"HERROS" COMPARATIVOS - TSUNAMI X 11 DE SETEMBRO
AGĂNCIA CRITICADA
English:
http://network.nationalpost.com/np/blogs/posted/archive/2009/09/02/wwf-condemns-9-11-like-ad.aspx
http://www.nydailynews.com/money/2009/09/02/2009-09-02_wwf_appalled_by_911_terror_ad.html
A ONG norte-americana WWF (World Wildlife Fund) "condenou fortemente" um anĂșncio que teria sido criado pela DDB, no Brasil, e que mostra uma sĂ©rie de aviĂ”es se dirigindo Ă Manhattan, em Nova York, com o dizer: "O tsunami matou cem vezes mais pessoas do que o 11 de Setembro".
De acordo com a WWF, o anĂșncio ("ofensivo e de mau gosto") foi proposto pela agĂȘncia de publicidade para a divisĂŁo da ONG no Brasil e imediatamente recusado. "Ele nunca deveria ter visto a luz do dia", afirmou, em comunicado, a ONG sobre o anĂșncio que apareceu em uma sĂ©rie de sites e criou polĂȘmica, especialmente nos Estados Unidos.
Mercado Aberto â Guilherme Barros - Fonte: Folha de S.Paulo â 02/09/09.
MatĂ©rias em inglĂȘs:
http://network.nationalpost.com/np/blogs/posted/archive/2009/09/02/wwf-condemns-9-11-like-ad.aspx
http://www.nydailynews.com/money/2009/09/02/2009-09-02_wwf_appalled_by_911_terror_ad.html
WWF (World Wildlife Fund) â http://www.worldwildlife.org/
DDB - http://www.ddbbrasil.com.br/
"OFENSIVO"
A agĂȘncia foi parar no cĂ©lebre quadro "Piores Pessoas do Mundo" de Keith Olbermann, da MSBC (http://www.msnbc.msn.com/id/21134540/vp/32650724#32650724), que deu o nome de todos os "criativos".
Saiu no Ad Age (http://adage.com/adages/post?article_id=138747), em blog do "NYT" (http://cityroom.blogs.nytimes.com/2009/09/01/wildlife-group-condemns-a-911-tsunami-ad/) e chegou ao Blue Bus (http://www.bluebus.com.br/show/2/92262/wwf_repudia_anuncio_que_refere_o_11_9_e_teria_sido_criado_pela_dm9). O WWF (http://www.worldwildlife.org/who/media/press/2009/WWFPresitem13540.html) "condena veementemente o anĂșncio ofensivo e de mau gosto" criado pela DM9DDB, recusado pela ONG ambiental, mas vazado on-line. Com imagem de aviĂ”es cercando Manhattan, diz que o tsunami "matou cem vezes mais que o 11/9". Via Blue Bus (http://www.bluebus.com.br/show/1/92271/dm9_distribui_comunicado_sobre_anuncio_repudiado_pelo_wwf_leia), a nota dizendo que "este anĂșncio nunca deveria ter sido feito e nĂŁo retrata a filosofia desta agĂȘncia".
Toda MĂdia (www.todamidia.folha.blog.uol.com.br) â Nelson de SĂĄ - Fonte: Folha de S.Paulo â 03/09/09.
A FARSANTE E A TRAGĂDIA
Especial conta a histĂłria da americana que fingiu ser uma sobrevivente de 11 de setembro de 2001.
Logo apĂłs os aviĂ”es se chocarem contra as Torres GĂȘmeas, o mundo ainda tentava entender o significado do ataque. Mas teve uma pessoa, Tania Head, que viu nisso uma oportunidade. O documentĂĄrio "A Impostora do 11/9" conta como essa americana enganou a todos, afirmando ser uma das vĂtimas do atentado. Ela conseguiu atĂ© a proeza de se tornar presidente da Associação de Sobreviventes, antes de sumir do mapa.
Dia 11 de Setembro, 21hs, GNT.
Fonte: Monet - NĂșmero 78.
