"HERROS" PUBLICITĂRIOS
VENEZA
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http://www.nytimes.com/2010/09/19/world/europe/19venice.html
ELISABETTA POVOLEDO
Diz a lenda que a ponte dos Suspiros, que liga o Palazzo Ducale a uma antiga prisĂŁo, deve seu nome ao fato de que dali os condenados viam pela Ășltima vez a lĂmpida laguna de Veneza.
Hoje, porém, a vista mais provavelmente seria a de um colossal outdoor anunciando joias Bulgari ou Coca-Cola sobre lonas azul-celeste, cravejadas de nuvens. Por trås delas estão as fachadas de frågeis monumentos em restauração, mas tais estruturas também geram faturamento publicitårio.
Quando os outdoors da Coca foram colocados, meses atrås, diante dos prédios que ladeiam a Piazza San Marco -o coração histórico de Veneza-, alguns venezianos ficaram indignados.
"NĂŁo poderĂamos ficar quietos", disse Maria Camilla Bianchini d'Alberigo, presidente de uma associação de proteção do patrimĂŽnio histĂłrico. "AĂ jĂĄ Ă© demais", completou. A entidade dela, o Fondo Ambiente Italiano, denunciou a intrusĂŁo dos anĂșncios, gerando um debate na opiniĂŁo pĂșblica.
"O que falta Ă© um conjunto de critĂ©rios que torne a publicidade compatĂvel com o ambiente, para que os prĂ©dios nĂŁo sejam ofendidos, e para que eles continuem visĂveis", afirmou ela. As autoridades municipais alegam que, sem esses outdoors, a cidade nĂŁo poderia iniciar a manutenção dos seus monumentos histĂłricos, muitos dos quais mostram a degradação resultante dos sĂ©culos de desgaste, exacerbada por um ambiente tĂŁo cheio de ĂĄgua.
Renata Codello, funcionĂĄria do MinistĂ©rio da Cultura responsĂĄvel pelos monumentos de Veneza, disse que "os anĂșncios pagam a restauração dos prĂ©dios pĂșblicos, que de outra maneira nĂŁo seriam reparados". "Simplesmente nĂŁo estamos em posição de dizer nĂŁo ao dinheiro, nĂŁo por razĂ”es estĂ©ticas. NĂŁo posso rejeitar a imagem de uma garrafa quando hĂĄ pedaços do Palazzo Ducale caindo no chĂŁo."
Codello disse que seu departamento recebeu US$ 200 mil para restauraçÔes desde o começo de 2010, bem aquém dos US$ 2,6 milhÔes a US$ 3,9 milhÔes que ela solicita anualmente para as situaçÔes mais precårias.
Mas Veneza, acrescentou Codello, possui relativamente poucos espaços publicitårios nos andaimes, em comparação a cidades como Roma e Florença, onde os outdoors são bem mais presentes.
O MinistĂ©rio da Cultura tem um orçamento de cerca de US$ 47 milhĂ”es para a restauração desses edifĂcios, mas a ItĂĄlia possui um rico patrimĂŽnio arquitetĂŽnico, e as verbas sĂŁo sempre apertadas. Dessa quantia, US$ 1,8 milhĂŁo foram alocados a toda a regiĂŁo do VĂȘneto, que inclui Veneza.
PatrocĂnios privados, outrora limitados a contribuiçÔes financeiras, se tornaram menos restritivos graças a uma lei de 2004 que permite que os doadores se envolvam diretamente nos projetos de restauração. Uma fonte do MinistĂ©rio da Cultura disse que a mudança nĂŁo teve grande efeito na arrecadação de recursos.
Em meio às discussÔes sobre até que ponto interesses empresariais deveriam se intrometer em atividades culturais, e embora empresas privadas hå mais de uma década estejam ativas nisso -por meio de livrarias, restaurantes e serviços de venda de ingressos-, as autoridades encarregadas de preservar o patrimÎnio cultural da Itålia continuam desconfiando do envolvimento comercial.
