FM - Faculdade Mental

A JENTE HERRAMOS - 13/05/2010

"HERROS" SENSACIONALISTAS

SENSACIONALISTA X GISMODO

English:
http://www.globalpost.com/bio/seth-kugel
NotÃcia fictÃcia de site de humor brasileiro ganha noticiÃ¡rio mundial como verdade.
â€œPochete ainda Ã© o anticoncepcional mais eficaz, diz OMSâ€, â€œMovimento das Sem-Teta pede Bolsa Siliconeâ€, â€œHomem de seis dedos quer doar um a Lulaâ€. Todos estes tÃtulos bizarros sÃ£o criaÃ§Ãµes do Sensacionalista (http://sensacionalista.virgula.uol.com.br/), um site de humor brasileiro especializado em inventar histÃ³rias engraÃ§adas. Seu slogan diz â€œUm jornal isento de verdadeâ€. Ou seja, nÃ£o Ã© um site para se levar a sÃ©rio, correto?
Nem tanto. O Gizmodo (http://www.gizmodo.com.br/), um dos maiores blogs do mundo, acabou comprando uma histÃ³ria publicada pelo Sensacionalista. O tÃtulo jÃ¡ era algo difÃcil de acreditar: â€œMulher engravidou vendo filme pornÃ´ 3Dâ€. Basicamente, a â€œnotÃciaâ€ conta a histÃ³ria de um soldado americano traÃdo, que aceitou a explicaÃ§Ã£o estapafÃºrdia de sua mulher sobre o fato de ela ter concebido um filho mulato. (nÃ£o haveria problema algum se nÃ£o fosse o fato de o casal ser branco). Ela justificou ter engravidado apÃ³s assistir a um filme pornÃ´ em 3D e ter tido â€œcontatoâ€ com um ator negro.
No dia em que foi publicada, a histÃ³ria comeÃ§ou a circular pelo Twitter e logo comeÃ§ou a aparecer em diversos sites brasileiros como uma notÃcia verdadeira. O boca-a-boca virtual cruzou o AtlÃ¢ntico e nossos amigos portugueses (Ã³ a piada pronta) do jornal I deram a notÃcia no site deles, que foi retificada depois de um tempo, dizendo que o Sensacionalista era um site especializado em publicar notÃcias falsas. â€œO site nÃ£o tem o objetivo de espalhar boato. Ã‰ um site de humor, que tem notÃcias engraÃ§adasâ€, diz Otileno Junior, um dos autores do Sensacionalista.
JÃ¡ traduzida para o inglÃªs, a notÃcia chegou ao poderoso Gizmodo. O blog entÃ£o recebeu um comentÃ¡rio de um leitor, explicando que o Sensacionalista era um blog de humor. Riscou a notÃcia e explicou que era uma histÃ³ria inventada.
Ponto para o humor brasileiro, pregando peÃ§as em jornalistas desde mil oitocentos e guaranÃ¡ com rolha.
Bonte: Bombou na Web (http://www.bombounaweb.com.br) - 07/05/10.