Detalhes - http://www.vcfaz.net/viewtopic.php?p=853638
THE WINNER IS...
O governo, ou melhor, o presidente Lula. Houve bate-boca, arranca-rabo, xingamentos e brigas de senadores como nunca se viu. E as mazelas administrativas no Senado continuam. Mas, no frigir dos ovos, passado o pior da crise polĂtica, JosĂ© Sarney se mantĂ©m impĂĄvido em sua cadeira presidencial. Como Lula queria. Ou melhor, impĂŽs.
Raquel Faria - Fonte: O Tempo - 30/08/09.
MENAS LARANJAS
"A (olimpĂada) de portuguĂȘs Ă© muito importante para as crianças nĂŁo falarem âmenas laranjasâ, como eu."
Do presidente Lula, no lançamento da pedra fundamental da Universidade Federal do ABC.
Panorama - Veja Essa - Julio Cesar de Barros - Fonte: Veja - Edição 2128.
Universidade Federal do ABC - http://www.ufabc.edu.br/
SENADO - SHOW DE DESPERDĂCIO
Sabe de quanto Ă© o orçamento da Secretaria de Comunicação do Senado? Trezentos milhĂ”es de reais por ano. SĂł de jornalistas sĂŁo 127 â ou 1,5 jornalista para cada um dos senadores (que, aliĂĄs, jĂĄ tĂȘm seus prĂłprios assessores de comunicação).
Panorama - Radar - Lauro Jardim - Fonte: Veja - Edição 2128.
INTERNET PARA TODO
MĂąncio Lima, uma cidade do Acre, com 13 mil habitantes, na fronteira com o Peru, fornece ĂĄgua encanada para apenas 5% dos moradores. Mas quem possuir um computador pode acessar a Internet de graça pelo sistema sem fio instalado pela prefeitura. Assim como o pequeno municĂpio, prefeituras de todo o paĂs, especialmente de pequenas cidades, vĂȘm se mobilizando para instalar sistemas gratuitos de Internet para a população.
Aparte - Fonte: O Tempo â 31/08/09.
MĂąncio Lima:
http://www.pmmanciolima.com.br/
http://www.manciolima.ac.gov.br/
FRAUDE NA WEB
Uma cĂłpia maliciosa do site http://www.icegold.com/ (de compra e venda de moedas da internet) estĂĄ no ar, segundo a F-Secure. A IceGold encerrou atividades no ano passado, mas um site parecido (http://www.icegold.us/) segue oferecendo transaçÔes financeiras na rede. O conselho Ă© que nĂŁo sejam feitas transaçÔes por meio da cĂłpia, pela ausĂȘncia de garantias.
tec-tec-tec - Fonte: Folha de S.Paulo â 02/09/09.
DEU NO "NEW YORK TIMES"
A ascensĂŁo de mulheres no crime organizado da ItĂĄlia: Camorra, Cosa Nostra e Ndrangheta. Na Camorra o peso das chefes Ă© cada vez mais evidente. SĂŁo viĂșvas, irmĂŁs, filhas, cunhadas ou esposas de mafiosos presos. NĂŁo podem matar, sĂł mandar matar. Acabaram tambĂ©m os sete anos de luto. SĂł nĂŁo podem ser amantes de outro chefe mafioso. O resto, vale tudo!
Paulo Navarro - Fonte: O Tempo â 03/09/09.
ENSINO NA BERLINDA
Ă otimista a conta segundo a qual 737 mil estudantes brasileiros frequentam faculdades ruins. O cĂĄlculo considera ruins apenas as que receberam nota 1 ou 2 no mais recente Ăndice de avaliação do MinistĂ©rio da Educação, que vai atĂ© 5. Mas a nota Ă© comparativa, de modo que sempre haverĂĄ melhores e piores, mesmo se a qualidade geral for excelente -ou, o que Ă© mais provĂĄvel, mĂĄ.
