FM - Faculdade Mental

FALOU NO FM? TÃ FALADO! - 13/01/2011

FALANDO EM MEMÃ“RIA COLETIVA

TÃšNEL DO TEMPO INTERATIVO
English:
http://www.bbc.co.uk/dna/memoryshare/
Criado pelo grupo BBC, o endereÃ§o reproduz um tÃºnel do tempo interativo, com relatos pessoais sobre eventos pÃºblicos e privados, localizÃ¡veis por data e assunto. Em uma das lembranÃ§as, um inglÃªs confessa que, em 1982, quando tinha 21 anos, nem sabia onde ficavam as Ilhas Malvinas, invadidas pela Argentina. Qualquer um pode acrescentar suas memÃ³rias. A veracidade, porÃ©m, sÃ³ Ã© garantida pelo autor.
O site:
http://www.bbc.co.uk/dna/memoryshare/
Fonte: Aventuras na HistÃ³ria - EdiÃ§Ã£o 90 - Jan/11.

MENSAGENS DE NOSSOS LEITORES E COLABORADORES

"Foi humilhante ver como nossos colegas chineses sabiam tudo sobre Kant e Proust, sugerindo paralelos entre Lao TsÃ© e Nietzsche, enquanto a maioria dos europeus mal conseguia ir alÃ©m de ConfÃºcio."
Umberto Eco, escritor italiano, falando de um encontro de intelectuais chineses e europeus.
Fonte: Veja - EdiÃ§Ã£o 2199.

"...e pensar que eu ria da cara dele!!!!!!
O grande parlamentar brasileiro TIRIRICA foi diplomado em 17.12.2010.
SalÃ¡rio: R$ 26.700,00
Ajuda Custo: R$ 35.053,00
Auxilio Moradia: R$ 3.000,00
Auxilio Gabinete: R$ 60.000,00
Despesa MÃ©dica pessoal e familiar: ILIMITADA E
INTERNACIONAL (livre escolha de medicos e clinicas).
Telefone Celular: R$ ILIMITADO.
Ainda como bÃ´nus anual: R$ (+ 2 salÃ¡rios = 53.400,00)
Passagens e estadia: primeira classe ou executiva sempre
ReuniÃµes no exterior: dois congressos ou equivalente todo ano.
MensalÃ£o: Ã€ COMBINAR!!!
Custo mÃ©dio mensal: R$ 250.000,00 Aposentadoria: total depois de oito anos e com pagamento integral.
Fonte de custeio: NOSSO BOLSO!!!!!!
DÃ¡ para chamar ele de palhaÃ§o?
Pense bem, quem Ã© o palhaÃ§o!!!
NÃ£o Ã© preciso dizer...
Fonte: SÃ´nia Marli Borges - (ColaboraÃ§Ã£o: A.M.B.)"
FM: NÃ£o Ã© preciso dizer quem Ã© o palhaÃ§o, mas Ã© preciso falar sobre o circo...

DESAGRAVO DO PROF. IGOR AO ASSASSINATO DE PROF EM BH
Amigos,
Embora hÃ¡ muito tempo desligado daquela instituiÃ§Ã£o, como ex-professor do Instituto Metodista Izabela Hendrix, fiquei profundamente consternado com o caso do universitÃ¡rio que, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca no coraÃ§Ã£o de seu professor, na cantina, em pleno horÃ¡rio escolar, Ã frente de todos.
Escrevi um desagravo e, em minha opiniÃ£o, a pÃ©rfida ilusÃ£o vendida a muitos alunos despreparados, sobre a escola (e a vida) como lugares supostamente cheios de direitos e pobres em deveres, acaba por contribuir para ambientes propensos Ã violÃªncia moral e fÃsica.
Espero que, se concordarem com os termos, repassem adiante, sem moderaÃ§Ã£o. A divulgaÃ§Ã£o Ã© livre.

