"HERROS" DE SEMPRE
CIDADE SUBMERSA
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http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/8606466.stm
Rio...
...do descaso, da demagogia, do populismo e das vĂtimas de suas ĂĄguas.
A maior tempestade da histĂłria do estado causa centenas de mortes nas favelas e expĂ”e o lado sombrio da polĂtica de incentivos Ă ocupação ilegal de ĂĄreas de risco nos morros.
A tempestade que se abateu sobre o Rio de Janeiro na madrugada do dia 06 de abril de 2010, com fĂșria e persistĂȘncia recordes, escancarou a gravidade de um problema hĂĄ dĂ©cadas negligenciado: o incentivo oficial para a ocupação de encostas. NĂŁo fosse o risco de vida embutido, a "indĂșstria da favelização" poderia atĂ© ser vista como um programa social. NĂŁo Ă©. Os falsos benemĂ©ritos dĂŁo ajuda material a famĂlias inteiras para que se instalem em ĂĄreas de alto risco em troca do voto delas nas eleiçÔes. Quando ocorrem tragĂ©dias como a da semana passada, eles fingem que o problema nĂŁo Ă© com eles. O Ășltimo levantamento oficial mostra que em 119 favelas, de sete municĂpios do estado, ocorreram 197 das 219 mortes registradas atĂ© agora. Ao testemunhar o desabamento de dezenas de casebres e a morte de vizinhos no Morro dos Prazeres, na Zona Sul da cidade e um dos mais atingidos pelas chuvas, JosĂ© Ferreira, 60 anos, resumiu: "Parecia um tobogĂŁ". O padrĂŁo se repetiu em diversos pontos. Um apĂłs o outro, os morros foram lavados pela força das ĂĄguas da chuva, perdendo sua fina cobertura de terra onde foram plantados os barracos irregulares nĂŁo apenas com a complacĂȘncia das autoridades mas com sua ajuda. Diz o sociĂłlogo BolĂvar Lamounier: "O fenĂŽmeno da favelização no Rio Ă© consequĂȘncia do relaxamento moral e jurĂdico".
Palco de uma dramĂĄtica avalanche que causou 27 mortes, fez atĂ© agora 200 desaparecidos e arrastou cinquenta dos pouco mais de 100 barracos, o Morro do Bumba, em NiterĂłi, cidade vizinha ao Rio, Ă© um caso emblemĂĄtico de como o poder pĂșblico nĂŁo sĂł Ă© omisso em relação Ă proliferação das favelas como tambĂ©m pode ser decisivo para sua expansĂŁo. Fincados sobre um lixĂŁo desativado, cujos restos sĂŁo atĂ© hoje aparentes e deixam no ar um permanente cheiro de podridĂŁo, os barracos começaram a brotar ali na dĂ©cada de 80, sem que nenhum governante fizesse objeção alguma. Ao contrĂĄrio disso, os sucessivos prefeitos promoveram melhorias na ĂĄrea, proporcionando ĂĄgua encanada, energia elĂ©trica e ruas asfaltadas, o que sĂł fez atrair moradores. Trata-se ainda de um exemplo de completo descaso das autoridades com a flagrante precariedade dessas habitaçÔes. Encomendados pela prĂłpria prefeitura, dois relatĂłrios tĂ©cnicos (ambos solenemente engavetados) jĂĄ haviam veementemente contraindicado a presença de casas naquele morro por duas razĂ”es: o lixo presente no subsolo tornava o terreno altamente suscetĂvel a deslizamentos e o gĂĄs metano, proveniente da deterioração dos detritos, poderia, a qualquer momento, provocar uma explosĂŁo - algo que talvez tenha ocorrido na semana passada (veja no quadro abaixo). Num cenĂĄrio de terra arrasada, os bombeiros tentam ainda resgatar por lĂĄ sobreviventes de um mar de lama e destroços. A cada corpo içado pelas escavadeiras, gente como o motorista Marco AntĂŽnio Caternol, 31 anos, expĂ”e sua dor: "O aguaceiro levou minha casa e meu filho CaĂque, de 6 anos. NĂŁo sei como serĂĄ viver sem esse menino".
