"HERROS" MARĂTIMOS
A IMAGEM DO TERROR
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BP consegue conter 7% do vazamento. Dos cerca de 15 mil barris por dia que vazam por dia de poço no golfo do MĂ©xico, mil estĂŁo sendo recolhidos. Ăleo atinge praia na FlĂłrida, e Obama diz que ainda Ă© cedo para ficar otimista; empresa tenta acalmar acionista.
A petroleira BP teve sucesso parcial na tentativa de selar o vazamento de um de seus poços no golfo do México. Ligando um sifão à vålvula do poço para bombear o óleo a um navio tanque, técnicos capturam agora mil barris de petróleo dos cerca de 15 mil que vazam por dia.
A operação foi realizada no mesmo dia em que a mancha de óleo na região atingiu pela primeira vez uma praia da Flórida. Pensacola, no noroeste do estado, amanheceu com bolas de piche desaguando em suas areias.
O presidente Barack Obama desembarcou ontem em Nova Orleans para sua terceira visita Ă regiĂŁo desde que o vazamento começou, quase sete semanas atrĂĄs. As estimativas feitas pelo governo indicam que 100 milhĂ”es de litros de Ăłleo jĂĄ tenham vazado do poço submarino. NĂșmeros mais pessimistas ultrapassam os 400 milhĂ”es.
Apesar de o sucesso na tentativa de estancar o vazamento de óleo ser modesto ainda, técnicos da BP e da Guarda Costeira dos EUA dizem que a vedação no sifão pode ser aprimorada. Por enquanto, o sistema não estå fechado hermeticamente para evitar congelamento de material que bloquearia o sifão.
Obama mostrou pela primeira vez algum entusiasmo em relação aos esforços para deter o vazamento no golfo, mas disse que "ainda é muito cedo para ficar otimista".
FINANĂAS FLEXĂVEIS
O executivo-chefe da BP, Tony Hayward, tentou tranquilizar investidores. Disse que prejuĂzos com o vazamento serĂŁo "certamente severos", mas a empresa tem "flexibilidade suficiente para bancar custos do incidente".
Obama criticou a empresa ontem ao saber que US$ 50 milhÔes estão sendo gastos em propaganda e que 10 bilhÔes estão sendo pagos em dividendos neste trimestre.
"Algo que nĂŁo quero ouvir ao vĂȘ-los gastando esse dinheiro com seus acionistas Ă© que estejam dando sĂł trocados para comerciantes e trabalhadores locais", disse. "HĂĄ um desastre na regiĂŁo."
Testes de laboratĂłrio na FlĂłrida confirmaram ontem que o petrĂłleo vazado se acumulou nĂŁo sĂł na superfĂcie do mar mas tambĂ©m em duas grandes faixas submarinas. BiĂłlogos dizem que o Ăłleo acumulado em profundidade pode prejudicar a reprodução de peixes da regiĂŁo.
O coro contra a BP foi reforçado ontem pelo ator Robert Redford, que lançou um vĂdeo na internet. "Tenho vontade de vomitar", disse, atacando as propagandas da empresa que remetem a cuidados com o ambiente.
Com "The New York Times"
Fonte: Folha de S.Paulo - 05/06/10.
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ZONA AFETADA PELO ĂLEO NO GOLFO VIRA PRAĂA DE GUERRA
Nas comunidades à beira-mar do Estado da Louisiana, os turistas e barcos de pesca deram lugar a helicópteros e jipes do Exército e a um batalhão de funcionårios da BP, empresa responsåvel pelo maior vazamento de petróleo da história dos EUA.
Aos moradores resta assistir Ă movimentação, calculando os prejuĂzos causados pela suspensĂŁo indefinida dos negĂłcios e espalhando placas de protesto contra a BP e o presidente americano, Barack Obama.
A transformação da paisagem fez com que o jornal "USA Today" comparasse a pequena comunidade de Venice, na foz do Mississippi, a Bagdå. Um exagero.
