"HERROS" QUEIMADOS
"FĂSFORO BRANCO"
English: "The Lancet"
O jornal inglĂȘs de medicina "The Lancet" publica estudo sobre o tratamento de vĂtima do armamento usado em Gaza em 2009. Em janeiro, Israel admitiu o uso "proibido pela ONU".
Nelson de SĂĄ - Toda MĂdia (www.todamidia.folha.blog.uol.com.br) - Fonte: Folha de S.Paulo - 05/07/10.
TREM DE CAMPANHA
Vai mal a licitação do trem-bala. O projeto que vem sendo cozinhado no BNDES prevĂȘ uma garantia da demanda nos primeiros dez anos de operação da linha.
Se o trem tiver passageiros, o concessionĂĄrio lucra. Se nĂŁo tiver, o velho e bom BNDES mexe nos prazos de financiamento de forma a consertar a caixa dos felizardos.
Pelo menos um dos interessados no projeto diz para quem quiser ouvir que nĂŁo precisa de garantia de demanda, desde que lhe seja dada liberdade tarifĂĄria abaixo e acima do bilhete bĂĄsico. Por enquanto, essa tarifa estĂĄ em R$ 199 para o trecho Rio-SĂŁo Paulo.
O governo de Nosso Guia talvez seja o Ășnico da histĂłria dos regimes democrĂĄticos que pretende abrir uma licitação de R$ 34 bilhĂ”es para bater o martelo em fim de mandato. Como se sabe, esse Ă© um perĂodo de alta demanda filantrĂłpica. Com garantia de demanda, Eremildo, o Idiota, oferece a Dilma Rousseff uma ponte aĂ©rea para a Lua.
Elio Gaspari - Fonte: Folha de S.Paulo - 04/07/10.
MINHA PĂTRIA ONDE CANTA A VUVUZELA...
Não deu outra. O telefone tocou e eu jå sabia que era o Nelson Rodrigues - o velho aparelho de ebonite preta soa melodioso como uma trombeta de arcanjo, quando vem do céu...
- Puxa vida, Nelson, me abandonou, hein!...
- Rapaz, estĂĄ havendo uma grande polĂȘmica aqui no cĂ©u... Vou falar baixo para Ele nĂŁo ouvir: Deus nĂŁo sabe mais o que Ă© o bem ou o mal... Fica dizendo: "Antigamente era fĂĄcil, dez mandamentos, inferno e cĂ©u - agora, essa globalização sem vergonha e sem Ă©tica. E me misturam atĂ© com AlĂĄ...".
CĂĄ entre nĂłs, O Senhor anda maltratando o pobre do Hegel, que estĂĄ exalando cava depressĂŁo: "Hegel... vocĂȘ Ă© que criou essa expectativa de racionalidade... Deu nisso! - todo mundo errando em nome do bem!". JĂĄ o Nietzsche virou seu "peixinho", Ă© Frederico pra cĂĄ, Frederico pra lĂĄ.... chegou a torcer pela Alemanha... Ă© caso sĂ©rio...
- Eu sabia que vocĂȘ ia ligar sobre a derrota do Brasil, Nelson...
- A derrota Ă© um grande momento de verdade. SĂł diante da vergonha Ă© que entendemos nossa misĂ©ria. Num primeiro momento, queremos encontrar uma explicação para o fracasso, mas fracasso nĂŁo se improvisa - Ă© uma obra calculada, caprichada durante meses, anos atĂ©. NĂŁo adianta berrar no botequim que o Dunga Ă© uma besta ou que o Felipe Melo Ă© um perna de pau. NĂŁo. Nosso fracasso começou antes. Foi uma nova maneira de perder. Em 50, Ă©ramos a pĂĄtria de chuteiras; em 2006, Ă©ramos chuteiras sem pĂĄtria... Agora, tĂnhamos a obrigação de ser as chuteiras da pĂĄtria... assim como uma estatal...
- Como assim, Nelson? - pergunto eu, como nos maus diĂĄlogos de teatro.
- Ă rapaz... Primeiro, porque o paĂs virou um passado para os plĂĄsticos negĂ”es falando alemĂŁo, francĂȘs, inglĂȘs, todos de brinco e com louras vertiginosas. NĂŁo sĂŁo ingratos, nĂŁo; mas neles estĂĄ ausente a fome nacional, a Ăąnsia dos vira-latas querendo a salvação. E eles tinham de confirmar o otimismo que a mĂdia oficial lança na cara da gente... Antes, o Lula os recebeu como um pai se despedindo de pracinhas... Agora, quero ver se ele os consola na volta...
O Dunga criou um paĂs fechado... As concentraçÔes eram ilhas secretas... Como o Lula, sĂł ele decidia o que era bom para o povo.