A proliferação de formandos com conhecimento insuficiente é notória. A forte ampliação na oferta de vagas em faculdades tem sido impulsionada por programas como o ProUni, que, apesar de bem-sucedido, pouco contempla a igualmente necessåria qualificação das instituiçÔes.
Ă de esperar que, com mais alunos admitidos, o grau de conhecimento mĂ©dio na porta de entrada seja mais baixo. HĂĄ inequĂvoco avanço quando toda uma geração de jovens tem a oportunidade, que seus pais nĂŁo tiveram, de continuar os estudos alĂ©m do nĂvel secundĂĄrio. Mas cabe ao governo evitar que tantas expectativas de ascensĂŁo profissional acabem prejudicadas por um ensino de mĂĄ qualidade.
A avaliação do MEC prestaria um serviço pĂșblico mais completo se divulgasse, ao lado da classificação, os dados do IDD -indicador que tenta medir o conhecimento que os alunos assimilaram ao longo dos anos. TambĂ©m Ă© preciso dar maior visibilidade a experiĂȘncias positivas, as chamadas boas prĂĄticas, que possam ser adotadas para orientar a melhora das faculdades ruins.
Por fim, Ă© preciso descredenciar as que sofrem reprovaçÔes seguidas. Dentre as nove instituiçÔes que obtiveram nota 1 no ano passado, oito permaneceram no mesmo patamar e a Ășltima impediu na Justiça a divulgação do Ăndice. Pouco adianta concluir que os alunos sĂŁo mal instruĂdos se alternativas para a correção do problema nĂŁo forem oferecidas com rapidez.
Editoriais - Fonte: Folha de S.Paulo â 03/09/09.
QUAL O NOME DO MENINO?
Esdruxulices nas certidÔes de nascimento viraram folclore hå muito tempo, entra geração, sai geração. Mesmo em tempos saturados de Suelens, Ostos e Maicons, nomes, digamos, exóticos não deixam de despertar curiosidade.
Um jovem pediatra do interior paulista reuniu e divulgou na internet uma lista de antropĂŽnimos, mais conhecidos na roda de samba como nomes prĂłprios ou de batismo, que nos Ășltimos anos frequentaram seus prontuĂĄrios e os de outros doutores. A relação preparada pelo mĂ©dico começa por revelar a devoção de alguns pais por seus Ădolos. Quem paga o preço na pia batismal Ă© a ingĂȘnua criança. Valdisnei, por exemplo, Ă© uma deferĂȘncia ao eterno Walt Disney; Usnavi Ă© o nome do filho de um aficionado por navios americanos e Kallison Bruno homenageia o grupo KLB (Kiko, Leandro, Bruno). Consta na lista um âfamosoâ caso registrado no Recife: Xerox Ă© o pai e FotocĂłpia e Autenticada as filhas, note-se, em idades decrescentes.
NĂŁo Ă© difĂcil identificar os Ădolos incensados por quem registrou os seus miĂșdos como Maycom GĂ©rquiçom, Maiquel Edy Marfy, Boniclaide, Erriporter. O que dizer da dupla de irmĂŁos Kalifornia Drim e RoliĂșde dos Santos; de Letisgo, JoĂŁo Le NĂŁo, Istiveonder, Aga Esterna e Harlei David Son? Pedimos desculpas pelo nosso trocadilho cretino, mas, como comentou cirurgicamente o pediatra, o menino motocicleta Ă© um perfeito born to be wild.
Antigamente, pelo menos, os Ădolos eram homenageados na batatolina: Shirley (Temple), Clark (Gable), Odilon (famoso ator teatral), Juscelino (JK), Brigitte (Bardot), Glauber (Rocha), etc., etc., etc. Tivemos, tambĂ©m, naqueles tempos do sĂ©culo passado, muitos Benitos (Mussolini), Lenines e atĂ© um Adolfo Hitler (cujo sobrenome preferimos manter oculto). Carnavalescamente, um famoso paulistano registrou um filho como Rodouro MetĂĄlico (famoso lança-perfume), que mudou de nome quando cresceu.
