"HERRAR Ă UMANO", MAS COM A POLĂCIA???
A SINCERIDADE QUE CUSTOU CARO!!!
Esse vai ter tratamento especial!
(Colaboração: Gustavo)
REPORTAGEM DO JORNAL ESTADO DE MINAS â 17/02/2008
Sufoco do crĂ©dito fĂĄcil: Oferta de emprĂ©stimos em condiçÔes que o tomador nĂŁo suporta gera dĂvidas impagĂĄveis. A expansĂŁo do crĂ©dito, que tem ajudado a impulsionar a economia brasileira, tambĂ©m Ă© fonte de dor de cabeça para muita gente. A facilidade para levantar o dinheiro em bancos e financeiras, em condiçÔes que o tomador muitas vezes nĂŁo tem como arcar, pode virar uma bola de neve, gerando dĂvidas impagĂĄveis. Foi o que ocorreu com o gari de BH Wanderlei AntĂŽnio Coelho, que pegou emprestados R$ 1 mil e hoje deve R$ 15 mil. O salĂĄrio Ă© de apenas R$ 539, mas, mesmo assim, ele ainda tem linhas de financiamento Ă disposição que somam R$ 8,9 mil e cartĂŁo internacional. Segundo o Banco Central, de dezembro de 2006 a dezembro de 2007, o volume de crĂ©dito livre (que pode ser emprestado livremente pelos bancos) pulou de R$ 498 bilhĂ”es para R$ 659 bilhĂ”es. Mas a inadimplĂȘncia cresceu junto. O calote no crĂ©dito pessoal (sem contar o consignado) jĂĄ Ă© de 14,4%. No cheque especial chegou a 9,6%. E no cartĂŁo de crĂ©dito, a 23,3%.
CADERNO ECONOMIA
DĂvidas impagĂĄveis (Karla Mendes)
As Ășnicas cidades que Wanderlei AntĂŽnio Coelho conhece sĂŁo Belo Horizonte e SabarĂĄ. Gari hĂĄ 16 anos e recebendo menos de dois salĂĄrios mĂnimos por mĂȘs para sustentar uma famĂlia de cinco pessoas, ele nunca pĂŽde levar suas filhas Ă praia. Viajar para fora do paĂs, muito menos. Mas Wanderlei tem cartĂŁo de crĂ©dito internacional do Banco do Brasil, instituição financeira em que ele recebe o salĂĄrio de R$ 539. âDisseram que, se eu for lĂĄ para os Estados Unidos, posso tirar dinheiro. Se eu nunca fui Ă praia, como que eu vou para lĂĄ?â, questiona. O extrato do banco tambĂ©m revela situaçÔes completamente fora da realidade do gari: crĂ©dito para abertura de CrĂ©dito Direto ao Consumidor (CDC) e financiamento de material de construção, computador e automĂłvel, sĂł para citar algumas linhas, que somam nada menos que R$ 8,9 mil, mais de 16 vezes o valor de seu salĂĄrio. A histĂłria de Wanderlei Ă© apenas uma entre inĂșmeros consumidores contemplados com pacotes dos bancos com diversas modalidades de crĂ©dito: cheque especial, cartĂŁo, emprĂ©stimos e outros, com pagamento das prestaçÔes debitadas automaticamente na conta corrente em que os trabalhadores recebem os salĂĄrios â prĂĄtica condenada pelos ĂłrgĂŁos de defesa do consumidor. Com o valor do salĂĄrio desfalcado pela prestação do emprĂ©stimo, o dinheiro nĂŁo Ă© suficiente para pagar as contas do mĂȘs â e os trabalhadores tĂȘm que pegar novos emprĂ©stimos para suprir suas necessidades bĂĄsicas. Nos meses seguintes, a situação se agrava. Com prestaçÔes de financiamentos cada vez mais altas, o salĂĄrio torna-se cada dia menor. Chega-se ao ponto de todos os proventos do mĂȘs serem retidos para pagamento de emprĂ©stimos, nada sobrando para a subsistĂȘncia. Ă a bola de neve que atormenta a vida de milhares de brasileiros de baixa renda, provocada pela concessĂŁo de crĂ©dito sem limites, que cria dĂvidas impagĂĄveis.
