PENSANDO NA NOVA GERAĂĂO
COMPLEXA E DIVERSA
English:
http://www.nytimes.com/2012/02/15/arts/design/the-ungovernables-the-new-museums-triennial-show.html?pagewanted=all
Uma pessoa qualquer que tivesse visitado o New Museum, em Nova York, no inĂcio de fevereiro poderia ter imaginado que o quarto andar estivesse em obras. Era quase impossĂvel andar por ele sem pisar num pedaço de madeira ou numa pilha de entulho.
Mas havia algo de incomum nessa cena de destruição: no meio de tudo, uma torre cinzenta grosseira, feita do que aparentava ser cimento, erguia-se do piso até o teto.
Intitulado "A Person Loved me" ("Uma Pessoa me Amou"), o objeto Ă© uma das atraçÔes principais da "The Ungovernables" (Os IngovernĂĄveis), a trienal do museu, que estĂĄ em curso. Foi feito principalmente com argila, um dos mais antigos e mais simples materiais usados no mundo para fazer arte. Uma equipe de seis homens e mulheres da Argentina montou, moldou e esculpiu a peça, trabalhando sete dias por semana durante um mĂȘs sob a direção de um escultor de 31 anos chamado AdriĂĄn Villar Rojas.
Criado e educado em RosĂĄrio, a terceira maior cidade da Argentina, Rojas foi escolhido para representar seu paĂs na Bienal de Veneza de 2011, onde suas esdrĂșxulas estruturas de argila viraram um sucesso inesperado.
Ele começou a usar argila porque custava pouco, era fĂĄcil de encontrar e seu carĂĄter grosseiramente fĂsico formava um contraste com o visual etĂ©reo de muitos trabalhos de influĂȘncia conceitualista de artistas argentinos respeitados. Mas a prĂłpria argila começou a moldar suas ideias sobre o tipo de trabalho que ele queria criar.
"Veja isto daqui: sĂł terminamos isto ontem", falou, mostrando a um visitante uma parte da escultura. De cor cinzenta e marcada por fendas profundas, parecia algo que acabara de ser desenterrado por arqueĂłlogos.
"Ă uma ruĂna instantĂąnea", explicou Rojas, ele prĂłprio parecendo quase um objeto antigo, com cabelos e Ăłculos recobertos de pĂł de argila. "Essa Ă© a dĂĄdiva que o material nos faz."
Ele vĂȘ os trabalhos como ruĂnas do futuro -escombros de civilizaçÔes ainda por vir.
Como muitas ruĂnas, a prĂłpria escultura serĂĄ demolida pouco apĂłs o tĂ©rmino da trienal, em 22 de abril, tanto porque nĂŁo existe uma boa maneira de desmontĂĄ-la para tirĂĄ-la do museu quanto porque, nas palavras de Rojas, "eu gosto da ideia de nĂŁo possuir um conjunto de trabalhos".
A equipe que ajuda a construir as monstruosidades dele se parece menos com um grupo de assistentes de estĂșdio quanto com uma banda, da qual Rojas seria o vocalista e um dos compositores.
Ao longo dos Ășltimos dois anos, enquanto sua fama cresce, o grupo viaja como uma banda numa turnĂȘ extensa: para Equador, Alemanha, MĂ©xico, ColĂŽmbia, ItĂĄlia, França. E, agora, Nova York. Em cada local, o grupo cria trabalhos como uma performance improvisada. Embora as esculturas nĂŁo sejam improvisadas, elas incorporam ideias de todas as pessoas do grupo e evoluem enquanto sĂŁo construĂdas.
O modus operandi do grupo -ficar em movimento constante e, aparentemente, ir criando suas próprias regras ao longo do caminho- é uma das poucas coisas facilmente identificåveis que ele compartilha com os 34 artistas, grupos de artistas e coletivos que compÔem a trienal.
A curadora da trienal, Eungie Joo, passou um ano e meio percorrendo mais de 20 paĂses para escolher os participantes, em sua maioria nascidos entre meados dos anos 1970 e meados dos anos 1980. Num dia, enquanto almoçava com Rojas no saguĂŁo do museu, ela disse que a primeira coisa que precisou reconhecer foi que essa geração "Ă© diversificada e complexa demais para permitir generalizaçÔes".
Mas Joo considerou que esses artistas estĂŁo unidos pelo fato de terem alcançado a maioridade numa era de desilusĂ”es, muitos deles em paĂses e regiĂ”es que tinham derrotado o colonialismo apenas para sofrer sob ditaduras, crises econĂŽmicas globais e outros problemas polĂticos e culturais endĂȘmicos (com seu foco forte sobre o Oriente MĂ©dio, a Ăsia e a AmĂ©rica do Sul, a trienal inclui apenas trĂȘs artistas plĂĄsticos nascidos nos EUA).
Embora Joo tenha iniciado sua busca antes do movimento Ocupe Wall Street e dos primeiros levantes da Primavera Ărabe, o espĂrito que impulsiona os dois movimentos estĂĄ na mostra.
O artista brasileiro Jonathas de Andrade, 29, que participa da trienal, explicou assim sua geração: "Quando paramos de nos mover, somos um quadro simples. Quando nos movimentamos, produzimos reflexÔes constantes. Nós nos adaptamos. Interferimos. Provocamos".
Por Randy Kennedy - Fonte: Folha de S.Paulo - 05/03/12.
MatĂ©ria original em inglĂȘs:
http://www.nytimes.com/2012/02/15/arts/design/the-ungovernables-the-new-museums-triennial-show.html?pagewanted=all
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ABRAHAM SHAPIRO
Navegando hĂĄ vĂĄrios meses sem que os marujos tomassem banho ou trocassem de roupas, o que nĂŁo era novidade na Marinha Mercante britĂąnica, o navio fedia.
O CapitĂŁo chama seu Imediato:
--- Mr. Simpson, o navio fede. Mande os homens trocarem de roupa!
--- Yes, Sir!
Simpson reĂșne seus homens e diz:
--- Sailors, o CapitĂŁo estĂĄ se queixando do fedor a bordo e manda todos trocarem de roupa. David troque a camisa com John. John troque a sua com Peter. Peter troque a sua com Alfred. Alfred troque a sua com Fred...
E assim prosseguiu. Quando todos tinham feito as devidas trocas, ele retorna ao CapitĂŁo e diz:
--- Sir, todos jĂĄ trocaram de roupa.
O CapitĂŁo, visivelmente aliviado, manda prosseguir a viagem.
VocĂȘ acaba de entender exatamente o que Ă© o Brasil no governo atual.
Fonte: Ney Marques da Silva (Colaboração: A. M. Borges)
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