FM - Faculdade Mental

FALOU NO FM? TÃ FALADO! - 16/01/2014

FALANDO EM ILUSTRAÃ‡ÃƒO

ESQUISITICES

Mathias Seifarth â€“
http://matthias-seifarth.com/
https://www.facebook.com/pages/Matthias-Seifarth-Illustration/304029612038
See more â€“
http://obviousmag.org/matthias
O artista grÃ¡fico e ilustrador alemÃ£o Mathias Seifarth conta com um extenso nÃºmero de trabalhos classificados como bizarros. Inspirado pelas â€œesquisitices e personagens estranhas do dia-a-diaâ€, transforma o grotesco numa beleza bem-humorada. As suas ilustraÃ§Ãµes convertem pessoas e animais em possÃveis personagens saÃdas de um filme de zombies ou de vampiros. NÃ£o tenha medo, isto Ã© apenas arte.
Leia aqui: http://obviousmag.org/matthias .
Fonte: Obvious â€“ 15/01/14.
Mathias Seifarth â€“
http://matthias-seifarth.com/
https://www.facebook.com/pages/Matthias-Seifarth-Illustration/304029612038

MENSAGENS DE NOSSOS COLABORADORES

OS POLICIAIS
Confira as diferenÃ§as entre os americanos e os brasileiros:
http://www.faculdademental.com.br/diff.
Fonte: Marcos Lott Borges (ColaboraÃ§Ã£o: A. M. Borges)

IMPOSTOS
Enquanto isso na sala de aula...
Confira:
http://www.faculdademental.com.br/aula.
Fonte: Marcos Lott Borges (ColaboraÃ§Ã£o: A. M. Borges)

