HÁ QUE SE PENSAR MUITO...
O POVO NÃO ESTÁ PREPARADO PARA O AUTOATENDIMENTO
Veja a charge e pense nisso!!!
O CACHORRO VELHO
Uma velha senhora foi para um safari na África e levou seu velho vira-lata com ela. Um dia, caçando borboletas, o velho cão, de repente, deu-se conta de que estava perdido. Vagando a esmo, procurando o caminho de volta, o velho cão percebe que um jovem leopardo o viu e caminha em sua direção, com intenção de conseguir um bom almoço. O cachorro velho pensa:
-"Oh,oh! Estou mesmo enrascado! Olhou à volta e viu ossos espalhados No chão por perto. Em vez de apavorar-se mais ainda, o velho cão ajeita-se junto ao osso mais próximo, e começa a roê-lo, dando as costas ao predador. Quando o leopardo estava a ponto de dar o bote, o velho cachorro exclama bem alto:
-Cara, este leopardo estava delicioso! Será que há outros por aí?
Ouvindo isso, o jovem leopardo, com um arrepio de terror, suspende seu ataque, já quase começado, e se esgueira na direção das árvores.
-Caramba! pensa o leopardo, essa foi por pouco ! O velho vira-lata quase Me pega!
Um macaco, numa árvore ali perto, viu toda a cena e logo imaginou como fazer bom uso do que vira: em troca de proteção para si, informaria ao predador que o vira-lata não havia comido leopardo algum... E assim foi, rápido, em direção ao leopardo. Mas o velho cachorro o vê correndo na direção do predador em grande velocidade, e pensa:
-Aí tem coisa!
O macaco logo alcança o felino, cochicha-lhe o que interessa e faz um acordo com o leopardo. O jovem leopardo fica furioso por ter sido feito de bobo, e diz:
-"Aí, macaco! Suba nas minhas costas para você ver o que acontece com aquele cachorro abusado!"
Agora, o velho cachorro vê um leopardo furioso, vindo em sua direção, com um macaco nas costas, e pensa:
-E agora, o que é que eu posso fazer? Mas, em vez de correr (sabe que suas pernas doídas não o levariam longe...), o cachorro senta, mais uma vez dando costas aos agressores, e fazendo de conta que ainda não os viu, e quando estavam perto o bastante para ouvi-lo, o velho cão diz:
-"Cadê o safado daquele macaco? Estou com fome! Eu o mandei buscar outro leopardo para mim!”
Moral da história: não mexa com cachorro velho... idade e habilidade se sobrepõem à juventude e intriga. Sabedoria só vem com idade e experiência
Se você não mandar essa fábula a 5 "velhos" amigos já, já, haverá menos 5 pessoas rindo no mundo. É claro, que eu não estou, de modo algum, insinuando que você esteja velho(a). Apenas um tantinho assim mais experiente.
"O diabo sabe mais por ser velho, do que por ser diabo!"
(Colaboração: Mário Schuster)
DE NEOLIBERAIS A NEOBOBOS
PENSE NO sujeito que, há anos, está socado no seu imóvel rural, longe de tudo e de todos, plantando uma roça de subsistência.
De repente, o governo projeta e constrói uma rodovia de seis faixas passando pela porta do felizardo.
Qual o nome que se dá para esse tipo de sorte: competência? Pense agora num outro sujeito, endividado mas insistente, que vai comprando bilhetes de loteria até o dia em que acerta a quina... Sortudo? Cabra competente?
Agora pense no país que, há duas décadas, vem se arrastando pouco acima do crescimento vegetativo da população, cujos jovens querem emigrar para outros lugares melhores e onde trabalhar paga imposto, mas aplicar em rendas, não, especialmente se o recurso vem do exterior. Imagine, então, que esse país endividado vê seus produtos extrativos se valorizarem da noite para o dia, deixando-lhe saldos crescentes para pagar todas as suas contas, até então penduradas no FMI (Fundo Monetário Internacional), liquidar com credores privados etc. É sorte ou competência?
O Brasil tem tido muita sorte ultimamente. Nesse ambiente, facilmente nos esquecemos da origem da nossa felicidade, passando a atribui-la a algum tipo de premonição genial que nos teria feito posicionar o país na rota da competência absoluta. Humildade e menos prepotência conviria a um povo que -faz 30 anos- perdeu-se na neblina de suas próprias contradições, não havendo, desde então, conseguido reafirmar para si mesmo, menos ainda para os outros, onde deseja chegar e qual o futuro da nação.
Contrariamente, esse sucesso que nos invade pela porta dos fundos da valorização do real é objeto de discreta aversão pelos outros países, especialmente os asiáticos, que insistem em se precaver contra os efeitos devastadores dessa doença, reconhecendo apenas no trabalho, na escolaridade crescente e nas inovações técnicas a origem de uma prosperidade efetiva e sustentável.
