A VOLTA DOS REIS DA LOGĂSTICA III
TRANSPORTE E LOGĂSTICA III
Transporte e LogĂstica aplicados ao mĂĄximo!! Cabe sim... Ă sĂł uma questĂŁo de arrumar direito...Confira a foto!
(Colaboração: Raul)
PALAVRA DA SEMANA: COERĂNCIA
A palavra veio do latim haerere, âgrudarâ, mais o prefixo co, âjuntoâ. Ser coerente Ă© nĂŁo decidir avaliando apenas um lado da questĂŁo (aquele que nos interessa). Ă ponderar tambĂ©m o outro lado, para ver se a decisĂŁo vai colar.
Max Gehringer - Fonte: Ăpoca - NĂșmero 499.
AS MELHORES PARA TRABALHAR (?)
Para as ĂĄreas de recursos humanos, as pessoas sĂŁo o principal foco de atenção no desempenho das funçÔes, tendo papel especial nessa administração questĂ”es relacionadas Ă atração e Ă retenção de talentos. A força de trabalho espera que a alta administração e a ĂĄrea de recursos humanos a tratem considerando seus talentos, por meio da aplicação de polĂticas consistentes e competitivas, sobretudo em relação a recompensas pela dedicação e pela aplicação no alcance de resultados.
A alta administração espera que sua força de trabalho seja formada por talentos que demonstrem excelĂȘncia no desempenho e que a ĂĄrea de recursos humanos demonstre seu valor estratĂ©gico para a organização, medindo o retorno dos investimentos nas pessoas. Os executivos sĂŁo valorizados pelo retorno dos investimentos. Surge com isso a necessidade de mensurar o sucesso da força de trabalho na execução da estratĂ©gia e estabelecer e acompanhar indicadores com tal validade estratĂ©gica.
O talento que as pessoas aplicam nas organizaçÔes -incluindo os comportamentos-, alinhado com a estratĂ©gia, constitui um ativo (intangĂvel, Ă© verdade) importante ou atĂ© mesmo imprescindĂvel para o sucesso das organizaçÔes.
Entretanto, como mensurar a eficĂĄcia desses ativos? Sabemos que a tarefa nĂŁo Ă© simples e boa parte dos indicadores utilizados pelas ĂĄreas de recursos humanos acaba por medir mais a eficiĂȘncia dos processos da prĂłpria ĂĄrea do que o sucesso da força de trabalho de fato. Com as dificuldades naturais de se estabelecerem tais indicadores, opta-se pelos mais simples de serem obtidos -nĂŁo necessariamente os mais eficazes.
Com muita freqĂŒĂȘncia, em nome da comparabilidade com o mercado e da obtenção de "benchmarking" [referĂȘncia] de melhores prĂĄticas, ocorre uma total inversĂŁo de valores. Nesses casos, uma bem-definida e necessĂĄria estratĂ©gia de capital humano Ă© relegada a segundo plano ou, pior, subordinada a prĂĄticas e a indicadores que nada tĂȘm a ver com a estratĂ©gia da prĂłpria organização.
à claro que não devemos ser contra o aperfeiçoamento ou a inovação de processos, desde que estejam totalmente alinhados à estratégia do negócio. Também, a não ser que a estratégia, a identidade e a cultura de uma organização sejam iguais às de seus concorrentes, soa estranho buscar um alinhamento com o mercado como base para definir uma estratégia para sua força de trabalho.
Considerando que, diferentemente dos ativos tangĂveis, como recursos financeiros e tecnologia, as pessoas e a forma como a organização aprende e se desenvolve nĂŁo sĂŁo facilmente copiĂĄveis, as organizaçÔes deveriam medir o sucesso de sua estratĂ©gia de capital humano por indicadores prĂłprios e com validade estratĂ©gica.
Ou seja, que lhe permitam mensurar os resultados atuais e prognosticar o futuro, com base na anĂĄlise de tendĂȘncias. Isso sim seria capaz de permitir Ă empresa um efetivo grau de consideração, reconhecimento, recompensa e planejamento da força de trabalho.
Sendo assim, o fato de encontrarmos em vårias empresas o desejo de estarem entre as melhores para trabalhar, colocando-o como o grande desafio proposto para as lideranças, tem me causado profunda estranheza e alguma decepção.
Parece-me total distorção de propósito quando ocorre sem um questionamento de valor ou concatenação estratégica. Muitas vezes, essa se torna a principal meta da agenda voltada para as pessoas, ou seja, a eleição desse indicador como o principal elemento de mensuração da satisfação e da moti-vação da força de trabalho.
Reside por trås dessa escolha a crença de que "o melhor lugar para trabalhar é também o melhor lugar para investir". Para profissionais investirem em suas carreiras e para acionistas investirem o seu capital.
O que mais me assusta Ă© uma crença cega e desprovida de crĂtica. O que mais me assusta em muitas ĂĄreas de recursos humanos e na atitude de alguns presidentes de empresa Ă© o fato de assumirem certas premissas como verdade absoluta, sem o mĂnimo questionamento. A eles, uma consideração: cuidado. Ao criarem um "frankenstein" de laboratĂłrio, terĂŁo de conviver com ele.
O projeto de uma empresa saudĂĄvel Ă© algo que pode existir fora do ranking de mercado. Aprimorar os indicadores internos e os instrumentos para detectar o que realmente Ă© crĂtico para a força de trabalho impactarĂĄ diretamente na decisĂŁo gerencial e no rumo dos negĂłcios, alĂ©m de ser uma janela interessante a ser aberta.