Mas o fato é que mais de 2.000 pessoas foram deslocadas para lå para trabalhar no desastre -cerca de cinco vezes a população local.
Na marina de Venice, em vez de pescadores e velejadores, as instalaçÔes estão ocupadas por jornalistas e funcionårios contratados para a contenção de danos.
RETIRANTE
O hondurenho JosĂ© Adonai, 36, que limpava os barcos pesqueiros, conta Ă Folha que decidiu abandonar a Louisiana e voltar a seu paĂs, por falta de trabalho.
Ele mostra o que restou para a sua especialidade: esfregar os cascos das poucas embarcaçÔes que voltam arrastando óleo do mar. Uma mancha amarronzada, a dois palmos acima da linha d'ågua, comprova o passeio .
Uma das maneiras encontradas pelos barqueiros para sobreviver à crise foi cobrar até US$ 1.000 para levar repórteres a um tour pelo entorno da årea onde houve a explosão, cujo acesso é restrito. Outros são pagos pela BP para transportar equipamentos e trabalhadores.
Mesmo assim, as perdas com a pesca e o turismo parados na Ă©poca mais lucrativa do ano sĂŁo grandes. O dono da marina, Bill Butler, 48, calcula em US$ 100 mil o prejuĂzo que teve no Memorial Day, feriado nacional, na semana passada. Ele diz ainda nĂŁo ter aberto um processo contra a BP "porque nĂŁo se chuta cachorro morto", mas reclama da "falta de liderança" do presidente.
"Obama Ă© uma piada. Isso aqui estĂĄ o caos. Ele deveria ser um lĂder e dizer: "Do que vocĂȘs precisam? O que podemos lhes dar?". DĂȘ o equipamento e saia do caminho. O povo da Louisiana Ă© quem sabe o que deve ser feito."
Obama estĂĄ sentindo a pressĂŁo: diante do bombardeio da imprensa, do Congresso e dos cinco Estados afetados, o presidente cancelou viagens Ă AustrĂĄlia e Ă IndonĂ©sia e fez anteontem a sua terceira visita ao golfo do MĂ©xico desde o inĂcio do vazamento, em 20 de abril.
Texas, Louisiana, Mississippi e Alabama sĂŁo governados por republicanos; a FlĂłrida, por um independente, ex-republicano.
A reação do presidente democrata, considerada lenta, ineficiente e pouco assertiva, foi comparada à resposta de George W. Bush ao furacão Katrina, que devastou parte da Louisiana, em 2005.
Obama admitiu a responsabilidade do governo em 27 de maio, mais de um mĂȘs apĂłs a explosĂŁo da plataforma que matou 11 pessoas e despejou pelo menos 100 milhĂ”es de litros de petrĂłleo no golfo atĂ© agora.
A aprovação pĂșblica da reação ao vazamento despencou, e Obama começou a subir o tom contra a BP. Disse em entrevista que Ă© seu trabalho "ter a certeza de que tudo seja feito para fechar esse negĂłcio", em referĂȘncia poço que ainda vaza.
Na sexta-feira, na Louisiana, Obama bateu mais forte: "NĂŁo quero vĂȘ-los dando migalhas por aqui", disparou, notando que a BP anunciou a distribuição de US$ 10 bilhĂ”es em dividendos. "Ă bilhĂŁo, com B", disse.
Cristina Fibe - Fonte: Folha de S.Paulo - 06/06/10.
BP PROMETEU IR "ALĂM" DO ĂLEO, MAS SE AFOGOU NELE
Parece irÎnico que o desastre do golfo ameace levar à bancarrota justamente a BP. Afinal, a britùnica foi a primeira petroleira a jurar que iria "além do petróleo".
Hå uma década, numa iniciativa de marketing de US$ 200 milhÔes, a British Petroleum encurtou seu nome para a sigla atual e adotou o slogan "Beyond Petroleum".