TĂTULO E SEGURO: Foi exatamente isso que aconteceu com Wanderlei quando ele recebia pelo Banco ItaĂș. Em 2004, pegou um emprĂ©stimo de R$ 1 mil para comprar material escolar, uniforme e sapatos para suas filhas. Quando faltavam R$ 300 para saldar a dĂvida, o banco ofereceu um cartĂŁo de crĂ©dito e o gari teve que pegar outro emprĂ©stimo para cobrir o dĂ©bito anterior e complementar o salĂĄrio. Para isso, Wanderlei foi obrigado a contratar um tĂtulo de capitalização e um seguro residencial.
Limite mĂĄximo deve ser de 5% (Karla Mendes)
Trabalhadores de baixa renda sĂł devem comprometer 5% de seu salĂĄrio com emprĂ©stimos. A conclusĂŁo Ă© da economista Adriana Fileto, que elaborou estudo com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂstica (IBGE), que mostra que famĂlias que ganham atĂ© dois salĂĄrios mĂnimos gastam 94,6% de sua renda apenas para custear despesas bĂĄsicas. âĂ inadmissĂvel que uma famĂlia de baixa renda comprometa mais de 5% do orçamento para pagamentos de emprĂ©stimos e financiamentosâ, afirma. AlĂ©m disso, segundo o IBGE, 95,06% das famĂlias de baixa renda apresentam entre muita dificuldade e alguma dificuldade para chegar ao fim do mĂȘs com dois salĂĄrios mĂnimos. Adriana pĂ”e em xeque, inclusive, a margem consignĂĄvel de 30% para qualquer pessoa, sem distinção de faixa de renda, estipulada pelo prĂłprio INSS para o desconto em folha, percentual que acabou sendo adotado pelas instituiçÔes financeiras para concessĂŁo de emprĂ©stimos em geral. Para a economista, as regras do consignado tratam os desiguais como iguais, jĂĄ que, pela POF, sĂł quem ganha acima de 30 salĂĄrios mĂnimos teria condiçÔes de comprometer 30% da renda com emprĂ©stimos. âA grande massa do volume de crĂ©dito Ă© para pessoas de baixĂssima renda. Tanto que 62% do volume de crĂ©dito consignado jĂĄ emprestado atĂ© hoje foi destinado para quem ganha atĂ© dois salĂĄrios mĂnimos, sendo que 46% desse percentual recebem atĂ© um mĂnimo, segundo o prĂłprio INSSâ, revela. Um agravante para esse cenĂĄrio Ă© o baixo nĂvel de escolaridade dos brasileiros, que impede que o consumidor tenha real noção do que estĂĄ contratando. âPesquisa do Ibope e Unesco constata que apenas 23% da população brasileira tĂȘm alfabetização matemĂĄtica plena, e o paĂs Ă© um dos piores do mundo em matemĂĄticaâ, alerta Adriana. Com base nesses indicadores, a economista defende que as instituiçÔes financeiras reduzam a oferta de crĂ©dito Ă s famĂlias de baixa renda, porque, fatalmente, elas nĂŁo conseguirĂŁo pagar e sobreviver com dignidade. E ressalta que a retenção ou confisco de salĂĄrio, embora seja uma prĂĄtica corriqueira dos bancos na cobrança de dĂvidas, nĂŁo tem amparo legal. âEsses emprĂ©stimos se constituem em verdadeiras armadilhas para os consumidores, pois os bancos praticam a retenção do salĂĄrio na conta corrente como forma de realizar as cobranças. Dessa forma, o consumidor nĂŁo tem como sequer escolher quais dĂvidas pagar primeiro, jĂĄ que o banco o faz por eleâ, ressalta.