"QUEM TEM BOCA VAI A ROMA"
A internet Ã© uma maravilha -e disso ninguÃ©m duvida, suponho. No entanto, se/quando Ã© mal usada, nÃ£o passa de uma grande bobagem. Uma das tantas provas disso Ã© a livre circulaÃ§Ã£o de textos "escritos" por Luis Fernando Verissimo, Arnaldo Jabor, Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Jorge Luis Borges, MÃ¡rio Quintana, Pasquale Cipro Neto etc.
Opa! Pasquale Cipro Neto sou eu! E, atÃ© prova em contrÃ¡rio, nÃ£o fui informado de ser o "autor" de algumas bobagens que circulam por aÃ. Uma delas, que vem com o pomposo tÃtulo "Direto do Professor Pascoale", promove uma verdadeira reviravolta em histÃ³ricos provÃ©rbios, que ouvimos desde a tenra idade. A comeÃ§ar pelo nome do "autor" ("Pascoale" -meu nome Ã© Pasquale), a bobagem Ã© falsa, mais do que falsa.
Pois eu jÃ¡ tinha atÃ© me esquecido dessa sandice quando recebi, por e-mail, um texto em que se faz uma anÃ¡lise detida de cada um dos provÃ©rbios, cujo sentido Ã© "explicado" com base nos meus "comentÃ¡rios". Dessa "explicaÃ§Ã£o" decorre uma "correÃ§Ã£o" na forma dos provÃ©rbios.
NÃ£o fui atrÃ¡s da autenticidade do tal texto, jÃ¡ que isso Ã© secundÃ¡rio; o primordial Ã© que a tal lista parece ter voltado a circular. E o pior: as pessoas acreditam piamente! Quando me param por aÃ ou me escrevem e me perguntam sobre a tal lista e digo que nunca a escrevi, espanto geral. "Mas como?! EstÃ¡ na internet!".
Isso me lembra algo como "Mas deu na televisÃ£o!", frase que confirma que as pessoas acham que, se deu na TV, Ã© verdadeiro. Logo a TV, que virou o territÃ³rio da nÃ£o notÃcia, da notÃcia-vaselina, com o mais do que intragÃ¡vel abuso, entre outros, do futuro do pretÃ©rito ("De acordo com a polÃcia, o ladrÃ£o teria entrado..." -ora, se a polÃcia diz que o ladrÃ£o entrou, nÃ£o Ã© preciso dizer "teria entrado" para fugir da responsabilidade pela veracidade da informaÃ§Ã£o, jÃ¡ que quem escreve "De acordo com a polÃcia, o ladrÃ£o entrou pela porta..." nÃ£o afirma ou informa que o ladrÃ£o entrou; afirma ou informa que a polÃcia diz que o ladrÃ£o entrou pela...).
Voltando Ã tal lista de "minha" autoria, nela se informa que o correto nÃ£o Ã© "Quem tem boca vai a Roma", mas "Quem tem boca vaia Roma" ("vaia", do verbo "vaiar"). A "explicaÃ§Ã£o"? LÃ¡ vai uma delas: "Ou vai me dizer que vocÃª nunca vaiou Roma naqueles filmes histÃ³ricos?" Outra: "No tempo do ImpÃ©rio Romano, as pessoas vaiavam...". Melhor parar.
SÃ³ umas informaÃ§Ãµezinhas: sabe como Ã© esse provÃ©rbio em espanhol? LÃ¡ vai: "Preguntando se llega a Roma". NÃ£o Ã© preciso traduzir, Ã©? Sabe como Ã© em italiano? LÃ¡ vai: "Chi ha (la) lingua arriva a Roma" ("Quem tem [a] lÃngua chega a Roma"). E que tal acrescentar a famosa frase "Todos os caminhos levam a Roma", que em inglÃªs vira "All roads lead to Rome" e em italiano passa a "Tutte le strade portano a Roma"? Que tal?
Bem, a esta altura, alguÃ©m pode estar achando que os provÃ©rbios necessariamente se explicam pela lÃ³gica da frase, pela histÃ³ria da lÃngua ou da humanidade, o que nÃ£o Ã© verdadeiro. Qual seria a explicaÃ§Ã£o "lÃ³gica" para o dito "Por fora, bela viola; por dentro, pÃ£o bolorento"? Nenhuma, creio. E quem disse que isso Ã© necessÃ¡rio ou fundamental? O fundamental, nesse caso, alÃ©m do aspecto lÃºdico, sonoro, chistoso etc., Ã© que quem tem um tostÃ£o de senso de abstraÃ§Ã£o capta logo o sentido desse dito, por sinal muito parecido com o de outros, igualmente conhecidos ("As aparÃªncias enganam"; "Lobo em pele de cordeiro" etc.).
Devagar com o andor, pois. E com os julgamentos a respeito do que alguÃ©m (nÃ£o) escreve ou pensa. Ã‰ isso.
Pasquale Cipro Neto (http://www.professorpasquale.com.br/) - Fonte: Folha de S.Paulo â€“ 13/05/10.