DĂ©cadas de irresponsabilidade e demagogia por parte de governantes foram determinantes para explicar o acelerado inchaço das favelas do Rio de Janeiro. Desde 1950, quando levas de nordestinos aportaram na cidade, a população nos morros cresceu a um ritmo de quatro vezes a do Rio como um todo - velocidade impressionante. Outras grandes cidades brasileiras, como SĂŁo Paulo e BrasĂlia, tambĂ©m viram o surgimento de barracos, mas em nenhum outro lugar do paĂs o populismo foi tĂŁo decisivo para que as favelas tomassem as dimensĂ”es de hoje. Nos anos 80, o governador Leonel Brizola chegou a incentivar abertamente a ocupação dos morros. Ali, fincava seus currais eleitorais, proibindo atĂ©, pasme-se, a entrada da polĂcia, um aval para o banditismo. "Favela nĂŁo Ă© problema, Ă© solução", pregava o entĂŁo vice-governador, Darcy Ribeiro. A coisa ganhou uma escala tal que agora existe uma bancada fluminense a serviço da favelização. Nada menos que treze dos 51 integrantes da CĂąmara de Vereadores e 21 dos setenta deputados mantĂȘm centros sociais em favelas. Em troca de votos, eles prestam todo gĂȘnero de assistĂȘncia aos moradores - de distribuição de dentaduras a atendimento mĂ©dico. Quando algum governante lança a ideia de remover uma favela, esses polĂticos sĂŁo os primeiros a fazer pressĂŁo contra. Resume o cientista polĂtico Alberto Carlos Almeida, autor do livro A Cabeça do Brasileiro: "Grassa nos morros do Rio a indĂșstria da favelização, alimentada por polĂticos com o Ășnico interesse de ter nos barracos mais e mais pessoas dependentes deles".
As frĂĄgeis construçÔes encravadas em encostas de declive acentuado evidentemente nĂŁo estavam preparadas para resistir ao maior temporal da histĂłria do Rio de Janeiro desde 1912, ano em que o Ăndice pluviomĂ©trico começou a ser medido. Pela Ășltima contagem dos mortos, essa tempestade ombreia com a de 1966, que fez da cidade uma praça de guerra - e tambĂ©m fez vĂtimas nos deslizamentos em favelas que, Ă quela altura, jĂĄ estavam bem povoadas. A catĂĄstrofe da semana passada mostra que nĂŁo houve progressos nos quarenta anos que separam as duas tormentas, mas apenas retrocessos, uma vez que o nĂșmero de pessoas que vivem em encostas sĂł aumentou. Sempre que chove forte, os barracos perigam desabar. Eles estĂŁo apoiados em uma base bastante instĂĄvel do ponto de vista geolĂłgico: trata-se de uma camada de terra que nĂŁo passa dos 2 metros de espessura e fica sobre rochas que, com o tempo, vĂŁo se despregando do maciço original. Uma vez encharcada de ĂĄgua, essa superfĂcie facilmente desliza, como se viu nas favelas com mortos no Ășltimo temporal. Define o geĂłgrafo Marcelo Motta: "Terrenos assim sĂŁo como bombas-relĂłgio. Podem despencar a qualquer momento".
Juntando-se a geologia dos morros Ă violĂȘncia do aguaceiro, nĂŁo havia chance para que as favelas saĂssem ilesas. A fĂșria da tempestade, que desencadeou a sĂ©rie de 692 deslizamentos ao longo da semana sĂł na cidade do Rio, explica-se por uma conjunção rara de trĂȘs fatores meteorolĂłgicos. Primeiro, o Oceano AtlĂąntico estava 1,5 grau acima da mĂ©dia desta Ă©poca do ano, o que precipitou o aparecimento de uma gigantesca massa de ar quente e Ășmido. Uma vez no continente, essa massa se chocou com a mais intensa frente fria do ano, vinda do sul, provocando as fortes chuvas. Nessas condiçÔes, tudo indicava que o temporal duraria seis horas, mas ele acabou se estendendo por catorze horas seguidas, graças a uma terceira variĂĄvel que complicou o cenĂĄrio: na ocasiĂŁo, ventos de atĂ© 60 quilĂŽmetros por hora formavam uma espĂ©cie de cortina de ar, impedindo que a frente fria seguisse rumo ao norte. Diz o meteorologista Marcelo Seluchi, do Centro de PrevisĂŁo de Tempo e Estudos ClimĂĄticos: "As origens do temporal no Rio sĂŁo bem semelhantes Ă s da tempestade que assolou Santa Catarina, em 2008, mas sua intensidade Ă© incomparĂĄvel".
