PEDRAS PERDIDAS
ERRĂTICO GLACIAL
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http://ngm.nationalgeographic.com/2012/03/pet-rocks/hoffmann-field-notes
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http://ngm.nationalgeographic.com/2012/03/pet-rocks/hoffmann-photography#
Fritz Hoffmann: http://www.fritzhoffmann.com/pet-rocks/
JĂĄ ouviu falar em errĂĄtico gacial? Ă um fragmento de rocha transportado durante as eras glaciais a locais distantes de seu ponto original. Alguns sĂŁo pequenos, outros pesma dezenas de toneladas. Podem estar no estacionamento de supermercados, no alto de montanhas ou nos parques urbanos - como viu o fotĂłgrafo Fritz Hoffmann.
Mundo National - Fonte: National Geographic - Edição 144.
Leia/veja mais:
http://viajeaqui.abril.com.br/materias/pedras-que-rolam
Fritz Hoffmann: http://www.fritzhoffmann.com/pet-rocks/
VERBETE DE DICIONĂRIO
A palavra de hoje, cigano, estĂĄ aqui menos pela curiosidade etimolĂłgica do que por razĂ”es antropolĂłgicas. Sua origem guarda algum interesse, mas nĂŁo tanto quanto o triste destino que acabou tendo em nosso paĂs: o de pivĂŽ numa ação grotesca em que o MinistĂ©rio PĂșblico Federal pede a apreensĂŁo do dicionĂĄrio Houaiss por trazer, entre as acepçÔes do vocĂĄbulo, esta, devidamente identificada como pejorativa: âque ou aquele que trapaceia; velhaco, burladorâ.
Leia mais:
http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/curiosidades-etimologicas/ciganos-x-houaiss-depois-virao-judeus-baianos-japoneses/
Fonte: Veja - Edição 2259.
CENSURANDO O DICIONĂRIO
Ou botaram alguma coisa na ĂĄgua do bebedor do MPF (MinistĂ©rio PĂșblico Federal) de Belo Horizonte ou o parquet nĂŁo sabe para que serve um dicionĂĄrio.
Ă despropositada a ação civil pĂșblica que o MPF ajuizou pedindo a retirada de circulação do dicionĂĄrio "Houaiss", porque a obra contĂ©m "expressĂ”es pejorativas e preconceituosas" contra os ciganos.
Entre as mĂșltiplas definiçÔes para a palavra, constam "aquele que trapaceia, velhaco, burlador" e "agiota, sovina". Evidentemente, o "Houaiss" marca esses usos como pejorativos.
NĂŁo cabe ao lexicĂłgrafo dar liçÔes de moral ou depurar o idioma das injustiças sociais que ele carrega, mas tĂŁo somente registrar as acepçÔes presentes e passadas dos vocĂĄbulos. Se deixa de fazĂȘ-lo, a obra torna-se inĂștil.
Por isonomia, o MPF deveria tambĂ©m mandar recolher todos os dicionĂĄrios que trazem, por exemplo, o termo "beĂłcio". Para essa palavra, o "AurĂ©lio" registra: "curto de inteligĂȘncia; ignorante, boçal". Se olharmos para a etimologia, descobriremos que estamos diante de um imemorial preconceito dos atenienses, para os quais os habitantes da BeĂłcia nĂŁo passavam de camponeses estĂșpidos.
Na mesma linha vĂŁo "capadĂłcio" (natural da CapadĂłcia, mas tambĂ©m ignorante, trapaceiro, canalha), "filisteu" (antigo habitante da Palestina e pessoa inculta, vulgar), "vĂąndalo" (membro de uma tribo germĂąnica e destruidor), alĂ©m de "lapĂŽnio", "ladino", "safardana", "maltĂȘs".
Também carregam alguma dose de intolerùncia termos como "judiar" (agir como judeu e maltratar), "cretino" (quem padece de hipotireoidismo), "escravo" (que vem de eslavo).
No fundo, lĂnguas sĂŁo verdadeiros catĂĄlogos de preconceitos, Ă s vezes nem originais, mas herdados de outros povos. Com o passar do tempo, jĂĄ nem os reconhecemos como tal, mas as palavras em que resultaram enriquecem e dĂŁo carĂĄter histĂłrico ao idioma. Privar a lĂngua dessa dinĂąmica Ă© tornĂĄ-la uma lĂngua morta.
HĂ©lio Schhwartsman - Fonte: Folha de S.Paulo - 02/03/12.
MPF - http://www.pgr.mpf.gov.br/
O DNA DAS PALAVRAS
A Justiça acolheu o pedido de um cidadão que deseja modificar um verbete do dicionårio de AntÎnio Houaiss, publicado sob a responsabilidade do instituto criado pelo famoso filólogo.
O verbete em causa é "cigano" e seus derivados, como ciganear, ciganice e outros. Como é praxe nos dicionårios, hå a relação de todos os significados de determinada palavra, inclusive aqueles que podem ser considerados ou que são realmente pejorativos.
Dando seguimento à ação, a Justiça pediu o recolhimento do estoque existente do dicionårio em questão e estabeleceu pesada quantia a ser paga ao querelante, devido à indenização moral a que teria direito.
No passado, um intelectual de origem judaica também questionou o verbete "judiação", constante de muitos dicionårios. Não me lembro no que deu a ação, mas a palavra continua constando do léxico, com o significado de maltrato a alguém. à a linguagem do povo, verdadeiro autor e usuårio das palavras.
O que se exige de um dicionĂĄrio Ă© que traga o maior nĂșmero de significados para cada vocĂĄbulo, inclusive para aqueles que podem ser pejorativos ou insultuosos a determinados indivĂduos, comunidades ou instituiçÔes.
Qualquer palavra pode mudar de significado conforme as circunstĂąncias e o tom da pronĂșncia. Ă o caso de "cachorrada", altamente pejorativa, derivada de cachorro e cĂŁo. "VocĂȘ Ă© um cĂŁo" pode ser elogioso, no sentido de fidelidade, apego a um amigo. Mas pode ser pejorativo, com o sentido de canalha: "VocĂȘ nĂŁo passa de um cĂŁo".
HĂĄ o caso de "barbeiragem" e "barbeiro", palavras relativas a um ofĂcio antigo e digno, mas que a gĂria adotou para designar, inicialmente, um mau motorista, e, depois, qualquer um que cometa uma ação errada.
Carlos Heitor Cony - Fonte: Folha de S.Paulo - 04/03/12.
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