AĂĂES Foi a partir desses estudos que a advogada Lillian Salgado interpĂŽs uma sĂ©rie de açÔes para consumidores de baixa renda, entre os quais os garis de Belo Horizonte â que estavam tendo todo o salĂĄrio retido pelo banco para pagamento de dĂvidas â, pedindo a revisĂŁo do cĂĄlculo dos dĂ©bitos para 36 prestaçÔes correspondentes a 5% do valor do salĂĄrio. âComo o banco foi irresponsĂĄvel na concessĂŁo do crĂ©dito, ele terĂĄ que assumir o ĂŽnus depois desse perĂodoâ, ressalta. âE a retenção compulsĂłria de salĂĄrio Ă© considerada crime pela Constituição Federalâ, revela. Um dos casos mais graves Ă© o da gari MĂŽnica Ferreira (veja entrevista nesta pĂĄgina). Com renda lĂquida de R$690, a dĂvida total da consumidora com o banco era de R$1.285,19. Desde 2006 o nome da gari jĂĄ constava no SPC. âEm 28 de dezembro, eu gastei uma tarde com a MĂŽnica no banco, tentando uma renegociação das dĂvidas, mas a gerente disse que, para que fossem cancelados cheque especial e cartĂŁo de crĂ©dito, primeiro seria necessĂĄrio o pagamento das dĂvidas em atraso. Na prĂĄtica, o que banco estĂĄ fazendo Ă© induzindo a consumidora ao superendividamentoâ, garante.
Crédito sem obståculo
Mesmo dispondo de recursos para anĂĄlise de crĂ©dito, muitos bancos fornecem emprĂ©stimos acima da capacidade de pagamento do consumidor. Tem gente que, mesmo com o nome inscrito como inadimplente no SPC, consegue obter crĂ©dito com muita facilidade. O tĂ©cnico em eletrĂŽnica Carlos Eduardo de Freitas Souza, de 28 anos, estĂĄ com o nome no Serviço de Proteção ao CrĂ©dito (SPC) por causa de uma dĂvida com o Banco ItaĂș e entrou na Justiça. âAparece na tela crĂ©dito prĂ©-aprovado de R$ 4 mil, mesmo eu devendo o banco. Antes, era de R$ 7 milâ, revela. Tudo começou quando Carlos pegou um emprĂ©stimo de R$ 1 mil e outro de R$ 800 com o ItaĂș e, depois de um descontrole na conta, seu salĂĄrio de R$ 700 chegou a ser retido totalmente para o pagamento das dĂvidas. âOs cheques foram caindo e o banco foi cobrindo, em vez de devolver e me avisar. TambĂ©m aumentaram meu limite de cheque especial, de R$ 1 mil para R$ 2 mil. Achei um absurdoâ, afirma. Depois de uma ação no Juizado Especial das RelaçÔes de Consumo, o desconto no salĂĄrio foi limitado a 30%. âDevo sim. Pago como puder, pois preciso do meu salĂĄrio para viverâ, ressalta. O ItaĂș nĂŁo se pronunciou. A pergunta Ă©: por que os bancos fazem isso? Para o economista Alex Agostini, consultor da Austin Rating, cabe ao consumidor ter responsabilidade na hora de liberar emprĂ©stimos. âO cenĂĄrio de crĂ©dito farto Ă© recente e as pessoas ainda nĂŁo o compreendem. O banco estĂĄ fazendo o papel dele, que Ă© vender dinheiro, assim como o supermercado vende comidaâ, ressalta. Mas, para o promotor de Justiça Marcos Tofani Baer Bahia, tem que haver critĂ©rios para a concessĂŁo de crĂ©dito. âEm um paĂs onde a população tem baixo nĂvel de escolaridade, tem que haver uma legislação que impeça que os bancos dĂȘem limites de crĂ©dito bem acima da rendaâ, diz. O afogamento em dĂvidas, muitas vezes, traz transtornos psicolĂłgicos sĂ©rios. âAs pessoas chegam aqui com o estado psicolĂłgico completamente alteradoâ, afirma Ana Cristina Moya Azevedo, coordenadora do Departamento JurĂdico da Associação Mineira de Defesa do Consumidor contra o Sistema Financeiro Nacional (Adicom). A enfermeira aposentada A.M., de 36, faz