Os efeitos foram devastadores. Com a capital em estado de emergĂȘncia, faltou luz em catorze bairros, uma espessa camada de lama e lixo encobriu vĂĄrias ruas da Zona Sul e as principais avenidas ficaram bloqueadas. Em favelas como a dos Prazeres, a destruição se traduzia nos destroços de doze casebres engolidos por um deslizamento que deixou saldo de trinta mortes. Talvez uma das mais comoventes cenas produzidas pela tragĂ©dia tenha sido protagonizada por Walmir França da Mata, 50 anos, que perdeu o filho, Marcus VinĂcius, de 8 anos. Com as duas pernas presas nos escombros da casa que desabou, o menino permaneceu vivo durante doze horas, perĂodo em que nĂŁo parava de suplicar: "Pai, me tira logo daqui". Walmir, que ajudava os bombeiros na operação de resgate, renovava as esperanças. "Eu estive muito perto do meu filho, mas nĂŁo consegui tirĂĄ-lo de lĂĄ", conta ele, que entrou em desespero ao testemunhar um novo desabamento, ao qual Marcus VinĂcius nĂŁo sobreviveria. JĂĄ com o corpo do menino no colo, seu pranto se misturava ao de vizinhos que tambĂ©m haviam assistido, de perto, Ă morte de familiares.
O Rio, que durante toda a semana chocou o Brasil com imagens dos morros sob escombros, vĂȘ-se agora diante de uma questĂŁo premente e que jamais foi tratada com real seriedade: estĂĄ bem claro que a situação das favelas Ă© insustentĂĄvel. O debate, atĂ© entĂŁo, repousou sob a sombra da demagogia e dos interesses polĂticos. Diz o urbanista SĂ©rgio MagalhĂŁes: "O primeiro tabu que precisa cair Ă© o de que remover moradias Ă© uma afronta". Nos casos em que os moradores chegam a correr risco de vida ou em que a existĂȘncia de amplas ĂĄreas degradadas tem impacto econĂŽmico negativo para a cidade, esse tipo de ação, sim, se justifica. A ideia da remoção de favelas, no entanto, tornou-se maldita em decorrĂȘncia das iniciativas encabeçadas pelo governador Carlos Lacerda, que, na dĂ©cada de 60, retirou moradores de doze favelas cariocas. Feita com truculĂȘncia, a operação fracassou, uma vez que os novos conjuntos habitacionais para onde eles foram levados acabaram tambĂ©m se favelizando, abandonados Ă prĂłpria sorte pelo poder pĂșblico. A experiĂȘncia mostra que Ă© justamente quando o estado se faz presente que essa polĂtica dĂĄ certo. Durante o governo de Nelson Mandela, na dĂ©cada de 90, nada menos que 5 milhĂ”es de pessoas foram removidas de favelas na Ăfrica do Sul - 10% do total no paĂs. Na Cidade do Cabo, elas foram reassentadas em ĂĄreas mais distantes do centro, porĂ©m dotadas de boa infraestrutura. O mercado imobiliĂĄrio do centro, por sua vez, explodiu, e o comĂ©rcio tornou-se vibrante como nunca.
