FALANDO EM CORRUPÇÃO
O ATIVISTA ANTICORRUPÇÃO RUSSO
English:
http://www.nytimes.com/2011/03/28/business/global/28investor.html?pagewanted=1&_r=1
http://www.newyorker.com/reporting/2011/04/04/110404fa_fact_ioffe
The site:
http://rospil.info/
Navalny:
http://navalny.ru/
Um jovem advogado incomoda o Kremlin ao usar a internet para fazer denúncias de algo tão disseminado quanto a vodca — os casos de corrupção.
Alexey Navalny, ativista anticorrupção: é advogado, mas é mais conhecido pelos seus sites de denúncias de casos de corrupção.
Um jovem russo começa a trabalhar como policial, mas ao final do primeiro mês não vai buscar o pagamento. O mesmo acontece no segundo e no terceiro mês até que seu superior decide perguntar se ele não tinha intenção de receber. ‘Não sabia que ia ganhar um salário. Achei que vocês tinham me dado uma arma e que o resto era comigo’, foi a resposta.” Piadas sobre corrupção são comuns na Rússia, onde o pagamento de propina parece estar incrustado na cultura local. O próprio governo estima que a roubalheira nos órgãos estatais seja equivalente a 3% do PIB.
Segundo a ONG Transparência Internacional, a Rússia fica na 154ª posição no ranking de corrupção de um total de 178 países. O bom humor, é preciso que se esclareça, não significa resignação total dos russos. Se assim fosse, o advogado Alexey Navalny, aos 34 anos, não teria sido alçado à condição de quase herói.
Navalny já foi chamado de Erin Brockovich da Rússia, uma alusão à americana que ganhou uma batalha legal contra uma grande empresa e, depois, virou tema de filme de Hollywood. Mas está mais para uma versão eslava de Julian Assange, o criador do site WikiLeaks.
É a partir da internet que Navalny lança denúncias de falcatruas. Há pouco mais de três anos, ele começou a comprar pequenos lotes de ações de estatais russas e a acompanhar mais de perto sua gestão.
Não demorou para se deparar com aberrações, como a doação de 300 milhões de dólares da Transneft, dona de estratégicos oleodutos, a instituições de caridade.
Ao pedir o nome das instituições à direção da empresa, não obteve resposta. Diante do imobilismo, postou uma mensagem em seu blog. A partir daí foi colecionando uma denúncia após a outra. Recentemente, descobriu mais negócios suspeitos da mesma empresa que somam bilhões de dólares.
“Hoje, Navalny é uma das poucas vozes a se levantar contra a ilegalidade e a injustiça”, diz Janusz Bugajski, diretor do departamento de Novas Democracias Europeias do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, um think tank de Washington. Numa consulta recente feita na internet por um jornal, Navalny foi “eleito” prefeito de Moscou com 45% dos votos — o segundo colocado foi “ninguém”, com 14%.
A Reação do Kremlin
Em dezembro, Navalny lançou o site www.RosPil.info, especializado em reunir material sobre irregularidades em licitações. “Navalny aproveita a web para angariar doações, receber denúncias e atrair gente capaz de avaliá-las”, diz Gregory Asmolov, editor do segmento russo do Global Voices, comunidade mundial de blogueiros.
Tanto barulho chamou a atenção dos poderosos. No começo de maio, em mais um capítulo do realismo mágico russo, a procuradoria decidiu abrir um processo contra Navalny. De acordo com a acusação, ele, no papel de consultor, teria induzido uma madeireira da região de Kirov a fechar um negócio em 2009 que resultou em perdas de 40 000 dólares.
Na imprensa moscovita, a iniciativa foi interpretada como uma clara tentativa de silenciar o advogado blogueiro. Em março, um imenso ataque de hackers a vários sites começou pela plataforma de blogs usada por Navalny, numa ação que muitos especulam ter sido perpetrada por gente ligada a órgãos de segurança.
Dado o histórico russo, tudo o que tem sido feito contra Navalny até agora é fichinha. Em 2006, a jornalista Anna Politkovskaya foi morta após criticar violações de direitos humanos na Chechênia. Mais recentemente, Mikhail Beketov, outro jornalista, fez denúncias de corrupção na região de Moscou e apanhou tanto de um grupo de desconhecidos que não consegue mais falar.
“Se Navalny lançar um movimento organizado e se tornar uma ameaça ao establishment, é bem possível que seja eliminado por um misterioso acidente de carro ou vítima de pistoleiros”, diz Bugajski. Navalny, que não esconde suas ambições políticas e escandaliza a elite liberal com suas posições nacionalistas, tem abusado da sorte.
Recentemente, disse numa entrevista que o partido de Vladimir Putin, o todo-poderoso primeiro-ministro e ex-presidente, é formado por um bando de “ladrões e trapaceiros”.
Numa entrevista à revista New Yorker, Ludimila, mãe de Navalny, deu algumas pistas sobre a origem da postura combativa do filho. Neto de ucranianos, Navalny viu parte de sua família adoecer com o desastre de Chernobyl, exemplo clássico do descaso governamental.
