O SHOW DOS "REIS" DA LOGĂSTICA CONTINUA III...
LOGĂSTICA NOS AEROPORTOS
Veja que beleza! Não se preocupe! Sua mala estå na mais absoluta segurança! à assim mesmo!!!
(Colaboração: Washington de Jesus)
UMA EXECUTIVA NO CĂU...
Foi tudo muito rĂĄpido. A executiva bem-sucedida sentiu uma pontada no peito, vacilou, cambaleou. Deu um gemido e apagou. Quando voltou a abrir os olhos, viu-se diante de um imenso portal. Ainda meio zonza, atravessou-o e viu uma mirĂade de pessoas. Todas vestindo cĂąndidos camisolĂ”es e caminhando despreocupadas.
Sem entender bem o que estava acontecendo, a executiva bem-sucedida abordou um dos passantes :
- Enfermeiro, eu preciso voltar urgente para o meu escritĂłrio, porque tenho um meeting importantĂssimo. AliĂĄs, acho que fui trazida para cĂĄ por engano, porque meu convĂȘnio mĂ©dico Ă© classe A , e isto aqui estĂĄ me parecendo mais um pronto-socorro. Onde Ă© que nĂłs estamos?
- No céu.
- No céu?...
- Ă. Tipo assim, o cĂ©u. Aquele com querubins voando e coisas do gĂȘnero.
- Certamente. Aqui todos vivemos em estado de gozo permanente.
Apesar das Ăłbvias evidĂȘncias (nenhuma poluição, todo mundo sorrindo, ninguĂ©m usando telefone celular), a executiva bem-sucedida custou um pouco a admitir que havia mesmo apitado na curva. Tentou entĂŁo o plano B: convencer o interlocutor, por meio das infalĂveis tĂ©cnicas avançadas de negociação, de que aquela situação era inaceitĂĄvel. Porque, ponderou, dali a uma semana ela iria receber o bĂŽnus anual, alĂ©m de estar fortemente cotada para assumir a posição de presidente do conselho de administração da empresa.
E foi aĂ que o interlocutor sugeriu:
- Talvez seja melhor vocĂȘ conversar com Pedro, o sĂndico.
- Ă? E como Ă© que eu marco uma audiĂȘncia? Ele tem secretĂĄria?
- NĂŁo, nĂŁo. Basta estalar os dedos e ele aparece.
- Assim? (...)
- Pois nĂŁo?
A executiva bem-sucedida quase desaba da nuvem.
à sua frente, imponente, segurando uma chave que mais parecia um martelo, estava o próprio Pedro. Mas, a executiva havia feito um curso intensivo de approach para situaçÔes inesperadas e reagiu rapidinho:
- Bom dia. Muito prazer. Belas sandĂĄlias. Eu sou uma executiva bem-sucedida e...
- Executiva... Que palavra estranha. De que sĂ©culo vocĂȘ veio?
- Do 21. O distinto vai me dizer que nĂŁo conhece o termo 'executiva'?
- JĂĄ ouvĂ falar. Mas nĂŁo Ă© do meu tempo.
Foi entĂŁo que a executiva bem-sucedida teve um insight. A mĂĄxima autoridade ali no paraĂso aparentava ser um zero Ă esquerda em modernas tĂ©cnicas de gestĂŁo empresarial. Logo, com seu brilhante currĂculo tecnocrĂĄtico, a executiva poderia rapidamente assumir uma posição hierĂĄrquica, por assim dizer, celestial ali na organização.
- Sabe, meu caro Pedro. Se vocĂȘ me permite, eu gostaria de lhe fazer uma proposta. Basta olhar para esse povo todo aĂ, sĂł batendo papo e andando a toa, para perceber que aqui no ParaĂso hĂĄ enormes oportunidades para dar um upgrade na produtividade sistĂȘmica.
- Ă mesmo?
- Pode acreditar, porque tenho PHD em reengenharia. Por exemplo, nĂŁo vejo ninguĂ©m usando crachĂĄ . Como Ă© que a gente sabe quem Ă© quem aqui, e quem faz o quĂȘ?
- Ah, nĂŁo sabemos.
