FM - Faculdade Mental

FALOU NO FM? TÃ FALADO! - 21/07/2012

FALANDO EM TEIMOSIA

AUTOR IRANIANO DRIBLA A CENSURA

English: An Iranian Storyteller's Personal Revolution
The Colonel:
http://mhpbooks.com/books/the-colonel/
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http://www.facebook.com/#!/groups/53860332802/
http://www.facebook.com/#!/pages/The-Colonel-Mahmoud-Dowlatabadi/362007887159342
ApÃ³s ser preso em 1974 pela Savak, a polÃcia secreta do xÃ¡, o escritor iraniano Mahmoud Dowlatabadi perguntou aos seus interrogadores que crime ele havia cometido. "Nenhum", responderam. "Mas todo mundo que nÃ³s prendemos parece ter exemplares dos seus romances, entÃ£o isso faz de vocÃª um provocador para os revolucionÃ¡rios."
Desde entÃ£o, o IrÃ£ passou por uma revoluÃ§Ã£o islÃ¢mica e por trÃªs dÃ©cadas de regime teocrÃ¡tico e Dowlatabadi, 71, escreveu vÃ¡rios outros livros, inclusive "O Coronel", lanÃ§ado hÃ¡ alguns meses nos EUA. Mas uma coisa continua igual: quem estÃ¡ no poder no IrÃ£ ainda vÃª o autor e sua obra como subversivos.
"Como escritor, eu embarquei em um caminho de criaÃ§Ã£o de narrativas Ã©picas do meu paÃs, o que necessariamente envolve muita histÃ³ria que nÃ£o foi escrita", disse Dowlatabadi. "Mas ao fazer isso fui obrigado a ter muita paciÃªncia, perseveranÃ§a e pouquÃssimas expectativas sobre a vida."
"O Coronel", um romance sobre a RevoluÃ§Ã£o IslÃ¢mica de 1979 e o violento perÃodo imediatamente posterior, ilustra isso. Os cinco filhos do protagonista (um oficial no ExÃ©rcito do xÃ¡) seguem caminhos polÃticos diferentes entre si e todos pagam caro. A trama se desenrola em uma noite chuvosa, na qual o coronel tenta recuperar e sepultar o corpo da sua filha caÃ§ula, torturada atÃ© a morte por distribuir panfletos que criticavam o novo regime.
"JÃ¡ Ã© hora de que todos os que se interessam, mesmo que vagamente, pelo IrÃ£ leiam esse romance", disse o jornal "The Independent", de Londres, numa resenha publicada durante o lanÃ§amento no Reino Unido, em 2011.
O romance foi escrito na dÃ©cada de 1980, mais ou menos a Ã©poca retratada no enredo, quando intelectuais proeminentes estavam sendo executados, e o prÃ³prio Dowlatabadi foi intimado a depor.
"Eu escondi [o livro] numa gaveta quando o terminei", disse o autor, que temia enfrentar dificuldades para realizar outros projetos que ele tinha em mente, como "Os Tempos Idos dos AnciÃµes". "Eu nÃ£o queria que ele aparecesse no radar [do regime islÃ¢mico]. Ou eles me levariam preso ou me impediriam de trabalhar. Eles dariam um jeito. Depois que eu escrevi isso, mas quando eles ainda nÃ£o sabiam que eu havia escrito, eles me deram um alerta de que eu nÃ£o deveria mais lecionar na universidade, eu deveria me sentar em casa e ficar quieto."
"O Coronel" estÃ¡ disponÃvel em inglÃªs e em alemÃ£o, mas ainda nÃ£o existe em uma versÃ£o na lÃngua persa. Dowlatabadi disse que submeteu o original hÃ¡ trÃªs anos aos censores do MinistÃ©rio da Cultura e OrientaÃ§Ã£o IslÃ¢mica, que precisam aprovar todos os livros antes da publicaÃ§Ã£o no IrÃ£, mas que nÃ£o recebeu nenhuma resposta atÃ© que leitores iranianos ouvissem falar do livro e passassem a pedir acesso a ele.
"Finalmente, o vice-diretor de livros do ministÃ©rio o leu", contou Dowlatabadi, "e sob pressÃ£o respondeu: 'Sim, Ã© um bom livro, mas Ã© um relato diferente da revoluÃ§Ã£o -esse nÃ£o Ã© o nosso entendimento sobre como a revoluÃ§Ã£o ocorreu'. EntÃ£o eu disse: 'Mas Ã© o meu entendimento do que ocorreu'. Enquanto isso, eles nÃ£o disseram que sim e nÃ£o disseram que nÃ£o. EntÃ£o, ainda estÃ¡ emperrado".
Para publicar "O Coronel" em persa, Dowlatabadi poderia teoricamente recorrer a uma das editoras de iranianos emigrados, ou mesmo autorizar uma ediÃ§Ã£o limitada e clandestina, para passar de mÃ£o em mÃ£o no IrÃ£. Mas ele disse que nÃ£o quis fazer nada disso.
"Minha filosofia, minha forma de trabalho, nÃ£o Ã© pelo confronto", disse ele. "Quero continuar escrevendo e continuar sendo um romancista iraniano no IrÃ£."
Sim, prosseguiu ele, "tenho escrito coisas que, se vocÃª as ler, podem criar perguntas na sua cabeÃ§a". Mas, acrescentou, "nÃ£o fiz isso de forma confrontativa, contra o Estado. Na verdade, Ã© bom para o regime -do passado, presente e futuro- ter a experiÃªncia de escritores que trabalham dentro do sistema."
Larry Rohter - Fonte: Folha de S.Paulo â€“ 16/07/12.
Reportagem original do â€œThe New York Timesâ€: An Iranian Storyteller's Personal Revolution
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