"Podemos aumentar a eficiĂȘncia e melhorar os resultados, mas nĂŁo podemos comercializar tudo", disse Alessandra Mottola Molfino, presidente da Italia Nostra, outra agĂȘncia de proteção do patrimĂŽnio. "A lição que isso passa Ă© que hĂĄ um preço para tudo."
No caso da ponte dos Suspiros e do Palazzo Ducale, a prefeitura assinou hå dois anos um acordo com o Dottor Group, a empresa responsåvel pela restauração, autorizando-a a vender espaço publicitårio. Uma fase da restauração do palåcio foi apresentada em setembro, e a empresa disse que esperar concluir as obras até outubro de 2011.
"Os cofres municipais estavam vazios, entĂŁo tivemos de encontrar patrocinadores", disse o prefeito Giorgio Orsoni.
O Dottor Group prometeu arrecadar US$ 2 milhĂ”es durante trĂȘs anos com a publicidade, que fica afixada sobre as lonas azuis com nuvens, criadas pelo fotĂłgrafo Oliviero Toscani, conhecido por seus anĂșncios para a Benetton. Pietro Dottor, presidente da empresa, disse que prefere se "concentrar no trabalho, nĂŁo nas polĂȘmicas". "Estamos realizando projetos de alta qualidade com custo zero para a cidade. Isso que Ă© importante."
O custo total da restauração do lado do palåcio que då para o canal da Canonica, incluindo a ponte dos Suspiros, chegarå a US$ 3,6 milhÔes, e todo o faturamento publicitårio irå para o projeto.
Mas entidades ligadas ao patrimĂŽnio acham que os anĂșncios deveriam ser mais contidos.
"NĂŁo Ă© uma questĂŁo de radicalismo ideolĂłgico, mas de preocupação com o carĂĄter invasivo dos anĂșncios em lugares delicados, como a Piazza San Marco", disse Bianchini d'Alberigo. Em Veneza, "existe um diĂĄlogo especial entre arquitetura, pedras, ĂĄgua e o homem, o que os anĂșncios rompem", disse.
Outros acreditam que poderia ser possĂvel arrecadar mais para a preservação por meio de doaçÔes diretas, ou colocando a prĂłpria prefeitura para vender os anĂșncios. Ă uma noção que Orsoni rejeita. "A Prefeitura nĂŁo Ă© agĂȘncia de publicidade; nĂŁo Ă© o nosso negĂłcio", disse.
Fonte: Folha de S.Paulo - 27/09/10.
Mais detalhes:
http://www.nytimes.com/2010/09/19/world/europe/19venice.html
PALHAĂADA PAULISTA
Crescem como capim os eleitores de Tiririca para deputado federal, por SĂŁo Paulo. Pesquisas dizem que o palhaço pode ter mais de um milhĂŁo de votos, recorde nacional. Seu partido distribui revistinha em quadrinhos, convocando crianças para que "peçam (votos) Ă mamĂŁe e ao papai", garantindo: "o que Tiririca aprendeu no circo vai aplicar na polĂtica".
O que Tiririca aprendeu no circo? "EquilĂbrio nas decisĂ”es, coragem ao se lançar na polĂtica, firmeza para domar os altos impostos, habilidade nas negociaçÔes, capacidade de dar grandes passos e uso dos poderes em favor do povo". Mundo estranho Ă© SĂŁo Paulo: sĂł como prefeitos, jĂĄ elegeu Maluf, Pitta, Marta Suplicy, JĂąnio Quadros, Luiza Erundina.
Paulo Navarro (http://www.pnc.com.br/) - Fonte: O Tempo - 27/09/10.
CHACRINHA ASSUMIU UM PEDAĂO DO JUDICIĂRIO
As eleiçÔes estão aà e pode-se temer que o glorioso Abelardo Chacrinha tenha buzinado uma ideia para alguns magistrados: "Eu vim pra confundir, não pra explicar".
