"HERROS" MARQUETEIROS
UM PATETA...
AgĂȘncia chama criança de Pateta para vender viagem.
"Se eu nĂŁo for Ă Disney vou ser um Pateta", diz a placa levada a escolas para fotos com alunos.
AgĂȘncia defende ação de marketing, que jĂĄ foi realizada em mais de dez escolas; ONG e promotor condenam a campanha.
Garota de 11 anos combinava com uma amiga viajar em julho para a Disney. Questionada pela mĂŁe, que nĂŁo sabia de excursĂŁo nenhuma, a menina pegou uma pasta com preços do pacote turĂstico e uma foto em que, ao lado da colega e de um boneco do personagem Mickey Mouse, segurava a placa com os dizeres: "Se eu nĂŁo for para a Disney vou ser um Pateta".
A pasta foi entregue na escola onde a menina estuda, o Liceu Di Thiene, em SĂŁo Caetano (Grande SĂŁo Paulo), no começo do mĂȘs passado. Era uma promoção da agĂȘncia de viagens "Trip&Fun", que organiza viagens de crianças e adolescentes tambĂ©m para CancĂșn, Bariloche e Costa do Sauipe.
Com a publicidade que jĂĄ levou o personagem da Disney para dentro de mais de dez escolas e tira fotos com as crianças segurando plaquinhas como a do Pateta, a agĂȘncia levarĂĄ em julho cerca de mil crianças para o parque em Orlando. Os pacotes custam a partir de R$ 5.216, para 13 dias em quarto quĂĄdruplo (o mais barato).
A agĂȘncia e a escola afirmam que nĂŁo pretendiam constranger ninguĂ©m e que a placa do Pateta era apenas uma brincadeira.
O promotor da ĂĄrea do consumidor JoĂŁo Lopes GuimarĂŁes JĂșnior diz que o caso ilustra bem os abusos na publicidade infantil. "De uma turma de 100 crianças, 80 vĂŁo viajar. As que nĂŁo vĂŁo, porque os pais nĂŁo querem ou nĂŁo tĂȘm dinheiro, serĂŁo chamadas de Pateta. JĂĄ temos problemas sĂ©rios de bullying nas escolas. Essa empresa estĂĄ criando uma situação propĂcia para isso. Como se pode falar em preservação da imagem da criança com esse tipo de publicidade?", diz.
Publicidade infantil
Para o promotor, a ação da agĂȘncia de turismo fere os artigos 15 e 17 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que prezam pelo "respeito Ă dignidade e a inviolabilidade da integridade fĂsica, psĂquica e moral da criança e do adolescente".
O Instituto Alana, ONG que trabalha para regulamentar a publicidade infantil, critica as açÔes em escolas. "Muitas vezes, acontece e o pai nem sabe. Ă absurdo isso ser feito dentro das escolas", diz LaĂs Fontenelle Pereira, coordenadora de educação da ONG.
O Conar (conselho de autorregulamentação publicitåria) jå baniu propagandas por considerå-las desrespeitosas, como uma do ovo de Påscoa Trakinas, de abril de 2008, que dizia: "Quem não då ovo é um mané".
Talita Bedinelli - Fonte: Folha de S.Paulo - 20/04/10.
ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm
Instituto Alana - http://www.alana.org.br/
Conar - http://www.conar.org.br/
OUTRO LADO
PARA AGĂNCIA E ESCOLA, PLACA Ă SĂ BRINCADEIRA
A agĂȘncia Trip&Fun afirmou que a placa que as crianças do Liceu Di Thiene e mais de outras dez escolas seguravam na foto e que faziam referĂȘncia ao Pateta era apenas uma brincadeira. A empresa disse tambĂ©m que recebeu uma reclamação de uma mĂŁe de aluno do colĂ©gio e imediatamente excluiu a placa com esses dizeres da promoção nas escolas.
Henrico Esichiel, diretor de marketing da agĂȘncia, afirmou ontem que a campanha nas escolas oferece aos estudantes "outras opçÔes de placas". Entre elas, as que dizem: "MĂŁe, quero conhecer o Mickey de verdade" e "Meu presente de Natal jĂĄ escolhi, ir para a Disney com a Trip&Fun".