A ideia era reconhecer que, sim, Ăłleo e gĂĄs ainda eram necessĂĄrios, mas eram coisa do passado: o futuro pertencia Ă s energias renovĂĄveis, como a eĂłlica e a solar.
O logo da empresa foi substituĂdo por um ecolĂłgico girassol estilizado. E seu executivo-chefe, John Browne, chegou a se juntar com o Greenpeace em 2002 para pedir a George W. Bush que ratificasse o Protocolo de Kyoto.
Anos antes, a BP jå se destacara das irmãs ao reconhecer que a mudança climåtica era real (enquanto a Exxon financiava ataques ao IPCC).
Mas, no chĂŁo, os atos da BP diziam outra coisa.
A empresa fez lobby pela perfuração do santuårio ecológico do Alasca no mesmo ano em que mudava o logo. Em 2006, foi processada pelo vazamento de 1 milhão de litros de óleo na tundra.
Em 2008, o mesmo Greenpeace que fazia coro antibush com John Browne tentou entregar a seu sucessor, Tony Hayward, o troféu "Pincel de Esmeralda", por considerar a BP campeã da propaganda enganosa verde.
Apesar do discurso ambientalista, a BP investia só 1,39% de seus fundos em energia solar e 93% (US$ 20 bilhÔes) em óleo e gås.
SEM PLANO B
Aparentemente, nem um centavo desse dinheiro foi gasto no desenvolvimento de um método para conter vazamentos em åguas profundas. E nisso a BP não estå só.
"O estado da arte da indĂșstria do petrĂłleo nĂŁo tem procedimentos para estancar um vazamento a 1.500 metros de profundidade", diz o engenheiro Segen Estefen, diretor de tecnologia e inovação da Coppe-UFRJ.
Isso vale tambĂ©m para a Petrobras. Depois do derrame de 2000 na baĂa da Guanabara, a empresa tem cuidado mais da segurança, diz Estefen. "Mas ela segue as tendĂȘncias internacionais."
A Petrobras, ao se preparar para explorar o Ăłleo do prĂ©-sal em ĂĄguas muito mais profundas que as do golfo, a atĂ© 2.500 metros, tem uma chance de se adiantar Ă s "tendĂȘncias" no quesito segurança.
JĂĄ a BP, se tivesse agido de acordo com o prĂłprio marketing, nĂŁo teria perdido um terço de seu valor de mercado. Talvez ainda ostentasse o epĂteto "Beyond Petroleum" -hoje misteriosamente desaparecido de seu site.
Claudio Angelo - Fonte: Folha de S.Paulo - 06/06/10.
ACIDENTE PODE SE TORNAR O PIOR DA HISTĂRIA
Tudo começou com uma explosĂŁo no poço de perfuração. TĂ©cnicos correram para fechar vĂĄlvulas de segurança, mas em instantes a plataforma tinha se incendiado e jĂĄ colapsava. Dezenas de milhĂ”es de litros de petrĂłleo vazaram para o golfo do MĂ©xico. VĂĄrias tentativas de estancar o vazamento falharam e, trĂȘs dĂ©cadas depois, o vazamento de Ixtoc continua sendo o pior da histĂłria.
A comparação entre o acidente de 1979 e o que a BP tenta controlar agora traz liçÔes. Não houve solução råpida para Ixtoc: foram necessårios dez meses para deter o vazamento, durante os quais a estatal mexicana Pemex tentou estratégias similares às que a BP usa agora.
O jorro de petrĂłleo nĂŁo cessou atĂ© que dois furos de alĂvio tivessem sido escavados. E mesmo essa solução -que consiste em cavar poços secundĂĄrios para interceptar o poço vazante e vedĂĄ-lo- demorou a ter efeito.
Ao final, o acidente de Ixtoc havia derramado 530 milhÔes de litros de óleo. Manchas chegaram até o norte do golfo do México e 275 km de praias foram atingidos.