A Lei da Ficha Limpa foi sancionada no dia 4 de junho deste ano. Um mĂȘs depois, o MinistĂ©rio PĂșblico Federal ajuizou uma ação contra a candidatura do ex-senador Joaquim Roriz ao governo do Distrito Federal. Esse caso particular carregava consigo a discussĂŁo da constitucionalidade da lei, bem como sua aplicação neste pleito. O TRE de BrasĂlia cancelou o registro de Roriz, seus advogados recorreram ao Tribunal Superior Eleitoral e perderam. Numa instĂąncia a decisĂŁo demorou 25 dias, na outra, 19.
Em setembro, Roriz levou o caso ao Supremo Tribunal. Foi julgado 20 dias depois e acabou num empate de 5 x 5. A eleição serå domingo, e os cidadãos não sabem o destino que tomarão alguns de seus votos. Consumiram-se 64 dias, e nada.
Quem entende de lei sĂŁo os juĂzes, mas a patuleia entende de calendĂĄrio. Apressando-se o ritual da Justiça estimulam-se decisĂ”es sumĂĄrias, levadas pela emoção, mas hĂĄ litĂgios em que a razĂŁo pede um julgamento rĂĄpido. Durante a desorganizada sessĂŁo em que o Supremo julgou o caso, surgiu a proposta de se esperar a indicação do 11Âș ministro por Lula. Embutia a decisĂŁo de nĂŁo decidir. Se a lei Ă© constitucional, como entendeu o Supremo, e se o recurso do ficha-suja nĂŁo foi concedido (por conta do empate), quanto vale a decisĂŁo anterior do TSE?
Em 2000, num caso mais premente, o JudiciĂĄrio americano deu a PresidĂȘncia dos Estados Unidos a George Bush 34 dias depois de uma eleição contestada. Noutra, de 1971, a Corte Suprema derrubou em 17 dias a tentativa de Richard Nixon de censurar os documentos da Guerra do VietnĂŁ conhecidos como Pentagon Papers.
Em Pindorama estĂĄ acontecendo o contrĂĄrio. Em abril de 2009, provocado pelo deputado Miro Teixeira, o STF mandou ao lixo a Lei de Imprensa da ditadura e decidiu que por cĂĄ que nĂŁo hĂĄ censura. Desde entĂŁo, diversos magistrados proibiram os meios de comunicação de publicar isto ou aquilo. Os humoristas tiveram que ir Ă rua para defender seu direito de propagar o riso. Ou o STF acabou com a censura para inglĂȘs ver, ou hĂĄ juĂzes que nĂŁo acreditam na sua decisĂŁo.
A buzina do Chacrinha soou mais alto com a confusĂŁo estabelecida em torno dos documentos que o cidadĂŁo deverĂĄ levar Ă seção eleitoral. Desde 1965 a choldra sabe que convĂ©m levar o tĂtulo de eleitor e, necessariamente, um documento de identidade com fotografia. Caso tenha esquecido o tĂtulo, se o seu nome estĂĄ listado na seção eleitoral, vota com a carteira de identidade. Ă isso que manda o CĂłdigo Eleitoral. Uma lei do ano passado entrou para complicar: mesmo que o eleitor tenha a carteira com fotografia, precisa do tĂtulo. Para quĂȘ? Se JosĂ© Rousseff mostrou que Ă© JosĂ© Rousseff e seu nome estĂĄ na lista de votação, qual a dĂșvida? Seguiu-se a lei bĂĄsica da burocracia: em dĂșvida, complique. Os partidos polĂticos e a Justiça Eleitoral tiveram um ano para consertar o conflito. Faltam quatro dias para a eleição e ele ainda estĂĄ de pĂ©. Como diria o Velho Guerreiro, "o mundo estĂĄ em dicotomia convergente, mas vai mudar".
Elio Gaspari - Fonte: Folha de S.Paulo - 29/09/10.
E NĂIS QUE PENSAVA QUE NUNCA ERRAVA!
CONTINUAMOS ERRANDO PROPOSITALMENTE...! HERRAR Ă UMANO!
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