Parte dos russos não acredita nisso. Em sua cruzada, a pergunta que Navalny mais ouve é reveladora do quanto a corrupção contaminou os russos: “Quem está pagando para você fazer tanta denúncia?”
Eduardo Salgado - Negócios Globais - Fonte: Exame - Edição 994.
O site:
http://rospil.info/
Navalny:
http://navalny.ru/
MENSAGENS DE NOSSOS LEITORES E COLABORADORES
FILHOS
Definição de filhos por José Saramago:
"Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo ! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo". Fonte: Carlos Kley (Colaboração: A. M. Borges)
FOCO - BLOG DE DIPLIMATAS INICIANTES RELATA ANSIEDADE DA CARREIRA
Um grupo de diplomatas brasileiros recentemente formados pelo Itamaraty criou um blog para relatar suas impressões nos primeiros postos no exterior.
No site "Jovens Diplomatas" (http://jovensdiplomatas.wordpress.com/), eles revelam detalhes pessoais que fogem da formalidade pela qual a carreira é célebre.
Os textos mostram a ansiedade dos novatos. "Mal dormi duas horas e telefonei, louco de faceiro para conhecer a embaixada", relata Eduardo Mello, 30, que está na Guiné-Bissau (país no oeste africano).
Mello também fala da tensão que viveu em seu primeiro dia, quando um prédio da ONU foi invadido e membros do governo foram presos. Mostra preocupação com a segurança da mulher e imagina, caso algo acontecesse com ela, a "fúria da sogra atravessando o Atlântico".
O diplomata comemora as boas acomodações que recebeu: "A casa é imensa e tem [...] uma cama tamanho ménage-à-trois".
Marcelo Borges, 28, que se define como "corredor e diplomata", mudou-se para Adis Abeba e se decepcionou ao descobrir que "correr na Etiópia não é tão fácil quanto parece". Faltam parques.
A diplomata Márcia Canário, 30, que está em Cartum (Sudão), dá dicas de dança típica do país: "Passo 3: movimente as mãos, quebrando os pulsos para frente". Acrescenta: "No nível avançado, será capaz de acrescentar movimentos de ombro e leve remelexo na cintura".
O blog também tem momentos sérios, como as experiências de Thomaz Napoleão, 27, em um campo de refugiados no Paquistão. "Humanize sua análise dos fatos. Jovem diplomata, por trás da high politics [alta política], há pessoas iguais a você".
O blog é assinado por oito servidores que terminaram entre 2009 e 2010 o curso do Instituto Rio Branco, que prepara o corpo diplomático. O site assinala que não é um espaço de discussão de política externa e que a posição dos autores não é a do Itamaraty. O Ministério das Relações Exteriores diz que autorizou o site e o avalia como uma "iniciativa genial".
Rodrigo Vizeu - Fonte: Folha de S.Paulo - 17/06/11.
NÃO FOSSE A IMPRENSA...
Quem descobriu que o poderoso Palocci havia multiplicado seu patrimônio por 20 em quatro anos e acabara de comprar um apartamento pela bagatela de R$ 6,6 milhões foi a imprensa: os repórteres Andreza Matais e José Ernesto Credendio, da Folha.
Quem acrescentou que Palocci ganhara R$ 20 milhões no ano eleitoral e que metade disso foi quando já era chefe da transição e virtual homem forte do governo Dilma foi a imprensa: a repórter Catia Seabra, da mesma Folha.
Quem alertou para os riscos de libertinagem orçamentária com o tal RDC (Regime Diferenciado de Contratações) para a Copa e a Olimpíada foi a imprensa.
Quem também identificou um contrabando que vincula a transparência dos contratos à "conveniência do Executivo" foi a... imprensa. Ou seja: estão afrouxando as regras das licitações e do fluxo do dinheiro público para a iniciativa privada e mantendo tudo bem escondidinho do distinto público pagante.
De Sarney, sobre o RDC: "Nós devemos encontrar uma maneira de retirar esse artigo, uma vez que ele dá margem inevitavelmente a que se levante muitas dúvidas sobre os orçamentos da Copa". Palavras dele, hein, gente?!
E, enfim, quem mostrou o recuo na questão do sigilo eterno de documentos públicos foi a imprensa, o que colocou o governo numa gangorra, para cima e para baixo, sem encontrar o equilíbrio entre o que a pessoa física Dilma pensa e o que a pessoa pública Dilma precisa fazer.
É por isso que Lula se encontra com os tais "blogueiros independentes" (sic, porque muitos são, mas nem todos...) e desanda a falar em controle da imprensa. Nem se tocou aqui em mensalão...
Some-se o silêncio da imprensa ao sigilo do patrimônio de autoridades, ao sigilo dos documentos oficiais e ao sigilo dos contratos e gastos da Copa e da Olimpíada e tem-se o ambiente perfeito para... ah! você sabe. É como o diabo gosta.
Eliane Cantanhêde - Fonte: Folha de S.Paulo - 21/06/11.
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