Os craques da Copa de 70 nĂŁo serĂŁo esquecidos se depender dos pais que juntaram as primeiras sĂlabas dos nomes de TostĂŁo, PelĂ©, Rivelino, Carlos Alberto, Gerson e Jairzinho para chamar o filho de Tospericagerja. Pra frente Brasil. JĂĄ pensou se o menino virar um fenĂŽmeno da bola? Apelido jĂĄ. Que tal Copinha?
Voltando a outros tempos, tambĂ©m remotos, lembremos dos grandes craques que sempre inspiraram nomes de batismo famosos. Começando por Ademir da Guia, filho do imortal Domingos â que levou Armando Nogueira a criar um antolĂłgico tĂtulo para uma entrevista com jogador palmeirense: âAdemir da Guia, nome, sobrenome e futebol de craqueâ. Foi o tempo dos Ademires, LeĂŽnidas, Jurandires, Baltazares, Evaristos e tantos outros ases da pelota.
O mĂ©dico adverte para nomes que nĂŁo deixam as enfermeiras saĂrem gritando pelos corredores dos hospitais e postos de saĂșde, como Caralhecida e Urinoldo Alequissandro. Outras crianças requerem uma lĂngua afiada para ser chamadas, como a trinca de petizes da famĂlia Silva: Bilidudilei, Jimibradilei e Darkson Stick Nick.
Um pai fanho batizou o filho de DarzĂŁ. Outro progenitor igualmente fanĂĄtico por cinema deu Ă sua menina o doce nome de Romixinaide, enquanto o menino âvoou mais altoâ e se chama Railander.
HĂĄ nomes mais simples â ou nĂŁo? â como Eneaotil. Mas tem os quebra-lĂngua consonantais como Kwysswyla (simples, pronuncia-se QuĂssila), Pier (de Pierre), Shaite, um tributo ao nosso bravo velejador Robert Scheidt, GeoĂĄite, homenagem Ă escritora Ellen G. White e Maiquetaiçon. Sem comentĂĄrio.
O telejornalismo tambĂ©m inspira os pais. Antes de nos despedirmos, desejando ao leitor uma boa noite, ou bom dia, finalizamos a lista com um guri que atende por Uilam Bone. Agora Ă© com vocĂȘ, FĂĄtima.
E chegou a vez dos hindus. Agora que Caminho das Ăndias estĂĄ na reta final, preparemo-nos para ver nos berçårios pequerruchos Rajis, Mayas, Surias, Bahuans, Indiras e Opashis. Cada novela de sucesso corresponde uma enxurrada de crianças com nomes de herĂłis e heroĂnas das tramas. Uma lista de nomes prĂłprios por faixa etĂĄria, tambĂ©m dos filmes, Ă© a melhor constatação da boa audiĂȘncia da Ă©poca. NĂŁo Ă©, Brussiulis?
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A quem interessar possa. O segundo nome do titular desta pågina é um anagrama de Manoel, como também Elmano. Sem esquecer o querido compadre Ziraldo, filho de dona Zizinha e seu Geraldo.
Carlos Leonam e Ana Maria Badaró - Fonte: Carta Capital - Edição 561.
ĂRVORES E FLORESTAS
Quando se fala em florestas e seu efeito sobre o clima planetĂĄrio, as pessoas pensam logo nas florestas tropicais. Com isso, quase sempre vĂȘm Ă mente a AmazĂŽnia e, claro, o Brasil. Afinal, o territĂłrio do Brasil abriga a maior floresta do mundo, correto? NĂŁo.
A maior ĂĄrea florestada da Terra estĂĄ milhares de quilĂŽmetros ao norte.
Cobre quase toda a faixa de altas latitudes boreais, entre os paralelos 53 e 67 Norte. Vale dizer, a maior parte do CanadĂĄ e da RĂșssia.
