TEMPLO RECICLÁVEL
WAT PA MAHA CHEDI KAEW
English: http://www.daylife.com/search?q=The+Wat+Pa+Maha+Chedi+Kaew+temple
Os monges do templo budista Wat Pa Maha Chedi Kaew encontraram um modo ecológico de atingir o nirvana: a reciclagem. A construção, iniciada em 1984, já empregou 1,5 milhão de garrafas de vidro – e é ampliada conforme chegam novas doações de vasilhames. O vidro não é o único material reaproveitado. Tampinhas foram usadas para criar os mosaicos que decoram as paredes internas do templo.
Fonte: Época - Número 545.
É PRECISO AVANÇAR NO COMBATE À POBREZA
Durante a Conferência do Milênio, em 2000, chefes de Estado de todos os países da América Latina e do Caribe se uniram aos líderes de outras partes do mundo para fazer promessas ambiciosas, mas bastante sérias: os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), um plano de ação concreto que estabelece metas quantificáveis nas áreas de saúde, educação, pobreza, fome, meio ambiente e igualdade de gênero, temas que continuam sendo um desafio para nossa região.
No último dia 25 de setembro, os líderes se reuniram novamente para discutir os ODM e avaliar em que áreas o mundo pode fazer mais para alcançá-los até 2015.
Os objetivos são alcançáveis, mas demandam ações articuladas, criativas e decisivas por parte da comunidade internacional.
É precisamente por esse motivo que o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu aos líderes do mundo que apresentassem, nesse encontro de alto nível, planos concretos e os próximos passos para cumprir esses compromissos.
Temos presenciado melhoras importantes ao redor do mundo. O resultado é que já foram alcançadas, antes do prazo, algumas metas essenciais dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Na América Latina, países como Chile, Brasil, Equador e El Salvador têm se destacado pelo compromisso e pelas ações concretas para o cumprimento dos ODM.
Em parte graças ao fortalecimento de programas sociais de grande envergadura, o Brasil já alcançou a meta de redução da pobreza estabelecida pela ONU, está prestes a universalizar o acesso ao ensino fundamental e, no ritmo atual, deverá atingir a maior parte das metas nacionais.
Em algumas áreas, o governo federal já assumiu compromissos mais ambiciosos do que o previsto nas metas do milênio: o Brasil se comprometeu, por exemplo, a reduzir a um quarto a pobreza extrema, enquanto a meta demandava apenas a redução pela metade da proporção da população que vive com renda inferior a um dólar por dia. Do mesmo modo, em vez de reduzir à metade a proporção de pessoas que sofrem com a fome, o país se comprometeu a eliminar esse problema até 2015.
O estabelecimento de metas mais rigorosas é revelador das dimensões e das complexidades do país, que também se posiciona na esfera internacional como uma importante liderança na construção de um sistema multilateral mais eqüitativo.
Mas não há dúvidas de que o maior desafio do Brasil nos próximos anos será transformar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio em uma realidade para todas e todos, garantindo que as diferentes metas sejam atingidas em todas as regiões do país e pelos diferentes grupos sociais.
A América Latina tem bons motivos para celebrar, mas ainda há muito a ser feito. Existe uma grande heterogeneidade na região no que se refere aos resultados conquistados. O mais importante é que devemos ser mais ambiciosos e analisar a situação além das médias nacionais.
Sabemos que é preciso um esforço renovado para chegar às populações marginalizadas. Para que essa ambição fique ao nosso alcance, terão de ser garantidos os compromissos assumidos na última reunião dos ODM sobre a necessidade de que os maiores esforços venham do mundo desenvolvido. Especificamente, é necessário garantir simultaneamente o aumento da ajuda aos países que mais precisam dela e a implementação de medidas para a expansão dos fluxos comerciais e a abertura de novos mercados para as exportações por meio de acordos multilaterais.
Trata-se de um momento crítico, dado que a desaceleração da economia, os altos preços dos alimentos e dos combustíveis e as mudanças do clima ameaçam os progressos já conquistados.
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio são realizáveis, mas somente se os líderes mundiais cumprirem seus compromissos e adotarem medidas positivas e rápidas para melhorar a situação de todos, independentemente de quem sejam e de onde venham.