Fez uma lavagem cerebral nos jogadores, que ficaram com um pavor de recrutas diante do sargento. Em vez de orientar as vocaçÔes dos rapazes, ensinando-lhes a liberdade, a coragem e o improviso, Dunga achou que todos tĂȘm de caber em sua estratĂ©gia. O pior cego Ă© o surdo. O tĂ©cnico devia ser um reles treinador, quase um roupeiro, humilde diante dos craques. Mas o Dunga parecia um "Mussolini" de capacete e penacho. Acho que Dunga tem inveja de craques malabaristas... Queria que todos jogassem como ele. VocĂȘ reparou como ele esbravejava com liberdade na raiva, mas, na hora da alegria de um gol, celebrava de cabeça baixa e mĂŁos fechadas, como uma dor?
- Ă mesmo, Nelson... vocĂȘ vĂȘ tudo...
- NĂŁo, foi o JoĂŁo Saldanha que berrou isso, pois estĂĄ uma fera, atirando patadas em todas as direçÔes... Falou que vai baixar num terreiro espĂrita e mandar fazer despacho contra o Dunga; quer enterrĂĄ-lo como sapo de macumba...
Dunga errou, pois jogador brasileiro nĂŁo gosta de planejamentos; quer inventar sozinho. O Ășnico criativo na Copa foi o "Loco" do Uruguai e do Botafogo. Ă isso... sem loucura nĂŁo se joga... Eu jĂĄ falei que os escritores brasileiros nĂŁo sabem bater um escanteio... pois, digo o mesmo dos jogadores de hoje, que nĂŁo sabem mais o que Ă© poesia... VocĂȘ viu o Zizinho jogar, rapaz?
- Vi, Nelson!... Era uma obra feita de ar, engano e dança, de fĂșria e delicadeza, como PelĂ© depois. Zizinho era um escultor de jogadas...
- NĂŁo faz subliteratura, rapaz... NĂŁo fica bem pra vocĂȘ... O Zizinho era um craque porque a bola o seguia com a fidelidade de uma cadelinha... Zizinho tinha um peito heroico feito anĂșncio de fortificante... Vou te dizer uma coisa, rapaz: eu senti atĂ© um certo alĂvio em mim e no povo brasileiro, que era obrigado a torcer pelo time de um tĂ©cnico odiado. Senti um certo alĂvio... O povo estava certo: tinha de ter Ronaldinho no banco, Ganso, Neimar etc...
Isso Ă© o Ăłbvio... Dunga nos devolveu Ă realidade e vamos ficar livres dele antes de 2014...
VocĂȘ reparou que os jogadores jogavam divididos entre estratĂ©gia e improviso? NĂŁo sabiam o que escolher... Sentiam-se sem liberdade; quando o Robinho avançava e improvisava era tomado de um sentimento de culpa, como se estivesse pecando... VocĂȘ veja o KakĂĄ... menino bonito, religioso, ficou tĂŁo nervoso que começou a bancar um miniDunga, antipĂĄtico... KakĂĄ ficou dividido entre Deus e o diabo.
- Mas, por que o Dunga nĂŁo ouviu a voz do povo?
- O burro acha que ser inteligente Ă© discordar do Ăłbvio, rapaz. E quando o Ăłbvio Ă© desprezado, ficamos expostos ao sobrenatural, ao mistĂ©rio do destino. Por exemplo, por que começamos o jogo como um corpo de bailarinos eufĂłricos e, no segundo tempo, ficamos paralĂticos como sapos diante de jararacas?
- Acho que a gente ficou com medo da Holanda...
- NĂŁo Ă© nĂŁo. Na sexta-feira, nĂŁo estĂĄvamos com medo da Holanda, nĂŁo. AtĂ© expulsamos os holandeses em 1630, com MaurĂcio de Nassau e tudo... O que tivemos foi medo de nĂłs mesmos. Voltou-nos o complexo de vira-latas e ficamos inibidos atĂ© para chupar um picolĂ©...
- Mas por que o medo?
- Foi o empate... lembranças de 50, talvez... Mas tambĂ©m acho que o time se sentia obrigado a manter a euforia midiĂĄtica otimista do governo Lula, ou do Dunga, que deu uma de chefe de governo. A obrigação de vencer era peso demais para os rapazes. A 10 mil quilĂŽmetros, os jogadores ouviam os gemidos ansiosos das multidĂ”es de verde e amarelo, como uma asma patriĂłtica. NĂŁo esperĂĄvamos uma vitĂłria, mas uma confirmação polĂtica.
Ă isso aĂ, rapaz...
- Mas, Nelson...
- Vou desligar porque vai ter uma mesa-redonda aqui, com o Scassa, o Saldanha e o Feola... Os anjos estĂŁo curiosos...
E desligou...
Arnaldo Jabor - Fonte: O Tempo - 06/07/10.
E NĂIS QUE PENSAVA QUE NUNCA ERRAVA!
CONTINUAMOS ERRANDO PROPOSITALMENTE...! HERRAR Ă UMANO!
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