tratamento psiquiĂĄtrico hĂĄ dois anos. Causa: dĂvidas bancĂĄrias. âSofro de transtorno bipolar e tenho compulsĂŁo por compras. O banco me deu R$ 4,3 mil de limite de cartĂŁo de crĂ©dito. Tive que pegar um emprĂ©stimo de R$ 5 mil e outro de R$ 3 mil e R$ 4 mil de cheque especial para tentar pagar a dĂvida do cartĂŁo, mas virou uma bola de neveâ, revela. JĂĄ a professora Z.B.N.S., de 62, teve que mudar de cidade para continuar trabalhando e livrar-se dos telefonemas diĂĄrios do gerente do banco. Tudo começou quando ela recebeu, sem pedir, dois cartĂ”es de crĂ©dito da financeira Cetelem, que somam limite de R$ 20 mil. Ela ganha R$ 2 mil e gastou R$ 8 mil no cartĂŁo de crĂ©dito. Com os juros, a dĂvida atingiu R$ 30 mil. Hoje, ela estĂĄ na Justiça. A Cetelem informou que o cartĂŁo Leroy Merlin Aura concedeu Ă cliente o limite de R$ 5 mil para o crĂ©dito rotativo e de R$ 15 mil para o crediĂĄrio simplificado, desde a adesĂŁo em 2004. Em 2005, houve interrupção da parceria com a Leroy Merlin e, ainda assim, foi mantido o limite do crediĂĄrio simplificado no crĂ©dito rotativo. (KM)
Depoimento: Sandra Kiefer
Apesar da barriga de oito meses de gravidez, a varredora de rua MĂŽnica Vicente Ferreira, de 31 anos, trabalha oito horas por dia para sustentar os outros quatro filhos. âFaço uma sopa de macarrĂŁo para as crianças, que jĂĄ comem merenda na escola. No domingo, acrescento um pezinho de frango. NĂŁo sinto fome. Quando tem alguma sobra, eu comoâ, diz. Para comprar leite e fraldas, Ă© obrigada a catar latinhas de alumĂnio para complementar o salĂĄrio, que jĂĄ estĂĄ comprometido em dĂvidas com cartĂŁo de crĂ©dito, cheque especial, emprĂ©stimos de vizinhos e agiotas. âQuando oferecem mais dinheiro, Ă© impossĂvel nĂŁo pegar. Eu vivo de prestaçãoâ, completa a gari, querendo dizer que vive de emprĂ©stimos.
De quanto Ă© sua dĂvida?
Estå beirando R$ 1,5 mil. Estou devendo para todo lado, até a alma. Estou devendo cheque especial, uma prestação de R$ 268 de cartão de crédito ou de débito, não sei bem qual. Não entendo nada disso, pois não cheguei a completar a quarta série. Vou na tentação do empréstimo.
Como assim?
Quando me oferecem dinheiro, eu vou pegando porque preciso dele. A tentaçaĂ” Ă© demais quando vocĂȘ vĂȘ um valor lĂĄ na conta. Entrei na loucura de fazer dois emprĂ©stimos de R$ 301 no ItaĂș e outro de R$ 1 mil no Banco do Brasil. Tenho ainda dois emprĂ©stimos que eu peguei por fora com agiota, em que pago prestação de R$ 38 e R$ 70. Fora o que vou pegando emprestado com vizinho ou compro alguma coisa fiado. Somando tudo o que vocĂȘ disse, ultrapassa R$ 1,5 mil. DĂŁo exatos R$ 1.677. Pois Ă©. Eles vĂŁo descontando no meu salĂĄrio. No fim do mĂȘs, sobra uns R$ 300 e tenho de pagar R$ 220 de aluguel. Eu morava com a minha irmĂŁ na Pedreira Prado Lopes, mas tive que mudar de lĂĄ.
Sobram R$ 80 por mĂȘs?
Mais ou menos isso. Este mĂȘs, apanhei R$ 25 em latas. Separei R$ 15 para comprar fralda e leite para os pequenos. Os outros R$ 10 estou juntando para acertar o aluguel atrasado. JĂĄ tenho R$ 180. Como vocĂȘ faz para comprar roupas para os filhos? Vivo de âganhaçãoâ. Mas atĂ© hoje nĂŁo comprei os uniformes. Estou pensando como vou fazer porque tem de ser completo. Meu menino estĂĄ indo para a aula com um caderno e um lĂĄpis que o meu cunhado deu. A escola Ă© boa porque os dois pequenos jĂĄ vĂȘm âjantadosâ da creche.