AULA DE MESTRE
O professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Weber Figueiredo, deu uma Ãºltima aula para seus ex-alunos, em 13 de agosto de 2002. Diante de uma plateia de formandos, acompanhados de seus pais, o professor paraninfo da turma discursou sobre o Brasil.
Leia o que disse o Prof. Weber Figueiredo.
â€œIlustrÃssimos Colegas da Mesa, Senhor Presidente, meus queridos alunos, Senhoras e Senhores.
Para mim Ã© um privilÃ©gio ter sido escolhido paraninfo desta turma. Esta Ã© como se fÃ´ra a Ãºltima aula do curso. O Ãºltimo encontro, que jÃ¡ deixa saudades. Um momento festivo, mas tambÃ©m de reflexÃ£o.
Se eu fosse escolhido paraninfo de uma turma de direito, talvez eu falasse a importÃ¢ncia do advogado que defende a justiÃ§a e nÃ£o apenas o rÃ©u. Se eu fosse escolhido paraninfo de uma turma de medicina, talvez eu falasse da importÃ¢ncia do mÃ©dico que coloca o amor ao prÃ³ximo acima dos seus lucros profissionais. Mas, como sou paraninfo de uma turma de engenheiros, vou falar da importÃ¢ncia do engenheiro para o desenvolvimento do Brasil. Para comeÃ§ar, vamos falar de bananas e do doce de banana, que eu vou chamar de bananada especial, inventada (ou projetada) pela nossa vovozinha lÃ¡ em casa, depois que vÃ¡rias receitas prontas nÃ£o deram certo.
Ã‰ isso mesmo. Para entendermos a importÃ¢ncia do engenheiro vamos falar de bananas, bananadas e vovÃ³.
A banana Ã© um recurso natural, que nÃ£o sofreu nenhuma transformaÃ§Ã£o.
A bananada Ã© =
a banana +
outros ingredientes +
a energia tÃ©rmica fornecida pelo fogÃ£o +
o trabalho da vovÃ³...
e +
o conhecimento, ou tecnologia da vovÃ³.
A bananada Ã© um produto pronto, que eu vou chamar de riqueza.
E a vovÃ³?
Bem, a vovÃ³ Ã© a dona do conhecimento, uma espÃ©cie de engenheira da culinÃ¡ria.
Agora, vamos supor que a banana e a bananada sejam vendidas.
Um quilo de banana custa um real.
JÃ¡ um quilo da bananada custa cinco reais.
Por que essa diferenÃ§a de preÃ§os?
Porque quando nÃ³s colhemos um cacho de bananas na bananeira, criamos apenas um emprego: o de colhedor de bananas.
Agora, quando a vovÃ³, ou a indÃºstria, faz a bananada, ela cria empregos na indÃºstria do aÃ§Ãºcar, da cana-de-aÃ§Ãºcar, do gÃ¡s de cozinha, na indÃºstria de fogÃµes, de panelas, de colheres e atÃ© na de embalagens, porque tudo isto Ã© necessÃ¡rio para se fabricar a bananada.
Resumindo, 1kg de bananada Ã© mais caro do que 1kg de banana porque a bananada Ã© igual banana mais tecnologia agregada, e a sua fabricaÃ§Ã£o criou mais empregos do que simplesmente colher o cacho de bananas da bananeira.
Agora vamos falar de outro exemplo que acontece no dia-a-dia no comÃ©rcio mundial de mercadorias.
Em mÃ©dia: 1kg de soja custa US$ 0,10 (dez centavos de dÃ³lar), 1kg de automÃ³vel custa US$ 10, isto Ã©, 100 vezes mais, 1kg de aparelho eletrÃ´nico custa US$ 100, 1kg de aviÃ£o custa US$1.000 (10mil quilos de soja) e 1kg de satÃ©lite custa US$ 50.000.
Vejam, quanto mais tecnologia agregada tem um produto, maior Ã© o seu preÃ§o, mais empregos foram gerados na sua fabricaÃ§Ã£o.
Os paÃses ricos sabem disso muito bem. Eles investem na pesquisa cientÃfica e tecnolÃ³gica.
Por exemplo: eles nos vendem uma placa de computador que pesa 100g por US$ 250.
Para pagarmos esta plaquinha eletrÃ´nica, o Brasil precisa exportar 20 toneladas de minÃ©rio de ferro.
A fabricaÃ§Ã£o de placas de computador criou milhares de bons empregos lÃ¡ no estrangeiro, enquanto que a extraÃ§Ã£o do minÃ©rio de ferro, cria pouquÃssimos e pÃ©ssimos empregos aqui no Brasil.
O JapÃ£o Ã© pobre em recursos naturais, mas Ã© um paÃs rico.
O Brasil Ã© rico em energia e recursos naturais, mas Ã© um paÃs pobre.
Os paÃses ricos, sÃ£o ricos materialmente porque eles produzem riquezas.
Riqueza vem de rico. Pobreza vem de pobre.
PaÃs pobre Ã© aquele que nÃ£o consegue produzir riquezas para o seu povo.
Se conseguisse, nÃ£o seria pobre, seria paÃs rico.
Gostaria de deixar bem claro trÃªs coisas:
1Âº) quando me refiro Ã palavra riqueza, nÃ£o estou me referindo a jÃ³ias nem a supÃ©rfluos. Estou me referindo Ã queles bens necessÃ¡rios para que o ser humano viva com um mÃnimo de dignidade e conforto;
2Âº) nÃ£o estou defendendo o consumismo materialista como uma forma de vida, muito pelo contrÃ¡rio;
3Âº) e acho abominÃ¡vel aqueles que colocam os valores das riquezas materiais acima dos valores da riqueza interior do ser humano.
Existem naÃ§Ãµes que sÃ£o ricas, mas que agem de forma extremamente pobre e desumana em relaÃ§Ã£o a outros povos.
Creio que agora posso falar do ponto principal.
Para que o nosso Brasil torne-se um PaÃs rico, com o seu povo vivendo com dignidade, temos que produzir mais riquezas.
Para tal, precisamos de conhecimento, ou tecnologia jÃ¡ que temos abundÃ¢ncia de recursos naturais e energia.