O ATRASO DA ESCOLA PÃšBLICA - A EUROPA DISTANTE
Nossa escola pÃºblica de educaÃ§Ã£o bÃ¡sica foi de fato "inventada" hÃ¡ uns 20 anos. Era apenas estatal, financiada pela sociedade, mas promovia a exclusÃ£o dos mais carentes. Estes, quando entravam, pouco permaneciam, por dificuldades diversas. SaÃam com o estigma do fracasso.
JÃ¡ na Europa, a escola gratuita de qualidade Ã©, tradicionalmente, polÃtica pÃºblica para, inclusive, diminuir desigualdades. LÃ¡, a opiniÃ£o pÃºblica costuma escandalizar-se se um alto gestor do ensino governamental nÃ£o confia seus filhos ao sistema por ele comandado.
TambÃ©m no Velho Mundo hÃ¡ conflitos, preconceitos, violÃªncia e as limitaÃ§Ãµes pedagÃ³gicas da pÃ³s-modernidade. Isso foi tema de "Entre os Muros da Escola", filme francÃªs de Laurent Cantet estrelado por um professor da periferia parisiense, FranÃ§ois BÃ©gaudeau.
Voltando ao Brasil, quando os mais carentes entraram para ficar na escola estatal, com incentivos financeiros, ela ficou realmente pÃºblica. Mas os de melhor condiÃ§Ã£o bateram em retirada: a mistura de diferentes nunca foi bem vista por nossa pequena burguesia. A qualidade desabou. Nos anos 90, o desafio passou a ser abrir vagas: evitar as reiteradas reprovaÃ§Ãµes para atender aos ex-excluÃdos.
Surgiram aventuras do tipo Escola Plural em Belo Horizonte, municÃpio com educadores qualificados e com atuaÃ§Ã£o tambÃ©m em escolas de elite. Os resultados foram pÃfios se comparados aos que a comunidade obteve com a mesma categoria hÃ¡ algumas dÃ©cadas.
Um dos entraves estÃ¡ no fato de que os pais mais pobres - em geral, com baixa instruÃ§Ã£o - tÃªm poucas condiÃ§Ãµes de auxiliar no estudo de seus filhos. AlÃ©m disso, esses, muitas vezes, sÃ£o vÃtimas das mÃ¡s influÃªncias da criminalidade e tÃªm necessidade precoce de trabalhar.
Do outro lado estÃ¡ (ou estava) o segmento social mÃ©dio e superior. De elevadas expectativas em relaÃ§Ã£o aos filhos, quase sempre reprova, preconceituosamente, a convivÃªncia com os menos afortunados. Com uma espÃ©cie de "plano de saÃºde educacional", migrou para as instituiÃ§Ãµes particulares. Ainda que nÃ£o colham um ensino significativamente melhor, os remediados pagam caro para livrar-se de um problema social.
Esse "salve-se quem puder" colocou uma das maiores economias mundiais num vergonhoso 88Âº lugar no Ãºltimo Ãndice de Desenvolvimento da EducaÃ§Ã£o divulgado pela Unesco, que tem vÃ¡rias naÃ§Ãµes europeias nas melhores colocaÃ§Ãµes.
No mundo da tecnologia, os primeiros aviÃµes eram carroÃ§as voadoras em relaÃ§Ã£o aos de hoje. Ao contrÃ¡rio da indÃºstria aeronÃ¡utica, nossa educaÃ§Ã£o pÃºblica de base, de processo ainda mais complexo, pouco ou nada evoluiu, por nÃ£o ter mais a ver com a elite. NÃ£o Ã© um espaÃ§o de cidadania, inclusÃ£o, interaÃ§Ã£o social e saber solidÃ¡rio. Permanece com seus muros, insucessos, seus profissionais subempregados e no limite do estresse.
A Europa continua distante. E a maioria de nÃ³s parece nÃ£o estar nem aÃ.
Pedro Jorge Fonseca - Professor da rede pÃºblica municipal - - Fonte: O Tempo - 08/05/10.

E NÃ“IS QUE PENSAVA QUE NUNCA ERRAVA!
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