Jâ€™ACUSE !!!
(Eu acuso !)

(Tributo ao professor KÃ¡ssio VinÃcius Castro Gomes)

Â« Mon devoir est de parler, je ne veux pas Ãªtre complice.
(Ã‰mile Zola)

Meu dever Ã© falar, nÃ£o quero ser cÃºmplice. (...)
(Ã‰mile Zola)

Foi uma tragÃ©dia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escÃ¡rnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado â€œdano moralâ€ do estudante foi ter que... estudar!).
A coisa nÃ£o fica apenas por aÃ. Pelo Brasil afora, ameaÃ§as constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O Ã¡pice desta escalada macabra nÃ£o poderia ser outro.
O professor KÃ¡ssio VinÃcius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lÃ¡grimas eternas de sua mÃ£e, pela irresponsabilidade que hÃ¡ muito vem tomando conta dos ambientes escolares.
HÃ¡ uma lÃ³gica perversa por trÃ¡s dessa asquerosa escalada. A promoÃ§Ã£o do desrespeito aos valores, ao bom senso, Ã s regras de bem viver e Ã autoridade foi elevada a mÃ©todo de ensino e imperativo de convivÃªncia supostamente democrÃ¡tica.
No inÃcio, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que â€œera proibido proibirâ€. Depois, a geraÃ§Ã£o do â€œnÃ£o bate, que traumatizaâ€. A coisa continuou: â€œNÃ£o reprove, que atrapalhaâ€. NÃ£o dÃª provas difÃceis, pois â€œtemos que respeitar o perfil dos nossos alunosâ€. AliÃ¡s, â€œprova nÃ£o prova nadaâ€. Deixe o aluno â€œconstruir seu conhecimento.â€ NÃ£o vamos avaliar o aluno. Pensando bem, â€œÃ© o aluno que vai avaliar o professorâ€. Afinal de contas, ele estÃ¡ pagando...
E como a estupidez humana nÃ£o tem limite, a avacalhaÃ§Ã£o geral epidÃªmica, travestida de â€œnovo paradigmaâ€ (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vÃ¡rios setores: â€œo bandido Ã© vÃtima da sociedadeâ€, â€œtemos que mudar â€˜tudo isso que estÃ¡ aÃâ€™; â€œmais importante que ter conhecimento Ã© ser â€˜crÃticoâ€™.â€
Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilizaÃ§Ã£o desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina Ã© anabolizado pela lÃ³gica doentia e desonesta da paparicaÃ§Ã£o ao aluno â€“ cliente...
Estamos criando geraÃ§Ãµes em que uma parcela considerÃ¡vel de nossos cidadÃ£os Ã© composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepÃ§Ãµes e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que â€œo mundo lhes deve algoâ€.
Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centÃmetros de lÃ¢mina, bem no coraÃ§Ã£o de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.
Ao assassino, corretamente , deverÃ£o ser concedidos todos os direitos que a lei prevÃª: o direito ao tratamento humano, o direito Ã ampla defesa, o direito de nÃ£o ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, farÃ¡ parte do devido processo legal, que se iniciarÃ¡ com a denÃºncia, a ser apresentada pelo MinistÃ©rio PÃºblico. A acusaÃ§Ã£o penal a o autor do homicÃdio covarde virÃ¡ do promotor de justiÃ§a. Mas, com a licenÃ§a devida ao cÃ©lebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estÃ£o por trÃ¡s do cabo da faca:
EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;
EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a â€œrevolta dos oprimidosâ€e justificam a violÃªncia por parte daqueles que se sentem vÃtimas;
EU ACUSO os burocratas da educaÃ§Ã£o e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histÃ³rico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;
EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serÃ£o pressionados a dar provas bem tranqÃ¼ilas, provas de mentirinha, para â€œadequar a avaliaÃ§Ã£o ao perfil dos alunosâ€;