Temos todos o papel, como cidadãos responsáveis, de apoiar os esforços dos governos para cumprir essas promessas e aumentar a intensidade de suas ações nos próximos sete anos -nas áreas de saúde, renda, educação, recursos, nutrição- para pôr fim à pobreza e melhorar a eqüidade na América Latina e além dela.
Rebeca Grynspan é a diretora regional para a América Latina e o Caribe do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Fonte: Folha de S.Paulo - 26/10/08.
Pnud Brasil - http://www.pnud.org.br/home/
PLANETA DOS MACACOS
A gente sempre acaba caindo obtusamente no mesmo engano. A gente sempre repete o ciclo da borracha. Primeiro: ganhamos uma montanha de dinheiro vendendo algo como uma seiva gosmenta. Segundo: somos inundados de moeda estrangeira. Terceiro: erguemos um Teatro de Ópera bem no meio do mato, onde podemos usar nossas cartolas. Quarto: lá fora, o valor da seiva gosmenta despenca. Quinto: a moeda estrangeira some de uma hora para a outra, e o que resta da belle époque matuta, no melhor dos casos, é uma epidemia de malária.
A quebra da economia global tem sido tratada como um fato incomum, anormal, imprevisto. Mas o que ocorreu foi o contrário: incomum, anormal e imprevisto é o período que está terminando agora. Nos últimos anos, todas as regras do mercado foram achincalhadas. E ninguém pagou por isso. Como ocorreu com Dorothy na Terra de Oz, homens de lata e macacos alados passaram a ocupar nosso cotidiano empresarial e financeiro. A quebra da economia global é apenas um retorno de Dorothy à sua fazenda no Kansas. É um retorno à realidade, trilhando a estrada de tijolos amarelos.
A Argentina é um macaco alado. Depois de aplicar um calote em seus credores internacionais, conseguiu crescer ininterruptamente por todos estes anos. Na Terra de Oz da economia globalizada, a Argentina, ao invés de ser punida, foi recompensada. Isso é incomum, isso é anormal, isso é imprevisto. Alguns dias atrás, sem crédito, sem saber como pagar as contas, a Dorothy de La Plata, Cristina Kirchner, simplesmente decidiu confiscar o capital dos fundos de aposentadoria privados. Acabou a Argentina imaginária do milagre peronista. A Argentina real é a do confisco, do abuso, do golpe.
O sistema hipotecário americano? Um macaco alado. O mercado imobiliário espanhol? Um macaco alado. A tese do descolamento dos emergentes? Um macaco alado. O real sobrevalorizado? Um macaco alado. O petróleo? Um macaco alado. Quando o barril de petróleo chegou aos 100 dólares, todos os analistas declararam que a economia mundial desabaria. O barril de petróleo continuou a subir, e ninguém deu a menor pelota. Agora se sabe qual é a realidade do petróleo – o produto está sobrando. Vladimir Putin? Hugo Chávez? Pré-sal de Lula? Macacos alados.
Em dezembro, a China vai comemorar os trinta anos de abertura da sua economia. Algum tempo terá de passar antes que a gente possa avaliar direitinho o que mudou no período. Foi um acontecimento único, que só pode ser comparado ao fim do escravismo ou ao emprego da máquina a vapor. A China foi o redemoinho que nos arrastou até a Terra de Oz do comércio internacional. De volta à realidade mais tacanha, da fazenda do Kansas, temos de tirar a cartola e nos preparar para a epidemia de malária.
Diogo Mainardi - Fonte: Veja - Edição 2084.
O QUE PODE CRIAR UM MONSTRO?
O que pode criar um monstro? O que leva um rapaz de 22 anos a estragar a própria vida e a vida de outras duas jovens por… Nada?
Será que é índole? Talvez, a mídia? A influência da televisão? A situação social da violência? Traumas? Raiva contida? Deficiência social ou mental? Permissividade da sociedade? O que faz alguém achar que pode comprar armas de fogo, entrar na casa de uma família, fazer reféns, assustar e desalojar vizinhos, ocupar a polícia por mais de 100 horas e atirar em duas pessoas inocentes?
O rapaz deu a resposta: 'ela não quis falar comigo'. A garota disse não, não quero mais falar com você. E o garoto, dizendo que ama, não aceitou um não. Seu desejo era mais importante.