Para que estar entre as melhores? Detectar pontos crĂticos, valorizar talentos internos, reconhecendo-os e alinhando-os aos resultados, e criar uma estratĂ©gia para o real desenvolvimento do capital humano sĂŁo condiçÔes bĂĄsicas para ter uma equipe e uma empresa, fora do ranking talvez, mas entre as melhores para trabalhar.
Willian Bull Ă© consultor de capital humano da Mercer - Fonte: Folha de S.Paulo - 09/12/07.
GUERRAS SIMBĂLICAS
"Hå baronatos ideológicos que se digladiam com obstinação. Examinemos um caso presente: educadores versus economistas"
Os livros de histĂłria estĂŁo abarrotados de guerras entre impĂ©rios. E hĂĄ as guerras puramente simbĂłlicas, como o choque entre o mundo ocidental e os muçulmanos, sugerido por Samuel Huntington. Mas hĂĄ tambĂ©m pequenos baronatos ideolĂłgicos que se digladiam com obstinação. Examinemos um caso presente: educadores versus economistas. Tenho participado de inĂșmeras conferĂȘncias de educadores em que borbulham sempre as acusaçÔes ao neoliberalismo e outras palavras do mesmo naipe (como FMI, Banco Mundial etc.). AlĂ©m das erupçÔes tupiniquins, jĂĄ ouvi isso na Argentina, na ColĂŽmbia, no Chile e atĂ© na Inglaterra. AliĂĄs, "neoliberalismo" Ă© puro xingamento, pois ninguĂ©m se classifica como neoliberalista.
Vejamos as colisĂ”es no caso brasileiro, cujas origens jĂĄ tĂȘm quase meio sĂ©culo. Antes disso, os educadores (de mĂșltiplas origens profissionais) eram donos da educação e falavam de pedagogia. Na dĂ©cada de 60, os economistas ganharam visibilidade, sobretudo os do Ipea, pregando idĂ©ias tĂŁo herĂ©ticas quanto calcular custos do ensino, avaliar, medir a eficiĂȘncia das escolas e estimar taxas de retorno do investimento, como se educação fosse uma fĂĄbrica de pregos. Enfim, tudo quantificado e medido. Pior, passaram a elaborar os orçamentos do MEC, tentando alocar recursos de acordo com princĂpios de eficiĂȘncia. Provocaram a ira incontida e diuturna dos pedagogos puros-sangues, pois essas heresias colidem com as visĂ”es do "homem integral", do "saber pedagĂłgico", da primazia do "afeto", e reivindicaçÔes de um monopĂłlio de tudo o que tem a ver com educação e escolas. Mais tarde, apareceram as teorias construtivistas engalanadas em linguagem hermĂ©tica e os slogans em prol de um ensino puramente artesanal. Muitas vezes, vem tudo mesclado ao marxismo e flertando com Gramsci.
Eis os exĂ©rcitos simbĂłlicos dos dois baronatos. Quem terĂĄ razĂŁo? A revolução cientĂfica, iniciada por Francis Bacon, desembocou na ciĂȘncia contemporĂąnea tradicional. Segundo essa linha, mais cedo ou mais tarde Ă© preciso consultar o mundo real para ver se a observação empĂrica conflita com a teoria. Ou seja, a sobrevida da elaboração teĂłrica estĂĄ condicionada Ă sua aderĂȘncia ao que se observa coletando sistematicamente dados, nĂșmeros e fatos. Se falha o teste da realidade, a teoria vai para o "paredĂłn". O novo credo Ă© "educação baseada em evidĂȘncia". Portanto, a ciĂȘncia contemporĂąnea Ă© teĂłrico-empĂrica. Desdenha quem nĂŁo demonstra com dados as suas teorias. PorĂ©m, muitos educadores (nĂŁo todos!) rejeitam os avanços das medidas quantitativas. Em vez de tentarem mostrar os limites dos nĂșmeros, que existem, refugiaram-se em formulaçÔes que se bastam na elaboração de teorias. Reagem com adjetivos ("neoliberal"), e nĂŁo com ciĂȘncia moderna.
Persistem os economistas com seus nĂșmeros. Na companhia de alguns educadores, quantificam o conhecimento, criam testes, avaliam a eficiĂȘncia das escolas, publicam os seus "rankings", pregam a concorrĂȘncia entre elas e propĂ”em prĂȘmios para os melhores. Avaliam tambĂ©m os procedimentos de sala de aula e a eficiĂȘncia dos materiais didĂĄticos. Resolve-se tudo com amostras aleatĂłrias e testes estatĂsticos. A julgar pelo que acontece no mundo e mesmo no Brasil, ganha terreno a visĂŁo teĂłrico-empĂrica, sempre acompanhada de nĂșmeros, mesmo dentro de ministĂ©rios com sabores de esquerda. Na França, o Ășltimo reduto de muitos educadores, o ministro declara que todos os pais receberĂŁo os escores de seus filhos em testes padronizados. Ganha vigĂȘncia a percepção de que a sociedade tem o direito de saber a quantas anda a educação.
No ardor das batalhas, os economistas exageram, medem sem entender o que estĂĄ sendo medido e subestimam o peso do que nĂŁo admite nĂșmeros. Educadores perdem a oportunidade de mostrar as falhas de certas pesquisas quantitativas. Ademais, nĂŁo basta mostrar nĂșmeros. Ă preciso ir alĂ©m e oferecer explicaçÔes, entender o porquĂȘ do encadeamento de causas e efeitos, complementando com boas anĂĄlises qualitativas o que dizem os nĂșmeros. Em vez de gastar energia perseguindo moinhos de vento, seria melhor concentrar os esforços para melhorar a educação. Perdem todos. Sobretudo, os alunos.
Claudio de Moura Castro é economista - Fonte: Veja - Edição 2038.
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