O nome correto dessa floresta em que predominam conĂferas (ĂĄrvores com folhas na forma de agulhas) Ă© taiga, embora seja tambĂ©m chamada de floresta boreal. SĂł na RĂșssia hĂĄ 9 milhĂ”es de quilĂŽmetros quadrados de taiga, uma ĂĄrea maior que a do Brasil.
A floresta amazĂŽnica nacional tem menos da metade disso.
Sozinha, a taiga representa um terço da superfĂcie de floresta do mundo. Ela guarda tambĂ©m um terço do carbono estocado em ambientes terrestres, na forma de madeira, folhas, raĂzes, matĂ©ria vegetal e micro-organismos do solo. DestruĂda, o que nĂŁo tem chance de acontecer no tempo de vida do leitor, lançaria 550 bilhĂ”es de toneladas de CO2 na atmosfera, com reforço devastador ao aquecimento global. A taiga nĂŁo estĂĄ nem de longe ameaçada como a floresta amazĂŽnica, mas isso tambĂ©m nĂŁo quer dizer que esteja segura. O alerta sobre o risco que corre a mata boreal foi lançado na semana passada por Corey Bradshaw, Ian Warkentin e Navjot Sodhi no periĂłdico cientĂfico "Trends in Ecology and Evolution" (simpaticamente abreviada "Tree", ĂĄrvore, em inglĂȘs).
Eles estimam que só uns 44% da taiga sejam compostos de åreas realmente intactas, talhÔes com pelo menos 500 quilÎmetros quadrados que não sejam cortados por estradas, oleodutos, gasodutos, represas ou linhas de transmissão de eletricidade.
Apenas 10% da taiga se encontra protegida na forma de reservas (mais de 40% da AmazÎnia brasileira estå nessa condição).
HĂĄ indĂcios fortes de que o fogo -uma ocorrĂȘncia natural na taiga- venha consumindo ĂĄreas cada vez maiores desse bioma boreal. SĂł na RĂșssia foram 75 mil quilĂŽmetros quadrados em 2002 e 145 mil quilĂŽmetros quadrados em 2003, duas a trĂȘs vezes mais que a mĂ©dia anual desde 1950. E 87% desses incĂȘndios teriam sido iniciados por seres humanos, por exemplo ao longo de estradas. Para piorar a situação, a taiga se encontra justamente na regiĂŁo do planeta -altas latitudes do hemisfĂ©rio Norte- em que a temperatura mais deve subir sob efeito do aquecimento global. Projeta-se um aumento de 5C a 10C neste sĂ©culo.
O Alasca, onde estå a parcela americana da floresta boreal, jå tem invernos em média 4,5C mais quentes que meio século atrås.
Ninguém sabe direito qual serå o efeito desse aquecimento sobre a taiga. Temperaturas mais altas acelerarão a decomposição de material orgùnico, liberando carbono na atmosfera.
IncĂȘndios deverĂŁo tornar-se mais frequentes, mas a perda de floresta aumentarĂĄ a ĂĄrea coberta de neve, que reflete a radiação solar, contrabalançando parte do aquecimento...
Bradshaw, Warkentin e Sodhi defendem que o papel crucial da taiga na armazenagem de carbono justifica a criação de extensas ĂĄreas protegidas: "Essas grandes reservas florestais sĂŁo possĂveis em florestas boreais do CanadĂĄ e da RĂșssia, e argumentamos que esses paĂses, em particular, tĂȘm uma responsabilidade moral e global de criar tais reservas".
Parece até que os autores estão falando do Brasil.
Marcelo Leite Ă© autor de "Darwin" (sĂ©rie Folha Explica, Publifolha, 2009) e "CiĂȘncia - Use com Cuidado" (Editora da Unicamp, 2008). Blog: CiĂȘncia em Dia (http://cienciaemdia.folha.blog.uol.com.br/). Fonte: Folha de S.Paulo - 30/08/09.