- Headcount, entĂŁo, nĂŁo deve constar em nenhum versĂculo, correto?
- HĂŁ?
- Entendeu o meu ponto? Sem controle, hå dispersão. E dispersão gera desmotivação. Com o tempo isto aqui vai acabar virando uma anarquia. Mas nós dois podemos consertar tudo isso rapidinho implementando um simples programa de targets individuais e avaliação de performance.
- Que interessante...
- Depois, mais no médio prazo, assim que os fundamentos estiverem sólidos e o pessoal começar a reclamar da pressão e a ficar estressado, a gente acalma a galera bolando um sistema de stock option, com uma campanha motivacional impactante, tipo: ' O melhor céu da América Latina'.
- FantĂĄstico!
- Ă claro que, antes de tudo, precisarĂamos de uma hierarquização de um organograma funcional, nada que dinĂąmicas de grupo e avaliaçÔes de perfis psicolĂłgicos nĂŁo consigam resolver.
- AĂ, contratarĂamos uma consultoria especializada para nos ajudar a definir as estratĂ©gias operacionais e estabelecerĂamos algumas metas factĂveis de leverage, maximizando, dessa forma, o retorno do investimento do Grande Acionista... Ele existe, certo?
- Sobre todas as coisas.
- Ătimo. O passo seguinte seria partir para um downsizing progressivo, encontrar sinergias high-tech, redigir manuais de procedimento, definir o marketing mix e investir no desenvolvimento de produtos alternativos de alto valor agregado. O mercado telestĂ©rico por exemplo, me parece extremamente atrativo.
- IncrĂvel!
- Ă Ăłbvio que, para conseguir tudo isso, nĂłs dois teremos que nomear um Board de altĂssimo nĂvel. Com um pacote de remuneração atraente, Ă© claro, coisa assim de salĂĄrio de seis dĂgitos e todos os fringe benefits e mordomias de praxe. Porque, agora falando de colega para colega, tenho certeza de que vocĂȘ vai concordar comigo, Pedro. O desafio que temos pela frente vai resultar em um turnaround radical.
- Impressionante !
- Isso significa que podemos partir para a implementação?
- NĂŁo. Significa que vocĂȘ terĂĄ um futuro brilhante se for trabalhar com o nosso concorrente. Porque vocĂȘ acaba de descrever, exatamente, como funciona o Inferno...
*Autor: Max Gehringer
(Colaboração: Fabiano - R.J.)
CANUDO DE PAPEL
HĂĄ algo de esdrĂșxulo e preocupante no ensino superior brasileiro. O censo oficial do setor, divulgado em dezembro, registra aberraçÔes curiosas. Existem, por exemplo, dez vezes mais estudantes matriculados em cursos para a formação de professores de literatura do que para o ensino de fĂsica e quĂmica, ĂĄreas didĂĄticas de importĂąncia que deveria ser equivalente. SĂŁo 175 mil os que cursam jornalismo, cifra cinco vezes maior do que a de jornalistas que hoje trabalham com carteira assinada em todo o paĂs (35 mil).
NĂŁo hĂĄ tampouco critĂ©rio racional que explique o motivo de os estudantes de medicina (74 mil) serem pouco mais numerosos do que os de turismo (66 mil), carreira necessĂĄria, embora inflada de forma artificial por um modismo. Igualmente grave Ă© haver 589 mil matriculados em direito, nĂșmero que supera os 571 mil advogados da ativa registrados pela OAB, como informou RogĂ©rio Gentile em texto publicado segunda-feira nesta Folha.
NĂŁo pode e nĂŁo deve ser dado como normal que estudantes encarem os cursos em ĂĄreas especĂficas como se fossem polivalentes. Um exemplo: poucos dos 680 mil matriculados em administração previsivelmente seguirĂŁo a carreira. Mas o curso lhes darĂĄ alguma forma de segurança ou ascensĂŁo no plano de seus projetos pessoais.
