum prêmio político"
Alguns anos atrás, perguntei a um grande empresário por que ele não fazia o lobby da educação fundamental, reclamando com ministros e autoridades. Respondeu-me, laconicamente: já havia tentado, sem êxito. Ele tinha razão. Brasília não é o local para brigar pela qualidade da educação. Entre outras coisas, o MEC não opera escolas nesse nível. Grande parte da educação inicial é do município, que paga a conta, contrata os professores e administra o sistema. E é lá também que a politicagem entra pela porta dos fundos. Note-se que 60% dos diretores são escolhidos politicamente.
E isso acontece porque a lógica do sistema é perversa. Imaginemos que o prefeito tivesse um caderno de contabilidade, com páginas para os ganhos e páginas para as perdas (definidas de forma abrangente: políticas ou financeiras). Para saldar uma dívida de campanha, o prefeito nomeia como diretora a cunhada do seu cabo eleitoral ou a amiga do deputado – imbecis perfeitas que vão azedar o clima da escola. Essa nomeação rende para o prefeito uma anotação na conta de ganhos e nenhuma na conta de perdas, pois ninguém reclama. Alunos e pais não entendem ou não sabem mostrar politicamente a sua insatisfação. O mesmo ocorre com a contratação de merendeiras desnecessárias, o leilão dos cargos em comissão e o comércio das transferências.
Há prefeitos de desempenho impecável. Mas as boas intenções de alguns não resistem à tentação de entrar em um jogo (legal) no qual só existem ganhos. Contudo, tal jogo é profundamente lesivo para a educação. Pior, como a qualidade da educação não é valorizada pela sociedade, melhorá-la não traz nenhum prêmio político. Portanto, se não mudarem as regras do jogo, fica difícil melhorar o ensino. A solução óbvia e possível é fazer com que o jogo político passe a produzir também perdas. Aí está o papel do empresariado local e do terceiro setor. Além do poder dos seus decibéis, as maiores empresas locais são assediadas pelos prefeitos e secretários, com pedidos de quadras esportivas e tudo o mais.
Há duas linhas possíveis de atuação. Uma delas é, simplesmente, tomar os resultados da Prova Brasil ou do Ineb e cobrar melhorias do prefeito ou do secretário de Educação. Basta levar uma tabela e mostrar: "Vocês estão aqui. Onde prometem estar em dois anos?". Ou então ir diretamente às escolas, para fazer o mesmo pacto com as diretoras, visando a melhorias nas pontuações. Em ambos os casos, ganhos serão recompensados (prêmios, computadores, medalhas, diplomas?) e retrocessos criarão constrangimentos. A segunda alternativa é entrar na lógica da escola e substituir os mecanismos perversos por outros virtuosos. Que empresário já visitou alguma escola pública de sua vizinhança? Quantos sabem como as pessoas se sentirão valorizadas com sua visita? Mas, durante a visita, muito do errado feito pela administração será desvendado. Por que não almoçar todo mês com o secretário de Educação ou com o prefeito, para falar de educação? Sem arrogância nem agressão, ele vai deixar claro para o prefeito que as decisões que apenas produziram ganhos podem passar a ter perdas, pois empresários (e o terceiro setor) falam alto e têm poder. Faz pouco, um empresário recebeu vários pedidos do prefeito. Com toda a amabilidade, ele prometeu tudo o que foi pedido. Apenas disse que antes da aprovação definitiva gostaria de conversar mais sobre educação. Esse prefeito vai pensar duas vezes antes de nomear outro imbecil, como moeda de troca da política. E vai ficar ainda mais preocupado se o empresário mandar seu contador verificar como estão sendo gastos os orçamentos da educação.
O empresário deverá transmitir aos políticos locais três mensagens: 1) A única prioridade é melhorar a qualidade da educação inicial; 2) Escola é como empresa; se não buscar a eficiência com método e competência, ela não virá; 3) A política deverá ser banida da escola, pois é inaceitável. Se os empresários repetirem isso e cobrarem resultados com energia, farão uma revolução na educação dos seus municípios – e a custo praticamente zero.
Claudio de Moura Castro - Fonte: Veja - Edição 2014.
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