Não quero ser mais um desses psicólogos de araque que infestam os programas vespertinos de televisão, que explicam tudo de maneira muito simplista e falam descontextualizadamente sobre a vida dos outros sem serem chamados. Mas ontem, enquanto não conseguia dormir pensando nesse absurdo todo, pensei que o não da menina Eloá foi o único. Faltaram muitos outros nãos nessa história toda.
Faltou um pai e uma mãe dizerem que a filha de 12 anos NÃO podia namorar um rapaz de 19. Faltou uma outra mãe dizer que NÃO iria sucumbir ao medo e ir lá tirar o filho do tal apartamento a puxões de orelha. Faltou outros pais dizerem que NÃO iriam atender ao pedido de um policial maluco de deixar a filha voltar para o cativeiro de onde, com sorte, já tinha escapado com vida. Faltou a polícia dizer NÃO ao próprio planejamento errôneo de mandar a garota de volta pra lá. Faltou o governo dizer NÃO ao sensacionalismo da imprensa em torno do caso, que permitiu que o tal sequestrador conversasse e chorasse compulsivamente em todos os programas de TV que o procuraram. Simples assim. NÃO. Pelo jeito, a única que disse não nessa história foi punida com uma bala na cabeça.
O mundo está carente de nãos. Vejo que cada vez mais os pais e professores morrem de medo de dizer não às crianças. Mulheres ainda têm medo de dizer não aos maridos ( e alguns maridos, temem dizer não às esposas ). Pessoas têm medo de dizer não aos amigos. Noras que não conseguem dizer não às sogras, chefes que não dizem não aos subordinados, gente que não consegue dizer não aos próprios desejos. E assim são criados alguns monstros. Talvez alguns não cheguem a sequestrar pessoas. Mas têm pequenos surtos quando escutam um não, seja do guarda de trânsito, do chefe, do professor, da namorada, do gerente do banco. Essas pessoas acabam crendo que abusar é normal. E é legal.
Os pais dizem, 'não posso traumatizar meu filho'. E não é raro eu ver alguns tomando tapas de bebês com 1 ou 2 anos. Outros gastam o que não têm em brinquedos todos os dias e festas de aniversário faraônicas para suas crias. Sem falar nos adolescentes. Hoje em dia, é difícil ouvir alguém dizer não, você não pode bater no seu amiguinho. Não, você não vai assistir a uma novela feita para adultos. Não, você não vai fumar maconha enquanto for contra a lei. Não, você não vai passar a madrugada na rua. Não, você não vai dirigir sem carteira de habilitação. Não, você não vai beber uma cervejinha enquanto não fizer 18 anos. Não, essas pessoas não são companhias pra você. Não, hoje você não vai ganhar brinquedo ou comer salgadinho e chocolate. Não, aqui não é lugar para você ficar. Não, você não vai faltar na escola sem estar doente. Não, essa conversa não é pra você se meter. Não, com isto você não vai brincar. Não, hoje você está de castigo e não vai brincar no parque.
Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes NÃOS crescem sem saber que o mundo não é só deles. E aí, no primeiro não que a vida dá ( e a vida dá muitos ) surtam. Usam drogas. Compram armas. Transam sem camisinha. Batem em professores. Furam o pneu do carro do chefe. Chutam mendigos e prostitutas na rua. E daí por diante.
Não estou defendendo a volta da educação rígida e sem diálogo, pelo contrário. Acredito piamente que crianças e adolescentes tratados com um amor real, sem culpa, tranquilo e livre, conseguem perfeitamente entender uma sanção do pai ou da mãe, um tapa, um castigo, um não. Intuem que o amor dos adultos pelas crianças não é só prazer - é também responsabilidade. E quem ouve uns nãos de vez em quando também aprende a dizê-los quando é preciso. Acaba aprendendo que é importante dizer não a algumas pessoas que tentam abusar de nós de diversas maneiras, com respeito e firmeza, mesmo que sejam pessoas que nos amem. O não protege, ensina e prepara.
Por mais que seja difícil, eu tento dizer não aos seres humanos que cruzam o meu caminho quando acredito que é hora - e tento respeitar também os nãos que recebo. Nem sempre consigo, mas tento. Acredito que é aí que está a verdadeira prova de amor. E é também aí que está a solução para a violência cada vez mais desmedida e absurda dos nossos dias. Ronaldo Gimenes.
(Colaboração: Cleide - SP)
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