FALANDO NO IMPEDIMENTO DO USO DA PALAVRA
OLÍMPIADA
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Folha.uol.com.br/en/word-olympics
Comitê olímpico quer barrar termo 'olimpíada' em torneio educacional. Em carta aberta, associações de cientistas do país classificam a ação como "despropositada". COB afirma que notificações enviadas à Unicamp e a outras instituições de ensino têm "caráter educativo".
O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) está se movimentando juridicamente para impedir que universidades e associações de pesquisa usem a palavra olimpíada em suas competições educacionais. A atitude provocou protestos das principais associações de cientistas do país.
No fim de 2012, a Unicamp foi notificada extrajudicialmente pelo comitê devido ao uso supostamente indevido do termo em um dos eventos organizados pela instituição, a Olimpíada Nacional em História do Brasil.
O texto diz que o uso das palavras olimpíada e jogos olímpicos "é privativo" dos comitês Olímpico e Paraolímpico do Brasil.
Organizadores de várias outras olimpíadas educacionais, como a de português e de astronomia, receberam notificações semelhantes.
Em carta aberta enviada nesta semana a Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e a ABC (Academia Brasileira de Ciências) classificaram a ação como "despropositada". No Brasil existem cerca de 20 olimpíadas educacionais nacionais.
REAÇÃO
A presidente da SBPC, Helena Nader, disse que os cientistas não vão abrir mão do uso da palavra.
"Eles [o COB] estão querendo ter o monopólio da palavra e isso nós não aceitamos. Olimpíada científica é um conceito internacionalmente consagrado. A sua proibição aqui só é prejudicial para o conhecimento", afirmou.
Jacob Palis, presidente da ABC, lamentou a iniciativa em um momento em que o Brasil é destaque na área.
"Nós recebemos, no ano passado, a Olimpíada Mundial de Astronomia. Agora há pouco, tivemos um jovem brasileiro [Matheus Camacho, 14] ganhando uma medalha de ouro em uma das maiores competições do mundo, a Olimpíada Internacional de Ciência. A decisão do COB é equivocada", disse.
A Unicamp afirmou que continuará usando o termo para designar a competição.
Para Mônica Guise Rosina, professora de propriedade intelectual da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, a notificação sobre a exclusividade do termo é "tecnicamente possível, mas absolutamente descabida".
"Essa terminologia já é usada há anos para as competições científicas. O problema seria se houvesse o risco das pessoas confundirem um evento com o outro."
OUTRO LADO
Em nota, o Comitê Olímpico Brasileiro afirmou que as cartas enviadas às instituições de ensino têm "caráter educativo", para garantir que "o termo 'olimpíadas', que é uma propriedade do COI (Comitê Olímpico Internacional), não seja vinculado a questões comerciais", completa.
A entidade disse à Folha que estuda autorizar o uso do termo para fins educacionais, como é o caso da olimpíada organizada pela Unicamp.
De qualquer modo, para evitar problemas, algumas competições já abandonaram o termo. É o caso da antiga Olimpíada Brasileira de Foguetes que, após ser notificada pelo COB, virou Mostra Brasileira de Foguetes.
"Já temos trabalho demais para montar os eventos. Não dispomos de tempo e dinheiro para ficar brigando com o COB", diz João Bastista Canalle, organizador da mostra.
A decisão do COB contraria os ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação, que realizam olimpíadas educacionais. O ministério da Ciência disse, porém, não ter recebido qualquer notificação do COB.
Só a Olimpíada Brasileira de Matemática nas Escolas Públicas teve, em 2012, quase 20 milhões de inscritos.
Giuliana Miranda e Mariana Versolato – Fonte: Folha de S.Paulo – 17/01/13.
COB –
http://www.cob.org.br/
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Olimpíada Nacional em História do Brasil –
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Olimpíada Brasileira de Matemática nas Escolas Públicas –
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SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) –
http://www.sbpcnet.org.br/site/home/
ABC (Academia Brasileira de Ciências) –
http://www.abc.org.br/rubrique.php3?id_rubrique=1&recalcul=oui
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MENSAGENS DE NOSSOS LEITORES E COLABORADORES
A VEZ DA EDUCAÇÃO
Alvíssaras! Parece que, finalmente, o diagnóstico consensual sobre a necessidade de dar prioridade à educação está deixando de ser só discurso.
Manchete da Folha no domingo revelou que os gastos do governo federal no setor cresceram 25% em 2012. Outra reportagem, de "Cotidiano", trouxe os números para a vida real, mostrando os resultados do Ciência sem Fronteiras, programa federal cuja meta é enviar 101 mil brasileiros para estudar no exterior até 2016. Problemas à parte, é o mais ambicioso plano de bolsas de estudo já posto em prática no país.
A medida do governo Dilma tem contrapartida na iniciativa privada. Parte do empresariado, normalmente pouco afeito à filantropia, parece ter descoberto que pode fazer a diferença num cenário que os atinge diretamente. Se o fazem mais por interesse próprio que por responsabilidade social, é uma discussão inútil.
O fato é que o sistema educacional brasileiro precisa avançar a passos gigantes para superar carências históricas que começam na alfabetização e explodem no profissional que chega ao mercado de trabalho.
No ensino fundamental, nossos alunos ainda não sabem o básico de matemática e português. No superior, milhares de jovens já conseguem frequentar uma faculdade, mas dela saem incapazes de fazer frente às necessidades de um país em desenvolvimento. Do começo ao fim da vida escolar, cada passo adiante só mostra o quanto ainda falta para o Brasil chegar lá, no grupo dos (mais ou menos) desenvolvidos.
Nesse cenário, notícias de empresários patrocinando fundações ou passando o chapéu entre os pares para implantar cursos de alta qualificação é algo a comemorar. Mesmo porque, também em matéria de filantropia, o Brasil só engatinha. Em Nova York, um milionário acabou de doar US$ 350 milhões para a Universidade Cornell criar, em parceria com a prefeitura, um campus de tecnologia. Dá para concorrer?
Vera Guimarães Martins – Fonte: Folha de S.Paulo – 23/01/13.
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