Dada a dimensĂŁo das favelas cariocas, que chegam a reunir dezenas de milhares de habitantes, restringir a discussĂŁo Ă s remoçÔes seria uma simplificação do problema. Existe um consenso de que hĂĄ casos em que Ă© mais fĂĄcil e barato urbanizĂĄ-las, de modo a integrar Ă economia da cidade as ĂĄreas em que viceja a informalidade. Afirma o urbanista Jonas Rabinovitch, conselheiro da Organização das NaçÔes Unidas: "Em favelas como a Rocinha, o mais acertado a fazer Ă© legalizar os imĂłveis e dotar esses locais com toda a infraestrutura urbana, para que deixem de estar Ă margem do estado e da lei". Contra as prĂĄticas ilegais que grassam nas favelas, como o trĂĄfico de drogas e a extorsĂŁo de comerciantes por parte dos bandidos, nĂŁo hĂĄ outra saĂda senĂŁo, de novo, o estado fazer-se presente - algo que por dĂ©cadas a fio simplesmente nĂŁo ocorreu no Rio de Janeiro.
O histórico descaso das autoridades com a questão conspirou para a proliferação dos barracos que, na semana passada, deslizavam morro abaixo. Um novo relatório do Tribunal de Contas da União chama atenção para o fato de que foram destinados ao Rio apenas 0,9% dos 143 milhÔes de reais que o governo federal reservou aos estados, em 2008, para obras de prevenção a desastres. Além de antigos gargalos de infraestrutura, como galerias pluviais obsoletas e insuficientes para dragar até a ågua de chuvas mais leves, falta à cidade, por exemplo, um radar meteorológico próprio, instrumento fundamental para prever a aproximação de tempestades e tomar as precauçÔes necessårias. Tal serviço é feito hoje por um equipamento da Aeronåutica que fica na Serra de Petrópolis, fincado a 1 800 metros de altitude. Como o radar não consegue flagrar tormentas abaixo dessa altura, isso comprometeu a previsão da intensidade da chuva - que surpreendeu a população.
Seus efeitos, no entanto, nĂŁo seriam tĂŁo nefastos caso os barracos que desabaram, em flagrante situação de perigo, nĂŁo estivessem ali. O mais recente relatĂłrio da prefeitura apontou trinta favelas sob alto risco de deslizamento. Espanta saber que apenas trĂȘs das que registraram desabamentos no Ășltimo temporal constavam da lista. A situação vai se perpetuando Ă custa de demagogia. Tentava justificar o prefeito de NiterĂłi, Jorge Roberto Silveira, depois que o morro do Bumba virou um tobogĂŁ de terror: "Essas coisas sĂŁo incontrolĂĄveis. A gente tem um povo pobre, e, para remover, Ă© um drama". Drama Ă© incentivar esse "povo pobre" a se equilibrar sobre bombas-relĂłgio naturais em troca de servidĂŁo eleitoral e, em face da tragĂ©dia evitĂĄvel, apenas resignar-se. Se Ă© inimaginĂĄvel esperar que os polĂticos fluminenses deixem de pensar apenas na prĂłxima eleição para se preocuparem com a prĂłxima geração, Ă© uma obrigação exigir deles que, pelo menos, pensem na prĂłxima estação de chuvas.
Ronaldo França, Ronaldo Soares e Roberta de Abreu Lima - Fonte: Veja - Edição 2160.
TRAGĂDIA MAIOR
TragĂ©dia maior TragĂ©dias como a de NiterĂłi sĂŁo geralmente atribuĂdas Ă imprevidĂȘncia das autoridades. Antes fosse tĂŁo simples. Nas cidades brasileiras, os pobres sĂŁo empurrados pela especulação imobiliĂĄria para encostas e lixĂ”es, ĂĄreas de riscos para construção em que o terreno tem pouco valor. A propriedade da terra no Brasil Ă© concentrada nas mĂŁos de poucos, como nĂŁo podia deixar de ser no paĂs mais desigual do mundo. E essa Ă© a nossa maior tragĂ©dia, da qual nascem todas as demais tragĂ©dias sociais: a desigualdade.
Raquel Faria - Fonte: O Tempo - 13/04/10.
NAS COXAS
As primeiras telhas do Brasil eram feitas de argila moldada nas coxas dos escravos. Como os escravos variavam de tamanho e porte fĂsicos, as telhas ficavam desiguais. DaĂ a expressĂŁo fazendo nas coxas, ou seja, de qualquer jeito.
(Colaboração: A.M.B.)