O vazamento da plataforma da BP, em comparação, expeliu entre 80 milhĂ”es e 170 milhĂ”es de litros de Ăłleo. Se ocorrer o mesmo visto com a Pemex, porĂ©m, o jorro de petrĂłleo pode continuar depois de dois furos de alĂvio serem cavados atĂ© agosto.
AtĂ© lĂĄ, Ă© possĂvel que a BP supere Ixtoc como pior vazamento de petrĂłleo da histĂłria, afirma Tad Patzek, engenheiro de petrĂłleo da Universidade do Texas. "Consideramos uma janela de tempo atĂ© agosto para deter o vazamento", diz. "Se por alguma razĂŁo esse estancamento for imperfeito, ou se for preciso cavar outro furo, devemos considerar mais quatro meses. AtĂ© lĂĄ, esse vazamento jĂĄ se aproximaria do de Ixtoc."
IMPACTO PROFUNDO
Um mau sinal Ă© que o vazamento de agora, a uma profundidade de 1.500 m, Ă© mais complicado de estancar do que Ixtoc, um poço apenas 45 m embaixo d"ĂĄgua. A BP precisa recorrer a robĂŽs para manipular alicates, serras e outras ferramentas, monitorando tudo por vĂdeo.
Uma esperança dos biólogos de que a região se recupere do vazamento em alguns anos é que o golfo do México abriga comunidades de bactérias que jå consomem óleo que vaza naturalmente.
ApĂłs cerca de cinco anos, a maior parte do Ăłleo do acidente da Pemex tinha se dispersado, mas cientistas nĂŁo sabem explicar bem porquĂȘ. As ĂĄreas costeiras perto de Ixtoc, porĂ©m, nĂŁo eram tĂŁo sensĂveis quanto as prĂłximas ao poço da BP, vizinho de pĂąntanos na Louisiana.
Cientistas estĂŁo incertos sobre o quanto a natureza resiliente do golfo o ajudarĂĄ a se recuperar do vazamento atual, como aconteceu no caso do acidente de Ixtoc.
Melissa Canone - Fonte: Folha de S.Paulo - 06/06/10.
MADAME NATASHA
Madame Natasha Ă© uma veterana de todas as guerras em defesa do idioma e, vestindo um uniforme do Bope, concedeu mais uma de suas bolsas de estudo ao embaixador de Israel no Brasil, Giora Becher.
Narrando a interceptação da flotilha multinacional que pretendia chegar a Gaza, ele escreveu o seguinte:
"Durante a madrugada de 31 de maio, soldados da marinha israelense embarcaram em uma frota de seis navios que tentavam violar o bloqueio marĂtimo em Gaza".
Ele quĂs dizer o seguinte:
"Durante a madrugada de 31 de maio, soldados da marinha israelense abordaram e capturaram uma frota de seis navios que tentavam violar o bloqueio marĂtimo em Gaza".
Quem embarcou nos navios foram os militantes da organização Gaza Livre. Os comandos os invadiram.
Elio Gaspari - Fonte: Folha de S.Paulo â 06/06/10.
EREMILDO, O IDIOTA
Eremildo é um idiota e jura que jå viu o filme de um navio tentando chegar a Israel. Em 1947 a organização Aliya Belt, apoiada por combatentes da Haganah, embarcou no porto de Marselha 4.500 judeus que pretendiam entrar ilegalmente na Palestina. O barco chamou-se Exodus.
A Marinha inglesa interceptou o navio, matou trĂȘs e feriu trinta imigrantes. A viagem terminou no porto de Hamburgo, de onde os judeus foram levados para dois campos de refugiados. Mais tarde, quase todos chegaram a Israel.
A comovente história do Exodus virou romance e, no cinema, Paul Newman viveu o papel de Yossi Harel, o comandante do barco. Ele morreu em 2008, em Jerusalém.
Elio Gaspari - Fonte: Folha de S.Paulo â 06/06/10.
E NĂIS QUE PENSAVA QUE NUNCA ERRAVA!
CONTINUAMOS ERRANDO PROPOSITALMENTE...! HERRAR Ă UMANO!
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