Floresta Taiga -
http://www.blueplanetbiomes.org/taiga.htm
http://www.runet.edu/~swoodwar/CLASSES/GEOG235/biomes/taiga/taiga.html
Trends in Ecology and Evolution - http://www.cell.com/cellpress/trends
O DOGMA LULA Ă IRREVOGĂVEL
Por que Aloizio Mercadante nĂŁo manteve sua "irrevogabilidade"? Porque nĂŁo teve coragem de enfrentar Lula.
Mas, por que nĂŁo teve? A razĂŁo Ă© a mesma que acomete muitos intelectuais "nĂŁo petistas" : Lula Ă© "inatacĂĄvel".
Poucas pessoas tĂȘm coragem de contestar um ex-operĂĄrio, aparentemente honesto, que muito sofreu para chegar onde estĂĄ. AlĂ©m disso, Lula tem a cor do que seria a pĂĄtina da "revolução", de uma "justiça social" vaga.
Por isso, pergunto-me: serĂĄ que os intelectuais nĂŁo veem que nossa democracia conquistada hĂĄ vinte anos estĂĄ sendo roĂda pelos ratos da velha polĂtica?
NĂŁo se trata (nem estou pedindo) que esculachem o presidente.
Lula tem vĂĄrias qualidades, mas estĂĄ usando sĂł os seus defeitos: autoritarismo de Ibope alto, "lua de mel consigo mesmo", confusĂŁo conceitual no ensopadinho ideolĂłgico do "lulismo" (discursos populistas e prĂĄticas oportunistas), ausĂȘncia de um plano concreto, alĂ©m do virtual e midiĂĄtico PAC, alianças com os mais sujos para "governar" e ficando incapaz de fazĂȘ-lo pelas mesmas alianças que agora o manietam.
A atitude de Lula de se colocar "acima" da polĂtica como sendo "coisa menor" Ă© uma sopa no mel para corruptos e vagabundos. No dia seguinte Ă absolvição de Sarney, o PMDB nĂŁo deu trĂ©gua e jĂĄ quer mais emendas orçamentĂĄrias, no peito.
Alguns intelectuais ficam "angustiadinhos": "Ah...eu tinha um sonho...que se esfumou..." - choram os militantes imaginĂĄrios, e nada fazem. A covardia intelectual Ă© grande. HĂĄ o medo de ser chamado de reacionĂĄrio ou careta. Todos continuam com a mania de que sĂŁo "radicais" (como ser, por exemplo, corintiano doente).
Continuam ativos os trĂȘs tipos exemplares de "radicais": os radicais de cervejaria, os radicais de enfermaria e os radicais de estrebaria. Os frĂvolos, os burros e os loucos. Uns bebem e falam em revolução; outros zurram e os terceiros alucinam. Padecem da doença herdada (resistente a antibiĂłticos) de um voluntarismo com ecos stalinistas, cruzada com o germe do sindicalismo oportunista. Para eles, "administrar" Ă© visto como ato menor, atĂ© meio reacionĂĄrio, pois administrar Ă© manter, preservar - coisa de capitalistas.
Lula Ă© dogma. Diante dele, abole-se o sentido crĂtico. Ă como desconfiar da virgindade de Nossa Senhora. FĂĄcil era esculhambar FHC.
Volto a dizer: nĂŁo quero que "demonizem" Lula; pelo contrĂĄrio, quero atĂ© que o ajudem nessa armadilha em que o paĂs (e ele) caiu por sua atitude.
Lula viaja nessa maionese ambivalente (que atĂ© a "The Economist" denuncia) de leninismo sindicalista com apresentador de TV, um "mix" de Waldick Soriano com GetĂșlio.
Com essas alianças, Lula revigorou o pior problema do paĂs: o patrimonialismo endĂȘmico, que tinha diminuĂdo depois de FHC. Temos agora uma espĂ©cie de "patrimonialismo de Estado": boquinhas para pelegos (200 mil) e pernas abertas para o PMDB.
Estamos diante de um momento histĂłrico gravĂssimo, com os dois tumores gĂȘmeos de nossa doença: a direita do atraso e a esquerda do atraso. Como escreveu Bobbio, se hĂĄ uma coisa que une esquerda e direita, Ă© o Ăłdio Ă democracia.
