FM - Faculdade Mental

PENSE! - 07/05/2006

Ã‰ CURIOSO!

CURIOSO!

Na primeira quinta-feira de Maio aos dois minutos e trÃªs segundos depois da Uma Hora da madrugada, o tempo e data foram:

01:02:03 04/05/06

E esta seqÃ¼Ãªncia exata de nÃºmeros sÃ³ voltarÃ¡ a acontecer dentro de mil anos. Sinta-se, pois um iluminado por ter vivido mais esse momento Ãºnico dentro de seu perÃodo de vida.

(ColaboraÃ§Ã£o: Waldeyr)

Vamos acabar com as notas

"Imaginem um sistema geral de auto-avaliaÃ§Ã£o em que os alunos
nÃ£o mais estudariam para as provas, mas estudariam para ser Ãºteis na vida"

Damos notas a hotÃ©is, a videogames e a tipos de cafÃ©. Mas faz sentido dar notas a seres humanos como fazem as escolas e nossas universidades? NinguÃ©m dÃ¡ a Beethoven ou Ã Quinta Sinfonia uma nota como 6.8, por exemplo.

O que significa dar uma "nota" a um ser humano? Que naquele momento da prova, ele sabia x% de tudo o que os professores gostariam que ele soubesse da matÃ©ria. Mas saber "algo" significa alguma coisa hoje em dia? Significa que vocÃª criarÃ¡ "algo" no futuro? Que vocÃª serÃ¡ capaz de resolver os inÃºmeros problemas que terÃ¡ na vida? Que serÃ¡ capaz de resolver os problemas desta naÃ§Ã£o?

Ã‰ possÃvel medir a capacidade criativa de um aluno? Quantos alunos tiraram nota zero justamente porque foram criativos ou criativos demais? Por isso, nÃ£o damos notas a Beethoven nem a Picasso, nÃ£o hÃ¡ como medir criatividade.

Muitos vÃ£o argumentar que o problema Ã© somente aperfeiÃ§oar e melhorar o sistema de notas, que obviamente nÃ£o Ã© perfeito e as suas falhas precisam ser corrigidas.

Mas e se, em vez disso, abolÃssemos o conceito de notas? Na vida real, ninguÃ©m nos darÃ¡ notas a cada prova ou semestre. VocÃª sÃ³ perceberÃ¡ que nÃ£o estÃ¡ sendo promovido, que as pessoas nÃ£o retornam mais seus telefonemas ou que vocÃª nÃ£o estÃ¡ mais agradando.

AliÃ¡s, saber se vocÃª estÃ¡ agradando ou nÃ£o Ã© justamente uma competÃªncia que todo mundo deveria aprender para poder ter um mÃnimo de desconfiÃ´metro. Ou seja, deverÃamos ensinar a auto-avaliaÃ§Ã£o. Com os alunos se auto-avaliando, dar notas seria contraproducente. NÃ£o ensinamos a tÃ©cnica de auto-avaliaÃ§Ã£o, tanto Ã© que inÃºmeros profissionais nÃ£o estÃ£o agradando nem um pouco como professores e, mesmo assim, se acham no direito de dar notas a um aluno.

O sistema de "dar" notas estÃ¡ tÃ£o enraizado no nosso sistema educacional que nem percebemos mais suas nefastas conseqÃ¼Ãªncias. Muitos alunos estudam para tirar boas "notas", nÃ£o para aprender o que Ã© importante na vida. Depois de formados, entram em depressÃ£o pois nÃ£o entendem por que nÃ£o arrumam um emprego apesar de terem tido excelentes "notas" na faculdade. Foram enganados e induzidos a pensar que o objetivo da educaÃ§Ã£o Ã© passar de ano, tirar nota 5 ou 7, o mÃnimo necessÃ¡rio.

NinguÃ©m estuda mais pelo amor ao estudo, mas pelas cenouras que colocamos na sua frente. Ou seja, as "notas" de fim de ano. Educamos pelo mÃ©todo da pressÃ£o e puniÃ§Ã£o. Quando adultos, esses jovens continuarÃ£o no mesmo padrÃ£o. SÃ³ trabalharÃ£o pelo salÃ¡rio, nÃ£o pela profissÃ£o.

Se o seu filho nÃ£o quer estudar, nÃ£o o force. Simplesmente corte a mesada e o obrigue a trabalhar. Ele logo descobrirÃ¡ que sÃ³ sabe ser garÃ§om ou porteiro de fÃ¡brica. Depois de dois anos no batente ele terÃ¡ uma enorme vontade de estudar. NÃ£o para obter notas boas, mas para ter uma boa profissÃ£o.

Robert M. Pirsig, o autor do livro Zen e a Arte da ManutenÃ§Ã£o de Motocicletas, testou essa idÃ©ia em sala de aula e, para sua surpresa, os alunos que mais reclamaram foram os do fundÃ£o. SÃ£o os piores alunos que querem notas e provas de fim de ano. Os melhores alunos jÃ¡ sabem que passaram de ano, muitos nem se dÃ£o ao trabalho de buscar o diploma.

Sem notas, os piores alunos seriam obrigados a estudar, nÃ£o poderiam mais colar nas provas e se auto-enganar. Provas nÃ£o provam nada, o desempenho futuro na vida Ã© que Ã© o teste final.

Imaginem um sistema geral de auto-avaliaÃ§Ã£o em que os alunos nÃ£o mais estudariam para as provas, mas estudariam para ser Ãºteis na vida. Imaginem um sistema educacional em que a maioria dos alunos nÃ£o esqueceria tudo o que aprendeu no 1Âº ano, mas, pelo contrÃ¡rio, se lembraria de tudo o que Ã© necessÃ¡rio para sempre.
CriarÃamos um sistema educacional em que o aluno descobriria que nÃ£o Ã© o professor que tem de dar notas, Ã© o prÃ³prio aluno. Todo mÃªs, todo dia, todo semestre, pelo resto de sua vida.

(Stephen Kanitz Ã© administrador por Harvard)
Fonte: Veja â€“ nr.18 . 10-05-06.