REIS DA LOGĂSTICA IX
OS "VERDADEIROS" REIS DA LOGĂSTICA IX
O "verdadeiro" rei da logĂstica, nunca tira a logĂstica da cabeça... Confira foto!
(Colaboração: Viana)
ALERTA NAS GRADUAĂĂES
SAIU MAIS um Enade, o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, que substituiu o ProvĂŁo. Um olhar panorĂąmico nĂŁo revela novidade. Mais uma vez, as universidades pĂșblicas se saĂram bem melhor do que as particulares.
De acordo com o Inep (instituto ligado ao MinistĂ©rio da Educação), responsĂĄvel pela avaliação, 30,2% dos cursos das particulares receberam os conceitos 1 e 2, os mais baixos. Entre as pĂșblicas, o nĂșmero Ă© de 16,9%. JĂĄ a nota 5 (a mĂĄxima) foi obtida por apenas 1,6% das instituiçÔes privadas, contra 21,2% das pĂșblicas.
Esses resultados requerem cuidados na interpretação. O Enade foi concebido para comparar cursos, nĂŁo para avaliar conteĂșdos. Assim, uma nota 5 nĂŁo significa necessariamente que os alunos da escola que a obteve dominem a matĂ©ria. O conceito mĂĄximo indica apenas que o curso estĂĄ acima da mĂ©dia das faculdades da ĂĄrea. Na verdade, o Enade Ă© um exame que identifica a mĂ©dia e aponta para as instituiçÔes que dela se desviam, seja para mais, seja para menos.
Seria oportuno aprimorar ainda mais essa avaliação, de modo que a nota permitisse tambĂ©m estimar o grau de competĂȘncia dos alunos que concluem o curso, bem como comparaçÔes de uma edição do exame para outra. Ao que consta, o Inep ainda nĂŁo avançou nessa rota por um problema de custos.
TambĂ©m repetindo ediçÔes anteriores, os resultados globais ficaram maculados pelo fato de USP e Unicamp, duas das mais importantes universidades do paĂs, terem se furtado a participar do exame. Fazem-no desde 2004, sem jamais explicar suas razĂ”es de forma convincente. Embora nĂŁo tenham, como outras instituiçÔes, o dever legal de tomar parte na avaliação, teriam a obrigação moral de fazĂȘ-lo. A recusa sugere uma aliança do corporativismo com a arrogĂąncia e algumas pinceladas de ressentimento polĂtico.
Editoriais â Folha de S.Paulo â 05/06/2007.
INTEGRAĂĂO DE MERCADOS MUNDIAIS
O processo de integração dos mercados mundiais, conhecido como "globalização", passarĂĄ neste mĂȘs por uma etapa importante na qual o Brasil desempenharĂĄ papel de destaque. HaverĂĄ reuniĂ”es do G-20, grupo de paĂses em desenvolvimento organizado pelo Brasil, e do G-4, EUA, UniĂŁo EuropĂ©ia, Brasil e Ăndia, visando destravar a rodada de Doha, isto Ă©, superar os obstĂĄculos que tĂȘm dificultado uma maior liberalização comercial entre os paĂses vinculados Ă OMC.
De uma forma geral, a integração dos mercados Ă© apresentada pelos meios de comunicação como algo positivo para todos os paĂses que se envolvem no processo, mas isso nĂŁo Ă© necessariamente verdadeiro, pois muito mais importante que a integração em si Ă© a forma como ela ocorre. O mundo jĂĄ passou por vĂĄrias etapas de integração dos mercados e em nenhuma delas as vantagens foram universais e proporcionais para todos os participantes.
Numa perspectiva de longo prazo, secular, podemos identificar a expansĂŁo marĂtima europĂ©ia como a primeira etapa no processo de formação de um mercado integrado no ocidente. Nesta etapa, que abrangeu os sĂ©culos 16, 17 e 18, a integração foi presidida pelo Mercantilismo e pelo Sistema Colonial. Envolvia um rĂgido controle e uma exploração sistemĂĄtica das colĂŽnias pelas metrĂłpoles alĂ©m de um sistema de concorrĂȘncia entre as potĂȘncias no qual qualquer vantagem obtida por um Estado implicava em desvantagens para os demais.
Por exemplo, num perĂodo de tempo em que a quantidade de ouro permanecesse constante, o acĂșmulo do metal em grande quantidade por um Estado, implicava em perda para todos os demais. A partir do sĂ©culo 18 e mais especialmente, do sĂ©culo 19, com a consolidação do capitalismo industrial e das doutrinas liberais, a concorrĂȘncia deixou de ser encarada como um jogo de soma zero, no qual o ganho de um implica perda para os demais. Ela passou a ser vista como benĂ©fica para todos.
Nesta nova visão, o progresso e o desenvolvimento eram frutos diretos do incremento da liberdade comercial e facilidade de troca entre as naçÔes. A história confirmou este prognóstico?
ROBERSON DE OLIVEIRA é professor da Escola Móbile e autor de "História do Brasil: Anålise e Reflexão" e "As RebeliÔes Regenciais" (Editora FTD)
Fonte: Folha de S.Paulo - 05/06/2007.
(Colaboração: Viana)