VIOLĂNCIA
ACOSTUMADO COM VIOLĂNCIA
Charge do Duke. Confira mais charges do Duke em http://dukechargista.blogspot.com/
Fonte: O Tempo - 14/07/08.
URNAS FUNERĂRIAS
A cena se repete milhares de vezes por minuto: gente na rua fazendo sinal para o tĂĄxi que passa indiferente aos frenĂ©ticos acenos. Claro -porque estĂĄ ocupado. Dentro do carro, o motorista pisca os dedinhos para fazer o sinal de "lotado", mas, como os pĂĄra-brisas, laterais e traseiras desse tĂĄxi estĂŁo solidamente vedados por insulfilme, tambĂ©m o sinal Ă© invisĂvel para quem estĂĄ de fora. SĂł resta ao cidadĂŁo ficar com o dedo estendido em vĂŁo, sentindo-se o Ășltimo dos rejeitados.
Outro dia, um conhecido meu sofreu um seqĂŒestro-relĂąmpago em SĂŁo Paulo. Seu carro sĂł nĂŁo tinha insulfilme dentro do porta-luvas -era a sua maneira de sentir-se "protegido" nĂŁo sei do quĂȘ. Os seqĂŒestradores rodaram com ele durante horas pelas ruas mais movimentadas, rindo dos policiais com quem cruzavam pelo caminho. Isolado do mundo pelo filme preto, meu amigo nĂŁo tinha quem o salvasse. A brincadeira custou-lhe alguns milhares de reais.
O insulfilme tornou-se ainda o grande protagonista das blitze promovidas pelas nossas polĂcias. A partir de certo grau de invisibilidade, Ă© para o carro ser parado na certa -basta que os homens estejam de olho num exemplar daquela marca ou cor. Para nĂŁo falar no risco de vocĂȘ estar rodando Ă noite com um carro desses, todo envelopado, com o som e o ar condicionado ligados -ou seja, incapaz de perceber os sinais que a polĂcia estĂĄ fazendo atrĂĄs de vocĂȘ, mandando-o parar. Como vocĂȘ acha que eles interpretarĂŁo a sua atitude?
No Rio, hĂĄ dez dias, a polĂcia suspeitou de um carro parado, de que nĂŁo se via o interior, e nĂŁo pensou duas vezes: mandou bala. Dentro dele estava uma criança.
Até hå pouco, eu não entendia por que, vistos de fora, carros vedados com insulfilme me lembravam urnas funerårias. Agora entendo.
Ruy Castro - Fonte: Folha de S.Paulo - 14/07/08.
MUROS E GRADES
Engenheiros do Hawaii
Composição: Humberto Gessinger - Augusto Licks
Nas grandes cidades, no pequeno dia-a-dia
O medo nos leva tudo, sobretudo a fantasia
EntĂŁo erguemos muros que nos dĂŁo a garantia
De que morreremos cheios de uma vida tĂŁo vazia
Nas grandes cidades de um paĂs tĂŁo violento
Os muros e as grades nos protegem de quase tudo
Mas o quase tudo quase sempre Ă© quase nada
E nada nos protege de uma vida sem sentido
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre as sombras, entre as sobras da nossa escassez
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre cobras, entre escombros da nossa solidez
Nas grandes cidades de um paĂs tĂŁo irreal
Os muros e as grades nos protegem de nosso prĂłprio mal
Levamos uma vida que nĂŁo nos leva a nada
Levamos muito tempo pra descobrir
Que nĂŁo Ă© por aĂ... nĂŁo Ă© por nada nĂŁo
NĂŁo, nĂŁo pode ser... Ă© claro que nĂŁo Ă©, serĂĄ?
Meninos de rua, delĂrios de ruĂnas
ViolĂȘncia nua e crua, verdade clandestina
DelĂrios de ruĂna, delitos e delĂcias
A violĂȘncia travestida faz seu trottoir
Em armas de brinquedo, medo de brincar
Em anĂșncios luminosos, lĂąminas de barbear
(solidez)
Viver assim Ă© um absurdo como outro qualquer
Como tentar o suicĂdio ou amar uma mulher
Viver assim Ă© um absurdo como outro qualquer
Como lutar pelo poder
Lutar como puder
E NĂIS QUE PENSAVA QUE NUNCA ERRAVA!
CONTINUAMOS ERRANDO PROPOSITALMENTE...! HERRAR Ă UMANO!
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