"Os alunos escolhem a que eles querem segurar. [A do Pateta] Ă© a mais popular, a que eles acham mais legal", diz.
A empresa diz que a promoção jå aconteceu em pelo menos dez escolas e, na metade delas, a placa foi usada.
A aluna confirma que escolheu a placa. "Era a mais legal. O Pateta é o de que eu mais gosto, é o mais engraçado."
Escola
O Liceu Di Thiene diz que uma coordenadora da escola acompanhava as crianças na hora das fotos, mas que ela não viu nada de errado na frase.
"Ela não viu a mensagem da forma [pejorativa] que estå sendo colocada", diz um dos diretores da instituição, Eleandro Monteiro.
"Eu nĂŁo entendo que o Pateta Ă© um pateta. Pateta Ă© o nome de um personagem. VocĂȘs estĂŁo criando um negĂłcio que Ă© absurdo", complementa.
Ele disse, no entanto, que, ao receber uma reclamação de uma mĂŁe, entrou em contato com a agĂȘncia e pediu para que a placa deixasse de ser usada.
"[A placa] não tinha a intenção de constranger ninguém.
Só uma mãe me questionou, nenhuma criança levou isso tão a sério", diz o diretor. A mãe de Renata disse que não foi ela quem levou o caso do Pateta à direção do colégio.
O colégio cobra mensalidades em média de R$ 500 no ensino fundamental e tem cerca de 400 alunos.
"Nenhuma criança chamou a outra [de Pateta]. O perigo de tudo isso Ă© essa mĂŁe [que fez a denĂșncia Ă Folha] expor a criança dessa forma."
Talita Bedinelli - Fonte: Folha de S.Paulo - 20/04/10.
Trip&Fun - http://www.tripfun.com.br/
Liceu Di Thiene - http://www.liceudithiene.com.br/
PARA QUE SE EDUCA?
No ato de uma empresa de turismo usar escolas como mĂdias para divulgar viagens Ă Disney estĂĄ em jogo, acima de tudo, uma concepção de educação. Para que educamos? Para o desenvolvimento? Para o crescimento? Para sermos bem-sucedidos no mercado de trabalho? Para a vaidade e o hedonismo? Para a cidadania e a dignidade? Ou a ĂȘnfase estĂĄ na formação de consumidores?
Interessa aqui discutir a educação como processo amplo de formação dos indivĂduos, socializados por influĂȘncia de mĂșltiplas matrizes culturais, que transmitem valores, visĂ”es de mundo, saberes e percepçÔes.
Na modernidade, as mĂdias e a publicidade despontam como matrizes que -com a famĂlia, a escola, os grupos de pares, os colegas de trabalho e outras instituiçÔes- sĂŁo responsĂĄveis pela formação das pessoas.
Nessa iniciativa, a escola se alinha ao discurso do consumismo que vemos hoje em dia, em especial na mĂdia dirigida a crianças. Quando a escola se entrega a esse projeto, fica comprometido o seu papel enquanto reduto de reflexĂŁo e o sentido da educação como processo de preparação para a vida.
A escola Ă© o lugar do saber legĂtimo, que se crĂȘ oficialmente importante para ser passado. O problema Ă© que, historicamente, esse saber Ă© produto de disputas de poder nem sempre democrĂĄticas. E se, nos tempos modernos, um dos vetores de poder Ă© a publicidade (o mercado), seria "natural" que ela estivesse na escola.
Mas, se o "clima prĂł-consumo" jĂĄ existe em tantas outras instĂąncias, a escola deve reforçå-lo? Ceder ao apelo publicitĂĄrio Ă© empobrecer o sentido humano da educação. E esse sentido enxerga nas crianças outras possibilidades alĂ©m de consumidores: leitores, produtores de conhecimento, investigadores, crĂticos, lĂșdicos etc.
Hoje, todo espaço pĂșblico, todo corpo pode virar um meio de divulgar uma marca. Na escola, a criança percebe aquele discurso como positivo e, mais grave, que tem o respaldo de pessoas em quem ela e os pais confiam. E tudo de maneira dĂłcil. Por isso nĂŁo nos causa incĂŽmodo. Mas deveria incomodar.