A FEBRABAN TEVE UM APAGĂO MORAL DE 24 HORAS
O presidente da Federação Brasileira de Bancos, FĂĄbio Barbosa (Santander), e seus dois vice-presidentes, JosĂ© Luiz Acar (Bradesco) e Marcos Lisboa (ItaĂș Unibanco), deveriam marcar um almoço para responder Ă seguinte pergunta: "Que tal fecharmos nossa quitanda?"
O Rio estava de joelhos (a sede da guilda fica em SĂŁo Paulo), os mortos jĂĄ beiravam a centena, os desabrigados eram milhares, e a Febraban emitiu uma nota oficial informando o seguinte:
"Somente em caso de decretação de calamidade pĂșblica Ă© que os bancos poderĂŁo receber contas atrasadas sem cobrar os juros de mora estabelecidos pelas empresas que emitiram os tĂtulos e boletos de cobrança." (Havia a calamidade, mas faltava o decreto.)
Nenhuma palavra de pesar, muito menos misericĂłrdia. Recomendavam aos clientes que usassem o telefone, a internet ou recorressem aos caixas eletrĂŽnicos, sem explicar como chegar a eles. Centenas de agĂȘncias bancĂĄrias estavam fechadas.
Exatas 24 horas depois, a Febraban voltou atrĂĄs. Aliviou as multas, os juros e ofereceu os serviços dos bancos para orientar as vĂtimas que porventura jĂĄ tivessem sido mordidas.
Recuou com a mesma arrogùncia da véspera. Nenhuma palavra de pesar. Ao contrårio. Em tom professoral, a guilda dos banqueiros ensinou: "Cabe lembrar que a cobrança é um serviço que os bancos, sob contrato, prestam às empresas titulares dos valores a serem pagos". Se é assim, por que recuou?
A Febraban deve ser fechada porque, tendo sido criada para defender os interesses de uma banca que gostava da sombra, tornou-se um ativo tóxico. Numa época em que as grandes casas de crédito gastam fortunas para divulgar seus compromissos com a sociedade, a Febraban arrastou-as para um apagão moral.
HĂĄ uma diferença entre banqueiro e usurĂĄrio. Amadeo Giannini, por exemplo, era banqueiro. Em 1906, logo depois do terremoto e do incĂȘndio de San Francisco (3.000 mortos), ele foi ao cofre de sua pequena casa bancĂĄria, tirou cerca de US$ 40 milhĂ”es (em dinheiro de hoje) e montou uma bancada no meio da rua. Enquanto os magnatas de colarinho engomado fechavam suas agĂȘncias, Giannini concedia emprĂ©stimos, pedindo apenas a garantia de um aperto de mĂŁo. Ele morreu em 1949, rico, famoso e respeitado, dono do Bank of America. Pelas suas memĂłrias, recebeu de volta atĂ© o Ășltimo centavo. No dia da catĂĄstrofe, nĂŁo havia banqueiro na Febraban.
Elio Gaspari (http://www.submarino.com.br/portal/Artista/80141/+elio+gaspari) - Fonte: Folha de S.Paulo â 11/04/10.
A TRAGĂDIA QUE VEIO DA CHUVA E DA OMISSĂO
Hå um século, libertamos os escravos sem fazer a reforma agråria e sem considerar que isso forçaria migraçÔes em direção às cidades. Desde os anos 30, iniciamos o salto para a industrialização, aumentando a migração. E submetemos nossos projetos de infraestrutura urbana à voracidade de um modelo de desenvolvimento perdulårio e concentrador.
Pior, para nĂŁo mudarmos o modelo de desenvolvimento e o imediatismo que norteiam nossas decisĂ”es, vamos dando "jeitinhos", como se as chuvas nunca viessem em densidades infernais, nem previsĂveis no longo prazo. Usamos polĂticas pĂșblicas que solucionam apenas os problemas de uma parte pequena e privilegiada da sociedade.
A natureza Ă© paciente, mas nĂŁo tolera "jeitinhos".
