FALANDO EM BATALHA DE IDEIAS
FILOSOFIGHTERS
The sites:
http://filosofighters.tumblr.com/
http://super.abril.com.br/multimidia/filosofighters-631063.shtml
Videos:
http://www.youtube.com/watch?v=sSE9OFMz98w
Nove do smaiores filósofos de todos os tempos estão em uma épica batalha de ideias. Siga os filósofos no Twitter e se prepare para lutar no novo jogo do site, Filosofighters!
Confira:
www.super.abril.com.br/filosofighters
www.twitter.com/revistasuper/filosofighters
Mundo Super - Fonte: Super Interessante - Edição 293.
Mais detalhes:
http://filosofighters.tumblr.com/
Vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=sSE9OFMz98w
MENSAGENS DE NOSSOS LEITORES E COLABORADORES
DITO E FEITO: "SOPA NO MEL"
O termo data de quando o prato nem sequer era sopa...
É o bom no melhor, uma oportunidade feliz, uma chance maravilhosa. Hoje pode parecer bastante estranho colocar mel na sopa (ou vice-versa), mas, no Portugal do século 17, quando a expressão ganhou forma, "sopa" não era o prato que conhecemos hoje, e sim uma fatia de pão mergulhada em um calso de carnes e legumes, segundo o folclorista Luís da Câmara Cascudo, em "Locuções Tradicionais no Brasil". Era um alimento muito básico, e não poderia haver luxo maior do que adicionar a ele um pouco de mel.
Daniel Cardoso - Fonte: Aventuras na História - Edição 96.
Locuções Tradicionais no Brasil -
SOTAQUE É DETERMINANTE
Eles revelam mais que apenas a nossa origem. Cientistas da Friedrich Schiller, universidade alemã em Jena, constataram que a fala se sobrepõe à aparência quando as pessoas classificam os outros com base apenas nessas duas características. Os sotaques são cruciais para a integração social, uma vez que podem afetar o modo como os ouvintes percebem o falante. Segundo a pesquisadora Patricia Bestelmeyer, da Universidade de Glasgow, onde estuda as reações do cérebro a sotaques diferentes, "eles podem influenciar o quanto se gosta ou se confia em alguém".
Luna Shyr - Fonte: National Geographic - Edição 135.
Friedrich Schiller - http://www.uni-jena.de/en/Studying_in_Jena.html
Universidade de Glasgow - http://www.gla.ac.uk/
O QUE VOCÊ PODE FALAR, AFINAL?
A onda politicamente correta cresceu a ponto de tolher a liberdade de pensamento. O maior problema, porém, é outro: a reação torna tudo o que é incorreto "bacana". E abre espaço para a intolerância.
"Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra c... Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus." A fala é de um show de comédia stand-up de Rafinha Bastos. O Twitter foi inundado de mensagens com variações do tema proposto por Mayara Petruso - a estagiária de direito que recomendou o afogamento de nordestinos. Claro que nem Rafinha está defendendo o estupro nem os afogadores de imigrantes são necessariamente homicidas em potencial.
Boa parte dessa truculência é uma reação à onda politicamente correta das últimas décadas. A incorreção, nesse sentido, virou uma arma para defender a liberdade de expressão, que só existe quando você também é livre até para pensar o impensável e dizer o impronunciável.
Mas o que acontece quando o impensável agride o próximo gratuitamente? Para entender como chegamos a esse nó, vamos para a origem do termo "politicamente correto". Ele apareceu pela primeira vez com um significado bem diferente do que usamos hoje: na China dos anos 30, para denotar a estrita conformidade com a linha ortodoxa do Partido Comunista, tal como enunciado por Mao Tsé-tung. Mas os significado com que a expressão chegou até nós é criação dos Estados Unidos dos anos 60.
Na época, universitrários americanos abraçaram a defesa dos direitos civis, seja das mulheres, seja dos negros. Era uma época de transformações na sociedade: as empresas e universidades, antes habitadas exclusivamente por homens brancos, agora viam chegar mulheres, negros, gays, imigrantes. Era preciso ensinar as pessoas a conviver com a diferença.
Nisso, negro virou "african-american", ("afro-americano"), "fag" ("bicha") virou "gay" ("alegre"). O paradoxal aí é que, pela primeira vez na história americana, quem buscava estender os direitos civis também advogava por uma limitação na liberdade de expressão.
O passo seguinte viria com os anos 90. Mais especificamente com a derrocada do mundo comunista. O fim do socialismo mudou a agenda dos grupos de esquerda. Se antes a busca pela igualdade era a busca pela diminuição das diferenças entre as classes sociais, agora era pela eliminação das "classes pessoais". Tratava-se de não estigmatizar as pessoas por aquilo que elas eram - afinal, não faz sentido aumentar o peso do fardo que cada um tem de carregar na vida. Dessa maneira, não bastava combater só o sexismo e o racismo. E "obesidade" virou "sobrepeso"; "deficiência física" virou "necessidade especial"...
Só que o método, por mais bem-intensionado que seja, é inócuo. Quem explica por que é o francês Ferdinand Saussure, o pai da linguística, num texto de 1916: "De todas as instituições sociais, a linguagem é a que oferece menor margem a iniciativas". Ela é utilizada por todos os membros de uma comunidade, que, por esta ser naturalmente inerte, acaba por conservar a linguagem. Qualquer interferência tende a ser rechaçada.
É aí que o debate começa, Politicamente corretos ficam do lado do conselho que a sua mãe dava: seu direito termina onde começa o do outro. Se o próximo se sente ofendido, você não pode falar. Ponto.
Parece um argumento inatacável. Mas tem um problema aí: quem é o juíz para decidir o que é certo e o que é errado, o que ofende e o que não ofende? Onde fica a liberdade de pensamento , de expressão? A ideia de que o direito de uma termina onde começa a do outro vale aqui também: pode alguém retirar o direito do outro de dizer o que pensa?
Talvez por isso a transformação ideológica de palavras seja tão utilizada por governos: é uma ótima forma de revogar o direito de pensar. Tanto regimes autoritários - como o "apartheid" sul-africano, em que a palavra "miscigenação" virou "imoralidade" - quanto democráticos - como os dos EUA, que usou o termo "guerra preventiva" para o ataque unilateral ao Iraque - usaram do expediente.
No mundo do politicamente correto isso é o equivalente a chamar de "melhor idade" a época da vida em que vemos multiplicar o valor do plano de saúde.
De boa intenção, o politicamente correto passa a ser visto como hipocrisia. E de hipócrita a algo fundamentalmente errado. Como lidar com o excesso de correção política, então?
Não temos a pretensão de dar uma resposta definitiva. Mas sair xingando os outros de gordo, aleijado, retardado e baranga estuprada é que não vai ser. Se fosse engraçado, talvez até funcionasse. Mas não. Não é.
Essencial - Maurício Horta - Fonte: Super Interessante - Edição 293.
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