E os outros?
Eles largam a escola à tarde e à noite eu faço uma sopa de macarrão ou de miojo. Domingo, eu faço arroz com ovo ou um pezinho de galinha. Eles não são muito de comer e eu também não sou muito de comida. Como alguma coisa quando sobra, até porque não tenho geladeira para guardar.
EDITORIAL: Crediårio responsåvel - Expansão do crédito exige cuidados para evitar crise parecida com a dos EUA
A espetacular expansĂŁo do crĂ©dito no Brasil nos Ășltimos dois anos Ă© algo a ser comemorado. Mas, atĂ© para manter seus efeitos benĂ©ficos sobre a economia, Ă© indispensĂĄvel que haja um monitoramento responsĂĄvel para evitar que os excessos nĂŁo o convertam num perigoso atoleiro. O descontrole começa por lançar no precipĂcio os mais pobres e, nĂŁo havendo responsabilidade, atĂ© mesmo os grandes bancos podem comprometer seus ativos mais do que podem suportar. Em 2007, foi o crĂ©dito o principal motor do crescimento da economia brasileira. O PIB teve expansĂŁo estimada em mais de 5% empurrado pelo aumento do consumo das famĂlias. O crediĂĄrio permitiu acesso a bens de consumo durĂĄveis, assim como roupas, viagens e outros confortos. Camadas mais pobres da população foram, afinal, inseridas no mercado, o que Ă© bom.
O crĂ©dito Ă©, de fato, o combustĂvel que mais aquece as economias ocidentais. E, no Brasil, o sistema financeiro despejou mais de R$ 900 bilhĂ”es em crĂ©ditos na economia, no ano passado. O crĂ©dito que nunca tinha passado de 24% do Produto Interno Bruto (PIB) saltou para 34%. Ă ainda pouco, perto das economias mais desenvolvidas. Mas Ă© um avanço apreciĂĄvel. Daquele total, R$ 658 bilhĂ”es foram recursos que inflaram o crĂ©dito nĂŁo vinculado a outras operaçÔes e, portanto, livres para serem empregados no financiamento ao consumo, um crescimento de 32% sobre 2006. Mas, o resultado de toda essa expansĂŁo nĂŁo estĂĄ sĂł no aumento do PIB . Turbinou tambĂ©m o lucro dos bancos, que jĂĄ comemoram novos recordes de causar inveja em outros mercados.
Mas nem tudo Ă© festa. Foi o entusiasmo com os lucros obtidos no crĂ©dito imobiliĂĄrio que fez a maioria do sistema bancĂĄrio dos Estados Unidos e vĂĄrias instituiçÔes europĂ©ias que lĂĄ operam perderem a cabeça. A crise que desde agosto vem arrastando os mercados financeiros ocidentais para um mar de prejuĂzos e incertezas começou exatamente com os excessos na concessĂŁo do crĂ©dito a tomadores de baixa liquidez. No Brasil, o atrativo do lucro jĂĄ anda fazendo financeiras incomodarem transeuntes para empurrar emprĂ©stimos a qualquer custo. Milhares de brasileiros de baixa renda e elevado desejo de consumo jĂĄ estĂŁo atolados em dĂvidas impagĂĄveis, como demonstra a reportagem do Estado de Minas. Os dramas individuais sĂŁo enormes e a inadimplĂȘncia mĂ©dia do sistema, embora ainda nĂŁo seja alarmante, dĂĄ sinais que nĂŁo devem ser desprezados. Manter o crĂ©dito em nĂvel saudĂĄvel Ă© um dever das autoridades, nĂŁo importa a impulsividade dos bancos. Afinal, o que estĂĄ em jogo Ă© muito mais que a fugaz alegria do presente.
(Colaboração: Adriana/Fåtima)
E NĂIS QUE PENSAVA QUE NUNCA ERRAVA!
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