A consequĂȘncia Ă© que as cidades estĂŁo pagando pelos erros e omissĂ”es do passado. AtraĂmos migraçÔes e investimos recursos para viabilizar a indĂșstria automobilĂstica, e nĂŁo para dar segurança aos moradores. Nossas cidades sĂŁo levantadas sobre o alicerce dos "jeitinhos" e por governos sem visĂŁo. Prisioneiros do imediato, ignoramos o futuro.
NĂŁo podemos jogar a culpa somente nos atuais governantes, nem nos governantes locais, nem mesmo em todos os governantes. A culpa Ă© da nossa cultura de preferĂȘncia pelo imediato e de pavor Ă prevenção. Fizemos a opção pelo imediatismo, pela concentração, pela industrialização rĂĄpida, pela urbanização apressada, com infraestrutura incompleta.
A tragédia vem da "chuvomissão". As chuvas aumentam de volume, os governantes escolhem investimentos que não levam em conta o longo prazo, a omissão fecha os olhos, os ambientalistas não são ouvidos e o resultado é a tragédia.
Esse Ă© um problema que nenhum governante vai resolver se o Brasil continuar com a prĂĄtica do jeitinho suicida: os baixos salĂĄrios sĂŁo compensados com baixa exigĂȘncia, com aposentadorias precoces, vale-transporte e vale-refeição; a pobreza Ă© compensada com bolsas assistenciais; a falta de habitação, com a tolerĂąncia Ă ocupação irregular do solo; a falta de estadistas para mudar o futuro do paĂs, com polĂticos geniais no convencimento de que tudo vai bem.
Certamente, governadores e prefeitos precisam fazer seus deveres de casa, mas nenhum conseguirĂĄ resolver os problemas de sua regiĂŁo se o Brasil continuar desprezando o futuro, comemorando o aumento do nĂșmero de carros, das vias asfaltadas e dos viadutos construĂdos, em vez de implantar um novo modelo de desenvolvimento que incentive a moradia, a ocupação regular do solo e o respeito ecolĂłgico.
Enquanto isso nĂŁo for feito, a chuva e a omissĂŁo continuarĂŁo a provocar tragĂ©dias cĂclicas, gritantes e visĂveis, ao lado de outras, permanentes, mas que nos negamos a ver: na saĂșde, na pobreza, na educação, na migração por necessidade de sobreviver. Essas, sim, as verdadeiras causas.
Cristovam Buarque - Professor (UnB) http://www.cristovam.org.br/ - Fonte: O Tempo - 16/04/10.
HUMILHAĂĂES AFETAM MAIS ALUNOS DE 5ÂȘ E 6ÂȘ SĂRIES
Chamadas de "bullying", as humilhaçÔes e ofensas entre crianças e adolescentes nas escolas afetam principalmente estudantes de quinta e sexta sĂ©ries no Brasil -59% dos que disseram ter sido vĂtimas de "bullying" estĂŁo nessa faixa escolar. Os dados compĂ”em pesquisa feita no ano passado com 5.168 alunos de 25 escolas pĂșblicas e particulares.
No geral, pelo menos 17% das crianças entrevistadas estão envolvidas com o problema -seja intimidando alguém, sendo intimidadas ou os dois.
O fenĂŽmeno, segundo os pesquisadores, pode se manifestar por xingamentos, agressĂ”es, risadas e ameaças. As ofensas geralmente envolvem preconceito por caracterĂsticas fĂsicas.
No mundo virtual, onde as humilhaçÔes podem ser anĂŽnimas, a situação Ă© ainda pior: o nĂșmero de envolvidos com o "bullying" sobe para 31%, sendo que 17% foram vĂtimas.
A forma mais comum de agressão cibernética é o envio de e-mails ofensivos. Depois, vem a difamação em sites de relacionamento, como o Orkut.
Fonte: Folha de S.Paulo â 15/04/10.
E NĂIS QUE PENSAVA QUE NUNCA ERRAVA!
CONTINUAMOS ERRANDO PROPOSITALMENTE...! HERRAR Ă UMANO!
Se vocĂȘ vir alguma coisa errada, mande um e-mail pelo FALE CONOSCO que "a ajente correge". Clique aqui e envie: http://www.faculdademental.com.br/fale.php