O fato Ă© que nĂŁo existe um modelo que defina com razoĂĄvel antecedĂȘncia quais as carreiras que serĂŁo objeto de ampla -ou quase nenhuma- demanda. Mesmo assim, Ă© lamentĂĄvel que inexistam mecanismos que desestimulem a abertura de novos cursos em ĂĄreas francamente inchadas. A saturação das matrĂculas gera um inequĂvoco mercado de ilusĂ”es, presente, em 2005 (Ășltimos dados oficiais), nas 1.578 faculdades de administração, 1.524 de pedagogia, 861 de direito e 497 de jornalismo.
Esses dados nĂŁo se referem apenas Ă s universidades pĂșblicas ou confessionais. Cabe lembrar que 72% dos 4,7 milhĂ”es de estudantes estĂŁo matriculados na rede particular. Foi sobretudo ela que permitiu, com a expansĂŁo de vagas nos anos 90, que hoje 10,4% dos jovens entre 18 e 24 anos estejam cursando o terceiro grau. E isso ainda Ă© pouco. A meta do governo federal Ă© chegar a 30% em 2011.
De modo sumĂĄrio, essas informaçÔes demonstram uma estrepitosa inadequação entre, de um lado, a formatação do ensino superior e, na outra ponta, as expectativas de um mercado com carĂȘncia no recrutamento de profissionais qualificados.
O problema, no entanto, nĂŁo Ă© apenas quantitativo. A questĂŁo da qualidade tambĂ©m se coloca de forma dramĂĄtica. E, nesse ponto, o Brasil estĂĄ engatinhando. Ă bastante positivo o fato de o terceiro grau ter deixado de ser um destino quase exclusivo das elites, mas a qualidade oferecida pela mĂ©dia dos cursos ainda deixa muito a desejar, em parte por deficiĂȘncias histĂłricas do ensino fundamental e mĂ©dio. O diploma, que deveria ser uma ferramenta para a abertura de portas, em muitos casos nĂŁo passa de um objeto de decoração pendurado na parede de desempregados ou subempregados.
Editoriais - Folha de S.Paulo - 20/10/08.
RUGIDOS VIRTUAIS
Um leitor de jornal que discorde da orientação de uma reportagem ou da opinião de um articulista, e mande uma carta expressando seu ponto de vista, terå sorte se vir essa carta publicada. Os jornais recebem milhares por dia e o espaço para elas é limitado. Além disso, hå certas regras para que uma carta saia no jornal.
Primeiro, o missivista precisa identificar-se com nome, endereço, telefone e/ou e-mail. Segundo, a carta tem de ser relevante. Terceiro, deve ser escrita com alguma correção e não pode limitar-se a chulices, como mandar o repórter àquela parte ou o articulista tomar banho, por mais que eles mereçam. à um espaço onde reina a civilidade.
JĂĄ os veĂculos on-line fazem diferente. Como nĂŁo tĂȘm problema de espaço, estimulam seus usuĂĄrios a enviar mensagens comentando as notĂcias. Isso gera uma saudĂĄvel reação em cadeia, em que os usuĂĄrios comentam tambĂ©m as mensagens uns dos outros. Ao pĂ© de cada uma, a advertĂȘncia: "Esse comentĂĄrio Ă© insultuoso ou inadequado? Denuncie".
Seguem-se, entĂŁo, furibundas trocas de insultos, ainda mais quando o assunto Ă© futebol. Os torcedores se xingam com uma virulĂȘncia que nĂŁo se vĂȘ nem nos estĂĄdios. Todos os qualificativos sĂŁo usados como ofensa: negros, mulambentos, "bambis", porcos, bacalhau, o que vocĂȘ quiser. Nenhum clube se salva. Protegidas pelo anonimato (as mensagens podem ser assinadas com pseudĂŽnimo), cometem-se as piores incorreçÔes polĂticas envolvendo cor da pele, condição social e caracterĂstica sexual.
Confesso que adoro esses bate-bocas. Ă a arquibancada rugindo virtualmente. O que me ofende sĂŁo as torturantes agressĂ”es Ă lĂngua portuguesa, presentes em 90% dessas mensagens -como se seus autores quisessem estrangular a pobre da gramĂĄtica, digo cartilha.
Ruy Castro - Fonte: Folha de S.Paulo - 21/01/08.
NĂŁo deixem de enviar suas mensagens atravĂ©s do âFale Conoscoâ do site.
http://www.faculdademental.com.br/fale.php