E quem desenvolve tecnologias sÃ£o os cientistas e os engenheiros, como estes jovens que estÃ£o se formando hoje.
Infelizmente, o Brasil Ã© muito dependente da tecnologia externa.
Quando fabricamos bens com alta tecnologia, fazemos apenas a parte final da produÃ§Ã£o.
Por exemplo: o Brasil produz 5 milhÃµes de televisores por ano e nenhum brasileiro projeta televisor. O miolo da TV, do telefone celular e de todos os aparelhos eletrÃ´nicos, Ã© todo importado.
Somos meros montadores de kits eletrÃ´nicos.
Casos semelhantes tambÃ©m acontecem na indÃºstria mecÃ¢nica, de remÃ©dios e, incrÃvel, atÃ© na de alimentos.
O Brasil entra com a mÃ£o-de-obra barata e os recursos naturais. Os projetos, a tecnologia, o chamado pulo do gato, ficam no estrangeiro, com os verdadeiros donos do negÃ³cio.
Resta ao Brasil lidar com as chamadas caixas pretas.
Ã‰ importante compreendermos que os donos dos projetos tecnolÃ³gicos sÃ£o os donos das decisÃµes econÃ´micas, sÃ£o os donos do dinheiro, sÃ£o os donos das riquezas do mundo.
Assim como as Ã¡guas dos rios correm para o mar, as riquezas do mundo correm em direÃ§Ã£o aos paÃses detentores das tecnologias avanÃ§adas.
A dependÃªncia cientÃfica e tecnolÃ³gica acarretou para nÃ³s brasileiros a dependÃªncia econÃ´mica, polÃtica e cultural.
NÃ£o podemos admitir a continuaÃ§Ã£o da situaÃ§Ã£o esdrÃºxula, onde 70% do PIB brasileiro Ã© controlado por nÃ£o residentes.
NinguÃ©m pode progredir entregando o seu talÃ£o de cheques e a chave de sua casa para o vizinho fazer o que bem entender.
Eu tenho a convicÃ§Ã£o que desenvolvimento cientÃfico e tecnolÃ³gico aqui no Brasil garantirÃ¡ aos brasileiros a soberania das decisÃµes econÃ´micas, polÃticas e culturais.
GarantirÃ¡ trocas mais justas no comÃ©rcio exterior.
GarantirÃ¡ a criaÃ§Ã£o de mais e melhores empregos.
E, se toda a produÃ§Ã£o de riquezas for bem distribuÃda, teremos a erradicaÃ§Ã£o dos graves problemas sociais.
O curso de engenharia da UERJ, com todas as suas possÃveis deficiÃªncias, visa a formar engenheiros capazes de desenvolver tecnologias.
Ã‰ o chamado engenheiro de concepÃ§Ã£o, ou engenheiro de projetos.
Infelizmente, o mercado nacionalizado nem sempre aproveita todo este potencial cientÃfico dos nossos engenheiros.
NÃ³s, professores, nÃ£o podemos nos curvar Ã s deformaÃ§Ãµes do mercado.
Temos que continuar formando engenheiros com conhecimentos iguais aos melhores do mundo.
Eu posso garantir a todos os presentes, principalmente aos pais, que qualquer um destes formandos Ã© tÃ£o ou mais inteligente do que qualquer engenheiro americano, japonÃªs ou alemÃ£o.
Os meus trinta anos de magistÃ©rio, lecionando desde o antigo ginÃ¡sio atÃ© a universidade, me dÃ¡ autoridade para afirmar que o brasileiro nÃ£o Ã© inferior a ninguÃ©m, pelo contrÃ¡rio, dizem atÃ© que somos muito mais criativos do que os habitantes do chamado primeiro mundo.
O que me revolta, como professor e cidadÃ£o, Ã© ver que as decisÃµes polÃticas tomadas por pessoas despreparadas ou corruptas, sÃ£o responsÃ¡veis pela queima e destruiÃ§Ã£o de inteligÃªncias brasileiras que poderiam, com o conhecimento apropriado, transformar o nosso Brasil num paÃs florescente, prÃ³spero e socialmente justo.
Acredito que o mundo ideal seja aquele totalmente globalizado, mas uma globalizaÃ§Ã£o que inclua a democratizaÃ§Ã£o das decisÃµes e a distribuiÃ§Ã£o justa do trabalho e das riquezas.
Infelizmente, isto ainda estÃ¡ longe de acontecer, atÃ© por limitaÃ§Ãµes fÃsicas da prÃ³pria natureza.
Assim, quem pensa que a soluÃ§Ã£o para os nossos problemas virÃ¡ lÃ¡ de fora, estÃ¡ muito enganado.
O dia que um presidente da RepÃºblica, em vez de ficar passeando como um dÃ¢ndi pelos palÃ¡cios do primeiro mundo, resolver liderar um autÃªntico projeto de desenvolvimento nacional, certamente o Brasil vai precisar, em todas as Ã¡reas, de pessoas bem preparadas.
SÃ³ assim seremos capazes de caminhar com autonomia e tomar decisÃµes que beneficiem verdadeiramente a sociedade brasileira.
SerÃ¡ a construÃ§Ã£o de um Brasil realmente moderno, mais justo, inserido de forma soberana na economia mundial e nÃ£o como um reles fornecedor de recursos naturais e mÃ£o-de-obra aviltada.
Quando isto ocorrer, e eu espero que seja em breve, o nosso PaÃs poderÃ¡ aproveitar de forma muito mais eficaz a inteligÃªncia e o preparo intelectual dos brasileiros e, em particular, de todos vocÃªs, meus queridos alunos, porque vocÃªs jÃ¡ foram testados e aprovados.
Finalmente, gostaria de parabenizar a todos os pais pela contribuiÃ§Ã£o positiva que deram Ã nossa sociedade possibilitando a formaÃ§Ã£o dos seus filhos no curso de engenharia da UERJ.
A alegria dos senhores, tambÃ©m Ã© a nossa alegria.
Muito Obrigado."
Fonte: Eduardo Mayer (ColaboraÃ§Ã£o: A. M. Borges)