Michelle Prazeres, jornalista, desenvolve pesquisa sobre a entrada das mĂdias nas escolas em doutorado na Faculdade de Educação da USP. - Fonte: Folha de S.Paulo - 20/04/10.
Faculdade de Educação da USP - http://www3.fe.usp.br/secoes/inst/novo/
"ESCOLA Ă DIFERENTE DE SHOPPING"
Para João Matta, professor de publicidade infantil da ESPM, hå excesso de moralismo nos que criticam a publicidade para crianças e pedem seu banimento. Ele afirma, porém, que a escola é "um espaço que precisa ser preservado". "à diferente de um shopping."
FOLHA - Por que fazer publicidade para criança?
JOĂO MATTA - Quando vocĂȘ tem uma publicidade feita para a criança, tambĂ©m indiretamente atinge o pai. O que se busca na publicidade infantil Ă© o envolvimento da criança no mercado consumidor porque ela Ă© uma consumidora. HĂĄ produtos em cuja compra a criança influencia muito mais, como no caso dos brinquedos.
FOLHA - Como vĂȘ as crĂticas Ă publicidade infantil?
MATTA - O que me preocupa Ă© um excesso de moralismo em relação ao pĂșblico infantil, desprezando um pouco a capacidade dele. Ă lamentĂĄvel [defender que nĂŁo haja propaganda para crianças]. A criança nĂŁo tem sĂł o estĂmulo do produto infantil. Ela assiste Ă novela das oito, ela tem acesso ao noticiĂĄrio, viu a simulação da morte da Isabella [Nardoni] na TV mais de 50 vezes, que Ă© absurdamente mais agressivo que uma propaganda que fale para ela comer uma maçã, que a propaganda de uma boneca.
Mas na escola tenho uma visão mais pragmåtica. à um espaço que precisa ser preservado. à diferente de um shopping.
Talita Bedinelli - Fonte: Folha de S.Paulo - 20/04/10.
ESPM - http://www.espm.br/
PESADELO PAPAL
Bento 16 conseguiu algo que nĂŁo passou pela cabeça do cardeal Joseph Ratzinger nem nos seus piores pesadelos de guardiĂŁo da fĂ©. A crise da pedofilia acordou, reagrupou e devolveu um estandarte moral Ă raquĂtica esquerda catĂłlica. Prova disso estĂĄ na repercussĂŁo obtida pela carta do teĂłlogo suĂço Hans Kung ao episcopado mundial, na qual sustenta que "a obediĂȘncia incondicional sĂł Ă© devida a Deus". Kung e Ratzinger foram colegas na Universidade de Tubingen e nas sessĂ”es do ConcĂlio Vaticano 2Âș. Bento 16 e Kung aproximaram-se, jantando juntos em 2005, mas afastaram-se para sempre quando o papa suspendeu a excomunhĂŁo dos padres cismĂĄticos da Sociedade de SĂŁo Pio 10Âș, um dos quais negava a extensĂŁo do Holocausto.
Elio Gaspari (http://pt.wikipedia.org/wiki/Elio_Gaspari) - Fonte: Folha de S.Paulo â 25/04/10.
A TERRA Ă CHATA
Em 1976, o teĂłlogo saudita Abdul Aziz bin Baz, proclamou um fatwa declarando que a Terra era chata. Quem discordasse incorria no crime de takfir, "incredulidade". Abdul mostrou-se irredutĂvel mesmo diante de fotos da Terra redonda. "Isso Ă© ilusĂŁo do diabo!", esbravejou. E ninguĂ©m conseguiu convencĂȘ-lo a mudar de ideia.
Ălvaro Oppermann - HistĂłria Maluca - Fonte: Aventuras na HistĂłria - Edição 81 - Abril 2010.
E NĂIS QUE PENSAVA QUE NUNCA ERRAVA!
CONTINUAMOS ERRANDO PROPOSITALMENTE...! HERRAR Ă UMANO!
Se vocĂȘ vir alguma coisa errada, mande um e-mail pelo FALE CONOSCO que "a ajente correge". Clique aqui e envie: http://www.faculdademental.com.br/fale.php