Essa crise Ă© tĂŁo sintomĂĄtica, tĂŁo exemplar para a mudança do paĂs, que nĂŁo podia ser desperdiçada pelos pensadores livres. Ă uma tomografia que mostra as glĂąndulas, as secreçÔes do corpo brasileiro - um diagnĂłstico completo. Esse espasmo de verdade, essa brutal explosĂŁo de nossas vĂsceras, talvez seja perdida porque as manobras do atraso de direita e do atraso de esquerda trabalham unidas para que a mentira vença.
E intelectuais sérios, artistas famosos e celebridades não abrem a boca. Onde estão os velhos manifestos de que eles gostavam tanto?
Quando haverĂĄ manifestaçÔes da sociedade para confrontar a Ăłpera bufa que rola Ă nossa frente? As denĂșncias foram todas provadas, a imprensa denuncia e Ă© ameaçada, enquanto os canalhas se sentem protegidos pelo labirinto do JudiciĂĄrio. E nĂŁo se trata mais de mensalĂ”es e mensalinhos, netinhos ou netinhas nomeadas; trata-se da implosĂŁo de nossas instituiçÔes republicanas, feita pelos prĂłprios donos do poder.
O Brasil estĂĄ entregue Ă mentira oficializada, manipulada pelo governo e o Legislativo, num jogo de "barata-voa" com as denĂșncias, provas cabais, evidĂȘncias solares, tudo diante dos olhos impotentes da opiniĂŁo pĂșblica. E homens notĂĄveis do paĂs estĂŁo calados. Quando se manifestam isoladamente, sĂŁo apenas suspiros esparsos, folhas de outono, lamentos doloridos...
Mudar Ă© trair, para os tais "radicais" dos trĂȘs tipos. NinguĂ©m tem coragem de admitir a invencibilidade do capitalismo global, com benesses e horrores (como a vida). NinguĂ©m abre mĂŁo da fĂ© em utopias ridĂculas - o presente Ă© chato, dĂĄ trabalho; preferem um futuro imaginĂĄrio.
NĂŁo admitem que um "choque de capitalismo" seria a Ășnica bomba a arrebentar a casamata paralĂtica do Estado inchado, gastador e ineficiente, e que isso seria muito mais progressista que velhas ideias finalistas, esse "platonismo" de galinheiro sobre o "todo, o futuro, o ser, a histĂłria". Eles nĂŁo abrem mĂŁo dessa "elegĂąncia" filosĂłfica ridĂcula. SĂł pensam no que deveria ser e nĂŁo enfrentam o que inexoravelmente Ă©. Preferem a paz de suas apostilas encardidas. HĂĄ uma grande indigĂȘncia teĂłrica sobre o Brasil contemporĂąneo. Ignoram a estrutura colonial e preferem continuar com teses mortas.
O mito do messianismo é muito forte, com sua origem religiosa. Não entendem que o homem de "esquerda" de hoje tem que perder fé e esperança, e que o verdadeiro progressista tem de partir do não-sabido e inventar caminhos.
Só uma força plebiscitåria poderå mover essa grande pizza envenenada.
Por isso, pergunto, como os antigos: quando haverĂĄ uma manifestação sĂ©ria da opiniĂŁo pĂșblica? Uma ação continuada de notĂĄveis da RepĂșblica para impedir esse jogo de carniça entre os TrĂȘs Poderes, essa vergonha que humilha o Brasil? Vamos continuar de braços cruzados?
Arnaldo Jabor â Fonte: O Tempo â 01/09/09.
E NĂIS QUE PENSAVA QUE NUNCA ERRAVA!
CONTINUAMOS ERRANDO PROPOSITALMENTE...! HERRAR Ă UMANO!
Se vocĂȘ vir alguma coisa errada, mande um e-mail pelo FALE CONOSCO que "a ajente correge". Clique aqui e envie: http://www.faculdademental.com.br/fale.php