EU ACUSO os Ãºltimos tantos Ministros da EducaÃ§Ã£o, que em nome de estatÃsticas hipÃ³critas e interesses privados, permitiram a proliferaÃ§Ã£o de cursos superiores completamente sem condiÃ§Ãµes, freqÃ¼entados por alunos igualmente sem condiÃ§Ãµes de ali estar;
EU ACUSO a mercantilizaÃ§Ã£o cretina do ensino, a venda de diplomas e tÃtulos sem o mÃnimo de interesse e de responsabilidade com o conteÃºdo e formaÃ§Ã£o dos alunos, bem como de suas futuras missÃµes na sociedade;
EU ACUSO a lÃ³gica doentia e hipÃ³crita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que nÃ£o sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhÃ£;
EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais sÃ³ para maquiar estatÃsticas do IDH e dizer ao mundo que o nÃºmero de alunos com segundo grau completo cresceu â€œtantos por centoâ€;
EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificaÃ§Ã£o do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mÃnimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno â€œterÃ¡ direitoâ€ de se tornar mÃ©dico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;
EU ACUSO os que agora falam em promover um â€œnovo paradigmaâ€, uma â€œ nova cultura de pazâ€, pois o que se deve promover Ã© a boa e VELHA cultura da â€œvergonha na caraâ€, do respeito Ã s normas, Ã autoridade e do respeito ao ambiente universitÃ¡rio como um ambiente de busca do conhecimento;
EU ACUSO os â€œcabeÃ§a â€“ boaâ€ que acham e ensinam que disciplina Ã© â€œcaretaâ€, que respeito Ã s normas Ã© coisa de velho decrÃ©pito,
EU ACUSO os mÃ©todos de avaliaÃ§Ã£o de professores, que se tornaram templos de vendilhÃµes, nos quais votos sÃ£o comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fÃ¡ceis;
EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos polÃticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, nÃ£o tÃªm coragem de aplicar a devida puniÃ§Ã£o.
EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam â€œpromotersâ€ de seus cursos;
EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionÃ¡rios, pois sua omissÃ£o quanto aos pequenos incidentes Ã© diretamente responsÃ¡vel pela ocorrÃªncia dos incidentes maiores;
Uma multidÃ£o de filhos tiranos que se tornam alunos -clientes, serÃ£o despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercÃcio da profissÃ£o, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepÃ§Ãµes do dia a dia.
Ensimesmados em seus delÃrios de perseguiÃ§Ã£o ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que Ã© lidar com aquele ser complexo e imprevisÃvel que podemos chamar de â€œo outroâ€.
A infantilizaÃ§Ã£o eterna cria a seguinte e horrenda lÃ³gica, hoje na cabeÃ§a de muitas crianÃ§as em corpo de adulto: â€œSe eu tiro nota baixa, a culpa Ã© do professor. Se nÃ£o tenho dinheiro, a culpa Ã© do patrÃ£o. Se me drogo, a culpa Ã© dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa Ã© do sistema. Eu, sou apenas uma vÃtima. Uma eterna vÃtima. O opressor Ã© vocÃª, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas nÃ£o saÃram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era crianÃ§a, eu batia os pÃ©s no chÃ£o. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, vocÃª pode ser o prÃ³ximo.â€
Qualquer um de nÃ³s pode ser o prÃ³ximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignÃ³bil no professor KÃ¡ssio dÃ³i no peito de todos nÃ³s. Que a sua morte nÃ£o seja em vÃ£o. Ã‰ hora de repensarmos a educaÃ§Ã£o brasileira e abrirmos mÃ£o dos modismos e invencionices. A melhor â€œnova cultura de pazâ€ que podemos adotar nas escolas e universidades Ã© fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.
Igor Pantuzza Wildmann
Advogado â€“ Doutor em Direito. Professor universitÃ¡rio.
Fonte: Gilberto AraÃºjo
(ColaboraÃ§Ã£o: A.M.B.)