A tal ética da valorização súbita dos nossos ativos, que enlouquece de prazer os consumidores e transforma políticos em grandes estadistas da hora, apesar dos óbvios rendimentos políticos e até sociais (por resgatar parte da imensa pobreza), não nos faz mais inteligentes nem competentes. Saímos do terrível neoliberalismo e caímos no perigoso neobobismo.
Nesse novo modelito, ninguém se pergunta, por exemplo, por que diabos os países donde se origina nossa sorte -os asiáticos, em especial- insistem em manter de pé suas produções industriais, com crédito farto, taxa de juros baixíssimas para todos e quase nenhuma tributação, além da melhor infra-estrutura possível e acesso às melhores práticas e tecnologias. Nossos concorrentes mundiais estão mirando estabilidade de preços, sim, mas o alvo final das políticas nacionais são os empregos, milhões e milhões deles, pois a filosofia dos asiáticos não prevê sustentar suas populações com INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) ou com Bolsa Família. Com empregos e educação, sim. Esses milhões de empregos são disputados, mundo afora, pelos países que se interessam em fazer suas populações enriquecer gradualmente por meio da acumulação resultante do trabalho e ver suas poupanças transformadas em capitalismo social. Soa parecido conosco? Nem um pouco...
Fantasiados pela prosperidade súbita, em nossos sonhos de retalhos, vestimo-nos para desfilar sob o olhar piedoso de quem agora nos torna por neobobos.
PAULO RABELLO DE CASTRO, 58, doutor em economia pela Universidade de Chicago (Estados Unidos), é vice-presidente do Instituto Atlântico e chairman da SR Rating, classificadora de riscos. Preside também a RC Consultores, consultoria econômica, e o Conselho de Planejamento Estratégico da Fecomercio SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo).
Fonte: Folha de S.Paulo - 23/05/2007.
A MATURIDADE DO VESTIBULANDO
Dia do Vestibulando.
Não é incrível que haja uma data para lembrar uma situação tão efêmera? O estudante que se prepara para prestar o vestibular gasta nisso um ano, no máximo dois -quando ele insiste em cursar determinada faculdade e não um curso. Damos valor a isso: há grife inclusive na faculdade. Não sei se podemos considerar que há cursos de graduação muito melhores que outros; talvez o mais sensato seja reconhecer que há cursos muito piores que outros.
Conversei com alguns vestibulandos para entender como passam por esse período. Quase não encontrei consensos. Há vestibulandos que levam essa fase "numa boa", como dizem.
Estudam o necessário para passar, contando com a sorte, e não abrem mão de sua vida pessoal -continuam a namorar, passear e viver como antes.
Esses alunos têm em comum certa maturidade: têm a primeira escolha (a faculdade ou curso que desejariam freqüentar) e várias alternativas. Pelo jeito, não se sentirão humilhados nem diminuídos se tiverem de optar por elas. Um deles expressou o que considerei maturidade numa frase: "A gente passa no que pode, nem sempre no que quer". Mas é preciso lembrar que todos eles se importam com o exame e se dedicam -uns mais, outros menos.
Um outro grupo é o dos indecisos: eles estão patinando na escolha da profissão, ou melhor, do curso. Já mudaram de opinião várias vezes e parece que buscam garantias de vida no futuro próximo. Eles têm muitas perguntas sobre a vida e quase não têm interlocutores -alguns freqüentam programas de orientação vocacional, mas não ficam satisfeitos com o resultado e contam com a benevolência dos pais nessa indecisão. Por sinal, muitos adultos consideram precoce a escolha da profissão nessa idade. Isso não é uma aposta na imaturidade dos jovens e na imobilidade da vida profissional?
Um grupo que me chamou a atenção foi o dos jovens que se sentem pressionados. Eles nem sempre conseguem localizar de onde vem a pressão: pode vir dos pais (nem sempre direta), pode vir de seus pares, pode vir da sociedade. O fato é que a pressão já está internalizada e, mesmo que não seja clara, eles sempre irão enxergá-la e sofrer.
A ansiedade é a maior conseqüência dessa pressão e colabora para que esses adolescentes fiquem quase paralisados frente à missão que têm: estudam e não rendem, fracassam por antecipação e se culpam por isso.
Por último, há jovens que não sabem por que são vestibulandos. Eles parecem não encontrar sentido nos estudos e prestarão vestibular porque acham o fato inevitável. O mais sério é que desdenham o futuro e não imaginam que o que fazem no tempo presente é uma construção do que viverão logo mais.
O que mais me impressionou nas conversas com os vestibulandos foi a solidão e o abandono em que vivem, mesmo que não reconheçam tais situações.
Fizemos com que acreditassem que passar no vestibular seria uma coisa importantíssima na vida deles, mas aprender a viver -e prestar vestibular é só um detalhe nesse aprendizado- tem muito mais valor. Para isso, a presença educativa e dedicada dos adultos -não infantilizadora- ainda é imprescindível, por mais que os jovens a queiram dispensar.
[...] Muitos adultos consideram precoce a escolha da profissão; não é uma aposta na imaturidade dos jovens?
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)
Fonte: Folha de S.Paulo - 24/05/2007.
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